Por: Cristian Silveira

Introdução

As vidrarias de laboratório são instrumentos fundamentais utilizados em diversas atividades experimentais na área da química. Essas ferramentas incluem frascos, tubos de ensaio, beckeres, provetas, entre outros. Sua principal função é facilitar a medição, aquecimento, reação e armazenamento de substâncias de maneira segura e precisa. Na química laboratorial, a utilização adequada dessas vidrarias é essencial para garantir resultados confiáveis e a integridade das reações e experimentos, além de permitir o controle rigoroso de variáveis como volume, temperatura e concentração dos reagentes. Assim, as vidrarias desempenham um papel crucial na obtenção de dados científicos de alta qualidade.

É importante ressaltar que apresentaremos nesse material não somente as vidrarias em si, mas também outros utensílios laboratoriais que complementam as funções das vidrarias, não sendo necessariamente feitos de vidro.

Tubo de Ensaio

Juntamente com o Erlenmeyer e o Becker, o Tubo de Ensaio é uma das vidrarias mais famosas da química laboratorial. Como o próprio nome já sugere, é uma vidraria utilizada para fazer “ensaios”, ou seja, reações em pequena escala. Quando desejamos realizar testes de identificação ou marchas analíticas, procedimentos esses realizados para determinar a identidade ou composição de substâncias químicas, os tubos de ensaio são muito úteis. Isso porque podemos “misturar” pequenas quantidades de reagentes e verificar se uma determinada reação ocorreu ou não. Além disso, podemos verificar se há liberação de gases ou formação de precipitados, sem que haja a necessidade de gastar grandes quantidades de reagentes.

 

Pinça de madeira

Serve para manusear tubos de ensaio em aquecimento, evitando riscos de queimaduras.

 

Baqueta ou bastão de vidro

Utilizada na dissolução de sólidos ou para agitar soluções manualmente.

 

Pisseta

Sua principal função é enxaguar frascos ou vidrarias. Coloca-se água ou outro solvente em seu interior e pressiona-se o seu "corpo" transparente. Isso fará com que o solvente em seu interior seja expelido, normalmente com intenção de dissolver sujeiras no interior de vidrarias. Ela também é útil em algumas etapas de experimentos para adicionar líquidos em pequenas quantidades ou com precisão.

 

Funil comum + Papel filtro

O funil comum é um cone de vidro, com ou sem a presença de haste cilíndrica, utilizado no processo de separação de misturas conhecido como filtração simples. Geralmente, apoia-se o cone do filtro em uma argola metálica, põe-se um papel filtro (como o próprio nome diz, é um papel poroso utilizado como filtro em filtrações) ou um pedaço de algodão no interior do cone do filtro e coloca-se um Becker em baixo do funil para coletar o filtrado. Depois, é só derramar o líquido dentro do funil e aguardar a filtração acontecer.

 

Funil de Buchner

Possui função bem semelhante ao funil comum, mas costuma ser feito de porcelana e possui pequenos orifícios em seu interior. É utilizado juntamente com o Kitassato e uma bomba de vácuo para realizar filtrações à vácuo.

 

Kitassato

É semelhante a um Erlenmeyer, mas possui um abertura lateral que permite o acoplamento da vidraria a uma bomba de vácuo. Esse acoplamento permite que a pressão no interior do Kitassato fique bem reduzida, acelerando o processo de filtração, que, nesse caso, é chamada de filtração à vácuo.

 

Funil de separação

O funil de separação (também conhecido como funil de bromo ou funil de decantação) é utilizado em laboratórios de química para separar substâncias imiscíveis, como misturas de líquidos com densidades diferentes.

Como utilizar:

1. Pendure o funil em um suporte universal utilizando uma argola metálica.

2. Adicione as substâncias imiscíveis líquidas que deseja separar.

3. Aguarde a decantação da substância mais densa para o fundo do funil.

4. Abra a torneira que fica na parte inferior do funil e colete a substância mais densa utilizando um Becker ou Erlenmeyer.

5. Feche a torneira quando perceber que a substância mais densa já passou completamente pela torneira.

Além de ser utilizado no processo de decantação descrito acima, o funil de decantação pode ser utilizado na extração. A extração é uma técnica utilizada para separar uma substância de uma mistura, geralmente com base em suas diferentes solubilidades em dois solventes imiscíveis. Por exemplo, quando se quer separar um composto orgânico de uma solução aquosa, pode-se usar um solvente orgânico (como o éter ou clorofórmio), que dissolve o composto orgânico. Isso irá retirar o composto orgânico da solução aquosa, enquanto a água mantém os outros compostos solúveis nela.

Funil de decantação separando água e óleo

 

Bico de Bunsen + Tripé+ Tela de Amianto

O Bico de Bunsen é um dispositivo de laboratório amplamente utilizado para fornecer uma chama controlada, gerada por um gás combustível, geralmente gás natural (metano) ou butano. Ele é usado principalmente em experimentos químicos que exigem aquecimento ou esterilização, e sua principal vantagem é a capacidade de ajustar a intensidade e a temperatura da chama de acordo com as necessidades do experimento. Atualmente, vem sendo substituído pelas mantas e chapas aquecedoras.

Bico de Bunsen

O Tripé de ferro é um equipamento utilizado junto com a tela de amianto para sustentar vidrarias que estão sendo aquecidas pelo Bico de Bunsen, evitando o contato direto com o fogo, o que poderia causar danos à vidraria. A função da tela de amianto é uniformizar o aquecimento da vidraria, mas esse utensílio também está em desuso devido à toxicidade do amianto.

Tripé de ferro e tela de amianto

 

Becker

É uma das vidrarias mais famosas e gerais da química laboratorial. Pode ser usado para diversas funções: coletar e armazenar temporariamente substâncias provenientes de filtrações, decantações ou sínteses; medir volumes (medições imprecisas a nível de publicações científicas); pesar substâncias; realizar reações em pequena escala. Pode ser aquecido.

Erlenmeyer

É talvez a vidraria mais famosa da química. O Erlenmeyer é um tipo de frasco de vidro utilizado amplamente em laboratórios de química, caracterizado por seu formato cônico, com uma base larga e um pescoço estreito. O Erlenmeyer é utilizado principalmente em titulações, processos nos quais o titulante (substância de concentração conhecida) fica na bureta e o titulado (substância cuja concentração se quer determinar) fica no Erlenmeyer. Durante a titulação, é importante que o Erlenmeyer seja constantemente agitado, acelerando assim a reação entre o titulante e o titulado e garantindo que o ponto de viragem seja corretamente medido. A estrutura do Erlen

meyer facilita esse processo, evitando que o titulado escape do Erlenmeyer quando este é agitado.

O Erlenmeyer também pode servir para aquecer líquidos e misturar substâncias, gerando reações químicas.

Proveta

É uma vidraria usada para transferir líquidos e medir volumes aproximados (precisão de até 0,5%, não sendo o suficiente para publicações científicas). Não deve ser aquecida, pois isso pode afetar sua precisão.

Pipetas + Pera de Borracha

Pipeta de Pasteur: A pipeta de Pasteur é um utensílio de laboratório utilizado para transferir pequenas quantidades de líquidos de forma controlada. Também pode ser usada para medir volumes, mas de maneira extremamente imprecisa. Ela é feita de vidro ou plástico, com um bulbo em sua extremidade, o qual permite que o líquido seja expelido.

Pipeta de Pasteur

Pipeta Graduada: É um instrumento utilizado para medir e transferir líquidos em maior quantidade do que a Pipeta de Pasteur. Suas medições são mais precisas do que a Pipeta de Pasteur, porém menos precisas do que a Pipeta Volumétrica. Ela deve ser usada juntamente com a Pera de borracha, que serve para sugar os líquidos para dentro da pipeta.

Pipeta Graduada

Pipeta Volumétrica: É um instrumento utilizado para medir e transferir líquidos em maior quantidade do que a Pipeta de Pasteur. Diferentemente das graduadas, as pipetas volumétricas possuem um bulbo em seu interior e suas medições são as mais precisas possível entre as pipetas, mas elas só conseguem medir um único volume. Ela deve ser usada juntamente com a Pera de borracha, que serve para sugar os líquidos para dentro da pipeta.

Pipeta Volumétrica

Obs: Vidrarias Graduadas vs Vidrarias Volumétricas

Vidrarias graduadas são menos precisas do que vidrarias volumétricas, porém, podem medir diversos volumes. Já vidrarias volumétricas são bastante precisas, sendo suas medições válidas para publicações científicas. No entanto, as vidrarias volumétricas medem volumes fixos. Existem, por exemplo, pipetas volumétricas de 1ml, 2 ml, 5ml, 10ml, etc. Ou seja, em um laboratório, é necessário ter várias vidrarias volumétricas com capacidade de volume distintas.

A única vidraria graduada cuja precisão é grande o suficiente para publicações científicas é a bureta.

Pera de borracha

 

Balões

Balão Volumétrico: É uma vidraria de precisão utilizada no preparo de soluções com concentrações exatas, como soluções-padrões, por exemplo. Não podem ser aquecidos nem resfriados, pois isso pode afetar sua precisão.

Balão de fundo chato: Possui um fundo plano e pode ser utilizado para preparar soluções, especialmente aquelas que liberam gases. Pode ser aquecido. Pelo fato de ter um fundo chato (plano), pode ser apoiado na bancada do laboratório sem precisar ser segurado.

Balão de fundo redondo:  Possui basicamente a mesma função do Balão de fundo chato, mas também pode ser utilizado para coletar o destilado em destilações e pode ser colocado numa manta aquecedora, já que o seu fundo arredondado permite o seu aquecimento uniforme.

 

Bureta

A bureta é um instrumento de vidro utilizado em laboratórios de química para medir volumes precisos de líquidos. Ela é essencialmente uma tubulação vertical graduada, com uma torneira (ou válvula) na extremidade inferior, que permite controlar a liberação de líquidos de forma muito precisa. É utilizada em titulações junto com um Erlenmeyer.

 

Suporte Universal + Garra/Argola metálica

O Suporte Universal é composto por uma base e uma haste metálica e é utilizado para suspender e fixar vidrarias com o auxílio de Garras e Argolas Metálicas. É utilizado em processos como filtração simples, decantação e na montagem de sistemas de vidrarias para sínteses orgânicas, por exemplo.

Suporte Universal com vários tipos de argolas e garras

 

Almofariz com pistilo

O almofariz com pistilo é um equipamento de vidro utilizado em laboratórios de química para triturar, moer ou pulverizar substâncias sólidas.

 

Vidro de relógio

É utilizado em evaporações de soluções, pesagens, observação de pequenas reações, secagem de substâncias e cobertura de recipientes (usado como tampa).

 

Cápsula de porcelana

É utilizada na presença de aquecimento para: evaporar líquidos, aquecer ou secar substâncias e realizar reações químicas a seco.

 

Cadinho

O cadinho é um utensílio de laboratório utilizado para aquecer substâncias a altíssimas temperaturas, frequentemente para processos como fusão, calcinação ou fundição.

 

Espátula

Com formato semelhante a uma colher, é utilizada para transferir e triturar sólidos.

 

Funil de adição

É parecido com o funil de decantação, mas geralmente possui um cano lateral para equalizar a pressão acima e abaixo do líquido e possui uma boca esmerilhada para acoplá-lo em outra vidraria. Serve para adição de líquidos.

 

Condensadores

Existem 3 tipos de condensadores. Todos eles, como o próprio nome sugere, condensam vapores gerados pelo aquecimento de líquidos. O condensador de tubo reto é usado principalmente em destilações, enquanto os condensadores de bola e de serpentina são usados num processo chamado de Refluxo. O Refluxo geralmente é utilizado quando, em uma síntese, o aquecimento do sistema gera a vaporização de solventes ou reagentes voláteis. Para evitar a perda desses vapores, eles são direcionados a um condensador (de bola ou de serpentina), no qual os vapores condensam e retornam ao sistema, caracterizando o Refluxo.

Condensador de Tubo reto

 

Condensador do tipo Bola

 

Condensador do tipo Serpentina

 

Placa de Petri

Vidraria muito utilizada na biologia para cultivo e bactérias, mas também utilizada em laboratórios de química para realizar reações químicas simples, evaporação ou cristalização. É um recipiente de vidro ou plástico raso, de forma circular.

 

Termômetro

Serve para monitorar a temperatura de uma determinada substância ou de uma mistura de substâncias em reação.

 

Chapa de aquecimento

A chapa de aquecimento é uma das principais fontes de calor em laboratórios de química nos dias atuais. Assim como a Manta aquecedora, ela transforma energia elétrica em térmica por meio de uma resistência interna.

 

Manta de aquecimento

Possui a mesma função da Chapa de aquecimento. A diferença é que as vidrarias são aquecidas em uma manta interna com formato arredondado, o que permite a acomodação de balões de fundo redondo, sendo, por isso, útil em destilações e sínteses orgânicas.

 

Dessecador

O dessecador é um equipamento utilizado em química para remover a umidade de substâncias, mantendo-as secas em condições controladas. Ele é essencial para a preservação de amostras e reagentes que podem ser sensíveis à umidade ou que precisam ser secos antes de serem pesados ou analisados.

 

Estufa

A estufa em um laboratório é um equipamento utilizado para aquecimento controlado de substâncias ou materiais, com o objetivo de secar, esterilizar ou realizar reações químicas que exigem uma temperatura constante.

 

Forno Mufla

O forno mufla é um equipamento de laboratório utilizado para realizar aquecimento a altas temperaturas de substâncias, geralmente com o objetivo de queimar, calcinar, fundir ou carbonizar materiais em um ambiente controlado e livre de oxigênio. A principal característica do forno mufla é que ele possui um sistema de isolamento térmico e é capaz de atingir temperaturas muito altas, frequentemente superiores a 1000°C, sem a presença de oxigênio dentro da câmara de aquecimento.

 

Conclusão

Em suma, as vidrarias e utensílios de laboratório são fundamentais para a realização de experimentos e análises científicas com precisão e segurança. O uso adequado e o conhecimento das características de cada item são essenciais para garantir a eficiência e a integridade dos experimentos. Por isso, entender as propriedades e finalidades das vidrarias e utensílios não apenas contribui para a execução correta das atividades laboratoriais, mas também para a segurança de todos os envolvidos no processo científico.