Problema 1:
Quatro times de futebol irão disputar um campeonato no qual cada time joga uma única vez com todos os demais times. Cada vitória vale pontos e cada empate vale ponto e as derrotas não pontuam. Nesse campeonato,
a) Se o campeão conseguir pontos, o vice pontos e o terceiro pontos, quantos pontos obterá o quarto colocado?
b) Se o campeão conseguir pontos, dois times acabarem na mesma posição com pontos cada um e o último obtiver pontos, quantos empates terão acontecido?
Solução:
a) Vejamos que o campeão ganhou de todos, pois fez pontos. O vice fez pontos e como já perdeu para o campeão então certamente ganhou dos outros dois. O terceiro lugar fez pontos e já perdeu para o campeão e o vice, logo ganhou do último, portanto o último perdeu de todos e fez pontos.
b) O campeão fez pontos e portanto certamente ganhou uma partida e empatou duas, já que esta é a única maneira de obter pontos. O último lugar fez pontos e certamente empatou duas partidas e perdeu uma, pois esta também é a única maneira de fazer pontos. Os dois jogadores restantes que fizeram ambos pontos ou empataram as três partidas ou ganharam uma e perderam duas, já que estas são as duas possibilidades de fazer pontos.
Caso 1: Os dois jogadores ganharam uma e perderam duas partidas.
Portanto há vitórias (o campeão + os dois jogadores) e derrotas (o último + os dois jogadores) no campeonato, ou seja, absurdo!
Caso 2: Um jogador ganhou uma e perdeu duas e o outro empatou as três partidas.
Portanto o que empatou as três partidas, empatou com todos, mas existe um jogador sem nenhum empate: o que ganhou uma e perdeu duas, logo temos um absurdo!
Caso 3: Os dois jogadores empataram as três partidas.
Logo o campeão ganhou do último e todos os outros jogos foram empates, logo houve empates no campeonato.
Problema 2:
Janaína desenha uma sequência de figuras conforme a ilustração a seguir. Cada figura tem um quadrado a mais do que a figura anterior e esse quadrado que foi acrescentado tem lado igual à diagonal do maior quadrado da figura anterior. Além disso, todos os quadrados de cada figura têm um vértice comum. O quadrado da figura tem área de .
a) Qual é a área do quadrado maior da figura ?
b) Qual é a área total da figura ?
c) Qual é a área total da figura ?
Solução:
Vejamos que a cada figura seguinte adicionamos um quadrado, seja o lado do quadrado adicionado na figura , como o lado sempre será a diagonal do quadrado adicionado na figura então por Pitágoras, e como , pois o quadrado da figura possui área então indutivamente vemos que . Como da figura para a figura adicionamos da área do quadrado adicionado na figura em relação a área total da figura, então se denotarmos por a área total da figura então . Telescopando nossa recorrência podemos obter a fórmula geral:
...
Somando tudo:
Logo . Aplicando a fórmula para os itens:
a)
b)
c)
Obs.: Essa estratégia só é efetiva até a figura , pois a partir disto as figuras seguintes irão intersectar figuras anteriores.
Problema 3:
Os números inteiros de a são divididos em grupos, obedecendo as seguintes regras:
I- Cada número pertence a somente um grupo;
II- Cada grupo tem pelo menos dois números;
III- Se dois números pertencem a um mesmo grupo, então a sua soma não é um número divisível por .
Sabendo disso:
a) Explique porque o número de grupos não pode ser .
b) Qual é o menor número possível?
Solução:
(a) De fato, o número não pode ser . Note que um número não pode aparecer duas vezes na distribuição em grupos, caso contrário, ele precisaria pertencer a pelo menos dois grupos, mas isso é um absurdo pela regra I. Assim todos inteiros de a aparecem uma única vez. Suponha que seja , entretanto pela regra II, cada grupo tem pelo menos dois números, como temos grupos precisamos de pelo menos números, absurdo! Só há números de a e eles aparecem somente uma vez.
(b) Para encontrar o menor possível vamos utilizar a seguinte preposição: “Dois múltiplos de não podem pertencer a um mesmo grupo”. De fato, se isso não for verdade, sabemos que a soma deles gera um número divisível por , absurdo pela regra III! Voltando ao problema, pela preposição temos que a quantidade de grupos precisa ser pelos menos a quantidade de múltiplos de , que no caso é , sendo assim, é pelo menos e esse é, na verdade, o menor valor possível. Para provar a existência segue um exemplo de distribuição para :
Padrões para as linhas e , respectivamente:
, para todo par de a .
, para todo ímpar de a .
Onde representa um grupo.
Problema 4:
Carlinhos fez uma lista de todos os números de quatro algarismos distintos nas seguintes condições: a soma dos algarismos é , dois deles são pares e dois são ímpares. O número , por exemplo, está nessa lista. Lembre-se de que zero é par e nenhum número começa com zero à esquerda.
a) Qual é o número mais próximo de que está na lista de Carlinhos?
b) Determine a soma de todos os números da lista de Carlinhos que são menores que .
Solução:
(a) O número mais próximo de que está na lista de Carlinhos é , já que os algarismos de não somam (não podem estar na lista) e são os únicos números mais próximos de que .
De fato, tem dois dígitos pares e dois ímpares e a soma dos algarismos é , todos distintos, logo está na lista!
(b) Note que encontrar a soma de todos os números da lista de Carlinhos que são menores que é o mesmo que encontrar a soma de todos os números da lista que são menores que (chamaremos essa parte da lista de “sublista”), já que nenhum dos números de a têm algarismos cuja soma é . Assim, já que todos números de quatro algarismos menores que começam com , essa propriedade também é válida para todos números da sublista. Agora vamos encontrar os números da sublista! Veja que em todos eles, dois dígitos são pares e dois são ímpares, como é ímpar, vamos dividir o problema em casos que abrangem o outro dígito ímpar (não pode ser , já que todos números da sublista têm algarismos distintos):
(1) Se ele for : Então os dígitos pares somam , possibilidades: e , e .
( e não pode, já que teremos algarismos iguais).
(2) Se ele for : Então os dígitos pares somam , possibilidades: e , e .
(3) Se ele for : Então os dígitos pares somam , possibilidades: e .
( e não pode, já que teremos algarismos iguais).
(4) Se ele for : Então os dígitos pares somam , possibilidades: e .
Assim, encontramos todos números da sublista:
Somando temos a resposta: .
Dica: para somarmos podemos utilizar a permutação de algarismos em cada subcaso aliada ao fato de que a soma dos algarismos diferentes do é .
Problema 5:
Seja um inteiro, . O jogo da OBM tem a participação de dois jogadores e e começa com o jogador recebendo o número . Ele então deve escolher um novo número , com e primos entre si e maior ou igual à metade de e menor do que . Esse número é passado para o jogador $B$. O jogador , então, recebe o número de seu oponente e deve escolher um novo número , com e primos entre si e maior ou igual à metade de e menor do que . Ele, então, passa para o seu oponente o número e o processo se repete até que um dos jogadores somente possa escolher o número . Esse jogador é o vencedor! Por exemplo, para , o jogador pode escolher o número (observe que as suas opções são , ou ); o jogador pode então escolher o número ; é obrigado a escolher o número (essa é a única opção respeitando as regras do jogo) e, então, escolhe e vence. Determine para cada valor de a seguir, qual jogador possui estratégia vencedora, ou seja, consegue vencer não importando quais sejam as jogadas de seu oponente.
a) .
b) .
Observação: dizemos que dois números são primos entre si se não possuem um divisor comum maior ou igual a . Veja que e não são primos entre si, pois é um divisor comum.
Solução:
a) A é vencedor. Se A escolhe então B só pode escolher entre e . Se B escolhe então A escolhe , B escolhe obrigatoriamente e A escolhe e vence. Se B escolhe então A escolhe , B escolhe obrigatoriamente e A escolhe e vence. Portanto A sempre possui estratégia vencedora.
b) Iremos agora observar o jogo do fim para o começo, ou seja, utilizar de posições vencedoras e perdedoras. Diremos que uma posição é vencedora se aquele que receber tal número sempre vence e perdedora caso contrário. Observe que:
é perdedor;
é vencedor;
é perdedor;
é vencedor;
é vencedor;
é perdedor;
é vencedor;
é perdedor;
é vencedor;
é perdedor...
Onde nos baseamos na simples lógica de escolha. Indutivamente percebemos que números pares parecem ser sempre perdedores e números ímpares sempre vencedores e portanto provaremos isso por indução para onde é um número qualquer.
Indução forte em : Tentaremos provar que para todo temos sendo posição vencedora e sendo posição perdedora.
Base: Já feita...
Hipótese: Para todo vale que é uma posição vencedora e é uma posição perdedora.
Passo indutivo: De fato é vencedora, pois basta entregar ao outro jogador, já que , e como é posição perdedora por indução forte então é posição vencedora.
De mesmo raciocínio vemos que é posição perdedora, pois , logo nunca podemos entregar uma posição perdedora e somos obrigados a entregar um número ímpar, ou seja, uma posição vencedora, implicando que é perdedor. Observe que só podemos usar disto pois , já que é posição vencedora, mas como já analisamos até a posição , nossa indução pode ser aplicada a partir de e portanto não temos nenhum problema.
Segue por indução que é vencedor e é perdedor, como é par, então quem receber é perdedor, logo o jogador possui a estratégia vencedora.