Quando estudamos os seres vivos, é interessante classificá-los de acordo com suas características. Ao longo da história, diversos sistemas de classificação foram desenvolvidos, alguns mais precisos que outros. Nesta aula, vamos estudar as duas principais classificações utilizadas atualmente, bem como a história do seu desenvolvimento.
Reinos
A classificação dos seres vivos em reinos remonta foi primeiramente desenvolvida por Lineu no século XIII. Ele considerava a existência de três reinos: o animal (englobando todos os seres vivos que se movem), o vegetal (todos os seres vivos que não se movem) e o reino mineral (seres não vivos).
Com o advento da microscopia, ficou claro que essa classificação poderia ser aperfeiçoada. No século XIX, um novo reino foi adicionado: o protista, que englobava todos os seres vivos microscópicos. Além disso, o reino mineral passou a ser desconsiderado nas classificações em torno dessa época.
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Já no século XX, estudos de biologia celular levaram pesquisadores a perceber uma diferença fundamental entre todos os seres vivos: alguns possuem células com organelas membranosas (chamados, atualmente, de eucariontes) e outros, não (os procariontes). Portanto, foi proposta a classificação em quatro reinos, que considerava os procariontes como um reino à parte dos Protistas, o Monera.
A próxima separação ocorreu com os fungos, que foram retirados do reino Plantae (vegetal) por sugestão do biólogo Robert Whittaker. Essa classificação em cinco reinos ainda é muito popular hoje em dia.
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Reino Monera
O reino monera é composto por organismos unicelulares e procariontes — ou seja, não possuem organelas membranosas ou material genético organizado em núcleo. Além da membrana plasmática, a maioria dos seres desse reino possui uma camada protetora externa, a parede celular, geralmente composta por peptidoglicano. Podem possuir, ainda, um terceiro envoltório, a cápsula.
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Os seres do reino monera ocupam os mais diversos ecossistemas do planeta e podem ser autótrofos ou heterótrofos, a depender da espécie. Reproduzem-se assexuadamente, por meio de divisão binária (isto é, uma divisão celular, em que um indivíduo se torna dois), mas podem trocar material genético de diversas maneiras, o que favorece a variabilidade genética e a adaptação ao meio-ambiente.
As três principais maneiras de troca genética entre procariontes são a conjugação, a transformação e a transdução. Na conjugação, duas bactérias se unem por intermédio de uma estrutura chamada pilus (plural pili) reprodutor. A união permite a troca de material genético por meio de plasmídeos (estruturas circulares de DNA do organismo doador que podem se integrar ao genoma do organismo receptor). A transformação, por outro lado, ocorre quando uma bactéria absorve um plasmídeo presente no meio, sem que haja contato direto entre dois indivíduos. Por fim, a transdução ocorre por intermédio de vírus, que podem transportar o material genético de um procarionte a outro.
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Domínios
No final da década de 1970, Carl Woese percebeu algumas diferenças fundamentais na estrutura celular de alguns procariontes que habitavam em ambientes extremos. Em vez de possuírem parede celular composta por peptidoglicano, esta era feita de outros polissacarídeos. Além disso, a composição química da membrana plasmática desses organismos também era distinta da maioria dos procariontes. Por fim, o processo de transcrição e tradução genética desses seres era muito similar à dos eucariontes.
Considerando esses e outros achados, Woese propôs um sistema classificativo acima dos reinos, os chamados três domínios. Todos os eucariontes estariam no domínio Eukarya, ao passo que os seres procariontes, do reino Monera, estariam divididos em dois domínios: Bacteria (englobando os procariontes “usuais”) e Archaebacteria (englobando os organismos diferentes estudados por Woese). A classificação em domínios, apesar de popular, tem sua validade ainda muito debatida no meio científico.
Aula elaborada por Kauí P. Lebarbenchon