Aula de Ivna Gomes
Um problema:
Você deve ter percebido que na aula passada desconsideramos o efeito da autoprotólise da água e que por, exemplo, em uma solução de a 0,01 mol/L, a concentração de é praticamente igual a concentração do ácido, pois o íon fornecido pela água é desprezível. Mas o que acontece quando queremos calcular o pH de uma solução de com concentração mol/L? Se considerássemos que
, então o pH seria , mas uma solução ácida não pode ter pH maior que 7. Como resolvemos esse problema então?
Cálculo do pH de uma solução de a mol/L
Bom, já sabemos que não podemos usar a aproximação , pois, como a concentração de ácido é muito baixa, o fornecido pela água não é desprezível. Para resolver esse problema, temos que resolver um sistema de equações.
Primeiro, sabemos que:
(Equação 1), pois o ácido é a única fonte de cloreto da solução. A essa relação, damos o nome de BALANÇO DE MASSAS.
Sabemos que, pelo princípio da neutralidade das soluções, o total de cargas positivas é igual ao total de cargas negativas. Logo:
(Equação 2)
Essa relação é chamada de BALANÇO DE CARGAS.
E devemos considerar também o equilíbrio iônico da água.
(Equação 3)
Para descobrir a , substituímos a concentrações de cloretos e hidroxilas na equação 2.
(Equação 4)
Logo:
Temos agora uma equação do segundo grau em que a variável é a .
Substituindo os valores e resolvendo a equação, obtemos:
pH=6,98. Isso confere com nossas previsões para uma solução ácida.
E as soluções muito diluídas de bases fortes?
Considere uma solução de com concentração inicial de mol/L. Se fizéssemos a aproximação:
, teríamos o pH = pOH = 7. Mas é impossível uma solução básica ter pH igual a 7. Logo, teremos que proceder de modo análogo ao anterior, resolvendo um sistema de equações.
Vamos escrever o balanço de massas:
, já que o é a única fonte de íons sódio da solução.
Agora, o balanço de cargas:
(Equação 5)
Por último, a expressão da constante de autoionização da água:
Substituindo termos na equação 5, obtemos:
Resolvendo a equação do segundo grau, obtemos:
Logo, pH = 7,2. Isso confere com nossas previsões para soluções básicas.
Quando devemos levar a autoprotólise da água em conta nos cálculos de pH?
Observe a equação 4:
Quando a concentração inicial de ácido for relativamente alta, o termo se torna desprezível e fazemos a aproximação que fizemos na última aula.
Mas, quando a concentração do ácido cai para próximo a , a aproximação se torna inválida. O mesmo ocorre para soluções de base forte com concentrações muito baixas: a aproximação da equação 5, de que e, portanto, , se torna inválida.
Logo, em soluções com concentrações iniciais de ácidos ou bases fortes menores ou iguais a mol/L, precisamos levar em conta o equilíbrio iônico da água nos cálculo de pH.