Quando Johannes Kepler organizou os dados de Tycho Brahe sobre as posições de planetas no céu, viu que, num modelo heliocêntrico, a forma que melhor se ajustava às órbitas planetárias era uma elipse. Você pode estar se perguntando: "O que é uma elipse, afinal?"
É exatamente essa uma das perguntas que responderemos aqui! Veremos na próxima aula a razão pela qual objetos cujo movimento é governado por uma força inversamente proporcional ao quadrado da distância tem trajetórias elípticas, e, generalizando, cônicas.
Agora você pode estar extremamente confuso: "Como assim cônicas? A órbita é tridimensional? Isso não faz sentido!!!"
Calma!
As curvas cônicas são assim chamadas porque seu formato pode ser obtido cortando um cone a diferentes ângulos.
Veja a figura abaixo:
Perceba que se cortamos o cone numa inclinação de zero, temos uma circunferência; se cortamos numa inclinação entre zero e a inclinação da geratriz, temos uma elipse; se cortamos na mesma inclinação da geratriz, temos uma parábola; e se cortamos numa inclinação maior que a da geratriz, temos uma hipérbole. É desse processo que se origina a denominação cônica para essas curvas.
Agora, vamos descrevê-las no plano cartesiano, em coordenadas cartesianas e polares!
Primeiro, a elipse!
No plano cartesiano, imagine dois pontos, que chamaremos de focos, e , distando um do outro. A elipse será definida como o conjunto de pontos cuja soma das distâncias aos focos é constante e igual a .
Não conseguiu imaginar? Confira a figura abaixo:
Perceba que para todos os pontos da elipse.
Também perceba que o ponto da elipse, equidistante a e a , nos possibilita enxergar uma propriedade importante da elipse:
Perceba também que:
eixo maior
semi-eixo maior
eixo menor
semi-eixo menor
distância focal
Com o auxílio das figuras acima, vamos determinar a equação cartesiana da elipse.
É deixado como desafio mostrar que:
Antes de partirmos para a equação polar da elipse, é importante introduzir a definição de excentricidade.
A excentricidade mede o achatamento da elipse e é definida como a razão entre a distância focal e o eixo maior. Se tivermos uma elipse onde essas grandezas são iguais, ou seja, excentricidade igual a um, teremos uma linha reta. Se tivermos uma elipse onde a distância focal é zero, ou seja, de excentricidade 0, teremos um círculo. Perceba: o círculo é um caso particular de elipse!
Ou seja:
Agora, podemos chegar à equação polar da elipse. A diferença entre coordenadas polares e coordenadas cartesianas é que, enquanto as cartesianas se baseiam em dois eixos para descrever a posição de um ponto no plano, as polares se baseiam na distância até um ponto escolhido como origem e o ângulo contado a partir de uma determinada semi-reta em um determinado sentido. Normalmente, a semi-reta escolhida é a parte positiva do eixo e o sentido no qual o ângulo é contado é o anti-horário. Também mudaremos a posição da origem. Ela ficará em um dos focos da elipse. Assim, confira a figura abaixo:
Pela lei dos cossenos, temos:
Fica como desafio para o leitor mostrar que:
Vamos falar agora sobre as parábolas!
Uma das definições de parábola é a conjunto de todos os pontos que distam igualmente de uma reta, chamada de diretriz, e de um ponto que não está nesta reta, chamado de foco. O ponto da parábola mais próximo da diretriz se chama vértice, e ele dista p/2 da diretriz e do foco.
Assim, se colocarmos o vértice na origem do ponto cartesiano, e a diretriz paralela ao eixo y:
Podemos escrever:
É deixado como desafio mostrar que:
Agora, vejamos a equação polar. Convém colocar o foco da parábola na origem:
Assim, temos que:
Desenvolvendo a expressão, surgem dois possíveis resultados:
ou
No entando, analisando as condições determinadas pela figura, temos que . Isso só é satisfeito se:
Se fosse contado a partir do outro lado, teríamos:
Agora, vamos à hipérbole!
Sejam dois pontos, e , distando um do outro, chamados de focos. A hipérbole será o conjunto de pontos cujo módulo da diferença das distâncias a cada um dos focos é constante e igual a .
Confira a figura abaixo:
Para chegarmos à equação cartesiana da hipérbole, podemos escrever:
É deixado como desafio mostrar que:
Agora, vamos chegar à equação polar da hipérbole:
Confira a figura abaixo:
A partir dela, e sabendo também que a excenticidade de uma hipérbole é definida como , podemos dizer que:
(lei dos cossenos)
Fica como desafio mostrar que:
Vamos retomar as equações polares das três cônicas:
Elipse:
Parábola:
Hipérbole:
Perceba a semelhança gigantesca entre as três equações. Veremos na aula sobre leis de conservação a ligação física entre essas três cônicas.