Reprodução Vegetal

Os seres do reino Plantae podem se reproduzir tanto de maneira assexuada como de maneira sexuada. 

 

Reprodução assexuada

 

Em ambiente natural, as plantas conseguem gerar novos indivíduos assexuadamente através de um processo denominado de propagação vegetativa. Esse processo se dá quando um fragmento da planta, como um ramo por exemplo, desprende-se da estrutura principal do vegetal e passa a crescer separadamente, tornando-se efetivamente uma nova planta, ainda que com o mesmo material genético da original. Ou seja, as plantas resultantes da propagação vegetal são clones. Vale destacar que, apesar de raro, florestas inteiras podem ser formadas por clones de um único indivíduo, como é o caso do bosque Pando, nos Estados Unidos.

 

O bosque Pando é formado por centenas de clones de uma mesma árvore.

 

 

Várias técnicas agrícolas aproveitam-se da capacidade de reprodução assexuada das plantas. Uma dessas técnicas, a enxertia, envolve a implantação de um ramo de uma espécie de planta no caule de uma planta de outra ou mesma espécie, resultando em um indivíduo “híbrido”. A enxertia contribui, por exemplo, para o cultivo de frutas em regiões onde o solo não é propício para o desenvolvimento da planta original. Além disso, torna a produção mais rápida, pois não é necessário esperar que a planta se desenvolva a partir de uma semente até a maturidade, o que em alguns casos pode levar anos.

 

Exemplo de enxertia

 

Outro método muito utilizado é a alporquia, em que se induz a formação de raízes adventícias nos ramos de uma planta — envolvendo-o com terra, por exemplo — gerando, assim, uma muda dessa planta. Similarmente, há o método de mergulhia, que consiste em submergir parte de um ramo no solo, também induzindo o crescimento de raízes. 

 

O método menos sofisticado, no entanto, é a estaquia, no qual ramos contendo gemas de crescimento são cortados da planta e fincados no solo, como estacas, e passam a crescer independentemente.

 

Reprodução sexuada

 

Apesar de que as estruturas variem entre os grupos de plantas, há uma constante na reprodução sexuada das plantas: o ciclo haplodiplobionte, popularmente conhecido como alternância de gerações.

 

Diferente dos animais, que possuem indivíduos adultos diploides e gametas haploides, as plantas possuem gametas haploides, adultos haploides e adultos diploides. Os adultos diploides, chamados de esporófitos, produzem os gametas (esporos) por meiose. Esses gametas dão origem aos gametófitos, adultos haploides que produzem gametas por mitose. Esses gametas, então, dão origem a novos esporófitos, recomeçando o ciclo. Vale destacar que a parte sexuada da reprodução ocorre com a fusão dos gametas produzidos pelos gametófitos. 

 

Você pode estar se perguntando: se existem duas fases adultas, por que só vemos um “tipo” de árvore? Seria o gametófito indistinguível do esporófito? Em todas as plantas, o gametófito e o esporófito são sim bem diferentes. No entanto, só um deles costuma ser permanente, explicando por que só vemos um tipo de planta. 

 

No caso das briófitas, as plantas mais simples, o gametófito é permanente — ou seja, os musgos são adultos gametófitos. Esses gametófitos podem ser masculinos ou femininos. Os gametófitos masculinos geram um gameta natante chamado anterozoide, que fica guardado em uma estrutura chamada de anterídio. Como precisam nadar até o gametófito fêmea, os anterozoides só são liberados após chuvas ou alagamentos. Após a fecundação, um esporófito brota a partir da parte superior da planta feminina. Esse esporófito gerará esporos, que darão origem a novos gametófitos.

 

Ciclo reprodutivo das briófitas

 

As pteridófitas, por outro lado, apresentam esporófito permanente. Debaixo das folhas dos esporófitos das pteridófitas, podemos encontrar os soros, estruturas produtoras de esporos. Ao serem liberados, os esporos formam, no chão, os prótalos, isto é, os gametófitos das pteridófitas. Os prótalos possuem formato cardioide e tamanho milimétrico. O prótalo contém tanto a estrutura reprodutora masculina (anterídio) quanto a feminina (arquegônio). Assim como nas briófitas, os anterídios produzem anterozoides que, em condições úmidas, nadam até o arquegônio, fecundando-o e gerando um zigoto, que se desenvolverá em um novo esporófito. 

 

Ciclo reprodutivo das pteridófitas

 

As gimnospermas também apresentam esporófito permanente e folhas adaptadas para a formação de gametas, as chamadas folhas esporófilas. Essas folhas costumam agrupar-se em macroestruturas conhecidas como estróbilos, cones ou pinhas. Os estróbilos masculinos produzem esporos denominados micrósporos, pois são muito menores que os esporos femininos, conhecidos como megásporos. Esses micrósporos dão origem ao grão de pólen, o gametófito masculino que será carregado pelo vento até um estróbilo feminino para realizar a fecundação. 

 

Em cada cápsula do estróbilo feminino há quatro megásporos, todos frutos de um mesmo processo meiótico, mas só um deles originará o gameta femininos. Quando atinge o estróbilo feminino, o grão de pólen conecta-se à parte mais externa do óvulo (micrópila) e desenvolve o tubo polínico, que transportará os gametas masculinos até a oosfera, realizando a fecundação. Vale destacar que o gametófito masculino produz dois gametas, mas apenas um deles fecunda o gameta feminino.

 

Ciclo reprodutivo das gimnospermas

 

Nas angiospermas, o esporófito também é a estrutura permanente, e a reprodução é bastante similar à das gimnospermas. No entanto, há uma diferença crucial: a dupla fecundação. Além da formação do embrião, que resulta da fusão de um dos gametas masculinos com a oosfera, como nas gimnospermas, há ainda a fecundação dos núcleos polares pelo outro gameta masculino. Os núcleos polares se formam durante a maturação do gametófito feminino, juntamente com outras células de apoio à oosfera. Quando fecundados os núcleos polares dão origem ao endosperma da semente, que nutrirá o embrião. Por fim, vale destacar que, em vez de estróbilos, as angiospermas possuem flores como estruturas reprodutivas.

Ciclo reprodutivo das angiospermas

 

 

Aula elaborada por Kauí Lebarbenchon