Aula 1.12 - Oscilações Mecânicas

Escrito por Antônio Ítalo

Chamamos de oscilação todo movimento periódico no tempo. O exemplo mais simples de uma oscilação é o Movimento harmônico simples, abreviado como M.H.S. É importante notar que em alguns trechos dessa aula será necessário um conhecimento básico sobre derivadas, portanto, se não está acostumado com esse conceito pode ignorar esses trechos à princípio ou antes de prosseguir ler a Ideia 11 de Física, que trata de diversas aplicações do Cálculo na Física. Em outros trechos, pode-se estar utilizando notações relacionadas às derivadas, entretanto, é necessário somente entender que se refere por exemplo à aceleração instantânea ou à velocidade instantânea por exemplo. Devido à abrangência desse conteúdo muitos trechos dessa aula são acima do Nível 2 da OBF, mas esses trechos estarão marcado com um *.

M.H.S.

Um movimento harmônico simples é todo movimento cuja a segunda lei de Newton da partícula que está o realizando pode ser escrita na forma:

m\ddot{x}=-m\omega ^{2} x ou \ddot{x}+\omega^{2}x=0

Obs: Aqui será utilizada a notação \dot{} para simbolizar a derivada temporal \dfrac{d}{dt}, ou seja, \ddot{x}=\dfrac{d^{2}x}{dt^{2}}=a_{x}.

Onde x é uma coordenada da partícula e \omega é a chamada frequência angular da oscilação, devendo ser real. Ao chegar nesse tipo de equação poderemos demonstrar que esse será um movimento senoidal de período dado por:

T=\dfrac{2\pi}{\omega}

Há duas maneiras principais de demonstrar isso, uma delas é a resolução da equação diferencial obtida a partir da segunda lei de Newton, a outra e que será abordada aqui é uma analogia com outro movimento bem conhecido: o movimento circular uniforme.

Antes de prosseguirmos com nossa demonstração será necessário demonstrar um fato conhecido mas que não foi apresentado em aulas anteriores, a existência da aceleração centrípeta em um movimento circular uniforme e a fórmula que nos dá seu valor. Realizaremos isso pela definição de aceleração:

\vec{a}=\dfrac{d^{2}\vec{r}}{dt^{2}}

Primeiramente, precisamos escrever o vetor posição de nossa partícula em coordenadas cartesianas:

\vec{r}=x\hat{x}+y\hat{y}=R\left(\cos{\left(\phi\right)}\hat{x}+\sin{\left(\phi\right)}\hat{y}\right)

\vec{r}=R\cos{\left(\phi_{0}+\omega t\right)}\hat{x}+R\sin{\left(\phi_{0}+\omega t\right)}\hat{y}

Agora, derivando duas vezes, obteremos a aceleração:

\vec{a}=-\omega^{2}\left(R\cos{\left(\phi\right)}\hat{x}+R\sin{\left(\phi\right)}\hat{y}\right)

\vec{a}=-\omega^{2}\vec{r}

Também é possível realizar uma demonstração mais geométrica desse fato ao desenhar o vetor velocidade em dois instantes consecutivos e realizar a diferença entre esses dois vetores, entretanto, é interessante compreender a primeira demonstração mostrada pois dessa mesma maneira pode-se encontrar a aceleração em coordenadas polares de um movimento mais geral.

Observemos que esse resultado é muito interessante para nós, pois, temos que no eixo x de um M.C.U.:

\ddot{x}=-\omega^{2}x

Portanto, temos que o eixo x de um M.C.U. representa um M.H.S. de frequência angular igual à velocidade angular do M.C.U. sabemos então encontrar a solução geral para um M.H.S. que será do tipo:

x\left(t\right)=A\cos{\left(\phi\right)}=A\cos{\left(\omega t+ \phi_{0}\right)}

Ou ainda:

x\left(t\right)=C\cos{\left(\omega t\right)}+D\sin{\left(\omega t\right)}

Onde A,\phi_{0},C e D são constantes que dizem respeitos às condições iniciais de nossa partícula, ou seja, sua posição e sua velocidade inicial. Sabendo disso, é fácil ver que o período de oscilação será o tempo para que a fase dentro do cosseno mude por 2\pi, ou seja:

\omega T=2\pi

T=\dfrac{2\pi}{\omega}

Tendo visto a teoria sobre M.H.S., podemos ver a seguir alguns exemplos:

Exemplo 1 (Oscilador Massa mola):

Um bloco de massa m, está conectado à uma mola de constante elástica k que está conectada à uma parede fixa. Sendo a origem do eixo x a posição de equilíbrio desse sistema, encontre a função horária do espaço para nosso bloco sabendo que sua velocidade inicial é v_{0} e sua posição inicial é x_{0}.

Solução:

Escreveremos a segunda lei de Newton para o bloco:

m\ddot{x}=-kx

\ddot{x}+\dfrac{k}{m}x=0

Definindo: \omega_{0}^{2}=\dfrac{k}{m}

\ddot{x}+\omega_{0}^{2}x=0

Temos então que a solução geral é:

x\left(t\right)=A\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+B\sin{\left(\omega_{0}t\right)}

\dot{x}\left(t\right)=-\omega_{0}A\sin{\left(\omega_{0}t\right)}+\omega_{0}B\cos{\left(\omega_{0}t\right)}

Aplicando as condições iniciais:

x\left(0\right)=x_{0} \rightarrow A=x_{0}

\dot{x}\left(0\right)=v_{0} \rightarrow \omega_{0}B=v_{0} \rightarrow B=\dfrac{v_{0}}{\omega_{0}}

Logo:

x\left(t\right)=x_{0}\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+\dfrac{v_{0}}{\omega}\sin{\omega t}

Exemplo 2 (Pêndulo Simples):

Uma massa m está ligada por um fio sem massa de comprimento l à um teto fixo em um campo gravitacional g constante. Na posição vertical essa massa está em equilíbrio, entretanto, um agente externo causa uma pequena pertubação e esse está no instante t=0 fazendo um ângulo pequeno \theta_{0} com a vertical e possui velocidade angular inicial nula. Encontre o ângulo com a vertical \theta em função do tempo e o período dessas oscilações.

Obs: Ângulos positivos no sentido anti-horário.

Solução:

Escrevamos a segunda lei de Newton na direção tangencial para essa massa:

ml\ddot{\theta}=-mg\sin{\left(\theta\right)}

Sendo \theta pequeno, podemos usar: \sin{\left(\theta\right)}\approx\theta

l\ddot{\theta}=-g\sin{\left(\theta\right)} \rightarrow \ddot{\theta}+\dfrac{g}{l}\theta=0

Logo:

\theta\left(t\right)=\theta_{0}\cos{\left(\sqrt{\dfrac{g}{l}}t\right)}

Temos então:

T=2\pi\sqrt{\dfrac{l}{g}}

Energia em um M.H.S.

Vamos tentar calcular o trabalho de uma força do tipo -m\omega^{2}x entre dois pontos. Essa força não é constante, portanto temos duas opções:

Opção 1 (Usa cálculo integral):

Calcular o trabalho pela sua definição formal:

W_{12}=\displaystyle{\int\limits_{x_{1}}^{x_{2}}F dx}

W_{12}=-\dfrac{m\omega^{2}x^{2}_{2}}{2}+\dfrac{m\omega^{2}x^{2}_{1}}{2}

Temos então que o trabalho não depende do caminho, podemos então associar uma energia potencial a essa força:

W=-\Delta U_{12}

U\left(x\right)=\dfrac{m\omega^{2}x^{2}}{2}

Opção 2 (Não usa cálculo integral):

Podemos utilizar o fato de que o trabalho entre dois pontos de uma força no eixo x é a área orientada do gráfico F por x, temos então no gráfico uma linha reta de coeficiente angular -m\omega^{2}, logo, a área será dada simplesmente pela diferença entre a área orientada do triângulo que vai de 0 à x_{2} e do triângulo que vai de 0 à x_{1}:

W_{12}=\Delta A

W=-m\omega^{2}x_{2}\dfrac{x_{2}}{2}+m\omega^{2}x_{1}\dfrac{x_{1}}{2}

Temos então que o trabalho não depende do caminho, logo podemos associar uma energia potencial à essa força:

W_{12}=-\Delta U_{12}

U=\dfrac{m\omega^{2}x^{2}}{2}

Conhecendo a energia potencial desse tipo de força, podemos, através da conservação da energia, encontrar por exemplo v\left(x\right):

E=\dfrac{mv^{2}}{2}+\dfrac{m\omega^{2}x^{2}}{2}

v=\pm\sqrt{\dfrac{2E}{m}- \omega^{2}x^{2}}

Oscilações forçadas

Até agora temos trabalhado somente com problemas em que a única força sobre o sistema é do tipo -kx, entretanto, como procederíamos se além dessa força houvesse uma força externa dependente do tempo? Como por exemplo se tivéssemos um oscilador vertical sujeito a força peso que é constante. Esse é o exemplo mais simples e será realizado a seguir, em seguida, procuraremos um método para resolver para uma força geral dependente do tempo e em seguida o aplicaremos para uma força senoidal.

Exemplo 1:

Um bloco de massa m está ligado à uma mola de constante elástica k e comprimento natural l_{0} que está ligada à um teto fixo. O campo gravitacional g é constante. Encontre x\left(t\right) em função de duas constantes arbitrárias que serão determinadas pelas condições iniciais sendo a origem do espaço definida no teto e x definido como positivo para baixo. (Desconsidere a possibilidade de colisões com o teto).

Solução:

Primeiramente, procuremos a posição de equilíbrio desse sistema, ou seja, procuremos x tal que a força resultante na nossa massa seja nula:

0=-k\left(x_{eq}-l_{0}\right)+mg

x_{eq}=l_{0}+\dfrac{mg}{k}

Agora, vamos definir um novo sistema de coordenadas em que x'=0 quando temos o nosso bloco em x_{eq}. Ou seja: x=x'+x_{eq}. Escrevamos então a segunda lei de Newton:

m\ddot{x}'=-k\left(x_{eq}+x'-l_{0}\right)+mg

\ddot{x}'+\dfrac{k}{m}x'=0

Sabemos então que:

x'\left(t\right)=A\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+B\sin{\left(\omega_{0}t\right)}

Onde \omega_{0}^{2}=\dfrac{k}{m}. Logo:

x\left(t\right)=A\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+B\sin{\left(\omega_{0}t\right)}+l_{0}+\dfrac{mg}{k}

Encontramos então x\left(t\right).

(*)Força Geral:

Agora devemos nos perguntar como resolver isso para uma força arbitrária F\left(t\right). Pensemos sobre o procedimento que realizamos no caso anterior. Nós reescrevemos a posição x como:

x=x'+x_{eq}

Onde x_{eq} era a posição em que caso ele estivesse estaria em equilíbrio. Faremos algo parecido no caso de uma força qualquer escrevendo nosso x como:

x=x_{h}+x_{p}

Onde x_{h} é o que chamamos de solução homogênea, ou seja, é a solução para x\left(t\right) caso não houvesse força externa e x_{p} é o que chamamos de solução particular, ou seja, é uma solução qualquer para x\left(t\right) que obedeça a segunda lei de Newton sendo independente de constantes arbitrárias, no exemplo anterior nosso x_{p} era o x_{eq} que era constante, mas no nosso próximo exemplo veremos que isso nem sempre acontece.

(*)Exemplo 2:

Um bloco de massa m está ligado à uma mola de comprimento natural 0 e constante elástica k que está ligada à uma parede fixa. Esse sistema está sobre uma mesa horizontal. Um agente externo realiza uma força variável com o tempo sobre o bloco da forma:

F\left(t\right)=F_{0}\sin{\left(\omega t\right)}

Sendo x=0 definido na parede encontre x\left(t\right) em função de duas constantes que podem ser determinadas pelas condições iniciais. (Desconsidere colisões com a parede).

(*)Solução:

Primeiramente, escrevamos a segunda lei de Newton:

m\ddot{x}=-kx+F_{0}\sin{\left(\omega t\right)}

\ddot{x}+\omega_{0}^{2}x=\dfrac{F_{0}}{m}\sin{\left(\omega t\right)}

Sendo \omega_{0}^{2}=\dfrac{k}{m}.

Como a força externa é senoidal, procuremos uma solução particular também senoidal de mesma frequência do tipo:

x_{p}=C\sin{\left(\omega t\right)}

Substituindo na segunda lei de Newton:

-\omega^{2}C\sin{\left(\omega t\right)}+\omega_{0}^{2}C\sin{\left(\omega t\right)}=\dfrac{F_{0}}{m}\sin{\omega t}

C=\dfrac{F_{0}}{m\left(\omega_{0}^{2}-\omega^{2}\right)}

Sendo assim, nossa solução mais geral será do tipo:

x\left(t\right)=A\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+B\sin{\left(\omega_{0}t\right)}+\dfrac{F_{0}}{m\left(\omega_{0}^{2}-\omega^{2}\right)}\sin{\left(\omega t\right)}

(*)Oscilações amortecidas

Nesse tópico, estudaremos o que ocorre quando além de uma força do tipo -kx nosso bloco também está sofrendo a influência de uma resistência do ar linear, nesse caso, nós podemos ter três tipos de oscilações, mas só estudaremos aqui o caso mais simples, a oscilação amortecida sub-crítica. Definiremos qual a condição para que isso aconteça mais tarde. Para analisar o problema, claro, precisamos escrever a segunda lei de Newton para nosso bloco:

m\ddot{x}=-kx+F_{res}

Sendo que nossa força de resistência linear será do tipo:

\vec{F}_{res}=-b\vec{v}

Logo:

m\ddot{x}=-kx-b\dot{x}

\ddot{x}+\dfrac{b}{m}\dot{x}+\dfrac{k}{m}x

Como sempre, definimos:

\omega_{0}^{2}=\dfrac{k}{m}

Definimos também:

\gamma=\dfrac{b}{m}

No caso em que não havia resistência do ar resolvemos a segunda lei de Newton através de uma analogia com o M.C.U, entretanto, nesse caso essa analogia não será possível então teremos que "chutar" uma solução. Em geral, podemos procurar soluções do tipo:

x\left(t\right)=Ae^{\alpha t}

Derivando, obtemos:

\dot{x}\left(t\right)=\alpha Ae^{\alpha t}

\ddot{x}\left(t\right)=\alpha^{2}Ae^{\alpha t}

Substituindo na segunda lei de Newton:

\alpha^{2}+\gamma\alpha+\omega_{0}^{2}=0

Temos então duas soluções para \alpha:

\alpha_{1}=-\dfrac{\gamma}{2}+\sqrt{\dfrac{\gamma^{2}}{4}-\omega_{0}^{2}}

\alpha_{2}=-\dfrac{\gamma}{2}-\sqrt{\dfrac{\gamma^{2}}{4}-\omega_{0}^{2}}

Define-se:

\Omega^{2}=\dfrac{\gamma^{2}}{4}-\omega_{0}^{2}

Note que a solução mais geral então será do tipo:

x\left(t\right)=e^{-\frac{\gamma}{2}t}\left(A.e^{-\Omega t}+B.e^{\Omega t}\right)

Se tivermos \Omega imaginário (Condição para amortecimento subcrítico), podemos escrever.

A=\dfrac{C}{2}e^{i\phi}

B=\dfrac{C}{2}e^{-i\phi}

E definir:

\omega=-i\Omega=\sqrt{\omega_{0}^{2}-\dfrac{\gamma^{2}}{4}}

Teremos então, após algumas manipulações:

x\left(t\right)=Ce^{-\frac{\gamma}{2}t}\cos{\left(\omega t +\phi\right)}

Oscilações Acopladas

Além dos Movimentos harmônicos simples, teremos também oscilações acopladas, aquelas em que, por exemplo, duas massas estão presas e ligadas por uma mola de constante elástica k. Para resolver essas situações estudaremos os chamados modos normais de oscilação. Para mostrar como resolver esse tipo de problema daremos um exemplo a seguir.

Exemplo:

Dois blocos, um de massa m_{1} e outro de massa m_{2}, estão ligados por uma mola de constante elástica k sob uma superfície horizontal. O sistema de coordenadas utilizado para localizar esses blocos é tal que quando x_{1}=0 e x_{2}=0 temos a mola no seu comprimento natural. Encontre x_{1}\left(t\right) e x_{2}\left(t\right) em função de 4 constantes arbitrárias que serão determinadas pelas condições iniciais.

Duas soluções serão apresentadas.

Solução 1:

Nessa solução, procuraremos as chamadas coordenadas normais desse oscilador, ou seja, procuraremos combinações lineares de x_{1} e x_{2} tal que a equação dessa coordenada seja um M.H.S. ou outra equação que saibamos resolver. Antes de tudo, escrevamos as equações do movimento:

m_{1}\ddot{x}_{1}=-k\left(x_{1}-x_{2}\right)\, \left(1\right)

m_{2}\ddot{x}_{2}=-k\left(x_{2}-x_{1}\right) \, \left(2\right)

Ou ainda:

\ddot{x}_{1}+\dfrac{k}{m_{1}}x_{1}-\dfrac{k}{m_{1}}x_{2}=0 \, \left(3\right)

\ddot{x}_{2}+\dfrac{k}{m_{2}}x_{2}-\dfrac{k}{m_{2}}x_{1}=0 \, \left(4\right)

Defina as seguintes variáveis:

p=m_{1}x_{1}+m_{2}x_{2}

q=x_{1}-x_{2}

Somando \left(1\right) e \left(2\right), obtemos:

\ddot{p}=0

Temos então algo como um M.U. para essa "coordenada":

p\left(t\right)=At+B

Sendo A e B constantes arbitrárias a serem descobertas pelas condições iniciais.

Somando \left(3\right) e \left(4\right), obtemos:

\ddot{q}+k\left(\dfrac{1}{m_{1}}+\dfrac{1}{m_{2}}\right)q=0

Definimos então a massa reduzida \mu por:

\dfrac{1}{\mu}=\dfrac{1}{m_{1}}+\dfrac{1}{m_{2}}

E também:

\omega_{0}^{2}=\dfrac{k}{\mu}

Temos então um M.H.S. na "coordenada" q:

q\left(t\right)=C\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+D\sin{\left(\omega_{0}t\right)}

Sendo C e D constantes arbitrárias a serem determinadas pelas condições iniciais.

Temos então o seguinte sistema:

x_{1}-x_{2}=C\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+D\sin{\left(\omega_{0}t\right)} \, \left(5\right)

m_{1}x_{1}+m_{2}x_{2}=At+B \, \left(6\right)

Resolvendo então esse sistema poderemos obter x_{1}\left(t\right) e x_{2}\left(t\right) em função de outras constantes arbitrárias:

x_{1}\left(t\right)=K_{1}+K_{2}t+K_{3}\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+K_{4}\sin{\left(\omega_{0}t\right)}

x_{2}\left(t\right)=K_{1}+K_{2}t-K_{3}\dfrac{m_{1}}{m_{2}}\cos{\left(\omega_{0}t\right)}-K_{4}\dfrac{m_{1}}{m_{2}}\sin{\left(\omega_{0}t\right)}

(*)Solução 2:

Nessa solução tentaremos encontrar os chamados modos normais de vibração. Nesses modos tanto a massa 1 como a massa 2 realizam um M.H.S. de mesma frequência \omega. Após acharmos todos os modos normais, a solução geral será uma superposição de todos os modos normais. Essa solução requer um conhecimento básico de álgebra linear. Escrevemos então novamente as equações de movimento.

\ddot{x}_{1}+\dfrac{k}{m_{1}}x_{1}-\dfrac{k}{m_{1}}x_{2}=0 \, \left(1\right)

\ddot{x}_{2}+\dfrac{k}{m_{2}}x_{2}-\dfrac{k}{m_{2}}x_{1}=0 \, \left(2\right)

Substituímos então \ddot{x_1}=-\omega_{2}x_{1} e \ddot{x_{2}}=-\omega_{2}x_{2}. A partir de agora, escreveremos isso na forma matricial.

\begin{pmatrix} \dfrac{k}{m_{1}}-\omega^{2} & -\dfrac{k}{m_{1}}\\ -\dfrac{k}{m_{2}} & \dfrac{k}{m_{2}}-\omega^{2} \end{pmatrix} \begin{pmatrix} x_{1}\\ x_{2}\end{pmatrix}=\begin{pmatrix}0\\0\end{pmatrix}

Sendo que nós queremos as soluções não triviais para x_{1} e x_{2}, ou seja, x_{1} e x_{2} diferente de zero, logo, um dos resultados da álgebra linear diz que devemos ter:

\begin{vmatrix} \dfrac{k}{m_{1}}-\omega^{2} & -\dfrac{k}{m_{1}}\\ -\dfrac{k}{m_{2}} & \dfrac{k}{m_{2}}-\omega^{2} \end{vmatrix}=0

Calculando o determinante:

\dfrac{k^{2}}{m_{1}m_{2}}-\dfrac{k}{\mu}\omega^{2}+\omega^{4}-\dfrac{k^{2}}{m_{1}m_{2}}=0

\omega^{4}=\dfrac{k}{\mu}\omega^{2}

Novamente definimos a massa reduzida como \dfrac{1}{\mu}=\dfrac{1}{m_{1}}+\dfrac{1}{m_{2}}, resolvendo então, teremos dois modos normais de oscilação:

Primeiro modo normal:

\omega=0

Se substituirmos essa frequência angular nas equações de movimento obtemos:

x_{1}=x_{2}

Ou seja, há um modo normal em que ambos possuem o mesmo deslocamento da posição de equilíbrio e aceleração zero (devido \omega=0). Nesse caso, teremos:

\begin{pmatrix} x_{1} \\ x_{2} \end{pmatrix}=K_{1}\begin{pmatrix} 1 \\ 1 \end{pmatrix} + K_{2}\begin{pmatrix} 1 \\ 1 \end{pmatrix} t

Onde K_{1} e K_{2} são constantes determinadas pelas condições iniciais.

Segundo modo normal:

\omega=\sqrt{\dfrac{k}{\mu}}

Se substituirmos essa frequência angular nas equações de movimento obtemos:

x_{2}=-\dfrac{m_{1}}{m_{2}}x_{1}

Ou seja, esse é um modo normal onde x_{1} e x_{2} oscilam com frequência angular \sqrt{\dfrac{k}{\mu}}, mas com uma razão constante na amplitude desse movimento, podemos então escrever:

 

 

\begin{pmatrix} x_{1} \\ x_{2} \end{pmatrix} = K_{3}\begin{pmatrix} 1 \\ -\dfrac{m_{1}}{m_{2}} \end{pmatrix}\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+K_{4} \begin{pmatrix} 1 \\-\dfrac{m_{1}}{m_{2}}\end{pmatrix} \sin{\left(\omega_{0}t\right)}

Onde K_{3} e K_{4} são constantes determinadas pelas condições iniciais e \omega_{0}=\omega=\sqrt{\dfrac{k}{\mu}}

Sendo assim, a solução mais geral será escrita na forma:

\begin{pmatrix} x_{1} \\ x_{2} \end{pmatrix} = K_{1}\begin{pmatrix} 1 \\ 1 \end{pmatrix} + K_{2}\begin{pmatrix} 1 \\ 1 \end{pmatrix} t +K_{3}\begin{pmatrix} 1 \\ -\dfrac{m_{1}}{m_{2}} \end{pmatrix}\cos{\left(\omega_{0}t\right)}+K_{4} \begin{pmatrix} 1 \\-\dfrac{m_{1}}{m_{2}}\end{pmatrix} \sin{\left(\omega_{0}t\right)}

Condizente com a solução anterior.

É importante notar que nesse caso ambos os métodos de resolução tiveram a mesma dificuldade para a resolução do problema, entretanto, para problemas mais complexos, pode ser muito difícil encontrar as chamadas coordenadas normais, que nesse caso seriam múltiplos de p\left(t\right) e q\left(t\right), portanto é preferível se acostumar ao segundo método que é sempre realizado exatamente da mesma maneira.