Bem vindo Olímpicos!
Dia 11/02 é o Dia Internacional das Mulheres na Ciência e o NOIC fez várias entrevistas com várias cientistas brasileiras incríveis! A Muriel é professora da Universidade do Estado de Santa Catarina, disciplinas de Geometria Analítica, Cálculo III, Física Experimental III e Metodologia da Pesquisa Científica.
- Qual a sua formação?
Sou formada em Licenciatura em Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina - Campus Joinville. Tenho mestrado pela Universidade Estadual de Campinas e doutorado pela Universidade Federal de Minas Gerais (fiz um ano do meu doutorado no Instituto Max Planck em Stuttgart na Alemanha).
- Na sua carreira como pesquisadora, o que a senhora mais pesquisou sobre e o que mais te fascinou na sua área de estudo ao longo desses anos?
Minhas pesquisas de mestrado e doutorado foram voltadas para o estudo da estrutura de materiais, mais especificamente de moléculas orgânicas que tem a capacidade de auto ordenamento. Meu estudo tinha como objetivo compreender a estrutura e o ordenamento dessas moléculas com foco na utilização das mesmas como camadas dielétricas de dispositivos eletrônicos como telas flexíveis.
O que mais me fascina em estudar é que quanto mais estudamos mais percebemos que não sabemos nada. Acredito que isso que assusta muitas pessoas, de modo geral, as pessoas gostam de estar na zona de conforto, gostam de saber tudo sobre o que fazem. No entanto, o pesquisador sabe muito bem que sempre há mais por estudar e por descobrir!
- Como é conciliar ser mãe, pesquisadora e professora na sua rotina?
Sem dúvidas conciliar tudo é a tarefa mais difícil que já enfrentei (risos). Tenho certeza que todas as mães entenderão o que eu quero dizer. A maternidade é um período de muitas alegrias e descobertas mas também um momento bastante desafiador para quem tem uma carreira profissional. Conciliar todas as tarefas e ainda manter a excelência na realização das mesmas é algo que demanda um esforço muito grande.
- Se você pudesse encorajar milhares de estudantes que sonham em fazer pesquisa no Brasil em um discurso, como você descreveria o cenário atual?
Na minha opinião não podemos depender de “cenários atuais”, nossos sonhos cabe a nós realizarmos. Obviamente que existem períodos com mais oportunidades e períodos com menos, mas se você tiver objetivos claros e perseverança nem que seja apenas uma oportunidade que exista essa vai ser sua. Quando estava na faculdade eu fazia a inscrição para todos os cursos que tinham, para todas as escolas de verão (e inverno) em outras universidades, sempre acreditei muito que conhecer pessoas e lugares está intimamente ligado com oportunidades futuras. Enquanto muitas pessoas não faziam a inscrição pois consideravam muito difícil serem aceitas eu ia lá e me inscrevia, afinal, o NÂO eu já tinha. Em uma dessas situações fui selecionada entre 15 alunos do Brasil e América Latina para a escola de verão do Laboratório Nacional de Luz Síncroton onde realizei durante as férias da faculdade um curso e pesquisa científica durante 45 dias.
- Quais são os hobbies que você pratica?
Minha grande paixão é conhecer novos lugares e novas culturas. Todos os anos espero ansiosamente a época das férias para poder viajar.
- O que você mais gosta na sua profissão?
Minha maior alegria é perceber através dos olhos dos meus alunos que eles conseguem ver a importância daquele conteúdo para suas carreiras profissionais e mais do que isso que percebam que a vida é um eterno aprendizado. Estamos sempre aprendendo e ensinando a todos ao nosso redor!
- Quais seriam os maiores benefícios em fazer olimpíadas acadêmicas desde cedo?
O fato de iniciar estudos mais aprofundados desde cedo auxilia os alunos que gostam da área a terem ainda mais interesse pelas ciências exatas. As olimpíadas estimulam os alunos a estudar e querer descobrir mais e mais. Além disso, conhecendo mais a fundo sobre um tema é possível ao estudante definir qual área ele vai decidir cursar, muito alunos chegam na universidade sem saber exatamente o que esperar de um curso superior.
- Para decidir qual caminho seguir como profissão, o que você aconselha aos leitores desta entrevista baseando-se na descoberta da sua paixão pela física?
Foi a Física que me escolheu…kkkk… Quando fui prestar vestibular queria fazer Engenharia Elétrica, no entanto, eu estudei em escola pública minha vida toda e quando iniciei meus estudos para o vestibular percebi a grande defasagem de conteúdos que eu tinha. Dessa forma, fiz a inscrição em 3 vestibulares, 2 deles para o curso de Engenharia Elétrica e 1 para o curso de Física, pois a concorrência era menor. Pois bem, como era esperado, apesar do meu grande esforço não consegui passar em engenharia. Iniciei o curso de Física e me apaixonei já no primeiro semestre. Isso não quer dizer que a faculdade foi um mar de rosas, longe disso, foram muitas decepções, notas baixas, notas recuperadas, choros e alegrias. Como tudo na vida, as conquistas que valem a pena são regadas a muito esforço e força de vontade.
Se eu pudesse dar um conselho para alguém eu diria que faça tudo sempre da melhor forma possível que você conseguir. Embora muitas vezes a gente esteja cansado ou ache que ninguém está valorizando nosso esforço, isso não é verdade. Sempre vai aparecer alguma oportunidade de alguém que você nem imaginava mas que estava observando seu trabalho sendo bem realizado.
- Você tem dicas para maximizar o estudo e aprendizado das ciências exatas?
Acredito que cada pessoa tem uma forma distinta de otimizar o aprendizado. Cabe a cada um identificar como é a sua. Tem pessoas que tem facilidade de compreender assistindo aulas, outros lendo livros, outros resolvendo exercícios ou ainda desenvolvendo materiais. Para mim sempre funcionou muito bem a resolução de grande quantidade de exercícios, resumos e estudos em grupo.
- O que te motiva na vida?
Minha motivação profissional é ver meus alunos tendo êxito nas profissões que escolheram, isso me mostra que fizemos nosso papel de professores e orientadores. Fico muito feliz quando encontro meus ex-alunos ou recebo mensagens deles dizendo que lembram das aulas e que estão colocando em prática o que aprenderam.
Para conferir as nossas outras entrevistas, acesse o Jornal Olímpico!