Soluções Simulado 2 OBF - Nível 1

Escrito por Paulo Henrique e Wanderson Faustino Patrício

Questão 1

Assunto abordado

Mecânica: cinemática

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Solução

Suponhamos que a Terra esteja se girando com velocidade tangencial v_0. Portanto:

v_0=\dfrac{d}{t}

O avião está se movendo com velocidade v em relação à Terra. Portanto, a velocidade com que as pessoas no avião veêm a sombra do eclipse é:

v'=v_0\pm v

Dependendo do sentido com que ele se move em relação à Terra.

v'=\dfrac{d}{t'}

v_0\pm v=\dfrac{d}{t'}

t'=\dfrac{d}{\dfrac{d}{t}\pm v}

t'=\dfrac{d\cdot t}{d\pm vt}

Como queremos a duração máxima:

\boxed{t'=\dfrac{d\cdot t}{d- vt}}

\boxed{t'=777s}

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Gabarito

\boxed{t'=777s}

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Questão 2

Assunto abordado

Relações volumétricas

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Solução

Seja r_2 o raio de uma azeitona. A densidade total de uma azeitona ideal é \varrho_s. Se denotarmos a densidade da semente por \varrho_p e do resto da azeitona por \varrho_o, nós obtemos a seguinte equação:

\dfrac{4\pi}{3}\left(r_2^3-r_1^3\right)\varrho_o+\dfrac{4\pi}{3}r_1^3\varrho_p=\dfrac{4\pi}{3}r_1^3\varrho_s

Quando o resto da azeitona está em repouso na superfície, chamemos de V_1 e V_2 os volumes acima e abaixo da superfície, respectivamente. Logo:

V_1+V_2=\dfrac{4\pi}{3}\left(r_2^3-r_1^3\right)

V_2\varrho_s=\left(V_1+V_2\right)\varrho_o

Daí,

V_1=\dfrac{4\pi}{3}\left(r_2^3-r_1^3\right)\left(1-\dfrac{\varrho_o}{\varrho_s}\right)

O volume total abaixo da superfície diminuído pelo volume V_1 e pelo volume da semente deve ser igual ao decréscimo de volume na lata {\pi}R^2\Delta{h}. Portanto:

{\pi}R^2\Delta{h}=V_1+\dfrac{4\pi}{3}r_1^3

Com isso, chegamos em:

\varrho_o=\varrho_s\left(1-\dfrac{3R^2\Delta{h}-4r_1^3}{4\left(r_2^3-r_1^3\right)}\right)

Finalmente, substituindo na equação inicial:

\boxed{\varrho_p=\dfrac{3R^2\Delta{h}}{4r_1^3}\varrho_s}

Substituindo valores numéricos:

\boxed{\varrho_p=1,29kg.m^{-3}}.

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Gabarito

\boxed{\varrho_p=\dfrac{3R^2\Delta{h}}{4r_1^3}\varrho_s=1,29kg.m^{-3}}.

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Questão 3

Assunto abordado

Centro de massa: uso de progressões geométricas e relações de escala

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Solução

A primeira solução requere o uso de somas infinitas; em nosso caso, a soma da P.G. infinita (este conhecimento em geral não é cobrado no nível 1; caso não consiga acompanhar tudo, leia a parte I) e prossiga para o final da solução para ver um método alternativo).

I) Calculando como a massa varia:

Pela simetria, podemos perceber que o lado do triângulo posto na posição n+1 (l_{n+1}) e o triângulo posto na posição n (l_n) é de \dfrac{1}{2}.

l_{n+1}=\dfrac{l_{n}}{2}

A densidade superficial de massa é constante:

\sigma=\dfrac{m_{n}}{A_{n}}=\dfrac{m_{n+1}}{A_{n+1}}

\dfrac{m_{n}}{\dfrac{\sqrt{3}l_n^2}{4}}=\dfrac{m_{n+1}}{\dfrac{\sqrt{3}l_{n+1}^2}{4}}

m_{n+1}=\dfrac{m_n}{4}

II) Calculando o baricentro de cada triângulo:

Sabemos que o baricentro divide a altura na razão de 2 para 1, portanto, a partir do vértice, a posição do baricentro é:

h_n=\dfrac{2}{3}\cdot \dfrac{\sqrt{3}}{2}l_n=\dfrac{\sqrt{3}}{3}l_n

Perceba que para cada posição n existem 2^n triângulos fixados.

Seja a massa do primeiro triângulo posto m (o identificamos com índice "1"). Portanto:

m_n=m\cdot \left(\dfrac{1}{4}\right)^{n-1}

Como o primeiro triângulo posto possui lado \dfrac{l}{2}, os lados dos triângulos são:

l_n=l\cdot \left(\dfrac{1}{2}\right)^n

Portanto, a altura dos baricentros é:

h_n=\dfrac{\sqrt{3}l}{3} \cdot \left(\dfrac{1}{2}\right)^n

Finalmente, calculando a altura do centro de massa (lembre-se que o triângulo original não possui massa) utilizando a sua definição:

Y_{cm}=\dfrac{\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty} 2^n\cdot m_n\cdot h_n}{\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty} 2^n\cdot m_n}

Y_{cm}=\dfrac{\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty} 2^n\cdot m\cdot \left(\dfrac{1}{4}\right)^{n-1}\cdot \dfrac{\sqrt{3}l}{3} \cdot \left(\dfrac{1}{2}\right)^n}{\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty}2^n \cdot m\cdot \left(\dfrac{1}{4}\right)^n}

Y_{cm}=\dfrac{m\cdot \dfrac{\sqrt{3}l}{3}\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty} \left(\dfrac{1}{4}\right)^n}{m\displaystyle \sum_{n=1}^{\infty}\left(\dfrac{1}{2}\right)^n }

Acima, utilizamos o resultado da soma dos termos de uma P.G. infinita: S_n=a_1/(1-q), sendo a_1 o primeiro termo e q a razão, definida para |q|<1. Portanto:

Y_{cm}=\dfrac{\sqrt{3}}{3}l \cdot \dfrac{1}{3}

\boxed{Y_{cm}=\dfrac{\sqrt{3}}{9}l \approx 0,19 l}.

Utilizamos \sqrt{3}=1,7 fornecido pela prova.

Uma solução alternativa utiliza-se de argumentos de proporcionalidade e uma visão "criativa" da situação.

Dividimos a figura no primeiro triângulo colocado (ao meio) e nos demais triângulos menores ao lado deste. Como vimos na Solução 1, a massa diminui por um fator de 4 quando os lados do triângulo diminuem por um fator de 2. Perceba que as figuras formadas ao lado do primeiro triângulo colocado são exatamente iguais à figura fractal original, porém com dimensões (lineares) reduzidas pela metade. Dessa forma, a massa do fractal reduzido ao lado do primeiro triângulo colocado é 1/4 da massa do fractal total (denote ela por m). Chame de Y_{cm} a altura do centro de massa do fractal. Seguindo esse raciocínio, a altura do centro de massa do fractal reduzido com dimensões lineares iguais à metade do fractal total estará a uma altura Y_{cm}/2 da base do triângulo original. Tendo em vista que o centro de massa do primeiro triângulo colocado está a uma altura de l\sqrt{3}/6 da base do triângulo original e sua massa é m/2, calculamos Y_{cm} usando sua definição (atente para o fato de que há dois fractais reduzidos por um fator de 2 em relação ao fractal total):

Y_{cm} = \dfrac{\dfrac{m}{2} \cdot \dfrac{l\sqrt{3}}{6}+\dfrac{m}{4} \cdot \dfrac{Y_{cm}}{2}+\dfrac{m}{4} \cdot \dfrac{Y_{cm}}{2}}{m},

E, desta forma:

\boxed{Y_{cm}=\dfrac{\sqrt{3}}{9}l\approx 0,19l}.

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Gabarito

\boxed{Y_{cm}=\dfrac{\sqrt{3}}{9}l\approx 0,19l}.

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Questão 4

Assunto abordado

Mecânica: lançamento oblíquo

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Solução

Perceba que, como sugere a figura, os irrigadores conseguem irrigar toda a área de uma círculo de raio R, onde R é o alcance do lançamento oblíquo de maior alcance, ou seja, o que faz um ângulo de \pi/12 com a horizontal. Esse alcance é dado por: R=\dfrac{V_0^2}{g}\sin{(2.\pi/12)}=5m. O desperdício em reais é dado pelo valor da área, em m^2, comum aos dois círculos. Essa área A pode ser calculada com auxílio da figura abaixo:

Na figura acima, os pontos B e C são as intersecções dos dois círculos e o ponto A é um irrigador. Pela figura, vemos que metade da área A somada à área do triângulo \Delta{ABC} nos da a área do setor circular que compreende o arco BC. Logo:

\dfrac{A}{2}=\dfrac{{\angle{BAC}}*R^2}{2}-(ABC)=\dfrac{{\angle{BAC}}*R^2}{2}-\dfrac{R^2\sin{\angle{BAC}}}{2}=\dfrac{R^2}{2}\left(\angle{BAC}-\sin{\angle{BAC}}\right)

Observe que \cos{\angle{BAC}/2}=d/2R=\sqrt{3}/2. Logo, \angle{BAC}=\pi/3. Finalmente, o desperdício em reais é dado por:

A=25\left(\dfrac{\pi}{3}-\dfrac{\sqrt{3}}{2}\right)\approx{R$4,53}

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Gabarito

A=25\left(\dfrac{\pi}{3}-\dfrac{\sqrt{3}}{2}\right)\approx{R$4,53}

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Questão 5

Assunto abordado

Mecânica: cinemática

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Solução

Sejam N e L as posições do caça e do fantasma respectivamente no momento t de mínima aproximação. Nesse momento, o caça está, em algum lugar, sobre a circunferência de centro T e raio v_Ct e o fantasma está sobre a reta AB a uma distância, digamos, x do ponto C. Esse cenário está descrito na figura abaixo.

Note que, nas condições do instante t da figura, os pontos N, T e L devem ser colineares. De fato, caso o ponto N estivesse em outra posição da circunferência senão a que faz os três pontos serem colineares, existiria uma direção a ser seguida pelo caça (justamente a direção do segmento TL) que diminuiria a distância NL ainda mais. O problema agora se resume em achar NL em função do parâmetro x e analisar a condição de mínimo. Observe que a observação acima não resolve o problema por completo: obtivemos apenas uma condição necessária para que a situação de mínimo aconteça. Igualando os intervalos de tempo do caça e do fantasma, obtemos a seguinte relação: \dfrac{l+x}{v_G}=\dfrac{TN}{v_C}. Daí, NL=TL-TN=\sqrt{D^2+x^2}-\dfrac{v_C}{v_G}(l+x). Definindo r=NL+l\dfrac{v_C}{v_G}, obtemos a seguinte equação quadrática ao isolar a raiz da quadrada e elevar ambos lados da equação ao quadrado:

x^2+\dfrac{2rv_Cv_G}{v_C^2-v_G^2}x+\dfrac{v_G^2\left(r^2-D^2\right)}{v_C^2-v_G^2}=0

Para acharmos a condição de mínimo, basta igualarmos o determinante da equação acima a zero:

\Delta=0\to{r=\dfrac{D\sqrt{v_G^2-v_C^2}}{v_G}}

Resolvendo para NL:

\boxed{NL=\dfrac{D\sqrt{v_G^2-v_C^2}}{v_G}-l\dfrac{v_C}{v_G}}

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Gabarito

\boxed{NL=\dfrac{D\sqrt{v_G^2-v_C^2}}{v_G}-l\dfrac{v_C}{v_G}}

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Questão 6

Assunto abordado

Termodinâmica: colorimetria

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Solução

Primeiramente, devemos verificar se a água chega na temperatura de fusão do gálio após ceder calor para o gálio fundir completamente. Para isso, igualemos o calor cedido pela água ao calor necessário para fundir o gálio por completo. Resolvemos para a variação de temperatura da água.

cV\Delta{T}=\left(C+c_1m_{Ga}\right)\Delta{t_s}+m_{Ga}L

Onde \rho=10^3kg.m^{-3} é a densidade da água e \Delta{t_s}=t_t-t_1 é a variação de temperatura do gálio ao chegar na temperatura de fusão t_t. Substituindo os valores numéricos, chegamos em \Delta{T}=0,9, ou seja, o sistema entrará em equilíbrio termodinâmico em uma temperatura t maior que t_t. O equilíbrio de calores no fornece essa temperatura:

\left(C+c_1m_{Ga}\right)\Delta{t_s}+m_{Ga}L+\left(C+c_2m_{Ga}\right)\left(t-t_t\right)=\left(t_0-t\right)cV\rho\to{t=86,4^{\circ}C}

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Gabarito

\boxed{t=86,4\,^{\circ}C}

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Questão 7

Assunto abordado

Cosmologia

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Solução

a) Utilizando a condição do enunciado juntamente com o fato de que o volume de uma esfera de raio R é dada por \dfrac{4}{3}{\pi}R^3, obtemos a relação requerida:

H_0R=\sqrt{\dfrac{2GM}{R}}=\sqrt{\dfrac{8G{\rho}_{crit}{\pi}R^3}{3R}}\to{H_0^2=\dfrac{8}{3}G{\pi}\rho_{crit}}\to{\boxed{\rho_{crit}=\dfrac{3H_0^2}{8\pi G}}}

b) Seguindo as instruções e lembrando que 1 ano equivale a 365*24*3600 s:

t=\dfrac{1}{H_0}=\sqrt{\dfrac{3}{8G{\pi}\rho_{crit}}}=1,34*10^{10}\,anos

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Gabarito

a) Demonstração

b) \boxed{t=\dfrac{1}{H_0}=\sqrt{\dfrac{3}{8{\pi}G\rho_{crit}}}=1,34*10^{10}\,anos}

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Questão 8

Assunto abordado

Óptica: lei de Snell

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Solução

Olhando a configuração, podemos olhar primeiramente alguns ângulos especiais:

Aplicando a lei de Snell:

\dfrac{c}{\sin{\theta}}=\dfrac{c'}{\sin{\alpha}}

Olhando para os ângulos no triângulo na circunferência:

\alpha +\alpha+180^{\circ}-\theta=180^{\circ}

\theta=2\alpha

\dfrac{c}{\sin{(2\alpha)}}=\dfrac{c'}{\sin{\alpha}}

c'=\dfrac{c}{2\cos{\alpha}}

como os ângulos são pequenos:

\cos{\alpha}\rightarrow 1

Portanto:

\boxed{c'=\dfrac{c}{2}}

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Gabarito

\boxed{c'=\dfrac{c}{2}}

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