Soluções Física - Semana 139

Escrito por Vinicius Névoa

Iniciante

Assunto abordado

Cinemática em uma dimensão

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Solução

a) Nesse problema, estamos assumindo que as trocas de velocidade são instantâneas, e portanto o delay que ocorre na frenagem se deve apenas ao tempo de reação do motorista. Como a distância inicial entre todos os carros vale L, após a frenagem essa distância passa a ser:

L' = L- Vt_{1}

O tempo decorrido entre duas frenagens consecutivas é t_{1}, o que significa que, durante esse tempo, a posição do último carro freiado avança em L'. Assim:

V_{freio}=\dfrac{ L- Vt_{1}}{t_{1}}

No nosso caso isso vale 18 km/h. Essa "onda" se propaga no sentido contrário ao movimento original dos carros.

b) Após o tempo T que a idosa leva para atravessar a rua, o primeiro carro que havia parado acelera. Após um tempo t_{2}, o próximo carro acelera. Portanto, a posição do último carro que está acelerando avança em L' = L- Vt_{1} a cada t_{2} segundos. Temos assim uma onda exatamente análoga à anterior, mas que dessa vez marca a posição do carro em repouso que está acelerando. Sua velocidade é:

V_{acc}=\dfrac{ L- Vt_{1}}{t_{2}}

Note que, desde que t_{1} > t_{2}, a onda de aceleração viaja mais rápido do que a de frenagem, e portanto apenas um número finito de carros terá freiado até que a onda de aceleração os alcance. Claramente, quando essas duas ondas se encontram, a onda de frenagem é extinta, uma vez que é desnecessário freiar se o carro a sua frente já está se movendo. Assim, sendo \tau o tempo transcorrido desde que a idosa finalizou sua travessia:

V_{freio}(T+\tau)=V_{acc}t

\tau=\dfrac{Tt_{2}}{t_{1}-t_{2}}

Como a onda de aceleração percorre um carro a cada t_{2} segundos, durante esse tempo ela percorreu um número de carros igual a:

N = \dfrac{\tau}{t_{2}}=\dfrac{T}{t_{1}-t_{2}}= 200

Evidentemente, todos os carros pelos quais ela passou estavam parados, então N é também o número de carros que haviam freiado para começo de conversa. Na verdade, quase isso. Como o número N é exato, isso quer dizer que a onda de frenagem chegou ao carro número 200 no mesmo instante que a onda de aceleração, logo esse carro esteve freiado por 0 segundos (i.e, o que aconteceu na prática é que ele enxerga o carro 199 parar, mas, antes que ele pudesse reagir, o carro volta a andar, de modo que ele não precisa freiar). Portanto o número de carros que efetivamente freiam é 199.

Caso o N não tivesse sido inteiro, por exemplo, devemos escolher o maior número inteiro que não supera N, cuja notação é \left \lfloor{N}\right \rfloor.

c) Caso t_{2} \ge t_{1}, a onda de frenagem seria mais rápida do que a de aceleração, de modo que está ultima nunca a alcançaria. Por isso, infinitos carros freiariam. Não só isso, como a distância entre as duas ondas também ficaria maior a cada segundo, e quanto mais para trás na fila um certo carro estivesse, mais tempo ele ficaria parado até que a onda de aceleração chegasse nele.

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Gabarito

a) Demonstração

b) 199 carros

c) Demosntração

d) V_{freio}=\dfrac{ L- Vt_{1}}{t_{1}}

N = \left \lfloor{\dfrac{T}{t_{1}-t_{2}}} \right \rfloor

(Subtrair 1 de N caso a razão seja exata, como no caso acima)

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Intermediário

Assunto abordado

Equilíbrio estático

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Solução

Em um cilindro de massa m foi enrolada uma corda inflexível com peso desprezível. Com que força mínima F e sob que ângulo \alpha em relação a horizontal essa corda deve ser puxada para que o cilindro gire sem que seu centro saia do lugar? Considere o coeficiente de atrito cinético entre o cilindro e o chão como \mu.

 

Como o centro cilindro está em repouso, vamos aplicar o equilíbrio de forças na vertical e na horizontal. Assim, na vertical e na horizontal respectivamente:

F \sin(\alpha) - mg + N = 0

F_{atrito} - F \cos(\alpha) = 0

Usando que F_{atrito} = \mu N achamos que:

F=\dfrac{\mu mg}{\cos(\alpha)+\mu \sin(\alpha)}

Para a força ser mínima, a expressão \cos(\alpha)+\mu \sin(\alpha) deve ser máxima. Derivando em relação a \alpha e igualando a zero:

-\sin(\alpha) + \mu \cos(\alpha) = 0

\tan(\alpha) = \mu

Podemos substituir de volta para achar a força:

\cos(\alpha)+\mu \sin(\alpha)= \sqrt{1+\tan^2(\alpha)}=\sqrt{1+\mu^2}

F=\dfrac{\mu mg}{\sqrt{1+\mu^2}}

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Gabarito

\tan(\alpha) = \mu

F=\dfrac{\mu mg}{\sqrt{1+\mu^2}}

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Avançado

Assunto abordado

Hidrodinâmica com viscosidade

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Solução

a) Como o escoamento é estacionário, temos que \dfrac{\partial \vec{v}}{\partial t}=0. Uma vez que o número de Reynolds também é baixo, podemos ignorar o termo \vec{v} \cdot \nabla \vec{v}, que é quadrático em \vec{v}. Formalmente, podemos dizer que a razão entre esse termo e o resto da equação de Navier-Stokes é da ordem do número de Reynolds, que é pequeno por hipótese (basta dizer que v é da ordem de u e as coordenadas que aparecem nos denominadores das derivadas são da ordem de R que isso fica claro). Esse regime de escoamento se chama regime de Stokes, e é caracterizado pelo que resta da equação de Navier-Stokes:

\nabla P = \eta \nabla^2 \vec{v}

No que segue, seja v_{r}(r,z) a velocidade radial e v_{z}(r,z) a velocidade perpendicular aos discos

Por simetria, o escoamento é cilindricamente simétrico, e uma vez que h << R, a velocidade radial é bem maior que a vertical. Mais ainda, como a condição de contorno nos discos é velocidade radial nula (devido à viscosidade), a velocidade radial deve variar bruscamente ao longo da distância h. Matematicamente:

\dfrac{\partial v_{r}}{\partial z} >>\dfrac{\partial v_{r}}{\partial r}

Assim, podemos ignorar tanto as derivadas de v_{z} quanto as de v_{r} em relação a r:

\dfrac{\partial P}{\partial r} = \eta \dfrac{\partial^2 v_{r}}{\partial z^2}

Note que a pressão é constante na direção z exatamente porque v_{z} não contribui na conta. Agora, como o lado esquerdo da equação acima não depende de z, podemos integrar duas vezes:

v_{r} = \dfrac{1}{2 \eta} \dfrac{\partial P}{\partial r} z^2 + C_{1} z + C_{2}

Como as condições de contorno exigem que v_{r}(r,0)=v_{r}(r,h)=0, as constantes de integração são tais que:

v_{r}(r,z) = \dfrac{1}{2 \eta} \dfrac{\partial P(r)}{\partial r} z(z-h)

Agora vamos precisar da equação da continuidade:

\dfrac{1}{r} \dfrac{\partial (rv_{r})}{\partial r} + \dfrac{\partial v_{z}}{\partial z}=0

Integrando os tudo em relação a z entre 0 e h (e já substituindo a expressão para v_{r} que achamos):

u = \dfrac{1}{r} \dfrac{d}{d r} \displaystyle{\int \limits_{0}^{h} r \left (\dfrac{1}{2 \eta} \dfrac{\partial P(r)}{\partial r} z(z-h) \right ) dz}

u=-\dfrac{h^{3}}{12 \eta r} \dfrac{d}{d r} \left(r \dfrac{\partial P(r)}{\partial r} \right)

Agora podemos integrar em relação a r e obter:

P(r) = P_{0} + \dfrac{3 \eta u}{h^{3}} (R^2 - r^2)

Naturalmente, P_{0} é a constante de integração que corresponde a pressão imediatamente fora do disco, e essa solução é inválida para r>R. Para achar a força total, só resta integrar a pressão em toda a área do disco:

F=\dfrac{3 \eta u}{h^{3}}\displaystyle{\int \limits_{0}^{R} (R^2 - r^2) 2 \pi r dr}

F=\dfrac{3 \pi \eta u R^{4}}{2 h^{3}}

b) Embora a equação de Bernoulli não seja válida na presença de viscosidade, o jato que sairá desse furo é puramente vertical, e como v_{z} é pequeno, as forças viscosas presentes na origem do jato (i.e, imediatamente antes dele sair pelo furo) são desprezíveis; além do mais, o fluido parte do repouso, já que v_{z}(0,0)=0. Então, por Bernoulli:

\dfrac{\rho V^2}{2} + P_{0} = P_{0} + \dfrac{3 \eta u}{h^{3}} R^2

V=\sqrt{\dfrac{6 \eta u R^2}{\rho h^{3}}}

Como queríamos demonstrar.

c) É fácil ver que lente formada será convergente, e portanto para a imagem ser invertida basta o objeto estar a uma distância maior que f da lente, em que f é a distância focal. Como a lente é plano-convexa, a equação dos fabricantes diz:

f=\dfrac{R}{n-1}

Com isso, basta calcular o raio de curvatura da superfície da água. Seja s o raio da região circular em que a água faz contato com o vidro. Como o ângulo de contato pode não ser reto, s é em regra diferente do R que procuramos, mas um simples triângulo retângulo fornece a relação s = R \sin \theta. Então, o volume de água é simplesmente o volume da calota esférica de raio R e raio do corte R \sin \theta, o que nos permite escrever R em função do nosso V:

V=\dfrac{\pi (R-s)}{6} (3s^2 + (R-s)^2)

V=\dfrac{\pi R^{3}}{6} (1-\sin \theta)(4\sin^2 \theta - 2 \sin \theta +1)

Chamando a parte que depende do ângulo de g(\theta)=(1-\sin \theta)(4\sin^2 \theta - 2 \sin \theta +1):

R=\left( \dfrac{6V}{\pi g(\theta)} \right)^{1/3}

Assim a distância do objeto à gota para que sua imagem seja invertida é tal que:

p>\dfrac{1}{n-1} \left( \dfrac{6V}{\pi g(\theta)} \right)^{1/3}

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Gabarito

a) F=\dfrac{3 \pi \eta u R^{4}}{2 h^{3}}

b) Demonstração

c) p>\dfrac{1}{n-1} \left( \dfrac{6V}{\pi g(\theta)} \right)^{1/3}

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