Escrito por Ualype Uchôa
Iniciante:
Conservação da Energia Mecânica
a) A condição limite para que a bolinha consiga completar a meia-volta é de que, ao chegar no topo do loop, ela fique na iminência de perder o contato com a superfície deste. Nesse caso, a força normal é nula e o peso atua como resultante centrípeta, e daí achamos sua velocidade no topo do loop:
,
.
Como o trajeto inteiro é liso, não há forças dissipativas e a Energia Mecânica se conserva. Apliquemos a conservação da energia mecânica para as posições inicial e final (bolinha no topo do loop), adotando um nível de referência no solo para o cálculo das energias potenciais gravitacionais e lembrando que a energia cinética inicial é nula:
.
A razão mínima para que a partícula dê a volta ocorrerá quando , como vimos. Substituindo:
.
b) De imediato, percebemos que a razão é menor do que a calculada anteriormente, o que implica que a partícula perde o contato com o loop antes de chegar no seu topo. Veja o esquema abaixo, que ilustra o momento de interesse:
Figura 1: Esquema do momento em que a partícula descola da superfície.
Seja o ângulo com a horizontal medido a partir do centro da circunferência. Nessa situação, apenas a componente radial do peso atua como resultante centrípeta. Sendo a velocidade da bolinha nesse instante:
,
.
Podemos relacionar os parâmetros envolvidos utilizando a conservação da Energia Mecânica entre a posição inicial e aquela na qual ocorre a perda de contato com a superfície:
,
Substituindo , (do enunciado) e isolando , encontramos
.
A partir de agora, deve-se analisar o que acontece com a partícula após descolar da superfície: somente a força peso na vertical atuará nela, e, por ter uma velocidade inclinada em relação à horizontal/vertical, irá realizar um lançamento oblíquo. A altura máxima desse lançamento corresponde à altura máxima alcançada pela bolinha em todo o seu movimento após o abandono no ponto . Determinemos a altura máxima (em relação ao solo) usando a conservação da energia mecânica entre a posição e a de maior altura. Lembrando que a componente horizontal da velocidade inicial, de módulo (a velocidade inicial está inclinada de com a vertical) é constante durante o lançamento, escrevemos que:
,
Por fim, substituindo e :
,
.
a) .
b) .
Intermediário:
Gravitação
Primeiramente, definamos um sistema de coordenadas cartesianas:
Origem no centro da Terra.
O eixo aponta no sentido Terra-Sol.
O eixo aponta para o Polo Norte do Sol.
O eixo aponta no sentido de translação da Terra em torno do Sol.
Com isso, podemos escrever as distâncias de um ponto qualquer à Terra e ao Sol, utilizando suas coordenadas . Sendo elas e , respectivamente, vale, pelo Teorema de Pitágoras:
,
e como o centro do Sol está em :
.
Agora, achemos o local geométrico que determina a coleção de pontos nos quais a atração gravitacional do Sol possui mesmo módulo daquela devido à Terra. Igualando os módulos dessas forças (a massa de prova irá se cancelar em ambos os membros):
Substituindo e , e após uma manipulação algébrica, chegamos em:
.
Para tornar essa expressão mais "familiar", somemos em ambos os membros, de forma a completar o quadrado perfeito no membro da esquerda, o que nos leva à seguinte equação:
.
Que define uma esfera em três dimensões:
.
Cujo raio é:
.
Como queríamos demonstrar.
A equação encontrada nos diz que as coordenadas do centro são:
.
Demonstração.
Coordenadas do centro da esfera: .
Avançado:
Mecânica do Corpo Rígido e Oscilações
Como a força peso é vertical e sua linha de ação passa pelo , concluímos, das três situações mostradas, que o está em algum lugar da linha pontilhada na figura abaixo. Vamos chamar de , e as respectivas distâncias do até o ponto de apoio nas situações , e .
Figura 2: Ilustração do cabide com as distâncias , e até o .
Da geometria:
,
e
.
Agora, utilizemos o teorema dos eixos paralelos para relacionar os momentos de inércia do cabide em relação ao ponto de apoio com aquele em relação ao seu (seja ele ) nas situações , e , respectivamente:
,
,
.
O cabide oscila como um pêndulo físico. Determinemos sua equação de movimento para , o ângulo de inclinação com a vertical, utilizando a segunda Lei de Newton para rotações:
,
onde os torques e momentos de inércia são calculados em relação ao ponto de apoio. Apenas o peso produz torque, logo:
.
Para pequenas oscilações, :
.
O que nos diz que a frequência angular de oscilação do cabide é . Devido ao fato do período da oscilação ser igual nas três situações, e, por consequência, a frequência angular também, vale escrever
,
.
Tais igualdades nos fornecem um sistema de equações. Igualando a primeira com a segunda:
,
,
.
Analogamente:
,
.
Da segunda equação, podemos ter:
,
o que implicaria (veja as relações obtidas geometricamente), logo, é um absurdo! Resta-nos, então:
,
.
Da primeira, podemos ter:
O que implica , pois , o que, a princípio, não viola nenhuma condição matemática/física do problema. Para mostrar a validade desse resultado, usemos que o segundo termo em parênteses da terceira equação também pode ser nulo:
,
.
Como necessariamente é válido, combinando-se as duas, chegamos, novamente, em (pois é diferente de zero), mostrando a equivalência dessas igualdades. Logo, determinamos a posição do :
.
Com isso, podemos encontrar :
,
.
Por fim, determinemos o período das oscilações. Sabemos que:
,
Usando o primeiro ponto de apoio (o que não importa muito, você chegaria no mesmo resultado usando e ou e ):
,
,
.
Com, , como havíamos achado. Substituindo os dados numéricos:
.