Escrito por Ualype Uchôa
Questão 1
Somas infinitas e Cinemática
i) Com as informações dadas, podemos esboçar a trajetória do microorganismo:
Ambas as coordenadas serão dadas por sucessivas somas e subtrações de vários termos. Perceba que, no eixo , a coordenada do móvel ora é reduzida de da distância percorrida nessa direção anteriormente, ora cresce do mesmo fator, indicando uma progressão geométrica. Portanto, vale escrever
Isso configura uma progressão geométrica (P.G.) infinita de razão cujo termo inicial vale . Usando a soma dos termos da P.G. infinita:
.
O raciocínio é análogo para .
.
'ii) Para achar o tempo de movimento, basta dividir a distância total percorrida pela velocidade do micróbio. Note que as distâncias percorridas compõem uma P.G. infinita de razão :
.
Por fim:
.
Questão 2
Cinemática: Lançamento Oblíquo e Movimento Circular
i) Ao ser lançada, a velocidade da bolinha pode ser dividida em duas componentes ortogonais entre si: uma paralela a barra e outra tangente ao movimento circular que a partícula executava antes de ser jogada. A primeira é simplesmente , enquanto a segunda é , sendo o raio de curvatura do movimento do circular, i.e. a distância da massinha ao eixo em torno do qual a barra girava, que vale . Veja abaixo o esquema (3D) do vetor velocidade da massa ao sair da haste para melhor compreensão. O segmento traçejado encontra-se sobre o eixo vertical.
Para analisar a cinemática da bolinha enquanto no ar, vamos dividir o movimento em duas componentes independentes, pelo princípio de Galileu. O primeiro é o movimento exclusivamente devido à velocidade inicial , que configura um lançamento oblíquo esquematizado abaixo:
A equação horária para a altura convencionando o positivo para cima num movimento desse tipo é
.
A partir disso, podemos encontrar o tempo de vôo da massinha, até que retorne ao nível do solo. Queremos , logo:
.
Por Bháskara:
.
Escolhemos a raiz positiva pois a negativa nos forneceria um tempo negativo, o que é absurdo. Portanto:
.
ii) Agora, imagine uma visão de cima da situação, como a esboçada abaixo. A bolinha percorre uma distância em uma direção e na outra (lembre-se que a velocidade horizontal é inalterada em um lançamento sob a ação de gravidade no eixo vertical), chegando por fim no ponto ao atingir o solo.
Por fim, levando em conta a projeção do tamanho da haste , utilizamos o teorema de Pitágoras para encontrar o tamanho do segmento , que é a distância desejada. Chamando-a de , temos
.
,
com determinado previamente.
,
onde
Questão 3
Conceitos de Astronomia e Trigonometria
É necessário, antes de mais nada, esboçar geometricamente a situação (vide figura abaixo).
Ao se levantar, os olhos do observador adquirem uma altura adicional (ainda que muito pequena se comparada ao raio da Terra) em relação à superfície. Agora, ele pode ver objetos que antes eram inacessíveis devido à curvatura do planeta. O efeito prático disso é uma espécie de "novo horizonte" inclinado de um ângulo em relação ao antigo, que é definido tomando-se a reta tangente à superfície da Terra, contendo os pontos e . Dessa forma, o Sol precisa "descer" de um ângulo sob o ponto de vista do observador terrestre até que sua borda superior toque o "novo horizonte". O ângulo varrido pelo Sol no céu (equivalentemente, o ângulo que a Terra girou*) é , sendo a velocidade angular de rotação terrestre. Ou seja:
.
No , temos:
.
Isolando :
.
OBS.: As condições especificadas no enunciado (equinócio, experimento feito no equador, etc.) nos permitem argumentar que o ângulo que a Terra girou é o mesmo varrido pelo Sol no céu em seu movimento diurno.
Questão 4
Cinemática: MRUV
Primeiramente, temos de otimizar tempo da viagem. Para fazer isso, é necessário que o elevador acelere até uma velocidade máxima que é exatamente a necessária levá-lo ao repouso no último andar, ao fim da fase de frenagem. Chame de e os tempos em cada trecho. Graficamente, temos:
Vale que:
.
A distância total percorrida é , que deve equivaler à área total embaixo do gráfico, que forma um triângulo de base e altura . Logo:
,
.
O que nos leva a
,
e
.
Por fim:
.
.
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Questão 5
Termologia: Calorimetria
Da Lei de Stefan-Boltzmann, obtemos a potência emitida pelo filamento cilíndrico. Tendo em vista que , podemos desprezar a área das tampas do filamento no cálculo da potência. A área lateral é , logo
.
Essa potência, em sua totalidade, serve para aquecer as mãos da pessoa. Sendo o tempo requerido, temos
,
.
Substituindo os valores:
.
.
Questão 6
Mecânica: Hidrostática e Leis de Newton
(a) Quando a esfera se locomove fluido abaixo, há 3 forças atuando na esfera: o seu peso, para baixo; o empuxo da água para cima; e a força de arrasto viscoso também para cima, contrária ao vetor velocidade. Escrevendo a 2a Lei de Newton, convencionando o positivo para baixo:
,
.
,
Quando sua aceleração se torna nula, o corpo atinge a velocidade terminal . Logo:
,
.
(b) Primeiro, chequemos a dimensão da viscosidade no SI. Da expressão do enunciado, . possui dimensões de , enquanto tem dimensão de , o que nos leva a concluir que possui dimensão de ou . Substituindo os valores (convertidos para unidades do SI) na expressão:
.
(a)
(b)
Questão 7
Cinemática e Trigonometria
Haja vista que o objetivo é obter a maior pontuação, a colisão entre o objeto e o projétil deve ocorrer em . A imagem abaixo esquematiza a configuração do sistema nesse momento, sendo o ponto do choque.
No triângulo , podemos utilizar a Lei dos Senos para encontrar :
.
Com em mãos, podemos encontrar de uma forma prática tomando as projeções horizontais de e :
.
Substituindo e sabendo que :
.
O alvo gira de um ângulo que equivale a utilizando . da capa da prova. Logo, e . Inserindo as quantidades numéricas, obtemos
,
.
,
.
Questão 8
Mecânica: Conservação de energia e Momento linear
OBS.: Na solução que segue, a palavra "sistema" sempre faz referência implícita ao sistema "". Caso o sistema ao qual se refere for outro, será explicitado.
i) Vamos analisar a colisão entre a bala e a massa . Devido ao incrustamento da bala, a colisão é do tipo inelástica. Se após essa colisão os dois móveis andam juntos com para a direita, conservamos o momento linear do sistema "" por ser mecanicamente isolado (a mola não foi deformada logo após a colisão):
,
.
Desta forma, a energia inicial do sistema após o choque da bala é dada por
.
ii) Agora, é necessário identificar em que momento a mola alcançará a deformação máxima. Sabemos que o comprimento da mola está diretamente relacionado com a velocidade relativa entre os corpos ligados às suas extremidades. Quando esta velocidade relativa torna-se nula, a mola alcança o momento de máxima deformação; após isso, a velocidade de torna a ser maior e o comprimento volta a aumentar. Sendo assim, o instante que buscamos é aquele no qual os três móveis movimentam-se juntos como se fossem um corpo só. Resta agora equacionar. Acompanhe:
Seja a velocidade final do sistema, no momento de máxima deformação. Ora, todas as forças atuantes no sistema sempre são e foram internas, então o momento linear sempre se conserva. Logo:
,
.
Denote por a energia mecânica final do sistema na máxima deformação da mola. Após a colisão de com , a energia mecânica do sistema se conserva devido à ausência de agentes dissipativos. É errôneo dizer que a energia cinética inicial da bala se transforma na energia mecânica final , pois a colisão inelástica no início é responsável por dissipar uma fração da energia inicial da bala; por esse motivo calculou-se na etapa passada. Escrevendo a conservação da energia mecânica:
,
,
,
Assim, obtemos por fim:
.
Uma ideia muito semelhante foi cobrada nos níveis 1 e 2 da OBF 2011 Terceira Fase, provas as quais você pode conferir os comentários clicando aqui. Uma solução mais rápida e imediata poderia ter sido feita utilizando-se massa reduzida (Ideia 05) ou referencial do CM (Ideia 24). Optou-se aqui por uma solução mais tradicional que seja mais familiar ao aluno.