INICIANTE
Em várias partes do experimento será utilizada uma pedra qualquer encontrada na superfície, pois, como o planeta é pequeno, podemos estimar a densidade do planeta como a densidade da pedra, a qual é fácil de ser medida. Inicialmente podemos posicionar a régua perpendicularmente no solo e soltar a pedra de seu topo (h=2m), utilizando o cronômetro para determinar quanto tempo t a pedra demora para cair. Assim, podemos obter o Raio do planeta R em função da densidade da pedra ρ:
h=g⋅t22 (1)
g=G⋅MR2, ρ=MV=3⋅M4⋅π⋅R3
g=4⋅π⋅R⋅ρ⋅G3⟹h=2⋅π⋅R⋅ρ⋅G⋅t23
R=3⋅h2⋅π⋅ρ⋅G⋅t2 (2)
Onde M, V e g são, respectivamente, a massa, o volume e a gravidade superficial do planeta. Agora, para descobrir a densidade da pedra, precisamos calcular a sua massa e volume. Para o cálculo da massa devemos utilizar a balança eletrônica, que mede a massa teórica de um objeto mT se ele estivesse na Terra (aceleração da gravidade gT) utilizando a sua normal N:
mT=NgT⟹N=mT⋅gT
Assim, a real massa da pedra mp será:
mp=Ng=mT⋅gTg
Já para o volume da pedra, precisamos inicialmente colocar um volume de óleo V′0 no copo medidor e, após isso, colocar a pedra no líquido, de forma que ela fique totalmente submersa e medir o novo volume V′. Assim, o volume da pedra Vp será:
Vp=V′−V′0⟹Vp=ΔV′
Logo, a densidade do planeta vale:
ρ=mpVp⟹ρ=mT⋅gTg⋅ΔV′ (3)
Substituindo (1) em (3):
ρ=mT⋅gT⋅t22⋅h⋅ΔV′ (4)
Substituindo (4) em (2):
R=3⋅h2⋅ΔV′π⋅mT⋅gT⋅t4⋅G⟹R=12⋅ΔV′π⋅mT⋅gT⋅t4⋅G
Agora precisamos encontrar a distância d do equador ao polo pela superfície do planeta:
d=π⋅R2⟹d=6⋅ΔV′mT⋅gT⋅t4⋅G
Finalmente, podemos calcular o tempo mínimo tmin para chegar ao polo pela velocidade máxima que é possível andar sobre a superfície do planeta (velocidade orbital v0 no raio R):
vo=√G⋅MR=2⋅R⋅√G⋅π⋅ρ3, vo=dtmin
tmin=π4⋅√3G⋅π⋅ρ (5)
Substituindo (4) em (5):
tmin=12⋅t⋅√3⋅π⋅ΔV′G⋅mT⋅gT
INTERMEDIÁRIO
a) Para calcular o período, basta calcularmos o valor do campo gravitacional →g a uma distância →r do planeta. Assim temos a expressão da força gravitacional sentida pelo satélite, que será igual a resultante centrípeta, nos dando assim o período P desejado.
Calculando o campo gravitacional através do análogo da lei de gauss para gravitação (ver asterisco no final da solução):
∮→g⋅d→S=−4πGMin
Mas o que equação nos diz? Ela nos da a integral do fluxo do campo gravitacional sobre uma superfície fechada. Tal superfície é conhecida como superfície gaussiana, e nos podemos escolhe-la. Essa integral é proporcional à massa no interior de tal superfície (Min), sendo 4πG o fator de proporcionalidade.
Vendo a figura:
Primeiramente, podemos concluir que o produto escalar →g⋅→S é simplesmente gS pois, por argumentos de simetria, o campo é radial (simetria por reflexão, por exemplo). Além disso, vemos que a área da gaussiana é simplesmente S=2πrL, logo ∮→g⋅d→S=gS=g2πrL. Temos também que a massa dentro da nossa gaussiana é simplesmente ρπR2L.
Logo:
g2πrL=4πGρπR2L
Portanto:
→g(r)=−2πGρR2rˆr
Igualando a força gravitacional à resultante centrípeta:
Fg=Rcp⇔mg=mω2r
Usando P=2πω e substituindo g, temos:
P=rR√2πGρ
b) Pela definição dada, podemos conservar a energia do corpo nos momentos inicial e final. Repare que após muito tempo o corpo estará no infinito (Ugra=0) com velocidade nula (K=0), logo:
mv2escT2−GMTmRT=0
Assim:
vescT=√2GMTRT
c) Novamente, a energia cinética no final será nula, logo basta calcular a diferença de energia potencial ΔU entre o início e o fim (estou utilizando V para o potencial, onde U=mV). Sabemos que →g=−∇V, logo:
V(d)−V(R)=k∫dR1rdr
Onde k>0.
Como a integral de 1x é ln(x), temos, adicionando limites de integração:
ΔV=−kln(Rd), que diverge para d→∞. Logo, não é possível escapar da atração gravitacional do planeta Wattson (ou de qualquer planeta cujo campo caia com o inverso da distância).
*A equação padrão da Lei de Gauss para a eletrostática é:
∮→E⋅d→S=Qinϵ0
Note que, trocando Q→M e 1ϵ0→4πG (compare a lei de coulomb com a lei da gravitação universal para ver o porquê disso) temos o análogo para a gravitação.
Há um sinal negativo pois, apesar de cargas de mesmo sinal se repelirem, duas massas de mesmo sinal (positivo? A questão da SAO abaixo brinca com isso) se atraem, logo na notação vetorial alguns sinais se invertem.
** essa questão é um exemplo clássico que apenas introduz a Lei de Gauss na gravitação. Para problemas mais aplicados, recomendo a questão 3 da 5th SAO (2017). Você pode encontrá-la neste link.
AVANÇADO
Devido a igualdade matéria-radiação temos que
Ωm(zeq)=Ωr(zeq)
e como
Ωm(z)=(z+1)3⋅Ωm0
Ωr(z)=(z+1)4⋅Ωr0
temos que
(zeq+1)=Ωm0Ωr0
O parâmetro de densidade de radiação de fótons é por definição:
Ωγ0=ργ0ρc0=ϵrc28πG3H2=ϵrc28πG3H2100h2
Onde H100=100km⋅s−1Mpc−1
Como
ϵγ=π215ℏ3c3(KbT)4
Isso implica que
Ωr0⋅h2=π215ℏ3c5(KbT)4⋅8πG3H2100
substituindo
Ωr0⋅h2=2.47⋅10−5
como
Ωr0=1.68Ωγ0
Isso implica que
Ωr0=4.15⋅10−5
Portanto
(zeq+1)=Ωm0Ωr0=2.4⋅104Ωm0h2