Aula 1 - Conceito de Geografia da População

Escrito por Alícia Flaibam

 

Demografia.

A demografia, conhecida também como Geografia da População, estuda as características da população humana e sua dinâmica, como o crescimento vegetativo, crescimento demográfico, migrações e a parte social e econômica de um local. Analisar, por exemplo, a concentração de uma faixa etária em um determinado país pode ajudar nas ações do governo para trazer maiores benefícios àquela taxa de pessoas.

Populoso e povoado.

O conceito de populoso se refere a população absoluta, ou seja, a quantidade de habitantes em uma determinada região, país ou continente. Já povoado é a quantidade de pessoas por quilômetro quadrado (km²), também chamada de população relativa e de densidade demográfica. Um país ser povoado não implica que necessariamente é populoso, nem vice-versa.

Por exemplo, vendo as informações acima, é possível observar que a China é um país populoso, pois tem 1.250 milhões de habitantes, e também é povoado, porque sua população relativa é de 135 hab / km². Porém, Bangladesh é mais povoado do que a China (possui 966 hab / km²) e ao mesmo tempo é menos populoso, já que sua
quantidade de habitantes é menor que a chinesa.

Explosão demográfica.

A explosão demográfica é um um crescimento acelerado e alto da população em um determinado local, e pode ocorrer por diversos motivos.

Após a Revolução Industrial, no final do século XVIII, houve um crescimento no número de pessoas no mundo e aumento da expectativa de vida, por conta dos avanços tecnológicos da época. Entretanto, doenças ainda persistiam.

A partir do fim da Segunda Guerra Mundial, especificamente entre 1950 e 1970, aconteceu uma explosão demográfica, com um elevado crescimento observado em todo o mundo, principalmente em países subdesenvolvidos, que conseguiram controlar doenças com os avanços na medicina, como vacinas e antibióticos. O crescimento foi tão grande que, no final do século XX, existiu uma diferença de aproximadamente 4,5 bilhões de pessoas em relação ao início do mesmo século.

Taxa de natalidade.

A taxa de natalidade se refere ao número de nascimentos a cada 1000 habitantes, normalmente no período de um ano. Ela é expressa em porcentagem (%) e pode ser escrita como a seguinte equação:

(número de nascimentos x 1000)/população total = taxa de natalidade.

Taxa de fecundidade.

Taxa de fecundidade se resume a quantidade filhos que, em média, uma mulher têm durante sua idade reprodutiva.

No Brasil, essa idade é dos 15 aos 49 anos.

Para que haja a reposição populacional, ou seja, nenhum aumento ou diminuição no número de habitantes de um local, a média de fecundidade deveria ser de 2,1, para que os filhos substituíssem os pais e mais o acréscimo de 0,1 para compensação das pessoas que morrem antes da idade reprodutiva.

Razões para a atual taxa de natalidade e fecundidade em diversas regiões do mundo.

O aumento ou queda da taxa de natalidade de um local implica na diminuição ou acréscimo da taxa de fecundidade, e vice-versa, já que os motivos para ambas as taxas são iguais.

É possível observar pelos mapas acima que os países mais desenvolvidos, como os da Europa, têm menores números de nascimentos e um menor índice de fecundidade. Isso ocorre porque a maioria da população vive em cidades, o que gera um maior custo de vida para a criação de um filho, o uso de métodos contraceptivos é mais conhecido, as crenças religiosas que não recomendavam a utilização deles foram deixadas de lado e as mulheres se inseriram mais no mercado de trabalho.
Já em países mais pobres, concentrados principalmente na África, ambas as taxas são altas por conta da necessidade de mais filhos para ajudarem na renda familiar, uma boa quantia de pessoas vivem em áreas rurais, que geram menos custos, e métodos contraceptivos tão têm tanta popularização.

Taxa de mortalidade.

A taxa de mortalidade é o número de óbitos a cada 1000 habitantes, geralmente em um ano.

Também é expressa em porcentagem (%), como a taxa de natalidade, e pode ser escrita da seguinte maneira:

(número de mortes x 1000)/população total = taxa de mortalidade.

Taxa de migração ou saldo migratório.

A taxa de migração ou saldo migratório é formado pela quantidade de imigrantes (pessoas que entram em um país) e de emigrantes (pessoas que saem de um país), sendo positivo quando o número de imigrantes é maior que o de emigrantes, e negativo caso contrário.

Os motivos que incentivam a imigração ou emigração serão abordados na aula específica sobre migrações.

Crescimento vegetativo ou natural.

A diferença entre a taxa de natalidade e a taxa de mortalidade constitui o crescimento vegetativo / natural. Quando essa diferença é positiva, ou seja, a taxa de natalidade tem valor superior à de mortalidade, é dito que o crescimento vegetativo é positivo e que a população aumenta. Quando é negativa, o contrário ocorre, portanto o crescimento natural é negativo e a população diminui. Também há a possibilidade desse crescimento ser nulo.

Assim como ocorre na taxa de fecundidade e natalidade, o crescimento vegetativo é menor em países desenvolvidos, por conta da baixa quantia de nascimentos. Com isso, há o envelhecimento populacional, onde existe um grande número de pessoas idosas e um declínio no de pessoas jovens. Nos países subdesenvolvidos, o crescimento natural é maior, por conta de suas altas taxas de fecundidade e natalidade.

Veja que a taxa de mortalidade não possui muita influência no crescimento vegetativo, pois países em bom estado econômico, por exemplo, têm um menor número de mortes, já que os indivíduos possuem maior acesso a medicamentos, vacinas e atendimentos médicos, uma boa qualidade de vida e saneamento básico adequado, e mesmo assim acabam tendo um crescimento natural menor.

Resumidamente:
crescimento vegetativo / natural / absoluto = taxa de natalidade - taxa de mortalidade.

Crescimento populacional ou demográfico.

O crescimento populacional / demográfico é obtido pela junção entre o crescimento vegetativo e o saldo migratório. Normalmente, a taxa migratória causa pouca interferência no total da população, porém, em locais com conflitos armados, esse saldo pode modificar a população.

Mortalidade infantil e mortalidade materna.

Segundo o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), a quantidade de crianças que morrem até os 5 anos de idade, a cada 1000 nascimentos, compõem os casos de mortalidade infantil. Os fatores que ocasionam nesse acontecimento são: desnutrição, infecções respiratórias, doenças / infecções causadas por bactérias, saneamento básico precário, que contamina água e alimentos, e complicações no parto.

Mais uma vez, países pobres têm uma maior taxa de mortalidade infantil, assim como de mortalidade materna, que é formada pelo número de óbitos de mulheres gestantes e puérperas. Suas causas são síndromes hipertensivas, hemorragias graves, infecções, complicações no parto e abortos inseguros.

Expectativa de vida.

A expectativa de vida / esperança de vida / longevidade é o número médio de anos que é esperado que uma pessoa viva, tendo suas condições iguais a de seu nascimento.

A longevidade envolve saneamento básico, saúde, acesso a medicamentos, vacinas e tratamento e atendimento médico, educação, presença de guerras ou conflitos, índices de violência e segurança.

Com isso, há a desigualdade, novamente, entre países desenvolvidos e subdesenvolvidos, além da entre homens e mulheres, sendo que mulheres possuem maiores índices de expectativa de vida por fatores como genética, maior procura de tratamento médico, característica dos hormônios e por homens normalmente realizarem trabalhos mais pesados e perigosos, causando mais acidentes.

Teoria de Malthus.

A Teoria de Thomas Malthus defende que a população cresceria em progressão geométrica (2, 4, 8, 16, 32, …) enquanto a produção de alimentos teria uma progressão aritmética (1, 2, 3, 4, 5, …), portanto não seria possível ter uma quantia de alimentos suficiente para todas pessoas.

Por conta disso, Malthus dizia que guerras e doenças deveriam conter o crescimento populacional, para não existir desequilíbrio, e que nem todos deveriam ser prósperos, pois dessa maneira seria provocado um aumento na população que não teria como ser acompanhado pela produção de alimentos.

População Economicamente Ativa.

Todas as pessoas que estão no mercado de trabalho ou procuram se inserir nele fazem parte da População Economicamente Ativa (PEA). No Brasil, fazem parte todos os indivíduos de 15 a 65 anos. Quem possui menos de 15 anos ou mais de 65, donas de casa, entre outros, compõem a População Economicamente Inativa.

IDH.

O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) é utilizado para medir o grau de desenvolvimento dos países, tendo como parâmetros a educação, saúde e renda. Essa escala varia de 0 a 1, sendo 0 o menor grau de educação, saúde e renda, e 1 sendo o maior.

  • Educação: se refere à média de quantos anos uma pessoa estuda.
  • Saúde: leva em conta a expectativa de vida da população.
  • Renda: é determinado pelo Produto Interno Bruto (PIB), que é a riqueza produzida por um país em um ano dividida pelo número de habitantes.

Observe abaixo o IDH de todos os países do mundo:

Índice de Gini ou Coeficiente de Gini.

O índice / coeficiente de Gini mede a desigualdade de renda de um país em uma escala de 0 a 1, sendo que quanto mais próximo de 1, mais desigual um país é.

No mapa acima pode ser analisado o índice de Gini dos países. Nesse caso, a escala utilizada é de 0 a 100 (por mais que o maior número seja 65), que é outra forma de apresentar o coeficiente.

Pirâmides etárias.

As pirâmides etárias são formas gráficas de representar a população de um local, que é dividida em faixas etárias.

Pelas 6 pirâmides acima, é possível perceber que países mais desenvolvidos, como a Itália e Noruega, possuem uma base mais estreita, com pouca população jovem, e um topo levemente mais largo, indicando o envelhecimento da população.

Em países em desenvolvimento, como Brasil e Colômbia, há um processo de estreitamente da base, ou seja, uma diminuição nas taxas de natalidade e fecundidade, e um aumento na região central e do topo da pirâmide, o que indica que esses países caminham para um processo de envelhecimento populacional, com um aumento da expectativa de vida.

Já em países subdesenvolvidos, tendo como exemplos a Nigéria e a Angola, as bases são largas, com predomínio de população jovem, e um centro e topo pequenos, indicando que a maior parte da população que nasce não chega a uma idade avançada.

As causas e razões para que cada pirâmide seja do jeito que é atualmente podem ser vistas nos tópicos anteriores, como taxas de natalidade, fecundidade, mortalidade, mortalidade infantil e materna e expectativa de vida.

 

Parabéns por ter chego ao final dessa aula, que foi bem extensa, com 17 tópicos! Esperamos que tenha adquirido bastante conhecimento com todo seu esforço.