Nesta segunda aula sobre estruturas vegetais, vamos estudar a morfologia dos caules e das sementes.
Semente
As sementes são estruturas embrionárias presentes nas plantas fanerógamas ou superiores, isto é, gimnospermas e angiospermas. As sementes possuem três partes principais: o embrião, o endosperma e o tegumento.
O embrião fica na parte mais interna da semente. É ele que dará origem às principais estruturas da planta adulta, como as raízes e o caule. A parte externa do embrião é formada pelo(s) cotilédones, estruturas que nutrem a planta durante as fases iniciais da germinação. A parte central do embrião, chamada de eixo embrionário, possui o epicótilo e o hipocótilo. O epicótilo dá origem ao caule e se encontra acima do ponto de união do(s) cotilédone(s) ao eixo embrionário, ao passo que o hipocótilo se desenvolve na raiz e se encontra abaixo desse ponto. Algumas plantas possuem, ainda, folhas apicais em estágio de desenvolvimento na ponta do epicólito, as chamadas plúmulas.
O endosperma possui reservas energéticas que são absorvidas pelo(s) cotilédone(s) e distribuídas ao embrião.
Por fim, temos a parte mais externa da semente, o tegumento. O tegumento protege o embrião e o(s) cotilédone(s), possuindo três camadas, da mais externa para a mais interna: epiderme, hipoderme e parênquima.
Caule
De modo geral, os caules são estruturas segmentadas que têm como principais funções a sustentação da planta e a formação de outras estruturas vegetais, como os ramos e as folhas. As folhas e ramos originam-se a partir das gemas axilares e apicais da planta. As regiões do caule de onde as gemas axilares partem costumam ser mais grossas que o restante da estrutura, sendo chamadas de nós. As partes do caule entre cada nó são chamadas de entrenós.
A primeira maneira de estudar os caules é considerar sua origem. Tipicamente, o caule tem origem da semente da planta. Como vimos, o interior da semente possui uma estrutura inicial que se desenvolverá no caule: o caulículo. Nos estágios iniciais da germinação da semente, a gema apical e as gemas laterais do caule formam-se a partir do epicótilo, resultando numa estrutura primitiva que chamamos de caulículo. O caulículo não possui camada lignificada, apresentando, geralmente, coloração verde-clara translúcida.
É possível, no entanto, que um caule se desenvolva a partir de células-tronco presentes na planta jovem ou adulta, e não a partir do material embrionário. Esses caules são conhecidos como adventícios.
Um fenômeno interessante é a caulifloria, isto é, o desenvolvimento de flores ao longo de todo caule e não apenas nas regiões apicais. Esse fenômeno não ocorre em todos as angiospermas, mas pode ser observado em algumas árvores conhecidas, como a jaqueira, o cafeeiro e a jaboticabeira.
Podemos classificar os caules de acordo com sua consistência e rigidez. Plantas menores possuem, geralmente, caule maleável e com pouca lignificação, o chamado caule herbáceo. Algumas outras plantas possuem lignificação apenas na porção inferior do caule, como no caso da mandioca. Esses caules são chamados de sublenhosos. Por fim, temos o caule lenhoso, completamente lignificado. É o caule presente na maioria das plantas de grande porte.
Outra classificação básica dos caules considera o meio em que se encontram. Caules submersos, como o da vitória-régia, são chamados de caules aquáticos. Caules que se desenvolvem embaixo da terra são classificados como subterrâneos. É o caso da banana e da batata-inglesa. Por fim, caules que se desenvolvem acima do solo e fora da água, como os caules do coqueiro e da mangueira, são chamados de caules aéreos.
Os caules terrestres possuem várias subclassificações. Em primeiro momento, consideramos a disposição da estrutura no espaço: caules rastejantes, que ficam apoiados sobre o solo; caules trepadores, que se apoiam sobre outras plantas ou estruturas; e caules eretos, que crescem perpendicularmente ao chão.
Os caules eretos podem ser subclassificados em troncos, estipes, hastes e colmos. Os troncos são caules espessos e bastante lignificados, geralmente encontrados em plantas de maior porte, como a laranjeira, a mangueira e o eucalipto. Os estipes, por outro lado, são fibrosos e, ao contrário dos troncos, não possuem ramificações laterais. Suas folhas estão concentradas na parte apical da planta. Um exemplo clássico de estipe é o coqueiro. As hastes são encontradas em plantas menores, como o feijoeiro e o tomateiro. São caules maleáveis e pouco lignificados. Por fim, temos os colmos, caules de natureza herbácea. São ocos ou preenchidos por um tecido mole. O bambu é um exemplo de colmo.
Finalmente, passamos à classificação dos caules subterrâneos. Plantas como a bananeira, por exemplo, possuem caule subterrâneo rico em reservas de carboidratos, numa estrutura chamada de rizoma. O rizoma possui nós e entrenós semelhantes aos dos caules aéreos. Além disso, geralmente tem suas gemas protegidas por folhas modificadas. Plantas como a mandioca, por outro lado, possuem caules subterrâneos completamente preenchidos por reservas energéticas e sem nós e entrenós. Esses caules são chamados de tubérculos. Por fim, temos os caules subterrâneos do tipo bulbo, presentes, por exemplo, nas tulipas e nas cebolas. Os caules do tipo bulbo são, de modo geral, protegidos por folhas modificadas: as escamas, mais externas e secas, como a casca da cebola, e os catáfilos, mais internos e dotados de reservas energéticas, como a parte da cebola que consumimos.
Precisamos, ainda, estudar algumas modificações e estruturas formadas a partir do caule. Alguns ramos maleáveis podem formar estruturas enroladas, as gavinhas, que auxiliam na fixação e na sustentação da planta. Caules como o do pau-brasil formam espinhos, importantes para a defesa do vegetal. Plantas cactáceas e leguminosas apresentam caules especializados no armazenamento de água, os cladódios.
Aula elaborada por Kauí Lebarbenchon