Soluções Astronomia - Semana 65

INICIANTE

Em várias partes do experimento será utilizada uma pedra qualquer encontrada na superfície, pois, como o planeta é pequeno, podemos estimar a densidade do planeta como a densidade da pedra, a qual é fácil de ser medida. Inicialmente podemos posicionar a régua perpendicularmente no solo e soltar a pedra de seu topo          (h = 2m), utilizando o cronômetro para determinar quanto tempo t a pedra demora para cair. Assim, podemos obter o Raio do planeta R em função da densidade da pedra \rho:

h = \dfrac{g\cdot t^2}{2}        (1)

g = \dfrac{G\cdot M}{R^2},        \rho = \dfrac{M}{V} = \dfrac{3\cdot M}{4\cdot \pi\cdot R^3}

g = \dfrac{4\cdot \pi\cdot R\cdot \rho \cdot G}{3} \Longrightarrow h = \dfrac{2\cdot \pi\cdot R\cdot \rho\cdot G\cdot t^2}{3}

R = \dfrac{3\cdot h}{2\cdot \pi \cdot \rho\cdot G\cdot t^2}        (2)

Onde M, V e g são, respectivamente, a massa, o volume e a gravidade superficial do planeta. Agora, para descobrir a densidade da pedra, precisamos calcular a sua massa e volume. Para o cálculo da massa devemos utilizar a balança eletrônica, que mede a massa teórica de um objeto m_T se ele estivesse na Terra (aceleração da gravidade g_T) utilizando a sua normal N:

m_T = \dfrac{N}{g_T} \Longrightarrow N = m_T\cdot g_T

Assim, a real massa da pedra m_p será:

m_p = \dfrac{N}{g} = \dfrac{m_T\cdot g_T}{g}

Já para o volume da pedra, precisamos inicialmente colocar um volume de óleo V_0' no copo medidor e, após isso, colocar a pedra no líquido, de forma que ela fique totalmente submersa e medir o novo volume V'. Assim, o volume da pedra V_p será:

V_p = V' - V_0' \Longrightarrow V_p = \Delta V'

Logo, a densidade do planeta vale:

\rho = \dfrac{m_p}{V_p}\Longrightarrow \rho = \dfrac{m_T\cdot g_T}{g\cdot \Delta V'}        (3)

Substituindo (1) em (3):

\rho = \dfrac{m_T\cdot g_T \cdot t^2}{2\cdot h\cdot \Delta V'}        (4)

Substituindo (4) em (2):

R = \dfrac{3\cdot h^2\cdot \Delta V'}{\pi \cdot m_T \cdot g_T \cdot t^4 \cdot G} \Longrightarrow R = \dfrac{12\cdot \Delta V'}{\pi \cdot m_T \cdot g_T \cdot t^4 \cdot G}

Agora precisamos encontrar a distância d do equador ao polo pela superfície do planeta:

d = \dfrac{\pi \cdot R}{2} \Longrightarrow \boxed{d = \dfrac{6\cdot \Delta V'}{m_T \cdot g_T \cdot t^4 \cdot G}}

Finalmente, podemos calcular o tempo mínimo t_{min} para chegar ao polo pela velocidade máxima que é possível andar sobre a superfície do planeta (velocidade orbital v_0 no raio R):

v_o = \sqrt{\dfrac{G\cdot M}{R}} = 2\cdot R\cdot \sqrt{\dfrac{G\cdot \pi\cdot \rho}{3}},        v_o = \dfrac{d}{t_{min}}

t_{min} = \dfrac{\pi}{4}\cdot \sqrt{\dfrac{3}{G\cdot \pi \cdot \rho}}        (5)

Substituindo (4) em (5):

\boxed{t_{min} = \dfrac{1}{2\cdot t}\cdot \sqrt{\dfrac{3\cdot \pi \cdot \Delta V'}{G \cdot m_T\cdot g_T}}}

INTERMEDIÁRIO

a) Para calcular o período, basta calcularmos o valor do campo gravitacional \vec{g} a uma distância \vec{r} do planeta. Assim temos a expressão da força gravitacional sentida pelo satélite, que será igual a resultante centrípeta, nos dando assim o período P desejado.

Calculando o campo gravitacional através do análogo da lei de gauss para gravitação (ver asterisco no final da solução):

\oint \vec{g} \cdot d\vec{S}=-4\pi GM_{in}

Mas o que equação nos diz? Ela nos da a integral do fluxo do campo gravitacional sobre uma superfície fechada. Tal superfície é conhecida como superfície gaussiana, e nos podemos escolhe-la. Essa integral é proporcional à massa no interior de tal superfície (M_{in}), sendo 4\pi G o fator de proporcionalidade.

Vendo a figura:

 

Primeiramente, podemos concluir que o produto escalar \vec{g} \cdot \vec{S} é simplesmente g S pois, por argumentos de simetria, o campo é radial (simetria por reflexão, por exemplo). Além disso, vemos que a área da gaussiana é simplesmente S=2\pi r L, logo \oint \vec{g} \cdot d\vec{S}=g S= g 2\pi r L. Temos também que a massa dentro da nossa gaussiana é simplesmente \rho \pi R^2 L.

Logo:

g 2\pi r L = 4\pi G \rho \pi R^2 L

Portanto:

\vec{g(r)}=-\frac{2\pi G \rho R^2}{r}\hat{r}

Igualando a força gravitacional à resultante centrípeta:

F_{g}=R_{cp} \Leftrightarrow m g = m {\omega}^2 r

Usando P=\frac{2\pi}{\omega} e substituindo g, temos:

P=\frac{r}{R}\sqrt{\frac{2\pi}{G\rho}}

b) Pela definição dada, podemos conservar a energia do corpo nos momentos inicial e final. Repare que após muito tempo o corpo estará no infinito (U_{gra}=0) com velocidade nula (K=0), logo:

\frac{m v_{escT}^2}{2} - \frac{GM_{T}m}{R_{T}}=0

Assim:

v_{escT}=\sqrt{\frac{2GM_{T}}{R_{T}}}

c) Novamente, a energia cinética no final será nula, logo basta calcular a diferença de energia potencial \Delta U entre o início e o fim (estou utilizando V para o potencial, onde U=mV). Sabemos que \vec{g}=-\nabla V, logo:

V(d)-V(R)=k \int_R^d \frac{1}{r}dr

Onde k>0.

Como a integral de \frac{1}{x} é ln(x), temos, adicionando limites de integração:

\Delta V=-k ln(\frac{R}{d}), que diverge para d \rightarrow \infty. Logo, não é possível escapar da atração gravitacional do planeta Wattson (ou de qualquer planeta cujo campo caia com o inverso da distância).

*A equação padrão da Lei de Gauss para a eletrostática é:

\oint \vec{E} \cdot d\vec{S}=\frac{Q_{in}}{\epsilon _{0}}

Note que, trocando Q\rightarrow M e \frac{1}{\epsilon _{0}} \rightarrow 4 \pi G (compare a lei de coulomb com a lei da gravitação universal para ver o porquê disso) temos o análogo para a gravitação.

Há um sinal negativo pois, apesar de cargas de mesmo sinal se repelirem, duas massas de mesmo sinal (positivo? A questão da SAO abaixo brinca com isso) se atraem, logo na notação vetorial alguns sinais se invertem.

** essa questão é um exemplo clássico que apenas introduz a Lei de Gauss na gravitação. Para problemas mais aplicados, recomendo a questão 3 da 5th SAO (2017). Você pode encontrá-la neste link.

 

 

AVANÇADO

Devido a igualdade matéria-radiação temos que

\Omega _m(z_{eq})=\Omega _r(z{eq})

e como

\Omega _m(z)=(z+1)^3 \cdot \Omega_{m0}

\Omega _r(z)=(z+1)^4 \cdot \Omega _{r0}

temos que

(z_{eq}+1)=\dfrac {\Omega _{m0}}{\Omega_{r0}}

O parâmetro de densidade de radiação de fótons é por definição:

\Omega_{\gamma 0}=\dfrac{\rho _{\gamma 0}}{\rho _{c0}}=\dfrac {\epsilon _r}{c^2} \dfrac {8\pi G}{3H^2}=\dfrac {\epsilon _r}{c^2} \dfrac {8\pi G}{3H_{100}^2h^2}

Onde H_{100}=100km\cdot s^{-1}Mpc^{-1}

Como

 \epsilon _{\gamma} = \dfrac {\pi ^2}{15\hbar ^3 c^3}(K_b T)^4

Isso implica que

\Omega _{r0}\cdot h^2 = \dfrac {\pi ^2}{15\hbar ^3 c^5}(K_b T)^4 \cdot \dfrac {8\pi G}{3H_{100}^2}

substituindo

\Omega _{r0}\cdot h^2 = 2.47 \cdot 10^{-5}

como

\Omega_{r0} =1.68\Omega _{\gamma 0}

Isso implica que

\Omega_{r0} = 4.15\cdot 10^{-5}

Portanto

(z_{eq}+1)=\dfrac {\Omega _{m0}}{\Omega_{r0}} = 2.4\cdot 10^4\Omega _{m0} h^2