Soluções Semana 109 Astronomia

Escrito por Davi Lucas 

Iniciante

Cabelo de Romene

A partir do que foi dado no enunciado, podemos analisar a situação vetorialmente no seguinte esquema geométrico:

Primeiramente, para analisarmos a influência da latitude, devemos ter algum padrão de referência para comparar. Considerando a aceleração da gravidade no centro do planeta Terra  g_0 devido à Lua como referência, temos que esta é dada por:

 \vec{g_0} = \frac{GM}{R^3} \vec{R}

Agora, analisando no ponto específico em que o Romene está, a aceleração  g_p que ele sofre devido à Lua é dada por:

 \vec{g_p} = \frac{GM}{d^3} \vec{d}

Perceba que a única diferença está na distância, por isso, tentaremos achar alguma relação entre \vec{R} e  \vec{d} .
Olhando novamente o esquema geométrico, temos que vetorialmente:  \vec{d} = \vec{R} - \vec{r}
Aplicando a lei dos cossenos no triângulo formado pelos três vetores  \vec{r}, \vec{d} e  \vec{R}, temos:

 d^2 = R^2 + r^2 - 2Rr \cos \phi


 d = (R^2 + r^2 - 2Rr \cos \phi)^{\frac{1}{2}}


 d^3 = (R^2 + r^2 - 2Rr \cos \phi)^{\frac{3}{2}}


 d^3 = R^3 \left(1+ \frac{r^2}{R^2} - 2 \frac{r}{R} \cos \phi \right)^{\frac{3}{2}}

Como r \ll R , podemos desprezar o termo  \frac{r^2}{R^2} :

 d^3 = R^3 \left(1+ \frac{r^2}{R^2} - 2 \frac{r}{R} \cos \phi \right)^{\frac{3}{2}}


 d^3 = R^3 \left(1 - 2 \frac{r}{R} \cos \phi \right)^{\frac{3}{2}}

Utilizando a aproximação binomial:

 d^3 = R^3 \left(1 - \frac{3r \cos \phi}{R} \right)

Substituiremos essa expressão encontrada para  d^3 em  g_p :

 \vec{g_p} = \frac{GM}{d^3} \vec{d}


 \vec{g_p} = \frac{GM}{R^3 \left(1 - \frac{3r \cos \phi}{R} \right) } \cdot (\vec{R} - \vec{r})

Utilizando novamente a aproximação binomial, temos que:

 \vec{g_p} = \frac{GM}{R^3 } \left(1 + \frac{3r \cos \phi}{R} \right) \cdot (\vec{R} - \vec{r})

Em relação ao centro da Terra, temos a aceleração relativa  g_{rel} :

 \vec{g_{rel}} = \vec{g_p} - \vec{g_0}


 \vec{g_{rel}} = \frac{3GM r \cos \phi \, \vec{R}}{R^4} - \frac{GM \, \vec{r}}{R^3} \left( 1 + \frac{3r \cos \phi}{R} \right)

Definindo as referências do plano cartesiano, usaremos o eixo x com a unidade valendo o raio da Terra  r , sendo a origem o centro da Terra, e o eixo y será aquele perpendicular ao x.
Com isso podemos descrever o vetor  \vec{r} como:

 \vec{r} = r ( \cos \phi \ \hat{x} + \sin \phi \ \hat{y})

Substituindo o resultado que encontramos para o vetor  \vec{r} na fórmula encontrada para a gravidade relativa  \vec{g_{rel}} , isto é, aquela causa pela força de maré da Lua:

 \vec{g_{rel}} = \frac{3GM r \cos \phi \, \vec{R}}{R^4} - \frac{GM \, r }{R^3} \left( 1 + \frac{3r \cos \phi}{R} \right) ( \cos \phi \ \hat{x} + \sin \phi \ \hat{y})

Simplificando:

 \vec{g_{rel}} = \frac{2GM r}{R^3} ( 2 \cos \phi \ \hat{x} - \sin \phi \, \hat{y})

Com isso, temos que a força de maré é:

 \boxed{\vec{F_m} = \frac{2GMm r}{R^3} ( 2 \cos \phi \ \hat{x} - \sin \phi \, \hat{y})}

Intermediário

Pequenininho

a) Sabendo que as constantes citadas no enunciado tem as seguintes unidades:

 c = \frac{m}{s}


 G = \frac{N \cdot m^2 }{kg^2} = \frac{m^3}{s^2 \cdot kg}


 \hbar = \frac{kg \cdot m^2}{s}

Temos que a distância de planck  l_p pode ser dada em função dessas constantes com expoentes ainda desconhecidos:

 l_p = G^\alpha \cdot \hbar^\beta \cdot c^\delta

Analisando a dimensão, temos:

 m = m^{3 \alpha} \cdot kg^{-\alpha} \cdot s^{-2\alpha} \cdot kg^{\beta} \cdot m^{2\beta} \cdot s^{-\beta} \cdot m^{\delta} \cdot s^{-\delta}


 m = kg^{-\alpha + \beta} \cdot m^{3\alpha + 2 \beta + \delta} \cdot s^{-2\alpha - \beta - \delta}

Para que o princípio da homogeneidade seja respeitado, isto é a dimensão de ambos os lados da equação seja o mesmo. Temos que:

 -\alpha + \beta = 0


 -2\alpha - \beta - \delta = 0


 3\alpha + 2 \beta + \delta = 1

Resolvendo este sistema, chegamos que:

 \alpha = \beta = \frac{1}{2}


 \delta = - \frac{3}{2}

Assim:

 \boxed{l_p = \sqrt{ \frac{G \hbar}{c^3}}}

b) Nesta situação particular, a energia do fóton é expressa em termos da massa de repouso, ou, neste caso, da massa equivalente, pois um fóton jamais alcançaria esse estado.

 E = m_{eq} c^2

Além disso, temos a equação da energia de um fóton em função do seu comprimento de onda  \lambda.

 E = hf = \frac{hc}{\lambda}

Igualando ambas:

\boxed{m_{eq} = \frac{h}{\lambda c}}

c) Analisando a situação com os dois fótons representados em vermelho e o centro de massa C.M:

Temos que estes fótons realizarão uma órbita circular em torno do C.M. Assim analisando a força gravitacional como resultante centrípeta:

 F_g = R_{cp}


 \frac{G m_{eq}^2}{(2R)^2} = \frac{m_{eq} \cdot c^2}{R}


\frac{G m_{eq}}{4R} = c^2

Definindo o diâmetro orbital como  d = 2R:

\frac{G m_{eq}}{2d} = c^2


\frac{G m_{eq}}{2c^2} = d

Substituindo a massa equivalente  m_{eq} encontrada no item anterior:

 \boxed{d = \frac{G h}{2 \lambda c^3} }

d) Para que a informação não escape, o maior comprimento de onda deve ser igual ao comprimento da órbita. Qualquer comprimento de onda maior que esse resultaria na fuga de informação da órbita. Assim,  \lambda = \pi d .

Substituindo essa condição na expressão do diâmetro orbital encontrada no último item:

 d = \frac{G h}{2 \lambda c^3}


 d = \frac{G h}{2 \pi d c^3}


 d^2 = \frac{G h}{2 \pi c^3}


 d^2 = \frac{G \hbar}{c^3}


 d = \sqrt{\frac{G \hbar}{c^3}}

E assim, descobrimos que a distância de planck é o diâmetro da órbita estudada:

 \boxed{l_p = \sqrt{\frac{G \hbar}{c^3}}}

Avançado

Fotometria da lambança?

Antes de resolvermos o problema, gostaria de dar duas ressalvas, primeiramente você não é obrigado a resolver todas as integrais na mão, caso sinta dificuldade principalmente no item D, fique a vontade para utilizar ferramentas matemáticas online, assim como você pode usar nas listas de Vinhedo! Outra coisa, esse assunto é bem complicado e poucas pessoas realmente o entendem completamente, por isso, fique a vontade para tirar suas dúvidas no grupo de astronomia do NOIC ou aprender um pouco mais na Apostila Magna.

a) Como mencionado no texto, o fluxo que chega é proporcional à área iluminada do visível do astro. Portanto, devemos explorar a geometria desse problema a fim de encontrar tal área. Observe atentamente a seguinte figura sabendo que a porção cinza é aquela que não recebe luz solar e a porção em azul claro é aquela em que um observador terrestre não consegue enxergar mesmo que estivesse iluminiada.

Além disso, é interessante notar que na visão do observador, metade da lua visível (ou seja, na realidade \frac{1}{4} ) é observável e mais meia elipse de raio  R \cos \alpha assim como na seguinte imagem:
Dessa forma, a área que um observador terrestre enxerga é:

 A = \pi R^2 + \frac{\pi R \cdot R \cos \alpha}{2}


 A = \pi R^2 \left( \frac{1 + \cos \alpha}{2} \right)

Agora, podemos calcular a função de fase integral \Phi. Quando o ângulo de fase \alpha = 0, a área visível corresponde a toda a Lua, ou seja, A = \pi R^2. Portanto:

 \Phi = \frac{I(\alpha)}{I(0)} = \frac{\pi R^2 \left( \frac{1 + \cos \alpha}{2} \right)}{\pi R^2}


 \boxed{\Phi = \frac{1 + \cos \alpha}{2} }

b) A partir da fórmula dada, podemos cortar o  dA dos dois lados:

 E = \int_{0}^{2 \pi} L_{lam} d\Omega \cos e

A partir da seguinte visualização retirada do livro Introduction to Planetary Photometry, podemos encontrar interessantes relações para o  d \Omega .
Dessa maneira o infinitesimal de área  dA pode ser escrito como:

 dA = R de \cdot R \sin e d \phi


 dA = R^2 \sin e de d \phi

Como o infinitesimal de ângulo sólido pode ser definido como  d \Omega = \frac{dA}{R^2}:

 d \Omega = de \sin e \ d \phi

Substituindo na equação anterior com os devidos intervalos, temos:

 E = \int_{0}^{2 \pi} d \phi \int_{0}^{\frac{\pi}{2}} L_{lam} \sin e \ \cos e de

Realizando as devidas integrações, chegamos em:

 E = \pi L_{lam}

Devido às características da superfície lambertiana, existem propriedades relacionadas ao cosseno dos ângulos de inclinação e emissão que, no final, se equilibram, fazendo com que a radiância seja independente do ângulo de observação. Perceba pela seguinte figura que a inclinação afeta na quantidade de energia:
Temos que a energia nada mais é que o fluxo multiplicado por um termo cosseno:

 E = F \cos i

Perceba que essa energia depende da área e possui mesma unidade que o fluxo, realmente um grande problema na fotometria são as definições e convenções de unidades. Mas saiba que estamos usando dessa maneira por aqui.

Assim, substituindo na fórmula encontrada pós-integração:

\boxed{ L_{lam} = \frac{F \cos i}{\pi}}

c) A partir da figura do enunciado, podemos desenhar o seguinte triângulo esférico:
Aplicando a lei dos cossenos, temos:

 \cos i = \cos \Theta \cos (\alpha + \Lambda) + \sin(\Theta) \sin(\alpha + \Lambda) \cos 90^\circ


 \boxed{\cos i = \cos \Theta \cos (\alpha + \Lambda) }

Além disso, também temos o seguinte triângulo:
Aplicando a lei dos cossenos:

 \cos e = \cos \Theta \cos \Lambda + \sin \Theta \sin \Lambda \sin 90^\circ


 \boxed{\cos e = \cos \Theta \cos \Lambda }

d) Pela fórmula que já chegamos anteriormente:

 L_{lam} = \frac{F \cos i }{\pi}

Indo para um referência normal, saindo da visão inclinada que possuí a interferência do ângulo de emissão  e , temos:

 I_{lam} = \frac{F \cos i }{\pi} \cdot A \cos e

Encontrando o infinitesimal de intensidade luminosa:

 d I_{lam} = \frac{F dA }{\pi} \cos i \cos e

Substituindo as fórmulas encontradas por trigonometria esférica no item anterior:

 d I_{lam} = \frac{F dA }{\pi} \cos^2 \Theta \cos \Lambda \cos (\alpha + \Lambda)

Analise a seguinte figura que nos mostra a área dA analisada:Temos que:

 dA = R d \Omega \cdot R \cos \Theta d \Theta


 dA = R^2 \cos \Theta d \Theta d\Omega

Substituindo  dA na fórmula encontrada anteriormente para  d I_{lam} :

 d I_{lam} = \frac{F R^2 }{\pi} \cos^3 \Theta \cos \Lambda \cos (\alpha + \Lambda) d \Theta d\Omega

Integrando  \Theta de  -\frac{\pi}{2} até  \frac{\pi}{2} e  \Lambda de  -\frac{\pi}{2} até  \frac{\pi}{2} - \alpha , chegamos em:

 I_{lam} = \frac{2}{3} \cdot \frac{FR^2}{\pi} [ sin \alpha + (\pi - \alpha) \cos \alpha ]

Temos que a função de fase integral é:

 \Phi = \frac{I(\alpha)}{I(0)}


\boxed{\Phi = \frac{1}{\pi} [ sin \alpha + (\pi - \alpha) \cos \alpha ] }