Soluções Linguística - Semana 06

INICIANTE

Para começar, temos que obter o máximo de dados possíveis pelas frases dadas no enunciado. Observando os padrões, podemos perceber que a palavra “bayi” aparece em quase todas as frases, às vezes no começo e às vezes no meio. A única frase em que ela não aparece é “eu retornei”: uma frase bem curta, sem objeto. Então, devemos encarar essa palavra como algo gramatical.

Por repetição, temos:

Buran = viu

Nada = eu

Numa = pai

Yara (ngu) = homem

Ñalnga (ngu)= garoto

Vendo que os verbos ficam no final da frase em dyirbal, temos:

Ñinañu= sentou

Ñiman= pegou

Baniñu= veio

Banagañu= retornou

Walmbin= acordou

 

E, o que sobrou:

Yuri = canguru

Ninda = você

Bangul=???

 

Podemos perceber que há a adição de um sufixo “ngu” nas frases 2 e 6. Nos dois casos, as duas palavras (“yara” e “ñalnga”) são sujeitos da frase. Elas também estão precedidas pela palavra “bangul”, que, pelo que podemos concluir, não há significado, provavelmente é algum elemento gramatical. Mas se olharmos para as outras frases, perceberemos

Dessa forma, podemos concluir que a estrutura da frase pode mudar dependendo dos elementos escritos.

Temos as seguintes estruturas:

- Quando o sujeito é algum pronome reto:

Sujeito + bayi* + objeto* + verbo

*Retira se não tiver objeto

- Quando o sujeito é um substantivo:

Com objeto:

Bayi + Objeto + Bangul + Sujeito (ngu) + Verbo

Sem objeto:

Bayi + Sujeito + Verbo

 

Outra forma de dizer o uso do “bayi” e do “bangul” é:

- Bayi: usado antes do sujeito de verbos intransitivos e antes do objeto de verbos transitivos

- Bangul: usado antes do sujeito de verbos transitivos.

 

Assim, já respondemos o item A e podemos ir para o próximo.

O item B é simples. Olhando para os dados obtidos, podemos responde-lo rapidamente:

“bayi” é um elemento gramatical, “ñalnga” é “garoto” e “banagañu” “retornou”, então:

Bayi ñalnga banagañu =  O garoto retornou

“Yara” é homem (na posição de objeto), “bangul” é gramatical, “yuri” é “canguru” (na posição de sujeito) e “walmbin” é “acordou”, então:

Bayi yara bangul yuringu walmbin = O canguru acordou o homem

“ninda” é “você”, “yuri” “canguru” e “buran” é viu, logo:

Ninda bayi yuri buran = Você viu o canguru

 

Agora, indo para o item C:

A primeira e a segunda frase irão usar a primeira estrutura achada no item A.

Você sentou = nada ñinanu

Eu peguei o canguru = nada bayi yuri ñiman

Já a terceira irá usar a segunda estrutura:

O pai acordou o homem= bayi yara bangul numangu walmbin

 

INTERMEDIÁRIO

Podemos perceber, olhando para as traduções, que essa questão irá explorar a mudança de pronomes retos no sujeito. Também há a mudança de frase afirmativa para frase negativa (observando as frases em kayapo, dá para perceber que há uma mudança de estrutura entre esses dois tipos de frase).

Organizaremos nossos dados em dois grupos: positivo e negativo; Dentro de cada grupo, colocaremos as frases em ordem de sujeito: eu, você, nós, vocês

 

Positivas:

Ba rê Eu estou nadando
Ga iku Você está me devorando
Ba mẽ mẽ anhê Nós estamos decorando vocês
Ga mẽ to Vocês estão dançando

 

Negativas:

Ije mẽ akuru kêt Eu não estou devorando vocês
Atoro kêt Você não está dançando
Mẽ irêrê kêt Nós não estamos nadando
Mẽ aje inhêrê kêt Vocês não estão me decorando

 

 

Comparando as frases com os mesmos verbos (negativo e positivo), notaremos que não existem palavras exatamente iguais e sim palavras parecidas: são adicionadas letras no começo e/ou no final do radical dependo da frase. Para analisarmos isso com mais atenção, precisamos primeiro separar os radicais:

Rê= nadando

Ku= devorando

Nhê= decorando

To= dançando

 

A primeira e a últimas sentenças do grupo positivo são as únicas que não possuem objeto desse grupo. Se observarmos, também são as únicas que o verbo é o próprio radical. Dessa forma, podemos dizer que, nas frases positivas, o prefixo do verbo indica o objeto.

 

Se “to” é o verbo de “ga mẽ to” e “rê” é de “ba rê”, logo “ga mẽ” é “vocês” e “ba” é “eu”. Se seguirmos essa lógica, “ga” é “você” e “ba mẽ” é “nós”. Ou seja, para indicar plural do pronome, adiciona-se “mẽ”.

 

Sabemos que o prefixo do verbo indica o objeto. Temos que o objeto da frase “ba mẽ mẽ anhê” é “vocês” (é plural) e que aparece dois “mẽ”. Logo, podemos dizer que o primeiro é para o sujeito e o segundo para o objeto.

Ainda não sabemos qual a letra do prefixo que indica “você” e “eu”, mas podemos dar um palpite observando as duas frases positivas que possuem objeto: “i” para “eu” e “a” para “você” (precedido de “mẽ” quando for plural).

 

Por enquanto, deixaremos assim e partiremos para as frases negativas. Podemos perceber que há uma mudança de estrutura.

Todas terminam com “kêt”, ou seja, isso é algum elemento gramatical que indica que a frase está na negativa.

Todas têm um padrão de sufixo: adicionam “r” e depois repetem no final a última vogal da raiz do verbo.

Algumas começam com os termos “ije” ou “aje” que é a mesma variação dos verbos, ou seja, podemos dizer que é algo relacionado com os pronomes. Sabemos o que indica plural e, se olharmos na última frase, temos “Mẽ aje inhêrê” sendo o sujeito “vocês” e o objeto “eu”. Nesse caso, a flexão para o plural está perto do “a” e o sujeito está no plural, ou seja, confirmamos que “a” é para “você” e “i” para “eu”.

Mas, pelo que descobrimos, o prefixo do verbo, nessa frase, não indica sujeito e sim objeto. Agora, temos que ver as sentenças sem objeto: o sujeito será representado pelo fixo, igual às positivas.

 

Então, temos três estruturas:

> Positivas:

Sujeito + (objeto)verbo

 

> Negativas:

- Sem objeto

(sujeito)verbo(r + última vogal)+ kêt

 

- Com objeto

(sujeito)je + (objeto)verbo(r + última vogal) + kêt

 

Sendo “verbo” a raiz do verbo, “sujeito” e “objeto” entre parênteses as vogais (“i” ou “a”) com “mẽ” se necessário.

Terminando de organizar tudo, podemos ir aos itens.

A frase “aje ikuru kêt” é:

Aje= você (sujeito); i- = eu (objeto); kuru kêt= não devorando; então:

Você não está me devorando

 

Para “ba mẽ aku” teremos um problema: não temos como saber se “mẽ” está se referindo a “ba” ou a “a-“, porém a questão pede para dar todas as traduções possíveis, então é isso que vamos fazer.

Ba mẽ= nós (suj); a- = você (obj) ; ku= devorando

Nós estamos te devorando

Ba= eu (suj); mẽ a- = vocês (obj); ku= devorando

Eu estou devorando vocês

 

Para “irêrê kêt”

i- = eu (suj); rêrê kêt= não nadando

Eu não estou nadando

 

Indo para o item B:

Vocês não estão nos devorando

Vocês (suj)= mẽ aje ; não devorando = -kuru kêt; nós (obj)= mẽ i-

Mẽ aje mẽ ikuru kêt

 

Nós não estamos decorando vocês

Nós (suj)= mẽ ije ; não decorando = nhêrê kêt ; vocês (obj) = mẽ a-

Mẽ ije mẽ anhêrê kêt

 

Nós estamos dançando

Nós (suj)= ba mẽ ; dançando = to

Ba mẽ to

 

Eu estou te devorando

Eu (suj)= ba; você (obj)= a- ; devorando = ku

Ba aku

 

AVANÇADO

Comparando os padrões, obteremos o seguinte resultado:

Comer = itlacual, notlacual

Ver = niquitta, quitta, nechitta

Confundir = nechixcuepa, quixcuepa

Chocolate = xocolatl

Cachorro = itzcuintli

Casa = calli

Mulher = cihuatl

Podemos ver que são adicionados aos verbos os prefixos “niqui”, “nechi”, “i” e “no”. Se prestarmos atenção no contexto da frase, veremos que esses prefixos seguem um padrão que depende do sujeito e do objeto.

Por exemplo, na frase 4 e 7, o sujeito e o objeto são ele/ela e o prefixo no verbo é “qui”. Temos a seguinte tabela:

(V) Obj. / Suj. (>) Eu Ela/ele
Eu ? nechi
Ela/ele niqui qui

 

Os únicos verbos que não seguem esse padrão é “itlacual” e “notlacual”. Também o verbo “nipantlalia” que provavelmente significa “andar a cavalo”.

As frases que possuem lugar (“no topo”, “no campo”, “na água”) apresentam a palavra “ipan” que não aparece em mais nenhuma frase. Dessa forma, podemos dizer que essa palavra mostra o sentido de lugar na sentença.

Vendo a tradução de palavra por palavra na frase 5, perceberemos que “atl” é água. Seguindo isso, temos:

Na água = ipan in atl

No topo da colina = ipan in tepetl

No campo = ipan in milli

Na frase “no topo da colina”, se seguirmos as estruturas das outras, “tepelt” será “colina”, ou seja, “ipan”, além de “em”, também pode significar “em cima de” / “no topo de”.

Agora, tomaremos as frases mais simples: 3, 4 e 7. Olhando só para essas três sentenças, veremos que a ordem é verbo-sujeito-objeto, que possui “in” antes do objeto e no sujeito e que os verbos possuem os prefixos “corretos”. Essa mesma estrutura acontece nas sentenças 5,8 e 9, porém há uma diferença para as duas primeiras: depois de “ipan” (que significa “em” ou “em cima de”) há um substantivo precedido de “in”.

 

Nos voltando para 6: temos que “ipan in tepetl” deve significar “no topo da colina” como já dito antes e também temos “ical in oquichtli” que provavelmente é “a casa do homem”. Podemos ver que “ical” é semelhante a “calli” que é “casa”, então só nos resta dizer que “oquichtli” é “homem”.

Um detalhe é que todos os substantivos, ou a maioria deles, terminam em tl/tli/li e podemos dizer que eles estão na sua forma básica que é a forma que “oquichtli” está diferentemente de “ical” (a forma básica seria “calli”). Assim, podemos concluir que nas frases que existe posse, o que muda é o que é possuído e não quem possui. Iremos explorar isso agora.

De “calli” muda para “ical” e, na frase 9, a palavra “notah” (que seria “meu pai”) parece variar de alguma maneira. Essas duas palavras aparentam usar os mesmos prefixos (“i-” e “no-”) que o verbo “-tlacual” nas frases 1 e 2. Logo, “no-” indica primeira pessoa, seja para quem possui ou sujeito, e “i-” terceira pessoa.

A primeira frase segundo item apresenta a palavra “nopan”, ou seja, o “i” de “ipan” é um prefixo (o que faz sentido, pois “ipan in tepetl” é “no topo da montanha”: indica posse e é na terceira pessoa).

A última frase do segundo item não possui nenhum verbo, como podemos perceber. Então, ela esclarece uma dúvida que tínhamos sobre o verbo “ser/estar” da sentença 7 (que no caso é “ficar”, mas o sentido é o mesmo): não é usada nenhuma palavra para indicar esse verbo.

A primeira sentença no segundo item mostra “tlacualli” que seria a forma básica da palavra “-tlacual”, ou seja, essa palavra seria o substantivo de “comer”, com outras palavras, “tlacualli” significa “comida”.

Aqui terminamos a explicação. Agora só precisamos organizar as informações obtidas para responder os itens.

 

Item A:

A estrutura das frases é verbo-sujeito-objeto (VSO).

Prefixos para o sujeito e o objeto:

- “qu-“ para terceira pessoa como sujeito.

- “ni-“ para primeira pessoa como sujeito.

- “nech” para primeira pessoa como objeto.

- “ni-“ aparece antes de “qu-“

A forma básica de cada substantive termina em:

- “-tl” depois de vogais.

- “-tli” depois de consoantes.

- “-li” depois de “-l”.

Essa forma básica sempre aparece precedida da partícula “in” (não aparece se o substantivo não tiver na forma básica), com exceção das “sentenças iniciais”, como a 1 e a 2.

 

Vocabulário:

Ver = -itta

Confundir = -ixcuepa

Andar a cavalo = -pantlalia

Carne = nacatl

Chocolate = xocolatl

Cachorro = itzcuintli

Casa = calli

Axolotl = axolotl

Água = atl

Homem = oquichtli

Colina = tepetl

Mulher = cihuatl

Campo = milli

Pai = tahtli

Comida = tlacualli

Se o substantivo é possuído, o sufixo “-tl/tli/li” é tirado e é adicionado o prefixo de acordo com quem possui:

- “i-” para terceira pessoa

- “no-” para primeira pessoa

E quem possui vem logo depois do substantivo modificado. Da mesma maneira variam as preposições (“pan” que significa “em/em cima de”).

Não existe palavra para o verbo “estar/ser”.

 

Item B:

Axolotl tlacualli ipan nocal:

Tlacualli = comida / ipan= em / nocal =minha casa / Ø = ser

Na minha casa, axolotl é comida

 

Itzcuintli nopan.

Itzcuintli = cachorro / nopan = em cima de mim / Ø = estar

O cachorro está em cima de mim

 

O pai do meu pai vê o axolotl.

Meu pai= notah = X -> Pai de X = itah X -> Pai do meu pai = itahnotah / vê (3ªP Suj e Obj) = quitta

Quitta itahnotah in axolotl