Solução Simulado 3 OBF- 3ª Fase - Nível 1

Escrito por Ualype Uchôa

Questão 1

Assunto abordado

Somas infinitas e Cinemática

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Solução

i) Com as informações dadas, podemos esboçar a trajetória do microorganismo:

Ambas as coordenadas serão dadas por sucessivas somas e subtrações de vários termos. Perceba que, no eixo x, a coordenada do móvel ora é reduzida de 1/4 da distância percorrida nessa direção anteriormente, ora cresce do mesmo fator, indicando uma progressão geométrica. Portanto, vale escrever

x_p=1,0-0,25+0,0625-0,015625+...

x_p=1-\dfrac{1}{4}+\dfrac{1}{16}-\dfrac{1}{64}+...

Isso configura uma progressão geométrica (P.G.) infinita de razão q=-1/4 cujo termo inicial vale 1. Usando a soma dos termos da P.G. infinita:

x_p=\dfrac{1}{1-\left(-\dfrac{1}{4}\right)}=\dfrac{4}{5} \rightarrow

\rightarrow \boxed{x_p=0,8\,cm}.

O raciocínio é análogo para y_p.

y_p=0,5-0,125+0,03125-0,0078125+...

y_p=\dfrac{1}{2}-\dfrac{1}{8}+\dfrac{1}{32}-\dfrac{1}{128}+...

y_p=\dfrac{\dfrac{1}{2}}{1-\left(-\dfrac{1}{4}\right)}=\dfrac{2}{5} \rightarrow

\rightarrow \boxed{y_p=0,4\,cm}.

'ii) Para achar o tempo de movimento, basta dividir a distância total percorrida d pela velocidade v do micróbio. Note que as distâncias percorridas compõem uma P.G. infinita de razão 1/2:

d=1+\dfrac{1}{2}+\dfrac{1}{4}+\dfrac{1}{8}+\dfrac{1}{16}+...

d=\dfrac{1}{1-\dfrac{1}{2}}=2,0\,cm.

Por fim:

t=\dfrac{d}{v}=\dfrac{2,0}{0,15}=13,33\,s \rightarrow

\rightarrow \boxed{t \approx 13\, s}.

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Gabarito

\boxed{(x_p, y_p)=(8,4)\cdot 10^{-1}\,cm=(8, 4) \cdot 10^{-3} \, m}

 \boxed{t \approx 13\, s}

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Questão 2

Assunto abordado

Cinemática: Lançamento Oblíquo e Movimento Circular

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Solução

i) Ao ser lançada, a velocidade da bolinha pode ser dividida em duas componentes ortogonais entre si: uma paralela a barra e outra tangente ao movimento circular que a partícula executava antes de ser jogada. A primeira é simplesmente v, enquanto a segunda é \Omega r, sendo r o raio de curvatura do movimento do circular, i.e. a distância da massinha ao eixo em torno do qual a barra girava, que vale L \sin{\theta}. Veja abaixo o esquema (3D) do vetor velocidade da massa ao sair da haste para melhor compreensão. O segmento traçejado encontra-se sobre o eixo vertical.

Para analisar a cinemática da bolinha enquanto no ar, vamos dividir o movimento em duas componentes independentes, pelo princípio de Galileu. O primeiro é o movimento exclusivamente devido à velocidade inicial v, que configura um lançamento oblíquo esquematizado abaixo:

A equação horária para a altura y(t) convencionando o positivo para cima num movimento desse tipo é

y(t)=y_0+v_{0_y} t-\dfrac{1}{2}gt^2.

A partir disso, podemos encontrar o tempo de vôo T da massinha, até que retorne ao nível do solo. Queremos y(T)=0, logo:

0=L\cos{\theta}+v\cos{\theta} T-\dfrac{1}{2}gT^2 \rightarrow

\rightarrow T^2-\dfrac{2v\cos{\theta}}{g}T-\dfrac{2L\cos{\theta}}{g}=0.

Por Bháskara:

T=\dfrac{\dfrac{2v\cos{\theta}}{g} \pm \sqrt{\left(\dfrac{2v\cos{\theta}}{g}\right)^2+4\cdot\dfrac{2L\cos{\theta}}{g}}}{2}.

Escolhemos a raiz positiva pois a negativa nos forneceria um tempo negativo, o que é absurdo. Portanto:

\boxed{T=\dfrac{v\cos{\theta}}{g}\left(1+\sqrt{1+\dfrac{2gL}{v^2\cos{\theta}}}\right)}.

ii) Agora, imagine uma visão de cima da situação, como a esboçada abaixo. A bolinha percorre uma distância \Omega L \sin{\theta}\cdot T em uma direção e v_x T=v\sin{\theta}\cdot T na outra (lembre-se que a velocidade horizontal é inalterada em um lançamento sob a ação de gravidade no eixo vertical), chegando por fim no ponto C ao atingir o solo.

Por fim, levando em conta a projeção do tamanho da haste L \sin{\theta}, utilizamos o teorema de Pitágoras para encontrar o tamanho do segmento BC, que é a distância desejada. Chamando-a de D, temos

D^2=\left(L\sin{\theta}+v\sin{\theta} \cdot T\right)^2+\left(\Omega L \sin{\theta} \cdot T\right)^2.

\boxed{D=\sqrt{\left(L+vT\right)^2+\left(\Omega L T\right)^2}\sin{\theta}},

com T determinado previamente.

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Gabarito

\boxed{D=\sqrt{\left(L+vT\right)^2+\left(\Omega L T\right)^2}\sin{\theta}},

onde

\boxed{T=\dfrac{v\cos{\theta}}{g}\left(1+\sqrt{1+\dfrac{2gL}{v^2\cos{\theta}}}\right)}

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Questão 3

Assunto abordado

Conceitos de Astronomia e Trigonometria

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Solução

É necessário, antes de mais nada, esboçar geometricamente a situação (vide figura abaixo).

Ao se levantar, os olhos do observador adquirem uma altura adicional (ainda que muito pequena se comparada ao raio da Terra) em relação à superfície. Agora, ele pode ver objetos que antes eram inacessíveis devido à curvatura do planeta. O efeito prático disso é uma espécie de "novo horizonte" inclinado de um ângulo \theta em relação ao antigo, que é definido tomando-se a reta tangente à superfície da Terra, contendo os pontos O e P. Dessa forma, o Sol precisa "descer" de um ângulo \theta sob o ponto de vista do observador terrestre até que sua borda superior toque o "novo horizonte". O ângulo varrido pelo Sol no céu (equivalentemente, o ângulo que a Terra girou*) é \omega \Delta t, sendo \omega=2 \pi /T a velocidade angular de rotação terrestre. Ou seja:

\theta=\dfrac{2 \pi}{T}\Delta t.

No \Delta COP, temos:

\cos{\theta}=\dfrac{R_T}{R_T+h}.

Isolando R_T:

\boxed{R_T=\dfrac{h\cos{\left(\dfrac{2 \pi}{T} \Delta t\right)}}{1-\cos{\left(\dfrac{2 \pi}{T}\Delta t\right)}}}.

OBS.: As condições especificadas no enunciado (equinócio, experimento feito no equador, etc.) nos permitem argumentar que o ângulo que a Terra girou é o mesmo varrido pelo Sol no céu em seu movimento diurno.

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Gabarito

\boxed{R_T=\dfrac{h\cos{\left(\dfrac{2 \pi}{T} \Delta t\right)}}{1-\cos{\left(\dfrac{2 \pi}{T}\Delta t\right)}}}

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Questão 4

Assunto abordado

Cinemática: MRUV

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Solução

Primeiramente, temos de otimizar tempo da viagem. Para fazer isso, é necessário que o elevador acelere até uma velocidade máxima V que é exatamente a necessária levá-lo ao repouso no último andar, ao fim da fase de frenagem. Chame de t_1 e t_2 os tempos em cada trecho. Graficamente, temos:

Vale que:

V=a_1 t_1=a_2 t_2.

A distância total percorrida é h, que deve equivaler à área total embaixo do gráfico, que forma um triângulo de base t_1+t_2 e altura V. Logo:

h=\dfrac{V \left(t_1+t_2\right)}{2},

2h=a_1t_1\left(t_1+\dfrac{a_1}{a_2}t_1\right).

O que nos leva a

t_1=\sqrt{\dfrac{2ha_2}{\left(a_1+a_2\right)a_1}},

e

t_2=\sqrt{\dfrac{2ha_1}{\left(a_1+a_2\right)a_2}}.

Por fim:

t=t_1+t_2 \rightarrow

\rightarrow \boxed{t=\sqrt{\dfrac{2h\left(a_1+a_2\right)}{a_1a_2}}}.

\boxed{t=5\sqrt{2}\approx 7,0\,s}.

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Gabarito

\boxed{t=\sqrt{\dfrac{2h\left(a_1+a_2\right)}{a_1a_2}}\approx 7,0\,s}.

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Questão 5

Assunto abordado

Termologia: Calorimetria

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Solução

Da Lei de Stefan-Boltzmann, obtemos a potência emitida pelo filamento cilíndrico. Tendo em vista que \pi d^2/4 \ll \pi dl, podemos desprezar a área das tampas do filamento no cálculo da potência. A área lateral é A=\pi d l, logo

P=\sigma \pi d l T^4_W.

Essa potência, em sua totalidade, serve para aquecer as mãos da pessoa. Sendo \Delta t o tempo requerido, temos

P \Delta t=mc\left(T_2-T_1\right),

\boxed{\Delta t=\dfrac{mc\left(T_2-T_1\right)}{\sigma \pi d l T^4_W}}.

Substituindo os valores:

\boxed{\Delta t=411,5\,s \approx 4*10^2\,s}.

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Gabarito

\boxed{\Delta t=\dfrac{mc\left(T_2-T_1\right)}{\sigma \pi d l T^4_W} \approx 4*10^2\,s}.

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Questão 6

Assunto abordado

Mecânica: Hidrostática e Leis de Newton

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Solução

(a) Quando a esfera se locomove fluido abaixo, há 3 forças atuando na esfera: o seu peso, para baixo; o empuxo da água para cima; e a força de arrasto viscoso também para cima, contrária ao vetor velocidade. Escrevendo a 2a Lei de Newton, convencionando o positivo para baixo:

\vec{F}_{res}=m\vec{a},

mg-E-F_v=ma.

\rho_e \dfrac{4}{3}\pi r^3 g-\rho_l\dfrac{4}{3}\pi r^3 g-6 \pi \eta r v=ma,

Quando sua aceleração se torna nula, o corpo atinge a velocidade terminal v_t. Logo:

\dfrac{4}{3}\rho_e \pi r^3 g=\dfrac{4}{3}\rho_l \pi r^3 g+6 \pi \eta r v_t,

\boxed{\eta=\dfrac{2}{9}\dfrac{\left(\rho_e-\rho_l\right)gr^2}{9v_t}}.

(b) Primeiro, chequemos a dimensão da viscosidade no SI. Da expressão do enunciado, F \propto \eta r v \rightarrow \eta \propto F r^{-1}v^{-1}. F possui dimensões de kg\cdot m^{-1} \cdot s^{-2}, enquanto r^{-1}v^{-1} tem dimensão de m^{ -2}\cdot s^{-1}, o que nos leva a concluir que \eta possui dimensão de kg\cdot m^{-1}\cdot s^{-1} ou Pa\cdot s. Substituindo os valores (convertidos para unidades do SI) na expressão:

\eta=\dfrac{2}{9}\dfrac{\left(2,70-0,92\right)*10^3*10*\left(1,00*10^{-2}\right)^2}{5,00} \rightarrow

\rightarrow \boxed{\eta=7,91*10^{-2}\, Pa\cdot s}.

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Gabarito

(a) \boxed{\eta=\dfrac{2}{9}\dfrac{\left(\rho_e-\rho_l\right)gr^2}{v_t}}

(b) \boxed{\eta=7,91*10^{-2}\, Pa\cdot s}

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Questão 7

Assunto abordado

Cinemática e Trigonometria

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Solução

Haja vista que o objetivo é obter a maior pontuação, a colisão entre o objeto e o projétil deve ocorrer em t=0,50\,s. A imagem abaixo esquematiza a configuração do sistema nesse momento, sendo C o ponto do choque.

No triângulo \Delta COB, podemos utilizar a Lei dos Senos para encontrar \alpha:

\dfrac{R}{\sin{\alpha}}=\dfrac{v_0 t}{\sin{\left(\pi-\omega t\right)}} \rightarrow \sin{\theta}=\sin{\left(\pi-\theta\right)}

\rightarrow \boxed{\alpha=\arcsin{\left(\dfrac{R\sin{\omega t}}{v_0 t}\right)}}.

Com \alpha em mãos, podemos encontrar x de uma forma prática tomando as projeções horizontais de OC e BC:

x=R\cos{\left(\pi-\omega t\right)}+v_0 t \cos{\alpha}.

Substituindo \cos{\alpha}=\sqrt{1-\sin^2{\alpha}} e sabendo que \cos{\left(\pi-\theta\right)}=-\cos{\theta}:

\boxed{x=\sqrt{v_0^2t^2-R^2\sin^2{\omega t}}-R\cos{\omega t}}.

O alvo gira de um ângulo \omega t=2,50\,rad que equivale a 150^{\circ}=5\pi/6\, rad utilizando \pi=3. da capa da prova. Logo, \sin{\omega t}=\sin{30^{\circ}}=0,50 e \cos{\omega t}=-cos{30^{\circ}}=-0,85. Inserindo as quantidades numéricas, obtemos

\boxed{\alpha=\arcsin{\left(\dfrac{2}{15}\right)}},

\boxed{x=9,13*10^{-1}\,m}.

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Gabarito

\boxed{\alpha=\arcsin{\left(\dfrac{R\sin{\omega t}}{v_0 t}\right)}=\arcsin{\left(\dfrac{2}{15}\right)}},

\boxed{x=\sqrt{v_0^2t^2-R^2\sin^2{\omega t}}-R\cos{\omega t}=9,13*10^{-1}\,m}.

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Questão 8

Assunto abordado

Mecânica: Conservação de energia e Momento linear

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Solução

OBS.: Na solução que segue, a palavra "sistema" sempre faz referência implícita ao sistema "M+m+m_0". Caso o sistema ao qual se refere for outro, será explicitado.

i) Vamos analisar a colisão entre a bala e a massa m. Devido ao incrustamento da bala, a colisão é do tipo inelástica. Se após essa colisão os dois móveis andam juntos com v_0 para a direita, conservamos o momento linear do sistema "m+m_0" por ser mecanicamente isolado (a mola não foi deformada logo após a colisão):

m_0 v=\left(m+m_0\right)v_0,

v_0=\dfrac{m_0}{m+m_0}v.

Desta forma, a energia inicial do sistema após o choque da bala é dada por

E_0=\dfrac{\left(m+m_0\right)v^2}{2}=\dfrac{m_0^2}{2\left(m+m_0\right)}v^2.

ii) Agora, é necessário identificar em que momento a mola alcançará a deformação máxima. Sabemos que o comprimento da mola está diretamente relacionado com a velocidade relativa entre os corpos ligados às suas extremidades. Quando esta velocidade relativa torna-se nula, a mola alcança o momento de máxima deformação; após isso, a velocidade de M torna a ser maior e o comprimento volta a aumentar. Sendo assim, o instante que buscamos é aquele no qual os três móveis movimentam-se juntos como se fossem um corpo só. Resta agora equacionar. Acompanhe:

Seja v_f a velocidade final do sistema, no momento de máxima deformação. Ora, todas as forças atuantes no sistema sempre são e foram internas, então o momento linear sempre se conserva. Logo:

m_0 v=\left(M+m+m_0\right)v_f,

v_f=\dfrac{m_0}{M+m+m_0}v.

Denote por E_f a energia mecânica final do sistema na máxima deformação da mola. Após a colisão de m_0 com m, a energia mecânica do sistema se conserva devido à ausência de agentes dissipativos. É errôneo dizer que a energia cinética inicial da bala se transforma na energia mecânica final E_f, pois a colisão inelástica no início é responsável por dissipar uma fração da energia inicial da bala; por esse motivo calculou-se E_0 na etapa passada. Escrevendo a conservação da energia mecânica:

E_0=E_f,

\dfrac{m_0^2}{2\left(m+m_0\right)}v^2=\dfrac{\left(M+m+m_0\right)v_f^2}{2}+\dfrac{k\Delta x^2}{2},

\dfrac{m_0^2}{2\left(m+m_0\right)}v^2=\dfrac{m_0^2 v^2}{2\left(M+m+m_0\right)}+\dfrac{k\Delta x^2}{2},

Assim, obtemos por fim:

\boxed{\Delta x=v\sqrt{\dfrac{Mm_0^2}{k\left(M+m+m_0\right)\left(m+m_0\right)}}=0,10\,m}.

Uma ideia muito semelhante foi cobrada nos níveis 1 e 2 da OBF 2011 Terceira Fase, provas as quais você pode conferir os comentários clicando aqui. Uma solução mais rápida e imediata poderia ter sido feita utilizando-se massa reduzida (Ideia 05) ou referencial do CM (Ideia 24). Optou-se aqui por uma solução mais tradicional que seja mais familiar ao aluno.

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Gabarito

\boxed{\Delta x=v\sqrt{\dfrac{Mm_0^2}{k\left(M+m+m_0\right)\left(m+m_0\right)}}=0,10\, m}

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