INICIANTE
Para começar, temos que obter o máximo de dados possíveis pelas frases dadas no enunciado. Observando os padrões, podemos perceber que a palavra “bayi” aparece em quase todas as frases, às vezes no começo e às vezes no meio. A única frase em que ela não aparece é “eu retornei”: uma frase bem curta, sem objeto. Então, devemos encarar essa palavra como algo gramatical.
Por repetição, temos:
Buran = viu
Nada = eu
Numa = pai
Yara (ngu) = homem
Ñalnga (ngu)= garoto
Vendo que os verbos ficam no final da frase em dyirbal, temos:
Ñinañu= sentou
Ñiman= pegou
Baniñu= veio
Banagañu= retornou
Walmbin= acordou
E, o que sobrou:
Yuri = canguru
Ninda = você
Bangul=???
Podemos perceber que há a adição de um sufixo “ngu” nas frases 2 e 6. Nos dois casos, as duas palavras (“yara” e “ñalnga”) são sujeitos da frase. Elas também estão precedidas pela palavra “bangul”, que, pelo que podemos concluir, não há significado, provavelmente é algum elemento gramatical. Mas se olharmos para as outras frases, perceberemos
Dessa forma, podemos concluir que a estrutura da frase pode mudar dependendo dos elementos escritos.
Temos as seguintes estruturas:
- Quando o sujeito é algum pronome reto:
Sujeito + bayi* + objeto* + verbo
*Retira se não tiver objeto
- Quando o sujeito é um substantivo:
Com objeto:
Bayi + Objeto + Bangul + Sujeito (ngu) + Verbo
Sem objeto:
Bayi + Sujeito + Verbo
Outra forma de dizer o uso do “bayi” e do “bangul” é:
- Bayi: usado antes do sujeito de verbos intransitivos e antes do objeto de verbos transitivos
- Bangul: usado antes do sujeito de verbos transitivos.
Assim, já respondemos o item A e podemos ir para o próximo.
O item B é simples. Olhando para os dados obtidos, podemos responde-lo rapidamente:
“bayi” é um elemento gramatical, “ñalnga” é “garoto” e “banagañu” “retornou”, então:
Bayi ñalnga banagañu = O garoto retornou
“Yara” é homem (na posição de objeto), “bangul” é gramatical, “yuri” é “canguru” (na posição de sujeito) e “walmbin” é “acordou”, então:
Bayi yara bangul yuringu walmbin = O canguru acordou o homem
“ninda” é “você”, “yuri” “canguru” e “buran” é viu, logo:
Ninda bayi yuri buran = Você viu o canguru
Agora, indo para o item C:
A primeira e a segunda frase irão usar a primeira estrutura achada no item A.
Você sentou = nada ñinanu
Eu peguei o canguru = nada bayi yuri ñiman
Já a terceira irá usar a segunda estrutura:
O pai acordou o homem= bayi yara bangul numangu walmbin
INTERMEDIÁRIO
Podemos perceber, olhando para as traduções, que essa questão irá explorar a mudança de pronomes retos no sujeito. Também há a mudança de frase afirmativa para frase negativa (observando as frases em kayapo, dá para perceber que há uma mudança de estrutura entre esses dois tipos de frase).
Organizaremos nossos dados em dois grupos: positivo e negativo; Dentro de cada grupo, colocaremos as frases em ordem de sujeito: eu, você, nós, vocês
Positivas:
Ba rê | Eu estou nadando |
Ga iku | Você está me devorando |
Ba mẽ mẽ anhê | Nós estamos decorando vocês |
Ga mẽ to | Vocês estão dançando |
Negativas:
Ije mẽ akuru kêt | Eu não estou devorando vocês |
Atoro kêt | Você não está dançando |
Mẽ irêrê kêt | Nós não estamos nadando |
Mẽ aje inhêrê kêt | Vocês não estão me decorando |
Comparando as frases com os mesmos verbos (negativo e positivo), notaremos que não existem palavras exatamente iguais e sim palavras parecidas: são adicionadas letras no começo e/ou no final do radical dependo da frase. Para analisarmos isso com mais atenção, precisamos primeiro separar os radicais:
Rê= nadando
Ku= devorando
Nhê= decorando
To= dançando
A primeira e a últimas sentenças do grupo positivo são as únicas que não possuem objeto desse grupo. Se observarmos, também são as únicas que o verbo é o próprio radical. Dessa forma, podemos dizer que, nas frases positivas, o prefixo do verbo indica o objeto.
Se “to” é o verbo de “ga mẽ to” e “rê” é de “ba rê”, logo “ga mẽ” é “vocês” e “ba” é “eu”. Se seguirmos essa lógica, “ga” é “você” e “ba mẽ” é “nós”. Ou seja, para indicar plural do pronome, adiciona-se “mẽ”.
Sabemos que o prefixo do verbo indica o objeto. Temos que o objeto da frase “ba mẽ mẽ anhê” é “vocês” (é plural) e que aparece dois “mẽ”. Logo, podemos dizer que o primeiro é para o sujeito e o segundo para o objeto.
Ainda não sabemos qual a letra do prefixo que indica “você” e “eu”, mas podemos dar um palpite observando as duas frases positivas que possuem objeto: “i” para “eu” e “a” para “você” (precedido de “mẽ” quando for plural).
Por enquanto, deixaremos assim e partiremos para as frases negativas. Podemos perceber que há uma mudança de estrutura.
Todas terminam com “kêt”, ou seja, isso é algum elemento gramatical que indica que a frase está na negativa.
Todas têm um padrão de sufixo: adicionam “r” e depois repetem no final a última vogal da raiz do verbo.
Algumas começam com os termos “ije” ou “aje” que é a mesma variação dos verbos, ou seja, podemos dizer que é algo relacionado com os pronomes. Sabemos o que indica plural e, se olharmos na última frase, temos “Mẽ aje inhêrê” sendo o sujeito “vocês” e o objeto “eu”. Nesse caso, a flexão para o plural está perto do “a” e o sujeito está no plural, ou seja, confirmamos que “a” é para “você” e “i” para “eu”.
Mas, pelo que descobrimos, o prefixo do verbo, nessa frase, não indica sujeito e sim objeto. Agora, temos que ver as sentenças sem objeto: o sujeito será representado pelo fixo, igual às positivas.
Então, temos três estruturas:
> Positivas:
Sujeito + (objeto)verbo
> Negativas:
- Sem objeto
(sujeito)verbo(r + última vogal)+ kêt
- Com objeto
(sujeito)je + (objeto)verbo(r + última vogal) + kêt
Sendo “verbo” a raiz do verbo, “sujeito” e “objeto” entre parênteses as vogais (“i” ou “a”) com “mẽ” se necessário.
Terminando de organizar tudo, podemos ir aos itens.
A frase “aje ikuru kêt” é:
Aje= você (sujeito); i- = eu (objeto); kuru kêt= não devorando; então:
Você não está me devorando
Para “ba mẽ aku” teremos um problema: não temos como saber se “mẽ” está se referindo a “ba” ou a “a-“, porém a questão pede para dar todas as traduções possíveis, então é isso que vamos fazer.
Ba mẽ= nós (suj); a- = você (obj) ; ku= devorando
Nós estamos te devorando
Ba= eu (suj); mẽ a- = vocês (obj); ku= devorando
Eu estou devorando vocês
Para “irêrê kêt”
i- = eu (suj); rêrê kêt= não nadando
Eu não estou nadando
Indo para o item B:
Vocês não estão nos devorando
Vocês (suj)= mẽ aje ; não devorando = -kuru kêt; nós (obj)= mẽ i-
Mẽ aje mẽ ikuru kêt
Nós não estamos decorando vocês
Nós (suj)= mẽ ije ; não decorando = nhêrê kêt ; vocês (obj) = mẽ a-
Mẽ ije mẽ anhêrê kêt
Nós estamos dançando
Nós (suj)= ba mẽ ; dançando = to
Ba mẽ to
Eu estou te devorando
Eu (suj)= ba; você (obj)= a- ; devorando = ku
Ba aku
AVANÇADO
Comparando os padrões, obteremos o seguinte resultado:
Comer = itlacual, notlacual
Ver = niquitta, quitta, nechitta
Confundir = nechixcuepa, quixcuepa
Chocolate = xocolatl
Cachorro = itzcuintli
Casa = calli
Mulher = cihuatl
Podemos ver que são adicionados aos verbos os prefixos “niqui”, “nechi”, “i” e “no”. Se prestarmos atenção no contexto da frase, veremos que esses prefixos seguem um padrão que depende do sujeito e do objeto.
Por exemplo, na frase 4 e 7, o sujeito e o objeto são ele/ela e o prefixo no verbo é “qui”. Temos a seguinte tabela:
(V) Obj. / Suj. (>) | Eu | Ela/ele |
Eu | ? | nechi |
Ela/ele | niqui | qui |
Os únicos verbos que não seguem esse padrão é “itlacual” e “notlacual”. Também o verbo “nipantlalia” que provavelmente significa “andar a cavalo”.
As frases que possuem lugar (“no topo”, “no campo”, “na água”) apresentam a palavra “ipan” que não aparece em mais nenhuma frase. Dessa forma, podemos dizer que essa palavra mostra o sentido de lugar na sentença.
Vendo a tradução de palavra por palavra na frase 5, perceberemos que “atl” é água. Seguindo isso, temos:
Na água = ipan in atl
No topo da colina = ipan in tepetl
No campo = ipan in milli
Na frase “no topo da colina”, se seguirmos as estruturas das outras, “tepelt” será “colina”, ou seja, “ipan”, além de “em”, também pode significar “em cima de” / “no topo de”.
Agora, tomaremos as frases mais simples: 3, 4 e 7. Olhando só para essas três sentenças, veremos que a ordem é verbo-sujeito-objeto, que possui “in” antes do objeto e no sujeito e que os verbos possuem os prefixos “corretos”. Essa mesma estrutura acontece nas sentenças 5,8 e 9, porém há uma diferença para as duas primeiras: depois de “ipan” (que significa “em” ou “em cima de”) há um substantivo precedido de “in”.
Nos voltando para 6: temos que “ipan in tepetl” deve significar “no topo da colina” como já dito antes e também temos “ical in oquichtli” que provavelmente é “a casa do homem”. Podemos ver que “ical” é semelhante a “calli” que é “casa”, então só nos resta dizer que “oquichtli” é “homem”.
Um detalhe é que todos os substantivos, ou a maioria deles, terminam em tl/tli/li e podemos dizer que eles estão na sua forma básica que é a forma que “oquichtli” está diferentemente de “ical” (a forma básica seria “calli”). Assim, podemos concluir que nas frases que existe posse, o que muda é o que é possuído e não quem possui. Iremos explorar isso agora.
De “calli” muda para “ical” e, na frase 9, a palavra “notah” (que seria “meu pai”) parece variar de alguma maneira. Essas duas palavras aparentam usar os mesmos prefixos (“i-” e “no-”) que o verbo “-tlacual” nas frases 1 e 2. Logo, “no-” indica primeira pessoa, seja para quem possui ou sujeito, e “i-” terceira pessoa.
A primeira frase segundo item apresenta a palavra “nopan”, ou seja, o “i” de “ipan” é um prefixo (o que faz sentido, pois “ipan in tepetl” é “no topo da montanha”: indica posse e é na terceira pessoa).
A última frase do segundo item não possui nenhum verbo, como podemos perceber. Então, ela esclarece uma dúvida que tínhamos sobre o verbo “ser/estar” da sentença 7 (que no caso é “ficar”, mas o sentido é o mesmo): não é usada nenhuma palavra para indicar esse verbo.
A primeira sentença no segundo item mostra “tlacualli” que seria a forma básica da palavra “-tlacual”, ou seja, essa palavra seria o substantivo de “comer”, com outras palavras, “tlacualli” significa “comida”.
Aqui terminamos a explicação. Agora só precisamos organizar as informações obtidas para responder os itens.
Item A:
A estrutura das frases é verbo-sujeito-objeto (VSO).
Prefixos para o sujeito e o objeto:
- “qu-“ para terceira pessoa como sujeito.
- “ni-“ para primeira pessoa como sujeito.
- “nech” para primeira pessoa como objeto.
- “ni-“ aparece antes de “qu-“
A forma básica de cada substantive termina em:
- “-tl” depois de vogais.
- “-tli” depois de consoantes.
- “-li” depois de “-l”.
Essa forma básica sempre aparece precedida da partícula “in” (não aparece se o substantivo não tiver na forma básica), com exceção das “sentenças iniciais”, como a 1 e a 2.
Vocabulário:
Ver = -itta
Confundir = -ixcuepa
Andar a cavalo = -pantlalia
Carne = nacatl
Chocolate = xocolatl
Cachorro = itzcuintli
Casa = calli
Axolotl = axolotl
Água = atl
Homem = oquichtli
Colina = tepetl
Mulher = cihuatl
Campo = milli
Pai = tahtli
Comida = tlacualli
Se o substantivo é possuído, o sufixo “-tl/tli/li” é tirado e é adicionado o prefixo de acordo com quem possui:
- “i-” para terceira pessoa
- “no-” para primeira pessoa
E quem possui vem logo depois do substantivo modificado. Da mesma maneira variam as preposições (“pan” que significa “em/em cima de”).
Não existe palavra para o verbo “estar/ser”.
Item B:
Axolotl tlacualli ipan nocal:
Tlacualli = comida / ipan= em / nocal =minha casa / Ø = ser
Na minha casa, axolotl é comida
Itzcuintli nopan.
Itzcuintli = cachorro / nopan = em cima de mim / Ø = estar
O cachorro está em cima de mim
O pai do meu pai vê o axolotl.
Meu pai= notah = X -> Pai de X = itah X -> Pai do meu pai = itahnotah / vê (3ªP Suj e Obj) = quitta
Quitta itahnotah in axolotl