Entrevista com Ana Paula Chaves
11/02/2023 Caique PaivaOlá Olímpicos!
No dia 11/02, é comemorado o Dia Internacional das Mulheres na Ciência e o NOIC preparou uma série de entrevistas com várias cientistas diferentes. A Ana Paula é professora de matemática no IME e na UFG, além de ser coordenadora regional da OBM e Membro das Comissões Gestora e Acadêmica do TM2, e atualmente está cursando o pós-doutorado no IMPA!
- Como começou a paixão pela matemática?
Eu não tenho a memória de não gostar de matemática. Mas a decisão de seguir uma carreira e estudar só matemática me animou muito, parecia não tem outra opção que faria mais sentido. Acho que isso é “culpa” da sequência de excelentes professores de matemática que eu tive desde o início.
- Qual foi o seu primeiro contato com olimpíadas de matemática? Como você acha que fazer olimpíadas no período escolar contribui para a formação profissional dos alunos?
Meu primeiro contato com olímpicos foi na graduação quando eu fui contemporânea de olímpicos famosos que hoje estão na frente da OBM (Samuel Feitosa, Bruno Holanda, Yuri Lima, dentre outros) e assim descobri esse universo. E meu primeiro contato com olimpíadas foi como monitora no PIC estudando o “Círculos Matemáticos: A Experiência Russa”. A minha única reação ao ser apresentada para esse universo foi “como não me apresentaram isso antes?”
- Qual você acha que é a maior recompensa em fazer olimpíadas científicas?
A comunidade que é formada através desse ambiente. É uma comunidade de pessoas incríveis e que realiza coisas incríveis. A comunidade olímpica une pessoas com um objetivo e uma paixão em comum, então esse elo é criado de maneira potente.
- Qual foi o momento em que você decidiu que iria seguir a área acadêmica?
Quando eu percebi que na carreira acadêmica eu seria constantemente desafiada!
O que me levou a sair da graduação e ir para o mestrado foi a sensação de achar que o lá seria o lugar em que eu chegaria no limite das minhas descobertas, e essa foi a mesma motivação para o doutorado. Quando comecei a me envolver com pesquisa, como parte do desenvolvimento da minha tese, descobri que o que eu estava buscando não existia, que eu não iria usar toda minha capacidade, eu ia seguir me desafiando e evoluindo. Essa descoberta virou o motor que me leva a continuar pesquisando até hoje.
- Qual foi sua maior conquista acadêmica até agora?
Ser plenarista no Colóquio Regional da Região Nordeste e palestrante no Encontro Brasileiro de Mulheres Matemática, seguramente estão empatados como os dois grandes momentos da minha carreira acadêmica até agora.
- Mudou muita coisa desde quando você entrou na comunidade científica?
Mudou em dois aspectos principais: o incentivo financeiro que hoje é quase inexistente em relação a quando iniciei a carreira. E a outra é a idade de quem participa da comunidade científica, sinto uma renovação da comunidade com muita juventude.
- Existe alguma dificuldade que você sentiu por ser mulher na área acadêmica?
Ai, essa é difícil. Se alguém colocou algum tipo de dificuldade ela foi velada, porque eu não senti essas barreiras sendo colocadas mesmo em um ambiente com muitos homens. Tive muita sorte porque sempre fui muito acolhida e respeitada nas discussões matemáticas dentro de qualquer ambiente. E me sinto muito privilegiada por isso, porque no meu meio inclusive fui muito incentivada pelos meus pares.
- Como professora, qual é o maior prazer de dar aula?
Além, claro, de poder falar sobre algo que amo demais, sentir que aquela aula pode fazer a diferença para algum aluno, de tantas maneiras diferentes, com certeza é o meu maior prazer em sala de aula! Seja pelo conteúdo em si, ou pela motivação que eu possa transmitir, qualquer épsilon positivo que seja, já é algo. Em se tratando especificamente de aulas de olimpíada, não há satisfação maior do que ser testemunha da evolução de um(a) aluno(a), que culmina no momento em que ele(a) vai receber uma medalha.
- Qual a sua motivação na vida?
Minha grande motivação na vida é poder viver, de maneira confortável, fazendo algo que eu amo e que me desafia constantemente, e saber que tudo isso pode impactar outras pessoas de maneira positiva, sempre pensando no épsilon >0.
- Se você fosse um animal, qual seria?
Sempre me identifiquei com o urso (quem me conhece deve lembrar da minha tatuagem rs), tanto pela força quanto pelo seu auto conhecimento, principalmente de saber quando é a hora de parar e hibernar para se recuperar, seja do que for.
Para conferir as nossas outras entrevistas, acesse o Jornal Olímpico!