Escrtio por Paulo Henrique
Iniciante
Uma barra uniforme é mantida em equilíbrio estático através de uma corda de comprimento s. Determine h.
Intermediário
A trajetória de uma partícula sob influência de uma força central é um círculo de raio R. Definindo o parâmetro β=v1+v2v1v2, onde v1 é a velocidade mínima e v2 é a velocidade máxima da partícula, calcule o período de órbita.
Avançado
Escrito por Ualype Uchoa
A Astrofísica Estelar
Estrelas são corpos celestes, auto-gravitantes, aproximadamente esféricos, que produzem energia por meio de reações termonucleares. Neste problema, estudaremos a astrofísica estelar; i.e, o estudo das propriedades físicas das estrelas, de sua evolução e estrutura como um todo.
Parte 1: A Gênese
Primeiramente, estudemos as condições que levam ao nascimento de estrelas. O universo é composto por uma vasta quantidade de galáxias, que contém inúmeras estrelas. O nascimento das estrelas decorre da condensação de nuvens de gás que se encontram no meio interestelar (composto por gás, poeira e plasma). Para que a nuvem de gás molecular condense e forme estrelas, o seu conteúdo deve ser tão denso que a atração gravitacional predomina sobre as forças de pressão (que é proporcional à energia interna da estrela, causada pelo movimento de partículas). Sendo Ω (com Ω < 0) a energia potencial gravitacional da nuvem e U a sua energia interna, podemos escrever essa condição como:
|Ω|>U.
Figura 1: Um exemplo de nuvem molecular, o M57, conhecida como Nebulosa do Anel.
a) Considere uma nuvem de gás esférica com distribuição uniforme de massa. A nuvem possui massa M e raio R. Mostre que a sua energia potencial gravitacional pode ser escrita como
Ω=−fGM2R,
onde G é a constante gravitacional universal, e determine o valor de f, que é um fator numérico da ordem de 1.
b) A nuvem encontra-se em equilíbrio térmico, a uma temperatura T. Ela consiste de N moléculas de um gás suposto monoatômico, no qual cada molécula possui massa m. Aqui, definiremos a massa de Jeans, que é a massa mínima que a nuvem deve possuir para que ela colapse sobre a sua própria gravidade. Sendo assim, calcule a massa de Jeans em função de T, m, da densidade da nuvem ρ e de constantes da natureza.
c) Determine a densidade crítica (em número de partículas por m3) para uma nuvem desse tipo, que possui temperatura de 20K e uma massa de 1000M⊙ (M⊙ denota 1 massa solar).
Parte 2: Condições de Equilíbrio e o Teorema do Virial
Como vimos anteriormente, a gravidade é um agente fundamental na formação de estrelas. Ela contribui para a pressão no interior destas. Para modelarmos o equilíbrio hidrostático no interior estelar, consideremos uma estrela esférica de massa M e raio R, cuja densidade varia com a distância ao centro ρ=ρ(r). As únicas forças internas atuantes são a gravidade e a pressão.
Figura 2: Estrela esférica de raio R, com uma casca de espessura Δr destacada em seu interior.
d) Considere um elemento de volume de seçção reta S, que se estende r até r+Δr. A estrela é dita em equilíbrio hidrostático quando este elemento de volume possui aceleração nula. Então, prove que
dpdr=−Gm(r)ρ(r)r2,
a equação do equilíbrio hidrostático.
e) Com base no item anterior, calcule a pressão no centro do sol, admitindo-o homogêneo e sabendo que a pressão cai a zero na superfície.
Nesse ponto, estamos preparados para determinar um dos teoremas mais célebres no que se refere à estrutura estelar: o Teorema do Virial. Ele fornece a relação entre a energia cinética (energia interna) e a energia potencial gravitacional para que um sistema auto-gravitante consiga se sustentar. Para chegarmos em tal relação, primeiramente, devemos relacionar a pressão à energia cinética interna. Consideraremos que todos os processos no interior estelar são adiabáticos (a estrela não troca calor com o espaço que a circunda); ou seja, as variações de energia interna são causadas somente devido ao trabalho.
f) Sendo U, p e V, a energia cinética, pressão e volume respectivamente, prove que, em um processo adiabático:
U=pVγ−1,
onde γ é o coeficiente adiabático (considere constante).
g) A partir dos resultados obtidos em d), mostre que a seguinte expressão é válida:
[p(r)4πr3]R0−3∫R0p(r)4πr2dr=−∫M0Gm(r)rdm.
Dica: Multiplique ambos os lados da equação obtida em d) por 4πr3 e integre.
h) Determine uma relação entre <p> (a média da pressão tomada sobre o volume total da estrela V), V e Ω, e, a partir dela, prove o Teorema do Virial:
−3(γ−1)U=Ω.
Perceba a relação entre as energias depende do tipo de partículas que compõem a estrela.
j) Considere, por simplicidade, que as estrelas são formadas por um gás com γ=53. Baseando-se no teorema do virial, comente sobre a capacidade térmica de uma estrela; ela é positiva ou negativa? Justifique.
Dica: Relacione a energia total com a energia interna.
Parte 3: De onde vem a energia?
Como já sabemos, as estrelas se sustentam gerando energia por meio de reações termonucleares; mais especificamente, por meio da fusão nuclear, na qual a energia é liberada por meio da combinação de núcleos. Para estrelas jovens, que são compostas em sua maioria por hidrogênio, como o nosso sol, a massa total disponível para "queima" é 0,8 porcento de sua massa inicial, por razões que não entraremos em detalhes aqui.
k) Assumindo que a luminosidade (energia liberada por unidade de tempo) do sol permanece constante, estime o seu tempo de vida máximo, e compare com o valor de sua idade atual de 4,55∗109 anos.
Constantes:
Massa do sol: M⊙=1,99∗1030 kg.
Raio do sol: R⊙=6,96∗108 m.
Luminosidade do sol: L⊙=3,83∗1026 W.
Massa do próton: mp=1,67∗10−27 kg.
Constante Gravitacional Universal: G=6,67∗10−11 N.m2.kg−2.
Constante de Boltzmann: kB=1,38∗10−23 m2.kgs−2.K−1.
Velocidade da luz: c=3,00∗108 m.s−1.