Monismo x mobilismo: Heráclito x Parmênides

Nesta aula, iremos, enfim, tratar de um dos tópicos mais relevantes e prolíficos da história da filosofia e, particularmente, do pensamento grego. Claramente estou me referindo aos pensadores Heráclito de Éfeso e Parmênides de Eléia que, conjuntamente e conflituosamente, estabelecem o primeiro grande embate de paradigmas que abordaremos nesse curso, a saber, a oposição monista-mobilista. Em alguns aspectos, que te serão cada vez mais familiares ao longo dos seus estudos, todas as grandes oposições da filosofia moderna e contemporânea são frutos desta primeira oposição, por isso sugiro que dê bastante atenção a esse tema.

Não obstante, sugiro, também, que não entenda a análise desses pensamentos como uma busca por um vencedor; o fato é que ambas as teses, em seus sentidos mais absolutos, já foram, de certo modo, superadas. Isto não significa, contudo, que esses posicionamentos estejam errados ou ainda que não restem resquícios de suas ideias no pensamento contemporâneo — dizer tal coisa seria pecaminoso —, mas sim que ambos apresentam méritos assim como falhas que devem ser devidamente abordadas. Pode parecer, e de fato ser, difícil não aderir a nenhuma corrente filosófica ao longo dos seus estudos, mas é um esforço necessário; dado que se apegar demais a uma linha de pensamento pode te impedir de perceber os erros presentes nela, assim como os acertos presentes em suas antíteses. De qualquer forma, considere-se livre para não seguir esse conselho se não quiser.

Irei começar falando sobre o posicionamento dos mobilistas porque, convencionalmente, se estuda o monismo como posterior, embora o desenvolvimento de ambos não seja pontual, estendendo-se, pois, por muitos anos e diferentes pensadores. No que diz respeito a esse primeiro, tratarei apenas de Heráclito, ainda que os atomistas também o representem, pretendo apresenta-los como pluralistas no próximo artigo. Já no que tange este último, minha abordagem se dará em Parmênides, principalmente, e nos seus seguidores da escola eleática, isto é, Melisso de Samos e Zenão de Eléia.

HERÁCLITO

Um verdadeiro estereótipo de filósofo arrogante que subestima, e até mesmo questiona, o conhecimento de seus antecessores, de natureza árdua e escrita difícil, seguia um estilo afórico — série de escritos antológicos esporádicos que, não necessariamente, mantém relação entre si — poético, o que o levou a ser chamado de “o Obscuro”; se não estivéssemos no período clássico, certamente se pensaria que estou me referindo a Friedrich Nietzsche e essa comparação é, de fato, pertinente, ao menos em certos aspectos, embora completamente anacrônica. Isso e muito mais serve para demonstrar o espírito ímpar do sujeito que estamos analisando. 

Heráclito viveu por volta de 540 a 475 A.C, embora nascido na Jônia, ele não apresentava o mesmo caráter científico dos milesianos — optamos por citá-lo na segunda aula por uma questão meramente geográfica. Seguindo uma linha de pensamento mística, ele acreditava que a unidade da realidade se dava em uma unidade composta pela multiplicidade, isto é, pelo conflito de elementos opostos. 

Eis uma palavra importante do vocabulário de Heráclito: conflito. Do grego pólemos, tal palavra é a representação máxima do eterno e incessante chocar de elementos opostos que, em seus constantes encontros, movem-se caracterizando a si mesmo e a própria realidade como um todo. Os opostos são, assim, complementares e não fazem sentido isoladamente, pois apenas em par pode-se ter uma síntese do que realmente representam: o movimento eterno que realiza o equilíbrio de todas as coisas. Assim como vimos na segunda aula, em Anaximandro, o pensamento heraclítico também pressupõe a existência de uma justiça cósmica, a qual condicionaria o conflito a se dar indeterminadamente; caso contrário, um dos opostos eliminaria o outro e, consequentemente, se descaracterizaria, deixando de existir. Essa justiça está encarnada sob o nome de Deus em seus fragmentos.

Sua crença nos conflitos se expressa pelo seu amor pela guerra, diz ele: “A guerra é o pai de tudo e o rei de todas as coisas; fez de certas criaturas deuses e de outros homens; umas livres e, outras, escravas”. Ademais, dado seu desprezo pela humanidade, sua ética autodominante e sua visão do conflito, é quase que óbvio que manifestaria tal posicionamento. Vale mencionar que o pai da história da filosofia, Hegel, viria a considerar Heráclito como o primeiro pensador a usar de uma análise dialética. — termo esse que ainda veremos muito ao longo das aulas.

Acreditava no fogo como elemento primordial, uma escolha bem curiosa, mas que representava fielmente o embate de opostos em que se baseavam suas ideias. “Este mundo, que é o mesmo para todos, não foi feito nem pelos deuses nem pelos homens; mas sempre foi, é e será um Fogo eterno, com unidades que se acendem e unidades que se apagam”. O fogo assim é, portanto, a própria representação das transformações que ocorrem na realidade. A alma seria composta por fogo e água, em diferentes proporções; sendo melhor que possuísse uma alma seca, cheia de fogo, do que uma deliberadamente molhada. A alma seca seria como a maturidade desta, que não cederia aos desejos do coração, demonstrando, assim, autodomínio e evitando a distração do homem.

Por último, devemos comentar sobre sua opinião mais célebre, que diz respeito a constante mudança presente em todas as coisas. Panta Rhei, ou “tudo flui”, é a clássica frase que todos atribuem e usam para descrever seu pensamento; infelizmente, não podemos ter certeza se se trata ou não de uma frase do próprio Heráclito, podendo muito bem ser apócrifa. Temos também a famosa frase: “Não se pode banhar-se me um rio duas vezes, pois novas águas sempre correm sobre ti”. Apesar de a credibilidade dessas frases serem decerto questionáveis, elas servem perfeitamente para expressar suas ideias. Pensadores contemporâneos analisam essa frase, também, sobre uma abordagem epistemológica, já que o sujeito — elemento conhecedor — nunca teria um contato permanente com o real, ou seja, com seu objeto — elemento a ser conhecido. Veremos uma ideia parecida quando formos estudar a política da linguagem em Nietzsche — se comento muito sobre esse autor, é porque a influência dele no pensamento contemporâneo é absurda.

Algumas pessoas também usam dessa perspectiva para chama-lo de relativista; ou seja, alguém que acredita que a verdade, como condiz com a realidade, é subordinada à óptica daquela que a estuda. Essa ideia é bem interessante e, caso se interesse, eu sugiro que pesquise sobre, ou, pelo menos, reflita se seria possível qualquer forma de conhecimento em uma realidade inconstante, em que seu objeto escorrega pelos seus dedos.

Se não certa, a filosofia de Heráclito é, ao menos, corajosa, pois se baseia em pouquíssimas verdades imutáveis; ao contrário da religião, que clama pela imutabilidade seja em Deus ou na vida-após-a-morte ou até mesmo na moral, ao contrário, também, da ciência e da geometria, essa que se baseia em observações empíricas tidas como reais e esta que se fundamenta em uma série de axiomas, cuja veracidade é, supostamente, auto-evidente. No entanto, não se pode afirmar que não há nada de imutável no pensamento heraclítico, já que a própria mudança, o contorcer desmedido e constante do fogo, é eterno. “sempre foi, é e será um Fogo de vida eterna”. Esse comentário, como sempre, pode ser questionado, basta que consideremos o fogo não como uma substância, termo que será futuramente melhor explicado, mas como um processo. Vendo assim, o fogo não seria uma coisa, no sentido mais comum da palavra, mas sim uma energia que iria variar, tirando-a qualquer forma de identidade.

PARMÊNIDES

Se, para Heráclito, tudo na realidade se constituía de um eterno devir e de uma mudança incessante, para o filósofo que agora iremos comentar, nada realmente muda. Parmênides nasceu em Eleia, por volta de 530 A.C, e foi, sem sombra de dúvida, a maior influência do pensamento platônico. Claro que, por ser um pensador da Magna Grécia (Sul da Itália), também sofreu influência das ideias de Pitágoras; porém, não se pode, de maneira alguma, reduzir a relevância de Parmênides a uma mera cópia do pensamento pitagórico, pois esse é considerado o pai da metafísica e o fundador da lógica, embora esse título se adeque melhor em Aristóteles. Com efeito, pode-se dizer, ao menos, que nasce, com ele, um nosso jeito de argumentar e entender a realidade.

Muitas de suas ideias vão contra o senso-comum e o que nos é, usualmente, intuitivo. Em seu Da Natureza, fonte máxima de seu conhecimento, ele diz que a realidade, enquanto o que podemos perceber com os sentidos, é uma mera ilusão, não podendo sequer chamar-se realidade. Esta ilusão sensível acoberta um ser único eterno, indivisível e, sobretudo, imutável. Para demonstrar tais verdades, Parmênides usa de uma tautologia lógica, termo que ainda não existia, o princípio da identidade ou da não-contradição: o ser é e o não ser não é. Logo, o ser deveria eternamente ser, pois, se o deixasse de ser, não seria e, portanto, em algum momento de sua existência o ser teria não sido; não obstante, o ser também não poderia vir a ser, dado que não seria se só viesse o ser no futuro, só vem a ser aquilo que não é — pode parecer confuso no começo, mas se trata de uma ideia bem simples. O ser é esférico porque está centrado em si mesmo e cada parte o contém como um todo, não pode ser divisível porque, se o fosse, quebraria, deixando de ser.

A mudança, para Parmênides, é, portanto, uma mera aparência da realidade que julgamos existir por não termos um acesso pleno ao ser. Ademais, como poderia haver transformação se para que houvesse eu tivesse de reconhecer no produto final algo do produto inicial, caso contrário seria apenas alguma outra coisa, a mudança, assim, pressupõe a permanência. As coisas aparentam mudar, mas suas essências permanecem sempre a mesma. Por exemplo, digamos que uma mãe, ao se deparar com seu filho já na vida adulta, pronuncie a seguinte frase: “meu filho, você mudou tanto!”, é evidente que esta frase se dirige a seu filho que, supostamente, teria mudado, mas se ele, de fato, tivesse mudado, tornado-se algo distinto do que era, ela sequer poderia lhe atribuir mudança, pois seria ele outro alguém; com efeito, ela sequer poderia lhe chamar de “filho” se a essência dele não tivesse permanecido, o que nos leva a outro aspecto sua tese, o aspecto linguístico.

Sim, muito antes dos pensadores contemporâneos atribuírem à linguística a importância que ela tem hoje, Parmênides já usava desta para ter um entendimento mais válido da realidade. Esse fato está presente na seguinte citação: “A coisa que pode ser pensada, e aquilo pelo qual existe o pensamento, é o mesmo; porque não podes encontrar uma ideia sem algo que é, e a respeito do qual ela se manifesta”. Essa frase diz que o exercício do pensamento, assim como o da fala, exige um elemento externo, ou seja, ao pensar, nós estamos, de fato, pensando em algo. Para que a língua seja eficiente, isto é, que possamos expressar um mesmo nome para um mesmo sentido em ocasiões distintas, é preciso que aquilo a que nos referimos não se transforme, por conseguinte, a mudança é impossível, porque se esta existisse, o nome das coisas teria, também, de mudar incessantemente — atentem a essa ideia, pois a tal política da linguagem nietzschiana, que mencionei a pouco, consiste em algo semelhante.

Por mais bem estruturado que esse argumento seja, em especial para a época, esta prova é logicamente inconclusiva, ou pelo menos incoerente, para a lógica moderna. Se partíssemos dessa hipótese, uma afirmação como “isto não é uma mesa” não poderia ter significado algum, pois ela seria congruente a assertiva “isto é uma não-mesa”, e como todas as palavras, para terem sentido, precisam fazer referência a algo que, de fato, existe, a palavra “não-mesa” não pode ter significado real, dado que ela referencia algo que não é. Este não é o único paradoxo que emerge dessa inferência, afinal o que devemos dizer então de palavras como “unicórnio”, “elfo”, “hobbit” e todo esse vocabulário de cunho fantástico, essas palavras não têm sentido?

Sem dúvida alguma, se você se der ao trabalho de perguntar para qualquer pessoa o que é um unicórnio, ela provavelmente irá te responder a mesma coisa, fazendo a descrição de um ser que se parece com um cavalo, ou pônei, e que apresenta um chifre em sua testa. Sabendo disso, a afirmação de que essa palavra não tem sentido por si próprio parece-nos, atualmente, absurda, mas vejamos além. Essa palavra tem significado quando posta em uma frase? A veracidade da expressão “os unicórnios vivem na terra encantada” é, ao menos, duvidosa, mas certa em algum sentido — certamente não no histórico —, a pergunta que surge é: como atribuir um valor de verdade ao predicado de uma palavra como essa? Usualmente, se estivéssemos a falar de uma expressão como “pedras são duras”, poderíamos constatá-la como verdadeira ao simplesmente observar a realidade que nos cerca, porém, não podemos fazer isso quando nosso sujeito não pode ser encontrado, o que nos leva a crer que uma frase como essa não pode ser nem falsa e nem verdadeira, algo inaceitável para Parmênides, talvez daí venha a ideia de a frase não ter sentido.

E quanto a um nome que referencia uma pessoa morta, ela tem sentido? Ora, para Parmênides, o passado não existe de fato, pois, quando nos lembramos de algo, lembramos agora e não no passado; esses eventos que correm a sua mente o fazem neste momento e não em outro, o que implica que algo que existiu no passado existe e sempre existirá. O mesmo ser dá em relação ao futuro, pois, se algo viesse a existir, estaria vindo a ser, portanto, não era e, consequentemente, nunca seria. Mas, se Parmênides acredita que tudo que vai ser já é, então o futuro tem de já estar determinado em sua concepção, por isso o classificam como determinista.

Poderia me estender muito mais acerca da problemática que a inferência de Parmênides gera e o desenvolvimento lógico que ela acarreta, mas pretendo abordar esse tema em aulas futuras. Como podemos ver, a linguagem é um assunto bastante rico e complexo e que terá, e tem, bastante foco na contemporaneidade. Para ressaltar, as principais ideias de Parmênides que persistirão até o mundo moderno são: a indestrutibilidade da substância — termo abstrato que será mais bem definido em Aristóteles e se manterá até o começo do pensamento contemporâneo — e sua contribuição lógico-metafísica.

ESCOLA ELEÁTICA

Como fundador da escola eleática, as ideias de Parmênides serviram como base para seus discípulos que, por meio de métodos próprios, buscavam justifica-las. Em suma, temos dois pensadores que precisam ser conhecidos: Melisso de Samos e, especialmente, Zenão de Eléia. Cada um deles usará da própria abordagem para contradizer a ideia de movimento e mudança.

MELISSO, além de filósofo, foi também militar e não se tem muito que falar sobre ele; de fato, seu pensamento é apenas uma sistematização das ideias e do método de seu mestre e traz em suas demonstrações uma estrutura lógica bem mais ordenada, com premissas e conclusões, estas que implicam em conclusões posteriores. Além disso, ele foi um grande influente da escola atomista, podendo até ter sido mestre de Leucipo, um de seus fundadores.

ZENÃO foi um pensador com uma metodologia bem diferenciada e criativa, seguindo a prova reductio ad absurdum, que eu já comentei ao falar sobre Anaximandro, ele desenvolveu uma série de paradoxos que provavam a impossibilidade do movimento e do próprio tempo. Aristóteles chega a considerar que suas provas são o nascimento da dialética enquanto técnica argumentativa, pois se baseiam na aderência a tese de seu opositor para então demonstra-la como falsa. Não obstante, estes paradoxos representam problemas que persistiram por milhares de anos e, até os dias de hoje, trazem novos questionamentos à lógica contemporânea, principalmente pela sua complexidade e pelo caráter abstrato do que representam. Vamos, pois, conhecer tais paradoxos.

Comecemos com o paradoxo de Aquiles e da tartaruga, pois esse é o mais célebre e discutido paradoxo de Zenão. Imagine uma corrida que irá ser disputada por Aquiles, o herói mítico, e uma tartaruga qualquer, é bastante evidente que, devido a sua vantagem natural e a seu coração justo, ele cederá alguns segundos para que a tartaruga tenha a dianteira. Digamos então que, ao dar a largada, Aquiles se encontra a um metro da tartaruga, quando ele percorrer essa distância entre ambos, a tartaruga terá andado mais um pouco, consideremos 10 centímetros, ele terá, agora, de percorrer esses 10 centímetros, o que dará tempo a tartaruga de percorrer mais um e, quando ele percorrê-lo, ela andará a décima parte de um centímetro e assim sucessivamente. Com efeito, Aquiles pode diminuir quanto for a distância entre ele e a tartaruga, mas nunca a alcançará. Uma das originalidades desse argumento é que ele relaciona explicitamente tempo e movimento, pois o tempo também estaria indefinidamente sendo divido por 10 e, assim, tendendo a zero, fazendo com que a própria ideia de tempo fosse absurda.

O outro paradoxo que temos que comentar é o da flecha imóvel, que nada mais é do que o mesmo argumento dito de uma forma diferente. Para que uma flecha se mova, ela precisa antes percorrer seu próprio comprimento, mas, para isso, deve percorrer também a metade do seu comprimento e um quarto deste. A flecha pode ser infinitamente divida em partes menores, o que implica que ela deve permanecer imóvel.

Ambos os paradoxos podem ser resumidos na quebra do tempo em instantes infinitesimais, fazendo como que o fluir do tempo não possa se dar realmente. Esses paradoxos influenciaram o matemático Georg Cantor a desenvolver a teoria dos conjuntos e dos limites — um dos fundamentos primários para o cálculo infinitesimal —, provando que uma soma de termos infinitos pode convergir para um número finito. Isso se torna particularmente claro quando reparamos que a distância entre Aquiles e a tartaruga representa uma progressão geométrica. Basta supor que as distâncias entre ambos, nos instantes respectivos, são: a, aq, aq^2,..., aq^n, a soma de seus valores se daria por S = a + aq + aq^2 +... + aq^n, daí com um pouco de manipulação algébrica se teria que S - Sq = a - aq ^ {n+1}, ou seja, S = a \frac{1-q^{n+1}}{1-q}. Para encontrar a distância percorrida após infinitos instantes, temos de fazer com que o valor de n tenda ao infinito; como estamos considerando que Aquiles é substancialmente mais rápido que a tartaruga, 0 < q <1, pois a distância entre eles está cada vez menor. Portanto, se considerarmos o produto deste número consigo mesmo, este deve ser ainda menor, o que demonstra que ele diminuirá cada vez mais quanto maior for a potência ao qual estiver elevado. Podemos concluir, então, que ao ser elevado a um número extremamente grande, maior do que qualquer outro que se possa conceber, seu resultado será menor do que qualquer valor maior do que zero, o que define que esse valor tende a zero. Consequentemente, teremos que S =\frac{a}{1-q}. Assim pode-se determinar em que ponto e em que momento o encontro de ambos se dará, refutando Zenão.

O mais importante das ideias de Zenão é que elas marcam um ponto chave na história da filosofia, que é quando ocorre a dissociação entre o senso comum, nossas percepções imediatas da realidade, e a explicação teórica da realidade, que se dá de forma mais árdua por meio de uma análise lógica. Por isso não se pode refutar Zenão simplesmente falando: “mas é óbvio que Aquiles irá ultrapassar a tartaruga, sua análise toda é absurda”. Eis o porquê de o estudo da filosofia ser tantas vezes perturbador, passam-se centenas, milhares de anos para que se refute uma ideia que nos parece tão claramente falsa, isso quando é refutada.

- Aula escrita por Cauan Marques

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