Termoquímica (Energia Livre)

Autor: Raphael Y. Diniz.

Termoquímica: Energia Livre

Introdução

Contextualização:

Um dos problemas de se utilizar a 2^{\circ} lei da termodinâmica para predizer a espontaneidade é o número de etapa necessárias para tal. Com isso, foi criada uma nova função de estado para facilitar essa operação, a energia livre de Gibbs (\Delta G - muito importante) e de Helmholtz (\Delta A - menos relevante).

\Delta G e sua definição matemática:

Supondo um processo isobárico e isotérmico, em uma sistema com paredes diatérmicas, temos que a expressão referente a 2^{\circ} terá a seguinte forma:

{\Delta S}_{T} = {\Delta S} + {\left({{- \Delta H} \over T}\right)} \rightarrow\hspace{1cm}.(-T)

 - T.{\Delta S}_{T} = - T. {\Delta S} + {\Delta H}

Considerando G= H -T.S, temos que:

{\Delta G} = - T.{\Delta S}_{T} = {\Delta H} - T.{\Delta S}

 

Consequências do \Delta G

Espontaneidade:

Levando em conta maneira com a qual a 2^{\circ} trata a espontaneidade, temos que:

  • {\Delta S}_{T} > 0 \rightarrow {\Delta G} < 0 \rightarrow processo espontâneo (irreversível)
  • {\Delta S}_{T} < 0 \rightarrow {\Delta G} > 0 \rightarrow processo não espontâneo
  • {\Delta S}_{T} = 0 \rightarrow {\Delta G} = 0 \rightarrow processo em equilíbrio (reversível)

Diagrama de fases:

Esse gráfico produz uma boa compreensão da relação entre a espontaneidade e as mudanças de fase, pois é visto que conforme a temperatura varie, a substância altera a conformação das suas moléculas para o estado de menor energia. Nesse contexto, é possível explicar o comportamento de substâncias sublimáveis:

Trabalho útil ou não expansível:

Por meio da definição matemática da energia livre de Gibbs, vamos obter:

G=H - T.S \rightarrow

dG = dH - d(T.S) \rightarrow

dG = dH - (T.dS + S.dT) \rightarrow

dG = dH - T.dS - S.dT\hspace{1cm}(I)

Relembrando a definição matemática da entalpia:

H= U +P.V \rightarrow

dH = dU + d(P.V) \rightarrow

dH = dU +P.dV + V.dP\hspace{1cm}(II)

Adicionando II em I:

dG = dU + P.dV + V.dP - T.dS - S.dT\hspace{1cm}(III)

Relembrando a definição matemática da energia interna:

dU = dq_{rev} - dW_{rev}\hspace{1cm}(IV)

Adicionando IV em III:

dG = dq_{rev} - dW_{rev} + P.dV + V.dP - T.dS - S.dT\hspace{1cm}(V)

Relembrando a definição da entropia:

dS = {{dq_{rev}}\over T} \rightarrow

T.dS = {dq_{rev}}\hspace{1cm}(VI)

Considerando que T e P sejam constantes, além da expressão VI, alguns termos serão cortados, gerando:

dG = - dW_{rev} + P.dV\hspace{1cm}(VII)

Levando em conta que o trabalho associado a uma reação química ou mudança de estado físico é (dW_{rev}* corresponde ao trabalho não expansivo):

dW_{rev} = P.dV + dW_{rev}*\hspace{1cm}(VIII)

Quando adicionarmos VIII em VII o termo P.dV será cortado, logo:

\Delta G = - dW_{rev}*

Com isso, constata-se que essa função de estado (\Delta G) recebe o nome de energia livre de Gibbs, por conta dela representar a energia que estaria disponível no sistema para a realização de algum trabalho não expansivo, o qual será espontâneo e constante para as variáveis P e T.

\Delta G e suas Relações

Substâncias puras:

Caso não haja reação química ou mudança de estado físico, a expressão V do tópico anterior será:

dG = V.dP - S.dT

Caso ocorra em um processo isotérmico (dT=0)

dG = V.dP

Com isso, temos que:

{\int_{G^{\circ}}^{G} {dG}}={\int_{P_1}^{P_2} {V.dP}}\rightarrow

G-G^{\circ}={\int_{P_1}^{P_2} {V.dP}}\rightarrow

\Delta G={\int_{P_1}^{P_2} {V.dP}}

  • Para sólidos e líquidos (V \cong 0 - incompressibilidade)

\Delta G=V.{\int_{P_1}^{P_2} {dP}} \rightarrow

\Delta G = V. {\Delta P}

  • Gases ideais:

\Delta G={\int_{P_1}^{P_2} {{n.R.T.dP} \over P}} \rightarrow

\Delta G=n.R.T{\int_{P_1}^{P_2} {{dP} \over P}} \rightarrow

\Delta G =n.R.T.ln ({{P_2}\over {P_1}}) = n.R.T.ln ({{V_1}\over {V_2}})

Reações:

Para o cálculo do {\Delta G^{\circ}}_{R} é realizado o método da subtração dos valores padrões de f0rmação dos produtos pelo dos reagentes (lembre-se de multiplicar pelo número de mols). Com isso:

{{\Delta G}^{\circ}}_{(R)}= {\sum n.{{\Delta G}^\circ}_{{(prod.)}}} - {\sum n.{{\Delta G}^\circ}_{{(reag.)}}}

Nesse contexto, observa-se a natureza de determinada substância com base na sua energia livre de Gibbs padrão de formação:

  • {{\Delta G}^{\circ}}_{(f)} < 0 \rightarrow Termodinamicamente estável.
  • {{\Delta G}^{\circ}}_{(f)} > 0 \rightarrow Termodinamicamente instável (Sendo lábil ou não lábil).
    • Lábil: Substância que se decompõe relativamente rápido.
    • Não Lábil: Substância que se decompõe lentamente (mesmo ela tendo uma tendência a se decompor).

Potencial Químico:

Corresponde a capacidade de uma espécie química realizar trabalho (normalmente produzir energia), possuindo a seguinte definição matemática:

\lambda = {\overline G} = {G \over n}

Considerando um processo isotérmico com P=1atm envolvendo um gás ideal:

\Delta G =n.R.T.ln ({{P_2}\over {P_1}}) \rightarrow

 G = G^{\circ} + n.R.T.ln({{P_2}\over {P_1}}) \rightarrow {G \over n} = {G^{\circ} \over n} + R.T.ln({{P_2}\over {P_1}}) \rightarrow

 \mu = \mu^{\circ} + R.T.ln({{P_2}\over {P_1}})

Generalizando para qualquer espécie química:

 \mu = \mu^{\circ} + R.T.ln(a)

O a corresponde a ´´atividade``, uma grandeza química que mede a reatividade química, sendo medida da seguinte forma:

  • Sólidos e líquidos puros:

a=1 (incompressibilidade)

  • Soluções ideais (Relembrando que \omega se refere a molalidade):

a= {{\omega} \over {\omega_0}}

Para soluções aquosas diluidas (\omega \cong [\hspace{0.1cm}])

a={ [\hspace{0.1cm}] \over [\hspace{0.1cm}]^{\circ}}

  • Soluções não ideias (\gamma corresponde a um fator de correção):

a= \gamma . {{\omega} \over {\omega_0}}

  • Gases ideais (P_0 normalmente corresponde a 1atm):

a = {P \over P_0}

  • Gases reais:

a= \phi . ({P \over P_0}) \rightarrow\hspace{1cm} f=\phi.P

a= {f \over P_0}

    • \phi: Coeficiente de fugicidade (fator de correção).
    • f: Fugicidade (mede a tendência de fuga de um gás).

Energia livre de Helmholtz

Definição matemática:

Considere um processo isocórico e isotérmico, em um sistema com paredes diatérmicas, temos que a 2^\circ terá a seguinte estrutura:

{\Delta S}_{T} = {\Delta S} + {\left({{- \Delta U} \over T}\right)} \rightarrow\hspace{1cm}.(-T)

 - T.{\Delta S}_{T} = - T. {\Delta S} + {\Delta U}

Considerando A= U -T.S, temos que:

{\Delta A} = - T.{\Delta S}_{T} = {\Delta U} - T.{\Delta S}

Espontaneidade:

Levando em conta maneira com a qual a 2^{\circ} trata a espontaneidade, temos que:

  • {\Delta S}_{T} > 0 \rightarrow {\Delta A} < 0 \rightarrow processo espontâneo (irreversível)
  • {\Delta S}_{T} < 0 \rightarrow {\Delta A} > 0 \rightarrow processo não espontâneo
  • {\Delta S}_{T} = 0 \rightarrow {\Delta A} = 0 \rightarrow processo em equilíbrio (reversível)

\Delta A como trabalho máximo não expansível:

Realizando a mesma sequência de etapas feita com o \Delta G, será obtido:

\Delta A = - dW_{rev}*

Com isso, constata-se que essa função de estado (\Delta A) recebe o nome de energia livre de Helmholtz, por conta dela representar a energia que estaria disponível no sistema para a realização de algum trabalho não expansivo, o qual será espontâneo e constante para as variáveis V e T.

Cálculo das variações de \Delta A:

  • Sólidos e Líquidos:

\Delta A = 0 (incompressibilidade)

  • Gases ideais:

\Delta A = n.R.T.ln ({V_0 \over V}) = -W

\Delta A = n.R.T.ln ({P \over P_0}) = \Delta G

Relacionando \Delta G e \Delta A:

\Delta H^{\circ} = \Delta U^{\circ} + \Delta (n_{(g)}).R.T \rightarrow

\Delta G^{\circ} + T. \Delta S^{\circ} = \Delta A^{\circ} + T.\Delta S^{\circ} + \Delta (n_{(g)}).R.T \rightarrow

\Delta G^{\circ} = \Delta A^{\circ} + \Delta (n_{(g)}).R.T