Ideia Observacional: M87 - Com Instrumento

Por Fabrizio Ferro

Messier 87, a galáxia central do aglomerado de Virgo e um objeto muito interessante. Esta galáxia elíptica gigante (tipo E0-1) é o lar de alguns trilhões de estrelas, um buraco negro supermassivo, 15000 aglomerados globulares e um jato de partículas relativísticas. Este objeto foi descrito por Charles Messier como uma “Nebulosa sem estrelas”. M87 está em Virgo, então vamos começar observando esta constelação:

 

Figura 1: A constelação da Virgem (Virgo). As linhas vermelhas indicam as bordas das constelações. (Crédito: Stellarium.)

Entretanto, esta imagem é um pouco otimista. Mesmo em condições de observações razoáveis, a magnitude limite para o olho adaptado é próxima de 5. Sendo assim, uma imagem um pouco mais realista seria:

 

Figura 2: A constelação da Virgem (Virgo). Apenas as estrelas com magnitudes inferiores a 4.9 foram mostradas. As linhas vermelhas indicam as bordas das constelações. (Crédito: Stellarium.)

Depois de identificar a constelação, é necessário centralizar a estrela $\rho$ Vir (ver figura 2)—que forma um triângulo isósceles com $\epsilon$ Vir e $\delta$ Vir—na buscadora. Provavelmente, a imagem obtida na buscadora vai parecer com isso:

 

Figura 3: Estrelas próximas a $\rho$ Vir vistas por uma buscadora. A abertura e o FOV (campo de visão) da buscadora valem, respectivamente, $50\ mm$ e $7.29^{\circ}$. (Crédito: Stellarium.)

É claro, é possível que a imagem na buscadora “esteja invertida”. Na figura 3, foi adicionado algumas linhas em um conjunto de estrelas com uma configuração característica para facilitar a identificação, em outras palavras, eu criei uma “mini constelação”. O próximo passo é centralizar a estrela HIP 61423 (circulada em vermelho) na buscadora. Olhando pela ocular, a imagem obtida provavelmente vai parecer com a seguinte:

 

Figura 4: HIP 61423 centralizada na imagem da ocular. O telescópio utilizado possui $200\ mm$ de abertura e $1200\ mm$ de comprimento focal, a ocular utilizada possui $25\ mm$ de comprimento focal. O FOV do telescópio-ocular é de ${1}^{\circ}5'$. A seta vermelha indica o sentido do movimento da imagem da ocular para localizar M87. (Crédito: Stellarium.)

Agora, manuseando cuidadosamente o telescópio, continue olhando pela ocular e mova o telescópio na direção da seta vermelha indicada na figura 4 cerca $1^{\circ}$. É relativamente difícil ter noção da distância angular movida quando se está olhando a imagem pela ocular, então, mova o telescópio até encontrar duas estrelas com magnitudes aparentes comparáveis a HIP 61423. A imagem obtida na ocular será parecida com a seguinte:

 

Figura 5: M87 centralizado na imagem da ocular. O telescópio utilizado possui $200\ mm$ de abertura e $1200\ mm$ de comprimento focal, a ocular utilizada possui $25\ mm$ de comprimento focal. O FOV do telescópio-ocular é de ${1}^{\circ}5'$. (Crédito: Stellarium.)

Note que a imagem anterior é extremamente otimista. Na “realidade”, M87 vai parecer mais uma nebulosidade sútil, sem muita coloração. A figura 6 mostra um desenho que contém M87, feito por Michael Vlasov, em um deserto, em Israel, com um telescópio de $250\ mm$ de abertura.

 

Figura 6: “Markarian's Chain”. M87 está localizado no canto inferior esquerdo. O FOV do telescópio-ocular é de ${1.86}^{\circ}$. (Crédito: Michael Vlasov.)