Escrito por Gabriel Volpato Lima
Nesta segunda aula sobre a estrutura da população, você estudará a distribuição da população de acordo com os setores de atividades econômica
A configuração da PEA segundo os níveis de desenvolvimento dos países
A configuração da População Economicamente Ativa (PEA) varia de acordo com os níveis de desenvolvimento dos países. Nos países desenvolvidos e subdesenvolvidos, a distribuição da PEA pelos setores de produção apresenta diferenças significativas, que estão diretamente relacionadas ao nível de desenvolvimento de cada país.
As mudanças nos setores produtivos resultaram na emergência de um novo tipo de trabalhador: o trabalhador agrícola. Este é um indivíduo que reside na cidade, mas se desloca diariamente para a zona rural para realizar atividades relacionadas à agricultura.
Existem vários fatores que provocam alterações na distribuição da PEA de um país. A industrialização é um desses fatores, pois estimula a mobilidade da força de trabalho para os setores secundário e terciário, devido à sua capacidade de gerar novos empregos e provocar um crescimento acentuado das cidades.
A urbanização, que está intimamente ligada à industrialização, é outro fator importante. Este processo se manifesta, entre outros aspectos, através da migração rural-urbana. Com isso, há um aumento da população urbana que impulsiona o crescimento do setor terciário (transportes, comércio, bancos, escolas, hospitais, clínicas médicas, saneamento básico, etc.), ampliando o mercado de trabalho.
Por fim, a modernização do setor primário, que decorre da mecanização da agricultura e das mudanças nas relações de trabalho no campo, também contribui para a alteração na distribuição da PEA. Estes fatores contribuíram para a redução da força de trabalho rural e estimularam a migração desta força de trabalho para a cidade.
A interpretação dessas informações permite inferir sobre algumas características que marcam a estrutura da população por setores de atividade econômica em países desenvolvidos e subdesenvolvidos. As disparidades entre os percentuais da População Economicamente Ativa (PEA) por atividades econômicas são evidentes, indicando diferenças estruturais nos setores produtivos.
Nos países desenvolvidos, o setor primário absorve o menor contingente de trabalhadores. No entanto, isso não significa que o setor é frágil. Ao contrário, esse reduzido percentual de pessoas desenvolvendo atividades agrícolas, pecuárias ou extrativas decorre do alto nível de desenvolvimento científico tecnológico que permitiu avançada racionalização do setor, incluindo acentuada mecanização e industrialização da agricultura. Os elevados investimentos em ciência e tecnologia também respondem pela distribuição da PEA entre os setores terciário e secundário.
O setor terciário, que mais emprega pessoas, ampliou e diversificou seu raio de atividades, propiciando o surgimento de muitos e novos postos de trabalho. No entanto, esses postos de trabalho são cada vez mais exigentes em termos de conhecimento, portanto, de qualificação da mão-de-obra. Em geral, as pessoas que trabalham nesse setor são especializadas e possuem curso de nível superior. O setor secundário, situado em uma faixa intermediária quanto ao número de pessoas que emprega, apresenta tendência à redução dos postos de trabalho, em virtude da crescente implementação de máquinas e robôs no processo produtivo.
Entre os países subdesenvolvidos, é preciso considerar as disparidades socioeconômicas existentes. Assim, é comum classificá-los em subdesenvolvidos e subdesenvolvidos industrializados, que constituem o grupo de países que experimentaram significativo processo de industrialização e urbanização após a II Guerra Mundial. No entanto, é reconhecível a heterogeneidade mesmo nesses subgrupos.
Os países subdesenvolvidos, em geral, possuem uma economia baseada no setor primário, especialmente na agricultura. São atividades que, em geral, apresentam baixa produtividade por trabalhador e, em consequência, requisitam um grande contingente de mão-de-obra. Essa característica se traduz no elevadíssimo percentual da PEA ocupada no setor primário. Como a indústria é limitada, geralmente produz apenas bens de consumo imediato como alimentos, sapatos, vestuário etc., o percentual de trabalhadores do setor secundário é pouco expressivo. Já o setor terciário emprega um maior número de pessoas que o secundário, todavia predomina a prestação de serviços básicos, que, em geral, funcionam de maneira precária e ineficiente.
Nos países subdesenvolvidos industrializados, apesar da persistência de alguns problemas socioeconômicos como a concentração de renda e de terras, a pobreza, a dependência tecnológica, entre outros, é reconhecível que a industrialização e a urbanização impulsionaram a dinâmica urbana e influenciaram a modernização do setor primário em algumas áreas.
Esses processos de industrialização e urbanização têm um impacto significativo na distribuição da população por setores de atividades econômicas. Nesses países, essa distribuição assume uma condição intermediária entre a situação delineada nos países desenvolvidos e nos subdesenvolvidos.
Isso significa que, embora ainda enfrentem desafios socioeconômicos significativos, esses países subdesenvolvidos industrializados estão passando por transformações que estão mudando a estrutura de sua População Economicamente Ativa (PEA). Essas mudanças estão criando uma distribuição de trabalhadores entre os setores primário, secundário e terciário que é mais equilibrada do que nos países subdesenvolvidos, mas ainda não tão diversificada quanto nos países desenvolvidos.
As atividades econômicas e o local de produção
Até recentemente, as atividades econômicas eram comumente classificadas de acordo com o local de produção. A indústria e a construção civil, segmentos do setor secundário, bem como o comércio, serviços e administração pública, segmentos do setor terciário, eram considerados atividades urbanas. Por outro lado, a agricultura, pecuária e extrativismo, segmentos do setor primário, eram identificados como atividades rurais.
No entanto, essa visão foi alterada no contexto da modernização dos sistemas de transporte e de comunicação, que marcaram as duas últimas décadas do século XX. Essas mudanças ampliaram as possibilidades de industrialização e oferta de serviços no campo.
Um exemplo disso são as agroindústrias e as indústrias extrativo-minerais, que se destacam como referências de como o desenvolvimento tecnológico permitiu a inserção da industrialização no ambiente de produção rural. Esses segmentos produtivos são emblemáticos da associação entre os setores econômicos, pois seu funcionamento envolve tanto a produção da matéria-prima (primário), quanto a transformação em bens de consumo ou de produção (secundário) e a circulação e comercialização de insumos e mercadorias produzidas (terciário).
Nas agroindústrias, por exemplo, já é maior o número de pessoas que exercem atividades ligadas à operacionalização e manutenção de máquinas, planejamento de estratégias de venda e marketing, administração e informatização da empresa do que aquelas que lidam diretamente com a preparação e cultivo do solo e colheita da produção. Ou seja, na agroindústria, o número de postos de trabalho gerado pelas atividades típicas do setor primário é menor do que aqueles vinculados aos setores industrial e de serviços. Isso ilustra a complexidade e a interconexão dos setores econômicos na economia moderna.