Escrito por Paulo Henrique e Ualype Uchôa
Questão 1 (exclusiva para alunos da 1ª série)
Somas infinitas e Cinemática
i) Com as informações dadas, podemos esboçar a trajetória do microorganismo:
Ambas as coordenadas serão dadas por sucessivas somas e subtrações de vários termos. Perceba que, no eixo , a coordenada do móvel ora é reduzida de da distância percorrida nessa direção anteriormente, ora cresce do mesmo fator, indicando uma progressão geométrica. Portanto, vale escrever
Isso configura uma progressão geométrica (P.G.) infinita de razão cujo termo inicial vale . Usando a soma dos termos da P.G. infinita:
.
O raciocínio é análogo para .
.
'ii) Para achar o tempo de movimento, basta dividir a distância total percorrida pela velocidade do micróbio. Note que as distâncias percorridas compõem uma P.G. infinita de razão :
.
Por fim:
.
Questão 2 (exclusiva para alunos da 1ª série)
Cinemática: Lançamento Oblíquo e Movimento Circular
i) Ao ser lançada, a velocidade da bolinha pode ser dividida em duas componentes ortogonais entre si: uma paralela a barra e outra tangente ao movimento circular que a partícula executava antes de ser jogada. A primeira é simplesmente , enquanto a segunda é , sendo o raio de curvatura do movimento do circular, i.e. a distância da massinha ao eixo em torno do qual a barra girava, que vale . Veja abaixo o esquema (3D) do vetor velocidade da massa ao sair da haste para melhor compreensão. O segmento traçejado encontra-se sobre o eixo vertical.
Para analisar a cinemática da bolinha enquanto no ar, vamos dividir o movimento em duas componentes independentes, pelo princípio de Galileu. O primeiro é o movimento exclusivamente devido à velocidade inicial , que configura um lançamento oblíquo esquematizado abaixo:
A equação horária para a altura convencionando o positivo para cima num movimento desse tipo é
.
A partir disso, podemos encontrar o tempo de vôo da massinha, até que retorne ao nível do solo. Queremos , logo:
.
Por Bháskara:
.
Escolhemos a raiz positiva pois a negativa nos forneceria um tempo negativo, o que é absurdo. Portanto:
.
ii) Agora, imagine uma visão de cima da situação, como a esboçada abaixo. A bolinha percorre uma distância em uma direção e na outra (lembre-se que a velocidade horizontal é inalterada em um lançamento sob a ação de gravidade no eixo vertical), chegando por fim no ponto ao atingir o solo.
Por fim, levando em conta a projeção do tamanho da haste , utilizamos o teorema de Pitágoras para encontrar o tamanho do segmento , que é a distância desejada. Chamando-a de , temos
.
,
com determinado previamente.
,
onde
Questão 3 (exclusiva para alunos da 1ª série)
Cinemática e Trigonometria
Haja vista que o objetivo é obter a maior pontuação, a colisão entre o objeto e o projétil deve ocorrer em . A imagem abaixo esquematiza a configuração do sistema nesse momento, sendo o ponto do choque.
No triângulo , podemos utilizar a Lei dos Senos para encontrar :
.
Com em mãos, podemos encontrar de uma forma prática tomando as projeções horizontais de e :
.
Substituindo e sabendo que :
.
O alvo gira de um ângulo que equivale a utilizando . da capa da prova. Logo, e . Inserindo as quantidades numéricas, obtemos
,
.
,
.
Questão 4 (exclusiva para alunos da 1ª série)
Termologia: Calorimetria
Da Lei de Stefan-Boltzmann, obtemos a potência emitida pelo filamento cilíndrico. Tendo em vista que , podemos desprezar a área das tampas do filamento no cálculo da potência. A área lateral é , logo
.
Essa potência, em sua totalidade, serve para aquecer as mãos da pessoa. Sendo o tempo requerido, temos
,
.
Substituindo os valores:
.
.
Questão 5
Mecânica: plano inclinado com atrito
Primeiramente, se , , pois o bloco desce naturalmente. Consideremos o caso em que: .
Na situação limite, isto é, a situação na qual é aplicada a força mínima no bloco, o mesmo está na iminência de escorregar. Isso gera uma relação entre os módulos das forças normal e de atrito:
Considere a soma vetorial de com , essa força é a força de contato . Além dessa força, atuam no bloco o peso e a força . Na situação de força mínima, o bloco está em equilíbrio. Portanto, as três forças formam um triângulo. Observe que o ângulo entre e a normal à superfície do plano inclinado é fixado, pois sua tangente permanece igual a . Sendo assim, o ângulo que faz com a horizontal é fixo em , onde . O vetor peso é constante, e portanto, devemos ajustar o tamanho do vetor para que (que deve fechar o triângulo das forças) seja mínimo. O diagrama fica da seguinte forma, onde os vetores entre o peso e são possíveis .
Como o ângulo que faz com a horizontal é fixo, o vetor deve estar sobre a reta suporte dos pontos e . Observe que um extremo do vetor é fixo (ponto ), e outro está sobre a reta suporte citada acima. Para minimizar devemos minimizar o comprimento do segmento que une os extremos dos vetores. Em outras palavras, queremos a menor distância entre um ponto () e uma reta (reta suporte dos pontos e ). Evidentemente, a solução do problema se dá quando o outro extremo de é o ponto , visto que . Dessa forma, fica claro que:
Na situação limite, isto é, a situação na qual é aplicada a força mínima no bloco, o mesmo está na iminência de escorregar. Isso gera uma relação entre os módulos das forças normal e de atrito:
Seja o ângulo que faz com o plano inclinado:
Pelo equilíbrio do bloco:
e
Logo:
Pela desigualdade de Cauchy Schwarz, temos que:
Logo:
O que gera:
Vefique que a expressão acima é idêntica à obtida na solução .
Na situação limite, isto é, a situação na qual é aplicada a força mínima no bloco, o mesmo está na iminência de escorregar. Isso gera uma relação entre os módulos das forças normal e de atrito:
Seja o ângulo que faz com o plano inclinado:
Pelo equilíbrio do bloco:
e
Logo:
Para minimizar devemos maximizar . A forma da função ao lado é bastante conhecida e pode ser escrita de uma forma mais esclarecedora:
Para um dado conjunto de valores e . Para fazer a correspondência, expandimos o cosseno da subtração:
Logo, escolhamos e tal que e . Com esses valores para e , obtemos, de fato, . Portanto, o valor máximo de é . Por outro lado:
Finalmente:
Questão 6
Óptica geométrica: lentes
O feixe de luz chegando da estrela pode ser considerado paraxial, devido a sua distância ao observador da Terra. Como a estrela não está ao longo do eixo óptico da lente, na ausência do espelho, todos os raios convergiriam para o ponto . Isso é mostrado na figura abaixo (à esquerda). Efetivamente, todos os raios dentro da região não sombreada contribuem para , enquanto os raios dentro da região sombreada contribuem para .
Se nós visualizarmos o feixe circular incidente, obteríamos a figura à direita acima. Como o brilho aparente da imagem é proporcional à área sobre a qual a luz incide, a razão entre os brilhos das duas imagens dependerá da razão entre as áreas do dois setores da figura. Como os triângulos e são semelhantes,
Logo,
Questão 7
Mecânica: MHS e gravitação
a) Na situação descrita no enunciado o raio de visão do observador tangencia a superfície da Terra. Portanto, os pontos e são as interseções das retas tangentes à Terra, a partir do observador, com a Terra. Vejamos o triangulo (ou de forma analoga), sendo é o centro da Terra:
Com isso, pelo teorema de Pitágoras: , onde foi desprezado o termo em comparação com . Temos , logo:
.
b) Agora, considere que o objeto esteja a uma distância horizontal do centro da Terra, a uma distância do centro.
A força horizontal . Por outro lado, a força na massa é dada por (lembre-se que o corpo só sente força devido à massa contida em um raio , pelo teorema das cascas). Pela homogeneidade, . Logo, ; o que caracteriza um . O tempo requerido é metade do período do :
a) .
b)
Questão 8
Mecânica: conservação de energia e momento
Enquanto o bloco menor estiver na parte direita da cavidade, a força de contato entre os blocos acelerará o bloco maior. Dividamos o movimento do bloco menor em 4 estágios: 1-seu movimento até o ponto mais baixo da cavidade; 2-seu movimento do ponto mais baixo até o ponto superior; 3-seu retorno do ponto superior ao ponto mais baixo; 4-seu retorno do ponto mais baixo até o ponto inicial do movimento. Observe que nos estágios 2 e 3 o bloco maior está acelerando para a direita. No fim do estágio , a componente horizontal da normal inverte seu sentido e começa a frear o bloco maior. Segue desses argumentos que a velocidade máxima é alcançada ao fim do processo 3. Observe que, durante todos os estágios, a energia mecânica total do sistema é conservada. Porém, o momento linear horizontal do sistema só é conservado durante os estágios 2, 3 e 4. No primeiro estágio, o bloco maior sente uma força impulsiva normal da parede e o momento não pode ser conservado nesse estágio. Dito isso, podemos enunciar as conservações das quantidades físicas durante os estágios para o obter a velocidade do bloco maior ao final do processo 3. Seja a velocidade do bloco maior nesse momento (final do estágio 3).
Conservação de energia entre o inicio do movimento até o final do estágio 1:
Onde é o momento linear horizontal do sistema durante os estágios 2 e 3.
Conservação de energia ao final do estágio 3:
Conservação do momento ao final do estágio 3:
Daí,
Logo:
A equação acima é linear em . Resolvendo-a, obtemos:
Questão 9
Ondas: intensidade sonora
Devemos encontrar os pontos da balada tais que a intensidade sonora devido a música do celular é maior que a intensidade devido ao alto falante da balada. Adotemos coordenadas cartesianas com origem no alto falante da balada com orientação tal que Risápka se encontra no ponto , onde . A intensidade sonora, devido a cada fonte , é dada por . A condição do enunciado é imposta da seguinte forma ( é a potência do celular):
O lugar geométrico representado na equação acima é a coleção de pontos no interior do circulo de raio (ao quadrado) , centrado no ponto . O número de pessoas é dado por:
Questão 10
Termologia: Condução Térmica e Calorimetria
A energia por unidade de tempo transferida pela água para o ambiente através de condução térmica serve para esfriá-la ao cruzar o cano. O fluxo térmico é mediado pela camada de lã, e vale pela Lei de Fourier, sendo a área do cilindro de raio * . Já que a temperatura varia pouco ao longo do tubo, pode-se aproximar a troca de calor do ambiente como ocorrendo à uma temperatura interna constante .* Logo:
,
OBS. 1: O aluno poderia ter escolhido tomar o cilindro de raio , ou mesmo nesse passo. Ambos forneceriam respostas próximas, e seriam válidas como método de estimativa. No entanto, considerar um raio intermediário é o mais válido a se fazer.
OBS. 2: Também poderia ter sido considerado uma média , o que daria aproximadamente o mesmo resultado. É possível resolver o problema de forma exata (sem desprezar a variaçao de temperatura ao longo do cano), mas requer o uso de integrais.
Questão 11
Fluidos: superfície de água em um corpo acelerado
A função horária é característica de um M.U.V de aceleração . Com isso a superfície da água inclinará por um ângulo dado por: . No referencial do recipiente, a água experimenta uma gravidade aparente . O ponto do recipiente que experimenta maior pressão é o ponto . Portanto, devemos impor que a pressão naquele ponto é menor que a pressão máxima suportada. A pressão no ponto é dada por: , onde é o módulo do vetor gravidade aparente.
Conservação de volume:
Por outro lado:
Logo, . . O que implica: . Sendo assim, concluímos que o recipiente suportará a pressão.
Observe que a pressão no ponto é dada por . Resultado direto da expressão da diferença entre as pressões de dois pontos genéricos do recipiente:
Como os pontos e estão na mesma vertical, e, como (não há atmosfera): .
Para conferir mais questões e uma análise teórica sobre fenômenos semelhantes, confira a Ideia 02 (Equipotenciais de Energia em superfícies isobáricas) e a aula 1.14 (Hidrostática) do curso NOIC.
Sim, o recipiente suportará a pressão.
Questão 12
Força centrípeta e reflexão total
Tome uma pequena porção de massa que está na superfície livre. No referencial do balde, atuam, nessa porção de água, as forças: centrífuga , normal e peso . Pelo equilíbrio, as três forças formam um triângulo retângulo (ver figura abaixo).
Podemos escrever que:
Na condição de reflexão total: . Segue que: .
Para conferir mais questões e uma análise teórica sobre fenômenos semelhantes, confira a Ideia 02 (Equipotenciais de Energia em superfícies isobáricas) e a aula 1.14 (Hidrostática) do curso NOIC.