E aí, Olímpicos?!
Hoje, dia 11/02 é o Dia internacional das mulheres e meninas nas ciências e o Noic preparou uma série de entrevistas com cientistas incríveis para vocês! A Hana, nossa primeira entrevistada, foi medalhista de bronze na International Chemistry Olympiad -ICho- e foi aprovada no MIT.
- Qual foi a sua maior dificuldade no processo de application?
Presente nos oito requerimentos para uma aplicação – carta de recomendação, school profile, transcript, SAT, teste de inglês, formulário financeiro, Honors & Extracurriculares e essays –, administrar a ansiedade foi uma grande dificuldade. Apesar de constantemente dizer para mim mesma e ouvir de pessoas próximas que meu perfil condizia com meu sonho, pensar que estava me esforçando tanto por algo tão incerto quanto o application era tema constante de muitas conversas com meus amigos mais próximos. No final das contas, tenho muita gratidão a todas as pessoas que ouviram meus muitos “ e se não der certo?” ou “não vai dar certo, buáaa” e continuaram acreditando.
- Se você fosse um animal, qual seria?
Um panda. Não tenho muita explicação, mas é simplesmente o primeiro animal que me vem à mente, hehe.
- O que você mais gosta no mundo olímpico?
A disposição da galera pra se ajudar. Projetos como NOIC, Sem Parar, Ampulheta do Saber, que são puramente trabalhos voluntários, são a prova de que os olímpicos estão dispostos a doar parte do seu tempo para melhorar as condições para os próximos olímpicos e consequentemente, para a educação no Brasil.
- Um ensinamento para quem está começando.
Tanto em Olimpíadas quanto no Application, lembre-se que o resultado final é importante, mas a jornada é a melhor parte, porque é um momento único na vida e tudo é aprendizado.
- Qual conquista foi mais significativa pra você?
Eu estaria mentindo se não mencionasse a medalha na IChO 2021. Ela não é a mais significativa porque é “a competição mais prestigiada para estudantes do Ensino Médio", mas porque me lembra de tudo que veio junto com os dois anos e meio de aprendizado até chegar na IChO. Eu comecei pensando que ler uma coleção de Ensino Médio de química seria suficiente para chegar no nível internacional, depois, mudei de cidade pra seguir esse sonho e conheci professores(as) e amigos incríveis e (cortando muita história), finalmente, pude dizer que deu certo.
- Já se sentiu inferiorizada por ser uma mulher na ciência?
Graças a papai do céu, não. Especialmente a minha equipe da IChO foi composta por três meninas e eu era pupila da mulher que trouxe uma medalha de ouro da IChO pro Brasil. De fato, há uma discrepância na quantidade de meninos e meninas fazendo olimpíadas, mas, felizmente, muita gente está trabalhando para reduzir essa diferença e mostrar um caminho nas ciências para as meninas.
- Quando e por que você decidiu se envolver nas olimpíadas?
Minha primeira Olimpíada foi a OBMEP 2017, em que fui menção honrosa. Mas acho que ela não conta porque eu nem sabia o que era olimpíada e nem para o que servia. No início do meu nono ano (2018), eu queria muito fazer o Ensino Médio em outro estado, pra ter mais oportunidades do que eu teria em Manaus, minha cidade natal. Então, comecei a estudar EPCAr, e tive até que trocar de turno pra fazer cursinho. Uns dois meses antes da prova, descobri que miopia era algo que me desclassificaria no exame de saúde e fiquei frustrada por umas duas semanas. Porém, naquela mudança de turno, conheci a pessoa que tinha sido duas vezes medalhista de ouro na OBMEP e hoje é meu melhor amigo. Vendo a genialidade do meu amigo e estudando matemática pelo grupo de WhatsApp “Amazonenses Olímpicos” passei a dizer que queria ser medalhista de ouro na OBMEP também. Bom, o ouro na OBMEP nunca veio, mas fazer o quê se no final daquele ano eu descobri a química?
- Se você pudesse dizer algo para Hana de 10 anos, o que seria?
“Você vai pra um lugar que você nem imagina que é possível ir. Só continue nesse caminho”.
Por mais que eu tenha tirado um gap year, por ter conhecido o application muito tarde, eu não trocaria nada de ordem, nem excluiria etapas. Guardo todas com carinho.
- Onde você se imagina profissionalmente daqui a alguns anos?
Um ano atrás, eu me imaginava como cientista maluca que passaria o dia no laboratório e encontraria uma resposta de algo completamente inesperado, como os cientistas famosos dos nossos livros de ciências. Hoje, já penso que serei a pessoa por detrás de um computador, “codando” horas e horas seguidas, mas ainda sim, algo voltado pra laboratório.
Ouvir as músicas do boi-bumbá de Parintins (Garantido), ajudar as novas gerações de olímpicos e aplicantes e além disso, saber que educação e tecnologia têm o poder de melhorar o mundo e eu posso ser uma pequena engrenagem nesse processo.
Para conferir as nossas outras entrevistas, acesse o Jornal Olímpico!