INICIANTE
O primeiro detalhe que podemos perceber é que a terceira palavra de cada data é muito semelhante aos meses em português (ou em inglês, para referência). Três das datas contêm "Oktoba", combinando com as três traduções com Outubro (October). Duas outras datas contêm "Aprili", correspondendo a Abril (April), e a data restante contém "Disemba", o equivalente a Dezembro (December). Podemos inferir que os nomes de meses são empréstimos do inglês - mais especificamente do inglês britânico, pois palavras que terminam em "-er" acabam soando como "-aa".
As três datas de outubro são no dia 5, então a segunda palavra das datas em swahili, "tano", equivale ao dia 5, assim como um dos dias da semana em outubro é o quinto dia.
Podemos assumir, com isso, que as datas em swahili seguem o modelo "tarehe (dia) (mês) (dia da semana)". Além disso, os dias da semana seguem o modelo "Juma" + (número), com alguns desses números aparecendo como dias do mês.
Já sabemos, por eliminação, que "tarehe tatu Disemba Jumamosi" é "Sábado, 03 de dezembro". Assim, "tatu" é 3 e "Jumamosi" é "sábado". Assim, "Jumatatu" equivale ao dia que estamos procurando, e é uma de três opções: segunda, quarta ou domingo.
Com as datas de abril, sabemos que "Jumanne" é terça. Entre "nne" e "pili", um vale 4 e o outro vale 2, mas ainda não sabemos qual é qual. A partir daí, podemos fazer uma correspondência, pois "Jumanne" ou é o segundo ou é o quarto dia. Se "Jumanne" for o segundo dia, então "Jumapili", quinta-feira, é o quarto. Porém, quinta-feira não está no corpus, apesar de "Jumapili" estar.
A única saída lógica é que "Jumanne" é o quarto dia, então "nne" vale 4. "Jumapili", o segundo dia, deve ser domingo.
Com isso, temos que:
- "Jumamosi", sábado, é o primeiro dia (mosi = 1)
- "Jumapili", domingo, é o segundo dia (pili = 2)
- "Jumatatu" é o terceiro dia, pois tatu = 3, então é segunda.
- "Jumanne", terça, é o quarto dia (nne = 4)
- "Jumatano", quarta, é o quinto dia (tano = 5)
Por conseguinte, a alternativa correta, que traduz para "terceiro dia" - ou "dia 3" - é a) Segunda.
INTERMEDIÁRIO
Em direção a
Um possível caminho inicial para essa questão é observar a expressão “em direção a” que aparece em algumas frases, pois se destaca das demais construções de posse e parentesco presentes no corpus. Dividamos nossa análise em 2 grupos:
Grupo 1:
an-bertigabir = em direção a meu bode
im-burugabir = em direção a sua filha
inn-i:dkabir = em direção a seu marido
soroskabir = em direção a mulher mal educada
tim-beskabir = em direção ao irmão dele
Grupo 2:
ba:tikir = em direção ao casamento
No grupo 1, temos que todas as expressões em Matokki terminam com g/kabir e essa construção não tem nenhuma outra ocorrência no corpus, marcando então a expressão “em direção a”. Em relação à alternância entre gabir e kabir, é importante notar que g/k é um par de consoantes vozeada/desvozeada, então é provável que esteja ocorrendo um fenômeno fonológico. De fato, ao analisarmos o corpus percebemos um processo de assimilação fonética em que gabir é usado após vogais e kabir após consoantes.
Partindo para o grupo 2, não temos mais a construção g/kabir, e sim um final terminando em tikir ou kir (como “casamento” não tem outra ocorrência, ainda não conseguimos afirmar se o termo em Matokki é ba: ou ba:ti). Isso quer dizer que nossa análise anterior estava completamente errada? Calma!
Observando melhor os dois grupos, percebemos que o grupo 1 aborda seres animados (meu bode, mulher mal educada, etc) e o grupo 2 aborda seres inanimados (casamento), podendo ser esse o motivo de distinção. Mas como podemos confiar em uma hipótese com apenas uma ocorrência? Hora de olhar as perguntas! Em en-jakumkir, percebemos pelo corpus que jakum significa bochecha, um substantivo inanimado, o que justifica o uso de kir e não de kabir - e agora também sabemos que a construção para substantivos inanimados é kir e casamento é ba:ti.
Relações de posse
Separamos abaixo as frases contendo relações de posse de acordo com o possuidor. A partir daqui, percebemos que a posse é marcada por prefixos que antecedem o hífen, e como já identificamos como é feita a construção “em direção a”, já podemos mapear todos os substantivos presentes no corpus (deixo essa tarefa para o leitor!)
1ª pessoa do singular
an-bertigabir = em direção a meu bode
an-kegid = minha tia
an-jakum = minha bochecha
ann-issi = minha irmã
2ª pessoa do singular
en-iskarti = seu convidado
im-burugabir = em direção a sua filha
inn-a:w = sua avó
inn-i:dkabir = em direção ao seu marido
3ª pessoa do singular
ten-u:l = fio dele
tim-beskabir = em direção ao irmão dele
tin-gi = tio dele
Analisando as construções ann- e inn-, percebemos que a duplicação do n não tem relação com a qualidade da posse (parente ou não, seres animados x inanimados, etc), parecendo ser originada pela presença de vogal iniciando a sílaba que a segue. Da mesma forma, a diferenciação de n para m nas construções im-, tim- e am- (a última presente nas perguntas) parecem ser movidas pela presença do b que as precede, um fenômeno fonológico bem condizente devido ao m e o b serem ambas consoantes bilabiais. No entanto, existem expressões Matokki que não seguem essas regra. Separemos então as frases em dois grupos:
Grupo A - m antes de b, n duplicado antes de vogal
ann-issi minha irmã
inn-a:w sua avó
inn-i:dkabir em direção ao seu marido
im-burugabir em direção a sua filha
tim-beskabir em direção ao irmão dele
am-besburu (minha sobrinha)*
*Aqui precisamos inverter um pouco a ordem das coisas e já partir para a resolução das perguntas, em que percebemos que besburu = bes (irmão) + buru (filha) = sobrinha.
Grupo B - n antes de b, n não duplicado antes de vogal
an-bertigabir em direção a meu bode
en-iskarti seu convidado
ten-u:l fio dele
Aqui, nos parece que o único fator que distingue o dois grupos é que o grupo A aborda parentes, enquanto o grupo B aborda outras coisas (bode, convidado, fio). Será que o restante do corpus reforça essa hipótese?
Nas posses de segunda e terceira pessoas, percebemos que os únicos elementos que não seguem o padrão in- (im, inn) de segunda pessoa e tin (tim, tinn) de terceira pessoa são aqueles cuja posse não é um parente (seu convidado = en-iskarti, fio dele = ten-u:l). A partir dessa análise, e levando em consideração o número expressivo de parentes utilizados pela questão (eles provavelmente foram colocados ali por algum motivo!) e a importância observada anteriormente na distinção entre diferentes classes de substantivo, a hipótese de que os fenômenos fonológicos analisados só se aplicam a relações de posse envolvendo parentes é sólida.
Podemos finalmente montar uma tabela esquematizando as relações de posse:
Respostas
am-besburu = minha sobrinha
an-gigabir = em direção ao meu tio
en-jakumkir = em direção à sua bochecha
tinn-issigabir = em direção à irmã dele
ten-soros = mulher mal educada dele
ann-e:n = minha esposa
en-ba:ti = seu casamento
u:lkir = em direção ao fio
in-kegid = sua tia
an-egedkabir = em direção a minha ovelha
AVANÇADO
RESOLUÇÃO UMBU-UNGU
Para resolver esse problema é necessário lembrar que: Sistemas de Numeração possuem bases específicas e nem todos utilizam a base 10 como o português, sendo assim o corpus deve ser analisado para que a base numérica seja encontrada e qualquer número possa ser expressado. Além disso, suposições devem ser feitas para que ocorra a resolução. Lembrando que este é um problema da IOL, então é necessário suposições e conhecimentos avançados de estrutura que só são conseguidos após a resolução de diversos problemas.
Analisando o corpus é possível destacar 3 elementos:
1- A presença do -nga em todos os números exceto 20,40 e 48
2- Números de 35 para cima começando com
3- A expressão do número 20 ser apenas
Os elementos 1 e 3 podem nos levar a supor a base para que possamos avançar no problema, como o máximo divisor comum entre esses números é 4, podemos supor que a base ou a “sub-base” seja 4
Porém ao testar tal hipótese encontramos uma inconsistência:
21 tokapunga telu -> 20 + 1, porém 20 é supu e não , o que nos leva a pensar que ou -nga não indica a soma do o múltiplo antecessor com a diferença entre os dois e sim alguma outra operação ou que a suposição como um todo esteja incorreta.
Pensando na operação que -nga indica, pode-se pensar que o sufixo indica o múltiplo de 4 sucessor subtraído de 1,2 ou 3, como:
15 malapunga yepoko : 16 - 1,
21 tokapunga telu: 24 - 3, porém como no enunciado é dito que telu<yepoko a lógica deve ser alterada, pensaremos que é indicado: o múltiplo sucessor somado com o resto da diferença do número por 4, usaremos o símbolo # para indicar a operação:
10 - rureponga talu : 12#2 -> rurepo :12 / talu: 2
15 - malapunga yepoko: 16#3 -> malapu: 16 / yepoko: 3
21 - tokapunga telu: 24#1 -> tokapu: 24 / telu: 1
27 - alapunga yepoko 28#3 -> alapu: 28
30 - polangipunga talu: 30#2 -> polangipu: 32
Como foi possível observar existem palavras específicas para os múltiplos de 4 até 32 e os restos possíveis da divisão por 4. A limitação até 32 explica o porquê do elemento 2 citado a cima, o sistema de numeração possui 2 referências 4 e 24.
Os números 40 e 48 podem dizer como são expressos os números acima do 32:
40 - tokapu malapu: 24 + 16
48 - tokapu talu: 24 x 2
Ou seja
Tokapu X:
Com X = 1, 2 ou 3 -> 24 multiplicado por X
Com X = 9 a 32 -> 24 + X
35 tokapu rureponga yepoko -> 24 + 12#3
50 tokapu alapunga talu -> 24 + 28#2
69 tokapu talu tokapunga telu -> 24x2 + 24#1
79 tokapu talu polangipunga yepoko -> 24x2 + 32#3
97 tokapu yepoko alapunga telu -> 24x3 + 28#1
Como as hipóteses foram confirmadas sem qualquer tipo de exceção, podemos partir para os itens:
a) Escreva usando numerais:
tokapu polangipu = 24 + 32 = 56
tokapu talu rureponga telu = 24 × 2 + 12#3 = 57
tokapu yepoko malapunga talu = 24 × 3 + 16#2 = 86
tokapu yepoko polangipunga telu = 24 × 3 + 32#1 = 101
b) Escreva em umbu-ungu:
13 = 16#1 = malapunga telu
66 = 24 × 2 + 20#2 = tokapu talu supunga talu
72 = 24 × 3 = tokapu yepoko
76 = 24 × 2 + 28 = tokapu talu alapu
95 = 24 × 3 + 24#3 = tokapu yepoko tokapunga yepoko