Nessa aula, vamos nos aprofundar na morfologia e classificação das raízes.
Em geral, as raízes podem ter duas origens. O embrião das plantas possui uma estrutura chamada radícula, que originará a chamada raiz principal da planta. É possível, no entanto, que raízes cresçam a partir do caule ou folhas da planta, sendo chamadas de raízes adventícias, nesse caso.
Existem duas formas principais de organização das raízes. Quando a raiz possui uma estrutura central, de onde surgem ramificações laterais menores, é chamada de pivotante. Também chamadas de raízes axiais, estão presentes nas gimnospermas e nas angiospermas dicotiledôneas e originam-se da raíz principal. Essa organização ajuda a planta a atingir maiores profundidades no solo — o que pode ser fundamental para a obtenção de recursos como água — pois o ramo central da raiz sempre cresce para baixo e é relativamente resistente. As raízes das monocotiledôneas, por outro lado, não possuem um ramo central de crescimento vertical para baixo, mas sim um conjunto de ramos independentes, de origem adventícia, que se espalham por diversas direções do solo. Esse modo de organização é chamado de raiz fasciculada e favorece o crescimento em áreas de solo arenoso, pois a rede de raízes independentes atua como fixador do solo.
Além das diferenças mencionadas acima, existem particularidades relacionadas ao ambiente de crescimento da planta. Assim, podemos classificar as raízes como terrestres (quando envoltas por substrato sólido), aquáticas (quando envoltas por água, como no caso da vitória-régia) ou aéreas (quando completamente expostas ao ar, como no caso das orquídeas). Vale destacar que algumas plantas possuem raízes aéreas capazes de captar água da atmosfera.
Podemos também classificar as raízes de acordo com a função que desempenham na planta. Algumas plantas altas e leves, como o milho, apresentam raízes adventícias que, partindo de uma região do caule acima do solo, fixam-se no terreno, auxiliando na estabilidade e sustentação da planta — as chamadas raízes de escora. Plantas mais pesadas, como a figueira, possuem raízes aéreas grandes, partindo da base do caule e espalhando-se lateralmente. Essas raízes, chamadas tabulares, também servem para dar sustentação à planta. Vale destacar que a figueira também possui raízes escora, mas para a sustentação dos galhos e não do tronco.
Plantas que crescem em solo pobre em oxigênio, como as árvores dos manguezais, apresentam raízes com geotropismo positivo — isto é, que crescem para cima ao invés de para baixo — que, colocadas acima do solo (e, eventualmente, da água) captam oxigênio da atmosfera e distribuem-o para o resto da planta. Essas estruturas são chamadas de raízes respiratórias ou pneumatóforos.
Plantas trepadeiras apresentam as raízes chamadas grampiformes, que auxiliam na fixação da planta no suporte de crescimento. Plantas parasitas, por outro lado, apresentam um tipo especializado de raiz chamado de haustório, que possui estruturas (apressórios) capazes de se infiltrar nos tecidos vasculares da planta hospedeira e roubar nutrientes. A parasita é chamada de holoparasita quando extrai a seiva elaborada da planta hospedeira, e de hemiparasita quando extrai seiva bruta.
Por fim, existem raízes especializadas no armazenamento de nutrientes, como carboidratos, água, sais minerais ou mesmo outros compostos orgânicos. Essas raízes são chamadas tuberosas e alguns exemplos clássicos são a cenoura e a batata-doce.
Do ponto de vista morfológico, todo ramo de raiz apresenta algumas estruturas. A ponta da raiz é coberta por uma estrutura protetora chamada coifa. Logo acima da coifa está a porção responsável pelo crescimento da raiz, denominada região de distensão (ou lisa). As células da região de distensão se alongam, por ação do hormônio giberelina, possibilitando que a raiz continue a penetrar no solo. Acima da região de distensão está a região pilífera, coberta por pequenas estruturas semelhantes a pêlos que aumentam o poder de absorção da raiz. Por fim, na parte mais superior da raiz, temos a região de ramificação, a partir da qual ramos radiculares secundários podem se formar.
Uma última classificação considera o número de camadas na epiderme da raiz. Plantas unisseriadas, as mais frequentes, possuem apenas uma camada de células na epiderme. Já as plantas multisseriadas possuem diversas camadas, geralmente de células mortas, formando uma estrutura denominada velame. Por sua grande área superficial, o velame é ótimo em absorver nutrientes, sendo esse tipo de estrutura que possibilita a retirada de água da atmosfera pelas raízes aéreas de algumas plantas, como citado anteriormente nessa aula.
Aula elaborada por Kauí Lebarbenchon