Gametogênese

Gametogênese

Gametogênese são os processos biológicos responsáveis pela produção de gametas femininos e masculinos, sendo essencial para a reprodução das espécies. A seguir serão abordados os eventos que ocorrem em mamíferos.

Gametogênese Masculina (espermatogênese):

A gametogênese masculina ocorre, na espécie humana, desde a puberdade até o final da vida. A produção dos espermatozoides ocorre nos testículos, cujo corte histológico está representado a baixo:

testiculo histologia | Corte para microscopia óptica | Isaias Malta | Flickr

As principais células presentes nos testículos são:

  • Células de Leydig: células endócrinas encontradas fora dos túbulos seminíferos responsáveis pela produção e liberação de testosterona;
  • Células de Sertoli: célula responsável pela delimitação dos túbulos seminíferos, além de ter a função de nutrir e dar suporte à linhagem germinativa;
  • Linhagem germinativa: abrange as espermatogônias, os espermatócitos, as espermátides e os espermatozoides, ou seja, representam as células que diferenciar-se-ão em gametas.

A transformação de espermatogônias para espermatozoides funcionais é um processo complexo e envolve 4 eventos:

  • Divisões celulares: as espermatogônias, por mitose podem gerar cópias de si, ou quando mais próximas ao lúmen começam a crescer e passam a se chamar espermatócitos primários. Os espermatócitos primários sofrem a meiose 1 e geram dois espermatócitos secundários, cada um dos quais sofre a meiose 2 e gera 2 espermátides redondas cada;

  • Espermiogênese: as espermátides redondas desenvolvem o flagelo a partir do centríolo e o acrossomo a partir do complexo de Golgi, as mitocôndrias migram para a peça intermediária e ocorre perda de parte do citoplasma, passando então a serem chamadas de espermátides alongadas;
  • Espermiação: as espermátides alongadas desprendem-se das células de Sertoli e são liberadas no lúmen. A partir desse ponto as células já são chamadas de espermatozoides;

  • Maturação: os espermatozoides, após serem liberados no lúmen dos túbulos seminíferos, são encaminhados ao epidídimo, onde sofrerão a maturação e serão armazenados. Durante a maturação os espermatozoides adquirem a capacidade de movimentação do flagelo e recebem fatores decapacitantes para proteção.

Com o estímulo ejaculatório, os espermatozoides que estavam armazenados no epidídimo, juntamente com secreções da próstata e da vesícula seminal, são liberados na uretra.

Gametogênese Feminina (oogênese):

A gametogênese feminina inicia-se na vida fetal e completa-se após a puberdade.

Durante a vida fetal, ocorre mitose por parte das oogônias, que podem formar ou novas oogônias ou oócitos primários. Os oócitos primários iniciam a meiose 1 e estacionam na fase da prófase 1. Após esse período não ocorre produção de novos oócitos primários, ou seja, o número de gametas que será produzido pela mulher é limitado e já é definido nessa fase.

Com o início da puberdade, pelo estímulo de LH e FSH, o oócito primário termina a meiose 1 e forma um oócito secundário (que possui a maior parte do citoplasma da célula-mãe) e um glóbulo polar primário. Com o pico de LH, por volta do 14° dia do ciclo menstrual, ocorre a liberação do oócito secundário na tuba uterina, processo conhecido como ovulação (embora o termo biologicamente mais correto seja oocitação, já que é liberado um oócito e não um óvulo). Caso ocorra a fecundação pelo espermatozoide, o oócito secundário termina a meiose 2 e dá origem a um óvulo e a um glóbulo polar secundário.

Note que os glóbulos polares não tem função reprodutiva.

Gametogênese Feminina (foliculogênese):

Paralelamente ao desenvolvimento das células germinativas femininas, ocorre o desenvolvimento de outras estruturas que auxiliarão o óvulo e até mesmo os primeiros estágios do embrião. O conjunto dessas estruturas com suas respectivas células germinativas é chamado de folículo. Os folículos se desenvolvem com as seguintes fases:

  • Folículo Primordial: é constituído por um oócito primário rodeado por células achatadas da camada granulosa;
  • Folículo Primário Unilaminar: é constituído pelo oócito primário envolto por uma camada de glicoproteínas e peptideoglicanos (zona pelúcida), que é secretada pela única camada de células que constitui a camada granulosa;
  • Folículo Primário Multilaminar: apresenta um oócito primário com a zona pelúcida e uma camada granulosa com múltiplos extratos de células. Em volta dessa estrutura, um tecido conjuntivo modificado, com função de nutrição, forma-se, sendo chamado de teca interna;
  • Folículo Secundário: contém um oócito primário, zona pelúcida, camada granulosa multiestratificada com presença de numerosos antros (espaços acelulares com líquido), teca interna e teca externa (tecido conjuntivo com função endócrina). A formação desse folículo está associada ao estímulo por FSH;
  • Folículo Terciário (Maduro): Apresenta as mesmas estruturas do folículo secundário, diferindo pela presença de um oócito secundário e pela fusão dos antros em um único e espaçoso antro. A presença desse espaçoso antro divide a camada granulosa em três partes: a corona radiata, que circunda a zona pelúcida, a camada granulosa propriamente dita, que está em contato direto com a teca interna, e o cumulos oophurus, que conecta as duas.

Para a oocitação (ovulação) ocorre o rompimento das tecas e da camada granulosa de um folículo terciário, ocorrendo a liberação do líquido presente no antro e do conjunto oócito + zona pelúcida + corona radiata. O conjunto restante, formado pela camada granulosa e pelas tecas, formará o corpo lúteo, com importante função endócrina para a regulação do ciclo menstrual e manutenção de uma possível gravidez.

 

Aula elaborada por Igor Bersanetti Gabilondo