Soluções Astronomia - Semana 72

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INICIANTE

Pela Lei de Wien, que relaciona o comprimento de onda tal que a radiância é máxima (\lambda_{max}) com a temperatura T da estrela, que pode ser aproximada como um corpo negro, temos:

\lambda_{max} \cdot T=2.898\cdot 10^{-3}

T=5269K

Agora, sabemos que o fluxo bolométrico (energia por tempo por área) da estrela, F, é tal que F=\sigma T^4. Este se propaga a partir da estrela em todas as direções (esfericamente simétrico), e para uma distância igual ao raio da estrela, temos toda a energia emitida pela estrela por unidade de tempo, também conhecida como luminosidade, logo:

L=4\pi R^2 \sigma T^4

L=2.66\cdot 10^{26} W

INTERMEDIÁRIO

Assumindo que estrela está em equilíbrio, podemos utilizar a fórmula da Lei de Stevin para encontrar a pressão em função da densidade, campo gravitacional e raio:

\dfrac{dP}{dr}=-\rho g

No entanto, não sabemos ainda como se comportará o campo gravitacional. Primeiro, é importante esclarecer a qual campo gravitacional estamos no referindo. Como queremos a pressão em função do parâmetro r, pegaremos justamente o campo gravitacional a uma distância r do centro.  Para isso, imagine uma esfera de raio r. Sabemos que seu campo gravitacional é dado por g=\dfrac{Gm(r)}{r^2}. No entanto, teoricamente ainda há o campo gravitacional que o resto da estrela faz nessa região. Felizmente, é conhecido que o campo gravitacional dentro de uma "coroa" esférica é nulo. Dessa forma, o campo a uma distância r é simplesmente g=\dfrac{Gm(r)}{r^2}. Agora, precisamos calcular m(r). Pela definição de densidade, sabemos que em um elemento de volume dV existe uma massinha dm=\rho dV. Aproveitando a simetria esférica do problema, sabemos que dV=4\pi r'^2dr' (usamos r' só para não confundir com o r do raio da esfera). Logo,

dm=\rho dV

m(r)=\displaystyle\int\limits_0^r \dfrac{3\rho_c}{4\cancel{r'^2}}\,4\pi \cancel{r'^2}dr'=3\pi\rho_c\displaystyle\int\limits_0^rdr'

 m(r)=3\pi\rho_c r

Então, o campo gravitacional g(r) é:

g(r)=\dfrac{Gm(r)}{r^2}=\dfrac{3\pi\rho_c G\,r}{r^2}

g(r)=\dfrac{3\pi\rho_c G}{r}

Agora que temos o campo gravitacional, podemos aplicar a Lei de Stevin:

\dfrac{dP}{dr'}=-\rho g=-\dfrac{3\rho_c}{4r'^2}\dfrac{3\pi\rho_c G}{r'}=-\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{4r'^3}

dP=-\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{4r'^3}dr'

É evidente que basta integrarmos os dois lados para encontrar o resultado, mas antes disso, é necessário discutir os limites de integração. Para r'=r, sabemos que P=P(r). Em qual outro lugar sabemos o valor da pressão? Lembre-se que estamos assumindo o equilíbrio da estrela, ou seja, ela não está aumentando de tamanho nem nada. Isso nos diz que lá na superfície da estrela, a resultante das forças é nula. Entretanto, para fora da estrela, temos apenas vácuo, o qual não exerce pressão externa. Dessa forma, concluímos que P(R)=0, em que R é o raio da estrela, pois, caso contrário, ela expandiria. Integrando:

\displaystyle\int\limits_{P(r)}^0 dP=\displaystyle\int\limits_r^R -\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{4r'^3}dr'\Rightarrow P(r)-0=\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{4}\displaystyle\int\limits_r^R \dfrac{dr'}{r^3}

P(r)=\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{4}\left(\left.-\dfrac{1}{2r'^2}\right)\right|_r^R

P(r)=\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{8}\left(\dfrac{1}{r^2}-\dfrac{1}{R^2}\right)

Infelizmente, o enunciado explicita que só podemos dar a resposta em função da massa M da estrela, a distância r ao centro e constantes, ou seja, precisamos trocar esse R pelo M. Para fazer isso, note que a massa da estrela é simplesmente m(R), portanto:

M=3\pi\rho_c R

R=\dfrac{M}{3\pi\rho_c}

Finalmente,

P(r)=\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{8}\left(\dfrac{1}{r^2}-\dfrac{1}{\left(\frac{M}{3\pi\rho_c}\right)^2}\right)

P(r)=\dfrac{9\pi\rho_c^2G}{8}\left(\dfrac{1}{r^2}-\dfrac{9\pi^2\rho_c^2}{M^2}\right)

AVANÇADO

a) Para encontrar o semieixo maior a, basta utilizarmos o fato de que a energia total de uma órbita fechada é E_{tot}=-\frac{GMm}{2a}. Assim:

K+U=E_{tot} \Leftrightarrow \frac{mv_0^2}{2}-\frac{GMm}{R}=-\frac{GMm}{2a}

Logo:

a=\frac{1}{\frac{2}{R}-\frac{v_0^2}{GM}}

O período é dado pela Terceira Lei de Kepler:

T=\frac{2\pi a^{3/2}}{\sqrt{GM}}

b) Sabemos que, para toda elipse, r_1 + r_2 = 2a, onde r_1 e r_2 são as distâncias de um ponto da elipse até os focos primário (S) e secundário (F), respectivamente. Assim, como o ponto P pertence à órbita elíptica e r_1=|SP|=R, temos que r_2=2a-R. Ou seja, todos os pontos que distam 2a-R do ponto P são possíveis focos secundários, que equivale a uma circunferência de raio FP=2a-R

c) Novamente, sabemos que a soma das distâncias de um ponto da elipse até seus focos é 2a. Assim:

|SQ|+|QF|=2a \Rightarrow |QF|=2a-|SQ|=2a-r

d) Recapitulando tudo o que vimos até aqui com um desenho:

No \Delta PQF podemos utilizar a desigualdade triangular para determinar |PQ| máximo:

|PQ| \leq |QF|+|FP| \Rightarrow |PQ|_{max}=4a-R-r

Note que o caso em que Q e P estão no periélio e afélio não é necessário: basta que o ângulo de lançamento seja escolhido tal que Q, F e P sejam colineares. Além disso, a escolha do triângulo \Delta QSP não funciona pois ela exige que a posição do ponto Q mude para a distância ser máxima, já que os pontos S e P são pré-determinados, e isso não é o que queremos. Estamos procurando um ângulo de lançamento qualquer (que muda somente a posição de F) que seja suficiente para alcançarmos um ponto Q fixo.

e) Como estamos procurando pelo contorno dos pontos tal que |PQ| é máximo, devemos fixar |PQ|=4a-R-r. Agora, olhando para o triângulo \Delta SQP vemos algo interessante: a soma |SQ|+|PQ| é fixa, não dependendo de r. Ou seja, para todos os pontos Q o mais afastados possível de P, a condição que a soma das distâncias dos pontos S e P até Q se mantém fixa é cumprida. Isso é a definição de uma elipse de focos S e P e semieixo maior a' tal que 2a'=4a-R \Rightarrow a'=2a-\frac{R}{2}, e também é conhecida como elipse de segurança. Ela delimita a região de pontos que podem ser atingidos para uma velocidade inicial fixa e ângulo de lançamento qualquer, ou seja, desde que nosso estudante fique fora dela, estará seguro.