Feito por: Luiz Viegas.
INICIANTE
Não é esperado do nível iniciante o conhecimento de reações de substituição nucleofílica como e , entretanto a explicação dada no enunciado deve ser suficiente para que o aluno consiga observar que um processo termodinâmico é envolvido na ocorrência de tais reações.
A reação ocorre com duas etapas do mecanismo, sendo que a primeira é a saída do Leaving Group (LG, ou grupo de saída), com a formação de um intermediário carbocátion. Esta primeira etapa é a determinante da velocidade da reação, uma vez que é a etapa lenta da reação, justamente pelo alto nível energético no qual se localiza tal intermediário. Após, o Nucleófilo (, ou grupo que substitui) adiciona ao carbocátion e conclui o mecanismo de .
De forma diferente, a reação de ocorre com apenas uma etapa, na qual há a perda do e a inserção do ao mesmo tempo no carbono de substituição. Esta etapa possui um estado de transição com o carbono realizando 5 interações, portanto observe que ao passo que o entra ao carbono, a ligação C-LG vai se quebrando.
Perceba, portanto, que o mecanismo de possui um impedimento maior de ocorrer do que a reação de , o que faz com que geralmente as reações de substituição bimolecular ocorram em uma velocidade maior àquelas em condições unimoleculares. Observe, além, pelas expressões de velocidade a baixo:
para e para
Veja, portanto, que a velocidade da bimolecular é favorecida por um fator quadrado de concentração, enquanto a unimolecular é favorecida apenas por um fator linear.
INTERMEDIÁRIO
A) Alguns motivos podem ser colocados como os possíveis para que não tenha ocorrido a alteração aparente da configuração dos centros:
1. A substituição não foi realizada no centro de assimetria, o que faz com que geralmente não ocorra uma alteração (ainda assim, pode haver uma alteração caso haja mudança na preferência entre os substituintes);
2. Ocorreram duas SN2 seguidas no mesmo centro, o que pode ocorrer quando existem mais de um nucleófilo no meio reacional, fazendo com que a alteração do centro seja realizada duas vezes;
3. A reação de ocorreu apenas uma vez, mas a substituição fez com que houvesse uma alteração na preferência entre os substituintes do centro, o que motivaria mais uma mudança no centro de assimetria.
Veja que esse é um dos motivos claros de “decorebas” não serem utilizadas na orgânica: a análise de cada caso faz-se como a forma mais efetiva de se verificar uma situação.
B) A utilização de cloreto de tosila, ou um meio com excesso de ácido, faz com que a hidroxila do álcool seja um bom grupo de saída, fazendo com que possa ocorrer uma reação de substituição. Por se tratar de um carbono com dois grupos metil ligados, é possível de ocorrer tanto uma quanto uma , entretanto focaremos apenas na . Por conta disso, o produto da reação é o seguinte:
Podemos observar que o produto possui o esqueleto de 2-bromobutano, com o centro de assimetria em uma configuração (S), ou seja, o produto é o (2S)-2-bromobutano.
DESAFIO) O mecanismo que faz com que o transforme-se em um bom grupo de saída envolve a captura de um do íon hidrônio pelo par de elétrons não ligantes do oxigênio do OH. Por conta disso, o transformou-se em , que é um bom grupo de saída, já que estabiliza-se como uma água ao sair do carbono. É possível ver o mecanismo através do seguinte que demonstra o mesmo mecanismo, só que com um outro ácido ():
Veja que a utilização de ácidos como HCl ou HBr pode fazer com que se tenham produtos colaterais, uma vez que os íons e atuam bem como nucleófilos. , portanto, faz-se como a melhor demonstração – uma vez que o produto da desprotonação do hidrônio é a água.
AVANÇADO
A dinâmica de uma reação de substituição dá-se através de um mecanismo HOMO-LUMO, sendo que a espécie que apresenta o HOMO é o nucleófilo, enquanto a que apresenta o LUMO é o substrato com o carbono que será substituído. Analisemos, portanto, cada um dos dois mecanismos:
- : O mecanismo faz-se como a aproximação do HOMO do nucleófilo ao LUMO do carbono de substituição. Perceba que a doação do HOMO para o LUMO faz com que haja uma população do orbital antiligante da ligação C-LG, o que faz com que haja um enfraquecimento da ligação. Por conta disso, com a maior proximidade do nucleófilo o comprimento de ligação C-LG vai aumentando, até que é estabelecida a ligação C-Nu no lugar da C-LG. No estado de transição, portanto, há a representação dessa descrição, com a doação eletrônica e o consequente enfraquecimento da ligação. Veja, portanto, que a sobreposição orbitalar faz-se de forma que a aproximação do Nu é feita por baixo do carbono, justamente pois é contrária à ligação C-LG que se localiza o maior coeficiente de LUMO da espécie.
- : A primeira etapa do mecanismo faz-se de forma que o substrato recebe energia para que os elétrons do orbital ligante da ligação C-LG saltem para o orbital antiligante desta mesma ligação (). Por conta disso, a ligação C-LG é quebrada e o carbono apresenta-se com deficiência de elétrons. A segunda etapa, portanto, é a doação do HOMO do nucleófilo para esse LUMO que foi criado com a formação da espécie de carbocátion. Veja, portanto, que a sobreposição de orbitais faz com que seja possível uma doação ocorra tanto por cima quanto por baixo, já que o carbocátion possui uma hibridação planar, o que iguala a distribuição do coeficiente de LUMO pela espécie.