Escrito por Ualype Uchôa
Iniciante:
Calorimetria
Logo de cara, é importante perceber que o calorímetro não é ideal; ou seja, ele troca calor com os componentes que estão dentro dele; para colocá-lo nas contas, basta tratá-lo como sendo um corpo adicional no nosso sistema térmico, com massa e calor específico conhecidos. Feito esse adendo, prosseguimos com a resolução.
Primeiramente, devemos analisar se todo o gelo chega a derreter (lembre-se que a mudança de estado ocorre à temperatura constante), pois, caso a resposta seja sim, a temperatura de equilíbrio está acima de . Caso não, a temperatura de equilíbrio é . Lembre-se que a mudança de estado ocorre à temperatura constante. Para fazermos isso, imagine "trazer" tanto o alumínio quanto a água até para entrarem em equilíbrio com o gelo - que mantemos a -, e assim analisemos o calor total que eles podem fornecê-lo. Esse calor total (que é sensível) é dado, em, módulo, por
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Mas o gelo, para derreter por completo, precisa de um calor latente de
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Ora, como , todo o gelo vira água e o sistema alcança uma temperatura final maior que , pois o calor que pode ser fornecido é mais que suficiente. Após tal análise, podemos finalmente calcular de fato a temperatura de equilíbrio . Utilizemos a equação fundamental da calorimetria, a qual estabelece que a soma dos calores trocados é nula, pois os componentes estão isolados:
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Devemos levar em conta: calor sensível do calorímetro de alumínio + calor sensível dos de água + calor latente do gelo ao derreter + calor sensível do gelo que virou água. Portanto:
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Isolando e fazendo as contas, acha-se:
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Intermediário:
Calorimetria
Para solucionar o problema, bastava usar a equação fundamental da calorimetria, pois os corpos encontram-se isolados:
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Chame de a temperatura de equilíbrio. Então, vale que
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Isolando , o escrevemos compactamente da seguinte forma:
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Avançado:
Calorimetria e Termodinâmica (Ciclos termodinâmicos)
A chave desse problema (e que servirá da mesma forma para o item ) é o processo devemos escolher para intermediar essa troca de calor. Para obtermos a máxima quantidade de trabalho possível, é claro que devemos escolher o ciclo que possui a maior eficiência teórica; com isso, concluímos que a máquina deve ser de Carnot. Simbolizando por e os infinitésimos de calor dos corpos e , respectivamente. Como o processo é reversível, e, portanto, isentrópico, a variação de entropia do sistema é zero. Isto é:
,
sendo e as temperaturas instantâneas dos corpos. A partir dessa equação, encontramos a temperatura de ambos os corpos ao fim do processo, quando a troca de calor cessa. Temos:
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Integrando, com os devidos limites:
,
,
positivo, pois a outra solução (temperatura negativa) não faz sentido. Agora, executamos o balanço de energia para a máquina térmica: tudo que entra, sai. Vamos supôr , sem perda de generalidade, apenas para definir quem é nossa fonte quente - nesse caso, o corpo . Sendo o trabalho total extraído, vale escrever que:
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Preste atenção na convenção de sinais: usamos pois é o calor sensível do corpo , que perde energia, o que faz o corpo esquentar; portanto é positivo e refere-se à energia que adentra a máquina. A energia que flui para fora é a soma de e (como o corpo ganha energia, já é positivo). Sendo assim:
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Integrando:
,
,
ou, de forma mais "limpa":
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O raciocínio é totalmente análogo. As contas mudam levemente ao efetuar as integrais devido à dependência da capacidade térmica com a temperatura. Você pode mostrar (precisará resolver integrais de potências simples) - com base em tudo que fora feito até agora - que a nova temperatura final é
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E, com isso, chegar na seguinte expressão para o trabalho:
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Para reproduzir o resultado do último item, não basta tomar , pois acabamos com algumas indeterminações no último termo. Tomando o limite de , fica claro que os dois primeiros termos viram apenas e , e . O desafio está na seguinte operação:
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Necessitaremos de um considerável manejo matemático. Esta parte está além do que em geral é cobrado em olimpíadas de física; caso queira, pode pular sem preocupações. Para os curiosos e sedentos por conhecimento, tratem como um adicional. Começaremos separando o termo maior em dois, e então invocamos a propriedade de que o limite do produto de duas funções é o produto dos limites de cada função entre si:
,
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Foi utilizado, na última linha, que o resultado do limite à esquerda é . Agora, lembrando que , façamos a seguinte transformação:
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Haja vista que a função exponencial é contínua, podemos executar a seguinte operação, utilizando o fato de que para uma função contínua:
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E, por fim, utilizando a regra de L'Hospital (é útil lembrar que , sendo uma constante e ):
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O limite no expoente é trivial, e pode ser encontrado fazendo diretamente. Desta forma, podemos, por fim, escrever que
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Portanto, conseguimos resgatar a expressão em forçando um caso particular de :
,
como queríamos demonstrar.
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Demonstração.