Soluções Astronomia - Semana 69

INICIANTE

O tempo entre duas aproximações máximas de Marte a Terra é igual ao período sideral, portanto:

\dfrac{1}{S}=\dfrac{1}{T_{Terra}} - \dfrac{1}{T_{Marte}}

\dfrac{1}{780.3}=\dfrac{1}{365.25} - \dfrac{1}{T_{Marte}}

T_{Marte}=686.7dias=1.88anos

\dfrac{a^3}{T^2}=1

a=1.52U.A.

INTERMEDIÁRIO

Como a supernova emite isotropicamente os átomos, podemos calcular a quantidade de átomos n'_0 que chegaram na Terra 359 milhões de anos atrás pela relação:

\dfrac{n'_0}{n} = \dfrac{\Omega}{4\cdot \pi}

Onde n é a quantidade de átomos emitidos pela supernova, \Omega = \dfrac{\pi \cdot R^2}{d^2} é o ângulo sólido da Terra e d = 65\, ly :

n'_0 = \dfrac{n \cdot R^2}{4 \cdot d^2}

Considerando o decaimento radioativo desde o momento da emissão até os dias atuais (o tempo para os átomos se deslocarem da supernova para a Terra é desprezível):

n'= n'_0 \cdot 2^{- \frac{\Delta t}{t'}}

Onde t' é o tempo de meia-vida e \Delta t \approx 359 \, Ma.

Para encontrar a densidade superficial média \sigma podemos dividir a quantidade de partículas pela área superficial da Terra:

\sigma = \dfrac{n'}{4\cdot \pi \cdot R^2} \Longrightarrow \boxed{ \sigma = \dfrac{n}{16\cdot \pi \cdot d^2} \cdot 2^{- \frac{\Delta t}{t'}}}

(1) Para o Plutónio-244 (t'_{Pu} = 80 \, Ma e n_{Pu} = 1,6 \cdot 10^{47}):

\boxed{\sigma_{Pu} \approx 3,7\cdot 10^8 \, m^{-2}}

(2) Para o Urânio-235 (t'_{U} = 704 \, Ma e n_{U} = 3,0 \cdot 10^{47}):

\boxed{\sigma_{U} \approx 1,1\cdot 10^{10} \, m^{-2}}

AVANÇADO

Essa questão faz uso de algumas ideias específicas, as quais todas já caíram em pelo menos um problema da semana nos últimos 4 meses. Cada uma dessas ideias estará em negrito.

Parte 1

a) Esse item envolve o conceito de pressão de radiação, que você pode encontrar melhor explicado nesta ideia e pode treinar com esse problema

Para que Lago sobreviva, a aceleração radial de sua nave deve ser positiva e, no caso limite, nula. Assim, igualando a força gravitacional à força gerada pela pressão de radiação (que possui um fator 2, já que a vela é totalmente refletora):

F_G=F_r \Rightarrow \frac{GMm}{D^2}=\frac{2}{c}\frac{LA}{4\pi D^2}

Rearranjando:

m=\frac{LA}{2\pi cGM}=6100kg

b) A chave é pensar que, para a nave nunca mais colidir com a estrela, mesmo depois da vela ser fechada, basta que ela adquira a velocidade de escape necessária para fugir de sua atração gravitacional. Primeiramente, a velocidade de escape v_e de um corpo a uma distância x da estrela é aquela que faz com que esse corpo chegue no infinito (U_G=0) com velocidade nula (K=0), logo:

\frac{mv_e^2}{2}-\frac{GMm}{x}=0 \Rightarrow v_e^2=\frac{2GM}{x}

Agora, escrevendo a segunda lei de Newton para a nave, onde r é a distância da nave ao centro da estrela.

m'\ddot r =F_r - F_G = \frac{LA}{2\pi r^2c} - \frac{GMm'}{r^2}

Para encontrar a velocidade v(r) do corpo, devemos utilizar o Toricelli generalizado, que foi deduzido no problema da semana já linkado no ínicio da questão. Assim:

v^2 = 0 +2 \int_D^x \ddot r dr = 2k (\frac{1}{D}-\frac{1}{x})

Onde k=\frac{LA}{2\pi m' c}-GM=GM

Substituindo o valor da velocidade de escape:

\frac{2GM}{d}=\frac{2k}{D}-\frac{2k}{x} \Rightarrow x=\frac{D(GM+k)}{k}=2D=1UA

Encontramos assim a distância da estrela à vela quando esta adquirir a velocidade de escape. Teoricamente, para encontrar o tempo que a nave levou para chegar até esse ponto, deveríamos integrar \frac{1}{v(r)} com relação à r, pois v=\frac{dx}{dt}\Rightarrow t=\int \frac{1}{v}dx. Porém, isso é totalmente fora do escopo da questão, e precisamos utilizar a dica. Já sabemos que não é possível achar a resposta exata, logo devemos aproximar algo, que pode ser: a velocidade da nave, dizendo que ela é constante ao longo do trajeto, ou calcular a área sob um gráfico de \frac{1}{v} vs.\ r através de triângulos e retângulos. Vamos ver como é cada um desses gráficos:

velocidade versus distância ao centro da estrela
velocidade versus distância ao centro da estrela
inverso da velocidade versus distância ao centro da estrela
inverso da velocidade versus distância ao centro da estrela

A melhor solução para uma prova seria aproximar que a velocidade da nave é constante (se não for possível plotar o segundo gráfico) e \approx v_e, mas com certeza o range de respostas aceitas seria grande. Assim:

t\approx \frac{x}{v_e}=18 dias

Parte 2

c) Esse item envolve a aplicação de poeira em certos conceitos fotométricos. Esse problema também fez uso disso. Aqui você encontra a aula do Curso Noic sobre extinção

Basicamente, quando radiação incide em uma camada de área de secção transversal S e comprimento dr, uma parcela dela é perdida devido à poeira. Veja a figura:

Sendo \rho a densidade de partículas de poeira na nuvem, o número de grãos de poeira nesse pedacinho de volume é \rho S dr, e portanto a área transversal ocupada pela poeira é dA=\rho sSdr, onde s=\pi r^2 é a área transversal de uma partícula. Sendo F_0 o fluxo incidente, a perda dF de fluxo é:

dF=-\frac{dL}{S}=-\frac{F_0 \rho Ss dr}{S}=-F_0 \rho s dr

Agora, pelo estudo de extinçao, sabemos que a perda de fluxo quando um fluxo F_0 passa por uma camada de opacidade \alpha e comprimento dr é:

dF=-F_0 \alpha dr
Igualando as duas perdas:

\rho=\frac{\alpha}{\pi r^2}

Para calcular a opacidade, precisamos utilizar a profundidade óptica para a camada, que é definida (veja a aula do Curso Noic) por:

\tau = \alpha e, onde e é a espessura da camada. Assim:

\rho=\frac{\tau}{\pi e r^2}=5,1 \cdot 10^{-5}partículas/m^3

d) O item pede a velocidade de escape da nave, com a diferença que há uma nuvem de poeira que atuando gravitacionalmente. A figura representa a situação:

 

Primeiramente, existe sim poeira além da distância r da nave, porém ela não influencia gravitacionalmente na nave (Lei de Gauss, onde a gaussiana é uma esfera de raio r centrada na estrela). Além disso, sabemos que o campo na nave é o mesmo se toda a massa de poeira estivesse concentrada no centro da esfera. Assim, a energia potencial da poeira, U_p, é -\frac{GM_pm}{r}. A energia da nave nos instantes iniciais e finais é portanto:

\frac{mv_e^2}{2}-\frac{Gm}{r}(M+M_p)=0

Rearranjando:

v_e^2=\frac{2G}{r}(M+M_p)

Onde M_p=\rho \frac{4\pi}{3}r^3

E o enunciado nos permitiu de assumir que a velocidade da nave é aproximadamente (se for igual escapa) essa velocidade ao longo do trajeto todo, onde r=d, que é definido no item g)

e) Esse item utiliza pinceladas de teoria cinética dos gases, mas não é necessário nenhum conhecimento prévio disso para resolvê-lo (apesar desse tópico costumar cair). Veja uma figura representando a situação:

Vemos que todas as partículas que estiverem dentro do cilindro varrido pela nave irão aderir à ela, agregando massa. O número de partículas no cilindro é dN=\rho vdt A, logo a taxa de ganho de massa é:

\frac{dm}{dt}=m_p\rho A v

f) Primeiramente a Segunda Lei de Newton quando há mudanças na massa é:

\sum \vec F = \frac{d \vec p}{dt}=m\frac{dv}{dt}+v\frac{dm}{dt}

As forças atuantes são:

pressão de radiação: F_r=\frac{2\phi A}{c}, onde \phi é o fluxo incidente da nave. Como há extinção, \phi=\frac{L}{4\pi r^2} e^{-\alpha r}

gravitacional da estrela: F_e = \frac{GMm}{r^2}

gravitacional da poeira: F_p=\frac{Gm}{r^2}\rho \frac{4\pi r^3}{3}=\frac{4\pi Gmr \rho}{3}

Logo:

ma=\frac{ALe^{-\alpha r}}{2\pi cr^2} - \frac{GMm}{r^2} - \frac{4\pi Gm\rho r}{3} - m_p\rho A v^2

g) Por Toricelli generalizado:

\frac{v^2}{2}=\int a dr

As integrais dos segundos e terceiros termos são tranquilas. Para o quarto termo deve-se considerar v\approx cte, logo o termo v^2 sai da integral. Já o primeiro termo já está muito fora do escopo da questão, então devemos parar por aqui. Supondo que as integrais fossem dadas, bastaria substituir v^2 pela velocidade de escape. Assim, ficaríamos com uma grande equação que nos daria d, resolvendo a questão. Vale lembrar que estamos integrando r de D até d.