Por Tiago Lucio
Deslocamento de Linhas Espectrais
Na astronomia, o efeito Doppler pode ser visto em espectros estelares, em que as linhas espectrais são frequentemente deslocadas para o azul (blueshift), ocorrendo uma diminuição no comprimento de onda, ou para o vermelho (redshift), ocorrendo um aumento no comprimento de onda. Um blueshift significa que a estrela está se aproximando, enquanto um redshift indica que ela está se afastando.
Na imagem acima é possível perceber que as linhas de absorção são deslocadas para a direita (aumento de comprimento de onda) no redshift e são deslocadas para a esquerda (diminuição do comprimento de onda) no blueshift. Isso se deve ao fato de que o redshift de um espectro pode ser definido em função dessa variação do comprimento de onda, , e do comprimento de onda emitido, , por:
Tipos de Redshift
- Efeito Doppler
O redshift ou blueshift é causado pela velocidade radial (velocidade relativa de recessão) da estrela e pode ser aproximado por:
para
Em alguns exercícios é dado a variação da frequência e a frequência emitida pela fonte , para calcular a velocidade radial ou o redshift utilizando esses valores:
Logo, para velocidades radiais positivas (fonte se afastando), ocorre o redshift ( e ) e para velocidades radiais negativas (fonte se aproximando), ocorre o blueshift ( e ).
Para velocidades mais próximas da velocidade da luz, é necessário utilizar a seguinte fórmula para calcular o redshift:
Reorganizando a equação, obtemos:
- Redshift Cosmológico
O comprimento de onda dos fótons emitidos por galáxias muito distantes é alongado a medida que ele viaja através do espaço em expansão. Veremos mais sobre esse redshift mais para a frente.
Obs.: nesse caso a fonte está em repouso, o redshift é dado somente por causa da expansão do universo.
- Redshift Gravitacional
Esse redshift ocorre pela distorção do espaço-tempo próximo a campos gravitacionais muito intensos, alterando, assim, o comprimento de onda dos fótons. Não vamos entrar em detalhes de como calcular esse redshift, pois essa matéria somente é necessária para a seletiva de Vinhedo.
Lei de Hubble
Em 1923, o astrônomo Edwin Hubble, ao analisar o espectro de várias galáxias, percebeu que eles estavam desviados para o vermelho (redshift cosmológico) e que, consequentemente, as galáxias estavam se afastando de nós, com exceção das mais próximas da Via Láctea, que estão sendo atraídas gravitacionalmente. Além disso, ao medir as distâncias e as velocidades radiais (velocidade de recessão) de cada galáxia, ele notou experimentalmente que esses valores estavam relacionados linearmente, formulando assim a Lei de Hubble:
Onde é a constante de Hubble, que vale aproximadamente (). Assim, quanto mais distante uma galáxia está, mais rapidamente ela está se afastando de nós. Essa relação pode ser facilmente observada no gráfico a seguir:
Além disso, podemos utilizar as mesmas fórmulas do Efeito Doppler para calcular o redshift gravitacional, onde é a velocidade radial das galáxias devido a expansão do universo, portanto, para velocidades não relativísticas:
Observações
- Preste muita atenção na unidade da Constante de Hubble. A distancia, , deve ser utilizada em para obter a velocidade radial em .
- Muitas galáxias possuem redshifts maiores que 1 e isso não vai implicar em velocidades radiais maiores que a velocidade da luz, pois, para esses redshifts, a velocidade radial deve ser calculada utilizando a fórmula de redshift relativístico. O maior redshift conhecido é o do quasar ULAS J com .
- A Lei de Hubble só é válida para distâncias muito grandes (na ordem de ), pois para distâncias menores, a força gravitacional supera a expansão do universo. Já o Efeito Doppler é sempre válido, desde que utilize a equação relativística ou a aproximação para .
Exercício Desafio
- Calcule a qual distância o quasar ULAS J está de nós.
Utilize a Fórmula do Redshift relativístico para encontrar a velocidade radial do quasar e, com a Lei de Hubble, estime a sua distância (ly é a unidade para anos-luz):