Escrito por Ualype Uchôa
Iniciante
Girando rápido demais
Estrelas de nêutrons são corpos celestes formados por nêutrons que estão gravitacionalmente ligados. Esses objetos giram de forma bastante rápida; no entanto, ainda existe um limiar teórico para a rotação da estrela, de tal forma que sua massa não se desprenda pelo Equador. Mostre então que a máxima frequência de rotação admitida para a estrela é
considerando um modelo no qual essa estrela é uma esfera com densidade uniforme . Calcule também seu valor numérico nesse caso.
A constante gravitacional universal vale .
Tome .
Intermediário
Tchau, Terra
Devido às reações termonucleares no interior do nosso Sol, há uma constante liberação de energia. A famosa "equação de Einstein" expressa a equivalência entre massa e energia, mediante
,
sendo a energia liberada, a massa associada à esse processo, e a velocidade da luz no vácuo. Dessa forma, o sol também perde massa nesse processo, o que ocasiona um aumento (quase imperceptível) no raio orbital da Terra. Determine, então,
a quantidade de massa perdida pelo Sol em segundo, em .
O quanto a Terra se afasta do Sol em um ano! Considere que a órbita da Terra é circular.
Dados:
Raio Orbital da Terra: .
Período de Translação da Terra: .
Potência irradiada pelo Sol: .
Massa do Sol: .
Velocidade da Luz no vácuo: .
Dica (EDIT): Você pode achar útil usar que
,
para .
Avançado
Anã Branca
O Princípio da Exclusão de Pauli é responsável por inúmeras propriedades da matéria, tanto pelas que somos mais familiares, e.g. a dureza dos materiais sólidos, como por coisas um pouco mais estranhas, como o comportamento de anãs brancas, que são estrelas bastante densas. Neste problema você é desafiado a obter alguns resultados importantes no estudo dessas estrelas. A matéria em anãs brancas consiste basicamente de elétrons e dos núcleos atômicos, cujos quais são basicamente carbono e oxigênio. Pelo fato de serem neutras a quantidade de prótons e elétrons é a mesma, além disso o número de prótons e nêutrons também é o mesmo devido à composição das estrelas. Neste problema vamos investigar o equilíbrio das anãs brancas que se deve ao resultado tanto da interação gravitacional como da repulsão estatística sofrida pelos férmions (elétrons, prótons e nêutrons) que compõem a estrela.
Parte 1: Energia Cinética da Estrela
Neste problema vamos considerar que as partículas que compõem a estrela são não-relativísticas.
Para uma dada partícula de massa (nêutron, próton ou elétron), escreva sua energia cinética como função de sua massa e do seu número de onda , além de constantes físicas fundamentais, se necessário. Considere agora como modelo da estrela o modelo de uma caixa infinita, i.e. uma caixa cúbica de lado da qual as partículas não podem escapar. Este modelo é análogo a uma corda presa nas extremidades. Neste modelo, cada partícula só pode possuir valores discretos de número de onda . O numero de onda é dito quantizado, tanto na direção , como nas direções e .
Determine a condição de quantização de , e como função de números quânticos , e para cada uma das direções.
Como o elétron é a partícula que possui a menor massa, ele é o que mais contribui para a energia cinética total do sistema. Seja a massa do elétron e a massa dos prótons e nêutrons, consideradas idênticas neste problema.
Considerando que a massa total da estrela é e que a massa dos elétrons é muito menor que a dos prótons (e nêutrons), determine o número de elétrons contidos na estrela.
Determine a menor diferença entre os possíveis valores de .
É possível atribuir a cada elétron um cubo de lado , calculado no item anterior, no espaço do número de onda. Isso significa que um elétron com número de onda ocupa um cubo de lados na posição , conforme a Figura 1, que ilustra o caso particular de duas dimensões.
A Figura 1 também indica o momento de Fermi, que é o número de onda (momento) do elétron mais energético.
Figura 1: Representação do espaço de número de onda (momento) em duas dimensões. No esquema mostrado o quadrado indica a região que comporta dois elétrons devido ao Princípio da Exclusão de Pauli.
Supondo que todos os cubos sejam preenchidos desde zero até o momento de Fermi com no máximo dois elétrons por cubo, determine o valor do momento de Fermi em função da densidade de elétrons no sistema. Considere que o comprimento é muito grande, e leve em conta que apenas valores positivos de são permitidos.
Determine a energia cinética total dos elétrons como função do momento de Fermi e do número de elétrons na estrela.
Usando o resultado do item prévio, expresse a energia cinética total dos componentes da estrela como função de sua massa e raio . Para tanto, considere que o volume agora corresponde ao volume da estrela esférica.
Parte 2: Energia Potencial
Considere agora que a massa da estrela seja totalmente devida aos prótons e nêutrons. Isso serve para dizer que os elétrons não contribuem com o mecanismo de atração gravitacional interna que a mantém a estrela viva.
Determine a energia potencial gravitacional da estrela como função de sua massa e de seu raio .
Esboce o gráfico da energia total da estrela como função de seu raio .
Qual dos mecanismos (gravidade ou repulsão estatística) é mais importante quando o raio da estrela é pequeno e quando é grande?
Determine o raio de equilíbrio estável da estrela.
Suponha agora que de alguma maneira seja possível comprimir ligeiramente toda a massa da estrela e diminuir seu raio para , com , mantendo a densidade uniforme.
A estrela executará oscilações radiais? Caso afirmativo, calcule a frequência angular dessas oscilações.