OBM 2016 - Nível 2 - P5

Problema 5

Uma permutação (a_1, a_2, a_3,..., a_{n-1}, a_{n}) dos números do conjunto {1,2,3,...,n} é legal se não existem dois termos consecutivos cuja soma é um múltiplo de 3 e se os dois vizinhos de um termo qualquer não diferem por um múltiplo de 3. Por exemplo, (4,6,2,5,3,1) é uma permutação legal dos números do conjunto {1,2,3,4,5,6}. Entretanto, (1,2,5,3,4,6) não é uma permutação legal do mesmo conjunto, pois os números 1 e 2 são vizinhos e sua soma é um múltiplo de 3. Além disso, outra razão para ela não ser legal, é que os vizinhos do número 4, que são o 3 e o 6, diferem por um múltiplo de 3.

a) Determine o número de permutações legais do conjunto {1,2,3,4,5,6}.

b) Determine o número de permutações legais do conjunto {1,2,3,...,2016}.

Observação: Uma permutação de um conjunto é uma sequência ordenada contendo cada um de seus elementos uma única vez.

Solução por Caio Hermano:

Para resolvermos o problema vamos utilizar somente os resíduos dos números do conjunto na divisão por 3. Mostraremos que é possível determinar com base nos resíduos a quantidade de permutações legais:

Se dispomos do dígito 0, então o próximo dígito pode ser 1 ou 2, mas essa será a única escolha possível que poderemos fazer, de fato, determinado o segundo dígito a sequência está definida:

Se for o 1: o próximo dígito não pode ser 2, já que a soma resultará num múltiplo de 3, também não pode ser 0, já que a diferença de dois vizinhos de um termo também não pode ser divisível por 3, logo só pode ser novamente 1 e o processo se repete. Da mesma forma se escolhermos o 2.  Isso acontece pois, suponha que tenhamos determinado os dois últimos dígitos da sequência e esses sejam a e b, então o próximo dígito não pode ser 3-b (que somado com b resulta num múltiplo de 3) nem a (que difere zero de a, ou seja, temos uma diferença divisível por 3), logo há dois casos a considerar:

- a incongruente a 3-b, então não temos escolha e o número está determinado, como queremos demonstrar!

- a congruente a 3-b, o que é um absurdo! Note que a e b já são termos definidos da sequência então sua soma não pode ser um múltiplo de 3, exatamente o que acontece quando a\equiv 3-b (mod 3).

Concluímos que, escolhidos os dois primeiros dígitos, só existe uma forma fixa de termos uma permutação legal, como só estamos analisando os resíduos na divisão por 3 até agora, então existem seis formas de escolhermos os dois primeiros dígitos (não podemos escolhê-los somando um múltiplo de 3, o que elimina as escolhas 0 - 0, 1 - 2, 2 - 1) e consequentemente seis permutações legais possíveis (olhando os restos módulo 3). Temos as seguintes possibilidades de sequências de 6 resíduos consecutivos: (veja que há a mesma quantidade de restos de cada tipo)

- 011022, 110220, 102201, 022011, 220110, 201102.

Para determinar as permutações legais com base nos números do conjunto basta analisarmos a permutação dos números com mesmo resíduo na divisão por 3. A nossa análise anterior garantiu por meio da marcação dos resíduos como determinar se uma permutação é legal, a partir disso podemos determinar a quantidade total de permutações contando as possibilidades de trocarmos todos números com resíduo 1 de “lugar”, assim como os de resíduo 2 e 3, supondo que a quantidade de números do conjunto seja 6k a quantidade de permutações dentro das posições de um mesmo resíduo será 2k! , logo determinada uma permutação legal com base nos resíduos há (2k!)^3 formas de preenchê-la com os números do conjunto, como há seis permutações legais possíveis dos resíduos, então um conjunto com 6k elementos tem um total de 6 \times (2k!)^3 permutações legais.

A partir disso resolvemos ambos itens:

(a) {1,2,3,4,5,6} tem 6 elementos, logo 6 \times (2!)^3 = 48 permutações legais.

(b) {1,2,3,...,2016} tem 2016 elementos, logo 6 \times (672!)^3 permutações legais.