Escrito por Vinicius Névoa
Iniciante
Cinemática em uma dimensão
a) Nesse problema, estamos assumindo que as trocas de velocidade são instantâneas, e portanto o delay que ocorre na frenagem se deve apenas ao tempo de reação do motorista. Como a distância inicial entre todos os carros vale L, após a frenagem essa distância passa a ser:
L′=L−Vt1
O tempo decorrido entre duas frenagens consecutivas é t1, o que significa que, durante esse tempo, a posição do último carro freiado avança em L′. Assim:
Vfreio=L−Vt1t1
No nosso caso isso vale 18km/h. Essa "onda" se propaga no sentido contrário ao movimento original dos carros.
b) Após o tempo T que a idosa leva para atravessar a rua, o primeiro carro que havia parado acelera. Após um tempo t2, o próximo carro acelera. Portanto, a posição do último carro que está acelerando avança em L′=L−Vt1 a cada t2 segundos. Temos assim uma onda exatamente análoga à anterior, mas que dessa vez marca a posição do carro em repouso que está acelerando. Sua velocidade é:
Vacc=L−Vt1t2
Note que, desde que t1>t2, a onda de aceleração viaja mais rápido do que a de frenagem, e portanto apenas um número finito de carros terá freiado até que a onda de aceleração os alcance. Claramente, quando essas duas ondas se encontram, a onda de frenagem é extinta, uma vez que é desnecessário freiar se o carro a sua frente já está se movendo. Assim, sendo τ o tempo transcorrido desde que a idosa finalizou sua travessia:
Vfreio(T+τ)=Vacct
τ=Tt2t1−t2
Como a onda de aceleração percorre um carro a cada t2 segundos, durante esse tempo ela percorreu um número de carros igual a:
N=τt2=Tt1−t2=200
Evidentemente, todos os carros pelos quais ela passou estavam parados, então N é também o número de carros que haviam freiado para começo de conversa. Na verdade, quase isso. Como o número N é exato, isso quer dizer que a onda de frenagem chegou ao carro número 200 no mesmo instante que a onda de aceleração, logo esse carro esteve freiado por 0 segundos (i.e, o que aconteceu na prática é que ele enxerga o carro 199 parar, mas, antes que ele pudesse reagir, o carro volta a andar, de modo que ele não precisa freiar). Portanto o número de carros que efetivamente freiam é 199.
Caso o N não tivesse sido inteiro, por exemplo, devemos escolher o maior número inteiro que não supera N, cuja notação é ⌊N⌋.
c) Caso t2≥t1, a onda de frenagem seria mais rápida do que a de aceleração, de modo que está ultima nunca a alcançaria. Por isso, infinitos carros freiariam. Não só isso, como a distância entre as duas ondas também ficaria maior a cada segundo, e quanto mais para trás na fila um certo carro estivesse, mais tempo ele ficaria parado até que a onda de aceleração chegasse nele.
a) Demonstração
b) 199 carros
c) Demosntração
d) Vfreio=L−Vt1t1
N=⌊Tt1−t2⌋
(Subtrair 1 de N caso a razão seja exata, como no caso acima)
Intermediário
Equilíbrio estático
Em um cilindro de massa m foi enrolada uma corda inflexível com peso desprezível. Com que força mínima F e sob que ângulo α em relação a horizontal essa corda deve ser puxada para que o cilindro gire sem que seu centro saia do lugar? Considere o coeficiente de atrito cinético entre o cilindro e o chão como μ.
Como o centro cilindro está em repouso, vamos aplicar o equilíbrio de forças na vertical e na horizontal. Assim, na vertical e na horizontal respectivamente:
Fsin(α)−mg+N=0
Fatrito−Fcos(α)=0
Usando que Fatrito=μN achamos que:
F=μmgcos(α)+μsin(α)
Para a força ser mínima, a expressão cos(α)+μsin(α) deve ser máxima. Derivando em relação a α e igualando a zero:
−sin(α)+μcos(α)=0
tan(α)=μ
Podemos substituir de volta para achar a força:
cos(α)+μsin(α)=√1+tan2(α)=√1+μ2
F=μmg√1+μ2
tan(α)=μ
F=μmg√1+μ2
Avançado
Hidrodinâmica com viscosidade
a) Como o escoamento é estacionário, temos que ∂→v∂t=0. Uma vez que o número de Reynolds também é baixo, podemos ignorar o termo →v⋅∇→v, que é quadrático em →v. Formalmente, podemos dizer que a razão entre esse termo e o resto da equação de Navier-Stokes é da ordem do número de Reynolds, que é pequeno por hipótese (basta dizer que v é da ordem de u e as coordenadas que aparecem nos denominadores das derivadas são da ordem de R que isso fica claro). Esse regime de escoamento se chama regime de Stokes, e é caracterizado pelo que resta da equação de Navier-Stokes:
∇P=η∇2→v
No que segue, seja vr(r,z) a velocidade radial e vz(r,z) a velocidade perpendicular aos discos
Por simetria, o escoamento é cilindricamente simétrico, e uma vez que h<<R, a velocidade radial é bem maior que a vertical. Mais ainda, como a condição de contorno nos discos é velocidade radial nula (devido à viscosidade), a velocidade radial deve variar bruscamente ao longo da distância h. Matematicamente:
∂vr∂z>>∂vr∂r
Assim, podemos ignorar tanto as derivadas de vz quanto as de vr em relação a r:
∂P∂r=η∂2vr∂z2
Note que a pressão é constante na direção z exatamente porque vz não contribui na conta. Agora, como o lado esquerdo da equação acima não depende de z, podemos integrar duas vezes:
vr=12η∂P∂rz2+C1z+C2
Como as condições de contorno exigem que vr(r,0)=vr(r,h)=0, as constantes de integração são tais que:
vr(r,z)=12η∂P(r)∂rz(z−h)
Agora vamos precisar da equação da continuidade:
1r∂(rvr)∂r+∂vz∂z=0
Integrando os tudo em relação a z entre 0 e h (e já substituindo a expressão para vr que achamos):
u=1rddrh∫0r(12η∂P(r)∂rz(z−h))dz
u=−h312ηrddr(r∂P(r)∂r)
Agora podemos integrar em relação a r e obter:
P(r)=P0+3ηuh3(R2−r2)
Naturalmente, P0 é a constante de integração que corresponde a pressão imediatamente fora do disco, e essa solução é inválida para r>R. Para achar a força total, só resta integrar a pressão em toda a área do disco:
F=3ηuh3R∫0(R2−r2)2πrdr
F=3πηuR42h3
b) Embora a equação de Bernoulli não seja válida na presença de viscosidade, o jato que sairá desse furo é puramente vertical, e como vz é pequeno, as forças viscosas presentes na origem do jato (i.e, imediatamente antes dele sair pelo furo) são desprezíveis; além do mais, o fluido parte do repouso, já que vz(0,0)=0. Então, por Bernoulli:
ρV22+P0=P0+3ηuh3R2
V=√6ηuR2ρh3
Como queríamos demonstrar.
c) É fácil ver que lente formada será convergente, e portanto para a imagem ser invertida basta o objeto estar a uma distância maior que f da lente, em que f é a distância focal. Como a lente é plano-convexa, a equação dos fabricantes diz:
f=Rn−1
Com isso, basta calcular o raio de curvatura da superfície da água. Seja s o raio da região circular em que a água faz contato com o vidro. Como o ângulo de contato pode não ser reto, s é em regra diferente do R que procuramos, mas um simples triângulo retângulo fornece a relação s=Rsinθ. Então, o volume de água é simplesmente o volume da calota esférica de raio R e raio do corte Rsinθ, o que nos permite escrever R em função do nosso V:
V=π(R−s)6(3s2+(R−s)2)
V=πR36(1−sinθ)(4sin2θ−2sinθ+1)
Chamando a parte que depende do ângulo de g(θ)=(1−sinθ)(4sin2θ−2sinθ+1):
R=(6Vπg(θ))1/3
Assim a distância do objeto à gota para que sua imagem seja invertida é tal que:
p>1n−1(6Vπg(θ))1/3
a) F=3πηuR42h3
b) Demonstração
c) p>1n−1(6Vπg(θ))1/3