OBF 2011 - Terceira Fase (Nível 2)

Escrito por Matheus Ponciano

Você pode acessar a prova aqui

Questão 1 (exclusiva para alunos do 1º ano):

Neste problema você será apresentado a um método desenvolvido por Isaac Newton e Gottfried Leibnitz independentemente. Nele você irá aprender a derivar a velocidade de um corpo em movimento tendo conhecimento apenas da sua função horária da posição. Considere um móvel cuja equação horária é x(t) = 3t^2 - 2t +1, onde x(t) é dado em metros e t em segundos.
(a) Qual a posição do móvel nos instantes t_0 = 0 s, t_1 = 1 s e t_2 = 2 s.
Sabendo que a velocidade média de um móvel entre os instantes t e t+\Delta t é dada por

v_m = \dfrac{x(t+\Delta t) - x(t)}{\Delta t}

(b) Determine a velocidade média do móvel nos intervalos (t_o, t_1), (t_1, t_2) e (t_o, t_2).
Agora, vamos aprender a determinar a velocidade instantânea de um móvel num instante dado. Para calcular a velocidade do móvel no instante t_1 = 1 s,proceda da seguinte maneira:
(c) Determine o valor da velocidade média do móvel entre t_1 e t_1 +\Delta t ,em função de \Delta t .
(d) A velocidade do móvel é obtida fazendo-se \Delta t =0 na expressão obtida no item anterior. Determine
essa velocidade.
(e) Repita o mesmo procedimento dos itens (c) e (d) para determinar o valor da velocidade em qualquer
instante de tempo t .

Assunto Abordado

Cinemática

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Solução

a) Substituindo os tempos na função horária, obtemos:

x(t_{0})=1 m

x(t_{1})=2 m

x(t_{2})=9 m

b) Utilizando a definição fornecida e substituindo os valores encontrados no item anterior, obtemos:

v_{m1}=1 m/s

v_{m2}=7 m/s

v_{m3}=4 m/s

c) Por definição, temos:

v_{m}(\Delta t)= \dfrac{x(t_{1}+\Delta t)-x(t_{1})}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t)=\dfrac{3\left(1+\Delta t \right)^{2} -2 \left(1+\Delta t \right) + 1 - 2}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t)=\dfrac{3 \left(1 + 2\Delta t + \left( \Delta t \right) ^{2} \right)-2 - 2 \Delta t + 1 -2}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t)=\dfrac{3+6 \Delta t +3 \left( \Delta t \right) ^{2}-3-2\Delta t}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t)=4+3\Delta t

Onde v_{m} está em metros por segundo e \Delta t em segundos.

d) Substituindo, obtemos:

v=4 m/s

e) Primeiramente, encontremos a fórmula em função de \Delta t e t:

v_{m}(\Delta t, t)=\dfrac{x(t+\Delta t)-x(t)}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t, t)=\dfrac{\left( 3 \left(t+\Delta t \right)^{2}-2 \left(t+\Delta t \right) + 1\right)- \left( 3t^{2}-2t+1\right)}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t, t )=\dfrac{3t^{2}+6t \Delta t +3\left(\Delta t \right)^{2} - 2t -2 \Delta t +1 - 3t^{2}+2t-1}{\Delta t}

v_{m}(\Delta t, t) =6t - 2 + 3 \Delta t

Fazendo \Delta t=0, temos:

v(t)=6t-2

Com v em metros por segundo e t em segundos.

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Gabarito

a)

x(t_{0})=1 m

x(t_{1})=2 m

x(t_{2})=9 m

b)

v_{m1}=1 m/s

v_{m2}=7 m/s

v_{m3}=4 m/s

c)

v_{m}(\Delta t)=4+3\Delta t

Onde v_{m} está em metros por segundo e \Delta t em segundos.

d)

v=4 m/s

e)

v(t)=6t-2

Com v em metros por segundo e t em segundos.

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Questão 2 (exclusiva para alunos do 1º ano):

Segundo a teoria da Relatividade de Einstein um elétron relativístico tem uma massa de repouso m_0 e uma massa inercial m definida pela seguinte equação:

m = \dfrac{m_0}{\sqrt{1 - \frac{v^2}{c^2}}}

onde v é a velocidade do elétron relativa a um referencial inercial e c a velocidade da luz no vácuo. Esta equação implica que o elétron em movimento tem uma massa que depende da sua velocidade!
a) Escreva a energia cinética Newtoniana para o elétron usando a massa inercial da teoria de Einstein em função de m_0, v e c.
b) Segundo a teoria da Relatividade de Einstein a energia total do elétron é dada por:

E^2 = m_0^2c^4 +p^2c^2

onde p é o momento da partícula. Qual a diferença entre a energia do elétron na teoria de Newton e a relativística?

Assunto Abordado

Conceitos de Relatividade.

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Solução

a) A energia cinética Newtoniana é a conhecida:

E_c = \dfrac{1}{2}mv^2

Para fazer uma "correção", a massa para a energia seria a massa inercial do elétron. Logo:

E_c = \dfrac{m_0 v^2}{2\sqrt{1 - \frac{v^2}{c^2}}}

b) Podemos deixar a energia do elétron em função apenas de m_0, c e v, fazendo que:

p = mv

Substituindo:

E^2 = m_0^2c^4 + m^2v^2c^2

E^2 = m_0^2c^4 + \dfrac{m_0^2}{1 - \frac{v^2}{c^2}}v^2c^2

E^2 = \dfrac{m_0^2c^4}{1 - \frac{v^2}{c^2}}

E = \dfrac{m_0c^2}{\sqrt{1-\frac{v^2}{c^2}}}

Na teoria de Newton, a energia do elétron seria apenas a energia relacionada ao seu movimento, a energia cinética. Já na teoria da Relatividade de Einstein, o elétron possui também uma energia relacionada a existência de sua massa.

Fazendo literalmente a diferença:

E-E_c = \dfrac{m_0}{\sqrt{1-\frac{v^2}{c^2}}} \left(c^2 - \dfrac{v^2}{2} \right)

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Gabarito

a) E_c = \dfrac{m_0 v^2}{2\sqrt{1 - \frac{v^2}{c^2}}}

b) E-E_c = \dfrac{m_0}{\sqrt{1-\frac{v^2}{c^2}}} \left(c^2 - \dfrac{v^2}{2} \right)

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Questão 3:

Uma partícula é lançada com velocidade v_0 perpendicularmente a um plano inclinado, de inclinação \alpha com a horizontal, como mostra a figura. Determine:


(a) A distância máxima \overline {AB} que a partícula fica do plano inclinado.
(b) O alcance da partícula ao longo do plano inclinado.
(c) A razão entre ݀d_1 e ݀d_2 mostrada na figura. Obs.: Sendo A o ponto cuja partícula está à distância
máxima do plano e B sua projeção sobre o mesmo, as distâncias ݀d_1 e ݀d_2 são definidas como a distância do ponto de lançamento a B, e a distância de B ao ponto de retorno da partícula ao plano,
respectivamente.

Assunto Abordado

Lançamento oblíquo

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Solução

Primeiramente, escolheremos dois eixos para serem trabalhados. Nessa situação a melhor escolha é a do eixo x como o eixo ao longo do plano inclinado e que está descendo e a do eixo y como o eixo perpendicular ao plano inclinado e que está subindo.

a) Podemos escrever a função horária do espaço para cada eixo. Observe que ambas serão um M.U.V.

y(t)=V_{0}t-\dfrac{g \cos \left( \alpha \right) t^{2}}{2}

x(t)=\dfrac{g \sin \left( \alpha \right) t^{2}}{2}

A distância \overline{AB} será o valor de y_{max}, que pode ser obtido pela aplicação de Torricelli no eixo y:

0=V_{0}^{2}-2 g \cos \left( \alpha \right) \overline{AB}

\overline{AB}=\dfrac{V_{0}^{2}}{2 g \cos \left( \alpha \right)}

b) Fazendo y=0 obtemos:

t=0

ou

t=\dfrac{2V_{0}}{g \cos \left( \alpha \right))}

Substituindo na função horária do espaço de x, obtemos o alcance:

A=\dfrac{2V_{0}^{2}\tan \left( \alpha \right)}{g \cos \left( \alpha \right)}

c) Note que o tempo para percorrer d_{1} é o mesmo levado para percorrer d_{2}, sendo assim, podemos utilizar o resultado das proporções de Galileu para afirmar imediatamente que:

\dfrac{d_{1}}{d_{2}}=\dfrac{1}{3}

Mas para quem não conhece esse resultado, segue a demonstração dessa equação:

d_{1}=\dfrac{at^{2}}{2}

d_{2}=\dfrac{a \left( 4t^{2}-t^{2} \right) }{2}

Logo:

\dfrac{d_{1}}{d_{2}}=\dfrac{1}{3}

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Gabarito

a)

\overline{AB}=\dfrac{V_{0}^{2}}{2g \cos \left( \alpha \right)}

b)

A=\dfrac{2V_{0}^{2}\tan \left( \alpha \right)}{g \cos \left( \alpha \right)}

c)

\dfrac{d_{1}}{d_{2}}=\dfrac{1}{3}

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Questão 4:

Um pára-quedista de 80 kg em queda livre leva 3 minutos, após a abertura (início da contagem do tempo t=0) do pára-quedas, para atingir o solo de uma altura de 1700 m. O gráfico a seguir representa a velocidade do pára-quedista nos primeiros dois minutos após a abertura do pára-quedas. A dependência da aceleração do pára-quedista esta indicada no gráfico anexo ao da velocidade.


a) Faça um esboço do gráfico da distância percorrida pelo do pára-quedista s(t) como função do tempo de queda a partir da abertura do pára-quedas s(0)=0.
b) Estime a distância percorrida pelo pára-quedista em t=20 s.

Assunto Abordado

Análise de gráficos.

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Solução

a) No início, a velocidade de queda do pára-quedista é de 45 m/s e diminui até a velocidade terminal de 5 m/s aproximadamente em t=120 s, mantendo-se constante a partir de então. O gráfico do espaço no tempo deve ter uma grande inclinação (a velocidade) no começo, com esta inclinação diminuindo até que ela fique aproximadamente constante. A partir daí, o pára-quedista realiza um MRU. O esboço seria então:

 

b) Até o t=20 s, podemos dividir o gráfico da velocidade no tempo em 2 trapézios, onde a área destes trapézios equivale a distância percorrida pelo pára-quedista. Os trapézios são:

O espaço percorrido é aproximadamente então:

S = \dfrac{\left(45 + 30 \right)*10}{2} + \dfrac{\left(30+20 \right) *10}{2}

S = 375 +250

S \approx 625 m

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Gabarito

a) 

b) S \approx 625 m

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Questão 5:

Na figura a seguir, um caixote escorrega para baixo em uma vala inclinada cujos lados fazem um ângulo reto entre si. O coeficiente de atrito cinético entre o caixote e a vala é \mu _c. Qual é a aceleração do caixote em termos de \mu _c , \theta e g?

Assunto Abordado

Dinâmica.

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Solução

Traçando uma reta vertical no vértice de baixo da vala, temos que o ângulo \alpha que uma das paredes da vala com a horizontal é de 45^o. Desenhando as forças que atuam na caixa e fazendo a segunda lei de Newton:

Em y:

2Ncos\alpha = mg cos(\theta)

2N = \sqrt{2} mg cos(\theta)

Em x:

 m a = m gsen(\theta) -2F_{at}

ma = mgsen(\theta) - 2\mu_c N

ma = mgsen(\theta) -\sqrt{2}\mu_c mg cos(\theta)

a = g\left(sen(\theta)-\sqrt{2}\mu_c cos(\theta) \right)

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Gabarito

a = g\left(sen(\theta)-\sqrt{2}\mu_c cos(\theta) \right)

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Questão 6:

O diamante é um material que possui um índice de refração de 2,4 , maior, por exemplo, que o do vidro que tem um índice de refração de 1,5. Esta é uma das razões para que o diamante seja utilizado na fabricação de jóias devido às múltiplas reflexões internas. No modelo representado abaixo um raio de luz penetra numa barra de diamante de faces planas e paralelas de espessura D e com um ângulo \theta como indicado. Determine os valores para \theta para que a luz fique confinada na barra (não saia mais para o ar).

Assunto Abordado

Óptica Geométrica.

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Solução

Aplicando a Lei de Snell para o feixe de luz que entra:

1*sen(90^o-\theta) = 2,4sen(\alpha)

cos(\theta) = 2,4 sen(\alpha)

Para que o feixe de luz não saia:

2,4 sen(\alpha)  data-recalc-dims= 1*sen(90^o) =1" />

 cos(\theta) data-recalc-dims=1" />

O que gera um absurdo. Dessa forma, não há ângulo que faça que o feixe de luz fique preso na barra.

Outra forma de pensar neste problema é pela reversibilidade da luz. Se a luz incide na parte de cima da barra com um ângulo \theta e refrata tendo então em um ângulo \alpha, no outro lado, da barra ao refratar na outra superfície, ela deverá sair fazendo o mesmo ângulo \theta, pois podemos incidir a luz pela parte de baixo da barra com o ângulo \theta para refratar no ângulo \alpha. Dessa forma, se um raio de luz entra na barra, ele pode sair pelo outro lado.

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Gabarito

Não há valores de \theta para que a luz fique presa.

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Questão 7:

Vamos determinar a posição da imagem formada por um espelho esférico (gaussiano) quando o objeto não se encontra sobre seu eixo principal, isto é, a linha normal ao espelho em seu centro.

Sendo p a distancia do objeto ao centro do espelho e \theta o ângulo com relação ao eixo principal, e este suficientemente pequeno, para que as aproximações do espelho gaussiano continuem validas. Considerando os raios ilustrados na figura acima vemos que se uma imagem bem definida se formar, ela deve estar no plano da figura e seu ângulo com relação ao eixo principal deve ser o mesmo \theta .
a) Sendo f a distancia focal do espelho, prove usando os dois raios ilustrados (um que passa pelo centro e outro paralelo ao eixo principal) que p', a distancia da imagem até o centro do espelho, deve obedecer a relação

\dfrac{1}{p} + \dfrac{1}{p'} = \dfrac{cos\theta}{f}

b) Vamos considerar agora outros raios que saem do corpo, para verificar se a imagem será bem definida, isto é, se todos os raios convergem para ela. No entanto, limitemo-nos ao plano da figura acima, pois fica mais complicado mostrar isso para raios fora do plano. Há um raio que sai do corpo e atinge o espelho, a uma distancia l acima de seu centro, e se encontra com o raio que passava pelo centro a uma distancia p* do centro do espelho, conforme a figura abaixo.

Mostre que p* = p', isto é, todos os raios, independentemente de l, convergem para o mesmo ponto.

c) Quando há um corpo extenso sobre o eixo principal, tal como uma vela, costuma-se considerar que a
imagem de um ponto superior forma-se justamente acima da imagem de um ponto na base, isto é,
uma vela posta verticalmente com a base sobre o eixo principal forma uma imagem também vertical.
Prove, a partir da relação obtida no item a, que esta consideração é verdadeira, isto é, a posição horizontal
(paralela ao eixo principal) da imagem pode ser tratada como se o objeto estivesse sobre o eixo.
Consequentemente ter-se-ia que a imagem de uma vela vertical seria, de fato, vertical.

d) Se um feixe de raios paralelos incide no espelho paralelamente ao eixo principal, então o feixe
converge para um ponto sobre o eixo, chamado foco. Caso o feixe forme um ângulo \theta, suficientemente
pequeno, com o eixo, mostre que os raios convergem para um ponto contido no plano perpendicular ao
eixo e que passa pelo foco e calcule a distancia entre este ponto F? e o foco F. Este plano é chamado
de plano focal. Dê o resultado em termos de \theta e f.

Assunto Abordado

Óptica Geométrica.

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Solução

a)

Pela imagem temos:

H = P'sen(\theta)

h = Psen(\theta)

Fazendo a tangentes dos ângulos marcados:

i) tg(\alpha) = \dfrac{H+h}{P'cos(\theta)} = \dfrac{h}{f}

ii) tg(\theta) = \dfrac{H}{P'cos(\theta)} = \dfrac{h}{Pcos(\theta)}

Daí:

i) \dfrac{H}{h} +1 = \dfrac{P'cos(\theta)}{f}

ii) \dfrac{H}{h} = \dfrac{P'}{P}

Substituindo:

\dfrac{P'}{P} +1 = \dfrac{P'cos(\theta)}{f}

Dividindo por P':

\dfrac{1}{P} +\dfrac{1}{P'} = \dfrac{cos(\theta)}{f}

b) A distância de V até onde o raio incide no espelho é l, a distância de V até o encontro da prolongação do raio de luz refletido no eixo principal é a (ponto O') e a distância de V até o encontro do raio refletido com o eixo principal é b (ponto I').

Fazendo as tangentes dos ângulos:

i) tg(\alpha) = \dfrac{l}{b} = \dfrac{H}{P^*cos(\theta) - b}

ii) tg(\theta) = \dfrac{H}{P^*cos(\theta)} = \dfrac{h}{Pcos(\theta)}

iii) tg(\gamma) = \dfrac{l}{a} = \dfrac{h}{a+Pcos(\theta)}

Daí:

i) H = \dfrac{l(P^*cos(\theta)-b)}{b}

ii) \dfrac{H}{h} =\dfrac{P^*}{P}

iii) h = \dfrac{l(a+Pcos(\theta))}{a}

Dessa forma:

\dfrac{P^*}{P} = \dfrac{(P^*cos(\theta)-b)a}{b(a+Pcos(\theta)}

P^*ab +P^*bPcos(\theta) = PP^*cos(\theta)a -abPcos(\theta)

Dividindo por PP^*ab

\dfrac{1}{P} + \dfrac{cos(\theta)}{a}= \dfrac{cos(\theta)}{b} -\dfrac{1}{P^*}

\dfrac{1}{P} + \dfrac{1}{P^*} = cos(\theta) \left(\dfrac{1}{-a} +\dfrac{1}{b} \right)

Perceba que o prolongamento do raio que incide no sistema óptico (espelho) gera o ponto O', e que a reflexão deste raio gera o ponto I'. Podemos imaginar então que O' é uma fonte virtual de luz, e I' é sua imagem real. Nós sabemos que no espelho esférico gaussiano, a equação de Gauss é valida para objetos e imagens que estão no eixo principal. Dessa forma, podemos aplicar a equação de Gauss para os pontos O' e I':

\dfrac{1}{p} + \dfrac{1}{p'} = \dfrac{1}{f}

\dfrac{1}{-a} + \dfrac{1}{b} = \dfrac{1}{f}

Substituindo este resultado:

\dfrac{1}{P} + \dfrac{1}{P^*} = \dfrac{cos(\theta)}{f}

Que é a mesma equação encontrada no item anterior. Dessa forma:

\dfrac{1}{P^*} = \dfrac{1}{P'}

P^* = P'

c) Pela relação do item a, temos que, definindo x=p\cos{\theta} e x'=p'\cos{\theta} como as distâncias horizontais do objeto e da imagem respectivamente:

\dfrac{\cos{\theta}}{x}+\dfrac{\cos{\theta}}{x'}=\dfrac{\cos{\theta}}{f}

\dfrac{1}{x}+\dfrac{1}{x'}=\dfrac{1}{f}

Ou seja, da primeira relação acima, concluimos que, como o topo e a base da vela têm o mesmo x, esses pontos conjugarão uma imagem com mesmo x'. Sendo assim, eles estarão na mesma reta vertical e portanto, como a imagem de uma reta também é uma reta, ligamos a imagem do topo e da base e concluimos que a imagem da vela é também uma reta vertical.

d) Como foi dito no enunciado todos raios convergirão para um ponto no plano focal, a uma distância y, digamos, do eixo principal. Em particular, o raio que passa pelo centro de curvatura do espelho também convergirá para y após a reflexão. Sabemos que esse raio reflete-se sobre si mesmo. Portanto, usando o triângulo formado pelo ponto C (centro de curvatura), pelo ponto F' e F:

y=f\tan{\theta}

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Gabarito

a) Demonstração.

b) Demonstração.

c) Demonstração

d) 

y=f\tan{\theta}

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Questão 8:

O efeito estilingue gravitacional já foi bastante usado para impulsionar naves e sondas espaciais sem gasto de combustível, apenas aproveitando-se do movimento de planetas. A sonda Cassine, lançada em 15 de outubro de 1997, aproveitou muito deste efeito, sendo acelerada duas vezes por Vênus, depois pela Terra e Júpiter, seguindo para Saturno, seu destino final, chegando lá em 1º de Julho de 2004. Consideremos
um modelo simples para entender o mecanismo. Suponha uma nave se aproximando com velocidade v de um planeta (muito mais pesado que nave) que se move em sua direção, com uma velocidade u. Estas velocidades estão sendo medidas em relação a um referencial inercial. Para simplificar, assuma que a nave apenas inverta o sentido de sua velocidade ao contornar o astro e que seus motores permaneçam desligados, isto é, ela contorna o planeta somente devido a atração gravitacional dele. A nave é então lançada com velocidade v', contraria a sua velocidade inicial.

Calcule então v', em função de v e u, assumindo que todas essas velocidades são paralelas.

Assunto Abordado

Conservação de Momento e Energia.

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Solução

Não atuam forças externas ao sistema, podemos então conservar o momento:

Mu -m v = Mu' +mv'

Onde u' é a velocidade do planeta após o estilingue ser feito. Assim:

u' =u -\dfrac{m}{M}(v+v')

A única força atuante no sistema é a gravitacional, que é conservativa. Podemos então conservar a energia do sistema.

\dfrac{1}{2}Mu^2 +\dfrac{1}{2}mv^2 = \dfrac{1}{2}Mu'^2 + \dfrac{1}{2}mv'^2

Não aparecem termos da energia potencial gravitacional pois o efeito do estilingue gravitacional só acaba quando os corpos possuem uma distância entre si muito grande, tornando o termo da energia potencial gravitacional desprezível. Resolvendo para descobrir v':

Mu^2 +mv^2 = M\left(u - \dfrac{m}{M}(v+v') \right)^2 + mv'^2

Mu^2 + mv^2 = Mu^2 - 2mu(v+v') +\dfrac{m^2}{M}(v+v')^2 + mv'^2

v^2 = v'^2 - 2u(v+v') +\dfrac{m}{M}(v+v')^2

Como M data-recalc-dims=>m" />:

v^2 \approx v'^2 -2u(v+v')

v'^2 -v^2 = 2u(v+v')

(v'+v)(v'-v) = 2u(v+v')

v' =v +2u

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Gabarito

v' =v +2u

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Questão 9 (exclusiva para alunos do 1º ano):

Uma massa m_1 com velocidade inicial V_0, atinge um sistema massa-mola,cuja massa é m_2, inicialmente em repouso, mas livre para se movimentar. A mola é ideal e possui constante elástica k conforme a figura. Não há atrito com o solo.


a) Qual é a compressão máxima da mola?
b) Se, após um longo tempo, ambos os objetos, se deslocam na mesma direção, qual serão as velocidades finais V_1 e V_2 das massas m_1 e m_2, respectivamente?

Assunto Abordado

Conservação do Momento e da energia

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Solução

a) Primeiramente, deve-se perceber que o instante da compressão máxima é quando as velocidades de ambas as massas são iguais, pois enquanto a massa  m_{1} tiver velocidade maior a mola continuará a ser comprimida cada vez mais. Sabendo disso, podemos descobrir a velocidade das massas nesse instante a partir da conservação da quantidade de movimento.

m_{1}v_{0}=\left( m_{1} + m_{2} \right) v

v= \dfrac{m_{1} v_{0}}{m_{1}+m_{2}}

Agora, note que não atuam forças dissipativas nesse sistema, portanto:

E_{0}=E

\dfrac{m_{1}v_{0}^{2}}{2}=\dfrac{kx^{2}}{2}+\dfrac{\left(m_{1}+m_{2}\right)v^{2}}{2}

kx^{2}=m_{1}v_{0}^{2}-\left(m_{1}+m_{2}\right)\dfrac{m_{1}^{2}v_{0}^{2}}{\left(m_{1}+m_{2} \right)^{2}}

kx^{2}=m_{1}v_{0}^{2}\left(1- \dfrac{m_{1}}{m_{1}+m_{2}} \right)

x=v_{0}\sqrt{\dfrac{m_{1}m_{2}}{\left(m_{1}+m_{2} \right) k }}

b) Como na situação final só haverá a energia cinética das massas e o momento se conservará, temos simplesmente uma colisão perfeitamente elástica, portanto, podemos utilizar o conceito de coeficiente de restituição:

e=1=\dfrac{v_{2}-v_{1}}{v_{0}}

v_{2}=v_{1}+v_{0}

Pela conservação do momento linear (quantidade de movimento), temos:

m_{1}v_{0}=m_{1}v_{1}+m_{2}v_{2}

v_{2}=\dfrac{m_{1}}{m_{2}}\left(v_{0}-v_{1} \right)

Igualando, obtemos então:

v_{1}+v_{0}=\dfrac{m_{1}}{m_{2}}v_{0}-\dfrac{m_{1}}{m_{2}}v_{1}

v_{1}\left(1+\dfrac{m_{1}}{m_{2}} \right) = \left(\dfrac{m_{1}}{m_{2}}-1 \right)v_{0}

v_{1}=\dfrac{m_{1}-m_{2}}{m_{1}+m_{2}}v_{0}

E, substituindo na equação para v_{2}, temos:

v_{2}=\dfrac{2m_{1}}{m_{1}+m_{2}}v_{0}

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Gabarito

a)

x=v_{0}\sqrt{\dfrac{m_{1}m_{2}}{\left(m_{1}+m_{2} \right) k }}

b)

v_{1}=\dfrac{m_{1}-m_{2}}{m_{1}+m_{2}}v_{0}

e

v_{2}=\dfrac{2m_{1}}{m_{1}+m_{2}}v_{0}

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Questão 10 (exclusiva para alunos do 1º ano):

Em uma região de inverno rigoroso, um tanque com água é deixado aberto ao ar livre até que se forme sobre a superfície da água uma camada de gelo com espessura igual a 5 cm. O ar acima da água está a -10 ^oC. Calcule a taxa de formação de gelo (em cm/h) sobre a superfície inferior da camada de gelo. Considere a condutividade térmica, a densidade e o calor de fusão do gelo como sendo 0,0040 cal/s.cm.^oC, 0,92 g/cm^3 e 80 cal/g, respectivamente. Assuma que nenhuma quantidade de calor deixa ou passa para a água através das paredes do tanque.

Assunto Abordado

Termologia.

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Solução

Suponha que em um pequeno intervalo de tempo \Delta t uma camada de gelo de espessura \Delta x seja formada. A massa de água que vira gelo é então:

\Delta m = \rho_{gelo} S\Delta x

Onde S é a área da camada de gelo que está sobre a superfície da água.

Como a água que congela já está a uma temperatura de 0^oC, a energia que a água libera para congelar é:

\Delta Q = L \Delta m

\Delta Q = L S \rho_{gelo} \Delta x

Pela diferença de temperatura entre o ar e a água no tanque, há um fluxo de calor da água para o ar, já que o ar está a uma temperatura menor que a água. Esse fluxo de calor que é o responsável pelo congelamento da água. Dessa forma:

\Phi = \dfrac{K S \Delta T}{e}

\dfrac{\Delta Q}{\Delta t} = \Phi

L S \rho_{gelo} \dfrac{\Delta x}{\Delta t} = \dfrac{K S \Delta T}{e}

\dfrac{\Delta x}{\Delta t} = \dfrac{K \Delta t}{\rho_{gelo} L e}

Onde \frac{\Delta x}{\Delta t} é a nossa taxa de formação de gelo por tempo.

Temos então:

\dfrac{\Delta x}{\Delta t} = \dfrac{4*10^{-3}*10}{0,92*80*5} cm/s

\dfrac{\Delta x}{\Delta t} \approx 1,087 cm/s

Transformando para cm/h:

\dfrac{\delta x}{\delta t} = \dfrac{9}{23} \approx 0,39 cm/h

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Gabarito

\dfrac{\delta x}{\delta t} = \dfrac{9}{23} \approx 0,39 cm/h

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Questão 11:

Considere um plano inclinado (uma cunha) de massa M e ângulo de inclinação \theta que pode deslizar sem atrito sobre o chão. Um pequeno bloco de massa m também pode deslizar sem atrito sobre a superfície do plano inclinado.

O bloco é então solto a partir do repouso, de uma altura h em relação ao solo.
a) Calcule a aceleração da cunha, em função de m, M, \theta e g (a gravidade local)
b) Calcule a velocidade da cunha quando o bloco chegar ao chão. Expresse o resultado em termos de m, M, \theta ,h e g.

Assunto Abordado

Dinâmica e Energia.

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Solução

a)

No referencial da Terra, a cunha possuirá uma aceleração para a direita e o bloco possuirá acelerações tanto para a direita como para baixo. Vamos chamar a aceleração da cunha de a_c, as acelerações horizontal e vertical do bloco de a_x e a_y, respectivamente. Como no sistema as forças externas (pesos e normal com o solo) são verticais, a posição do centro de massa na horizontal é constante. Podemos ter então o seguinte vínculo:

M a_c = m a_x

a_x = \dfrac{M}{m}a_c

Indo para um referencial na cunha, o bloco vai simplesmente descer o plano inclinado e terá uma força inercial atuando nele para a direita. As componentes das forças que atuam perpendicularmente ao plano devem se anular, daí:

N + ma_c sen(\theta) = mgcos(\theta)

N = m\left(gcos(\theta) - a_csen(\theta)\right)

Voltando pro referencial da Terra, fazendo a segunda lei de Newton na cunha temos:

N sen(\theta) = Ma_c

Daí:

m\left(gcos(\theta) -a_c sen(\theta) \right) sen(\theta) = M a_c

m gcos(\theta) sen(\theta) = \left(M +msen^2(\theta)\right)a_c

a_c = \dfrac{mg sen(\theta) cos(\theta)}{M+msen^2(\theta)}

b) Denotemos a velocidade que a cunha possui quando o bloco atinge o chão de V, e as componentes horizontal e vertical da velocidade do bloco de v_x e v_y. Pelo mesmo vínculo do item a), nós temos que:

MV = mv_x

v_x = \dfrac{M}{m} V

Colocando no referencial da cunha, a velocidade do bloco deve ser tangente à superfície da cunha. Dessa forma:

tg(\theta) = \dfrac{v_y}{v_x +V}

v_y = \left(1+\dfrac{M}{m} \right)V tg(\theta)

Não atuam forças dissipativas no sistema, podemos então conservar a energia mecânica:

E_0 = E_f

m g h =\dfrac{1}{2} m (v_x^2 +v_y^2) + \dfrac{1}{2}MV^2

2 m g h = m \dfrac{M^2}{m^2}V^2 + m \left(1 +\dfrac{M}{m} \right)^2V^2 tg^2(\theta) + M V^2

2m g h = \left( 1 +\dfrac{M}{m} \right) \left[ MV^2 + m\left(1 +\dfrac{M}{m} \right) V^2 tg^2(\theta) \right]

2 m g h = \left(1 + \dfrac{M}{m} \right) \left[ M(1 +tg^2(\theta)) +m tg^2(\theta) \right]V^2

\dfrac{2 m g h}{1 +\dfrac{M}{m}} = \left(\dfrac{M +msen^2(\theta)}{cos^2(\theta)}\right)V^2

V^2 = \dfrac{2m g h cos^2(\theta)}{\left(1 + \dfrac{M}{m}\right) \left(M + msen^2(\theta)\right)}

V=\sqrt{\dfrac{2m^2 g h cos^2(\theta)}{\left(M+m\right) \left(M + msen^2(\theta)\right)} }

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Gabarito

a) a_c = \dfrac{mg sen(\theta) cos(\theta)}{M+msen^2(\theta)}

b) V=\sqrt{\dfrac{2m^2 g h cos^2(\theta)}{\left(M+m\right) \left(M + msen^2(\theta)\right)} }

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Questão 12:

Um corpo de massa m é conectado por uma mola num ponto O sobre uma superfície horizontal, sobre a qual o corpo pode se mover sem atritos.

O comprimento relaxado da mola é ݈l_0 e sua constante elástica é k. Num dado instante, a distancia do corpo até o ponto O é r. Suponha que se faça o corpo girar com frequência angular \omega e no instante inicial ele não possui nenhuma componente radial de velocidade.
a) Calcule o raio de equilíbrio r=r_0 para o qual o corpo realiza movimento circular em torno de O.
Expresse r_0 em termos de m, k, l_0 e \omega.
b) Calcule o período de pequenas oscilações radiais do corpo em relação ao raio de equilíbrio r_0. Imagine que inicialmente o corpo se encontrava em movimento circular em r_0 e com velocidade angular \omega _0 quando uma pequena perturbação radial fez com que ela começasse a oscilar. Dê o resultado em função de k, m e \omega_0.
Você pode precisar usar que (1+x)^n \approx 1 + nx, se x<<1

Assunto Abordado

Forças Centrais e Oscilações.

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Solução

a) A massa vai estar realizando um MCU em torno do ponto O. A força elástica vai ser a responsável então pela força resultante centrípeta que mantém o corpo em MCU. Assim:

k(r_0-l_0) = m\omega^2 r_0

(k -m\omega^2)r_0 = kl_0

r_0 = \dfrac{kl_0}{k-m\omega^2}

b) O raio r pode ser escrito da forma:

r = r_0 + \delta

onde \delta é uma pequena variação de comprimento da mola pela pertubação.

Podemos conservar o momento angular do sistema em relação ao ponto O para antes e depois do sistema sofrer a pertubação. Temos então:

m\omega_0r_0^2 = m \omega r^2

\omega = \omega_0 \dfrac{r_0^2}{r^2}

Onde \omega é a velocidade angular que o corpo gira em torno de O para um raio r.

Num referencial que gira junto com o corpo, aparece uma força centrífuga no corpo, e juntamente com a força elástica faz com que o corpo oscile radialmente apenas. Escrevendo então a segunda lei de Newton:

m a = m\omega^2r - k\left(r-l_0 \right)

m a = m\omega_0^2\dfrac{r_0^4}{r^4}r - k \left(r-l_0 \right)

m a = m \omega_0^2\dfrac{r_0^4}{(r_0+\delta)^3} - k \left[(r_0+\delta)-l_0\right]

m a = m\omega_0^2\dfrac{r_0}{\left(1+\dfrac{\delta}{r_0}\right)^3} - k(r_0-l_0) - k\delta

m a =m\omega_0^2r_0\left(1 +\dfrac{\delta}{r_0} \right)^{-3} - k(r_0-l_0) - k\delta

Fazendo a aproximação dada pela questão:

m a = m\omega_0^2r_0 \left(1 -3\dfrac{\delta}{r_0} \right) - k(r_0 -l_0) - k\delta

m a= m\omega_0^2r_0 - k(r_0-l_0) - \left(3m \omega^2_0 +k \right) \delta

Pelo item a): m\omega_0^2r_0 - k(r_0-l_0) = 0

Assim:

m a = -\left(3m \omega^2_0 + k \right) \delta

a = -\left(\dfrac{k}{m} +3\omega^2_0 \right) \delta

Que é a equação característica para um movimento de MHS. Temos então que o período de oscilações vai ser:

\Omega = \sqrt{\dfrac{k}{m} +3 \omega_0^2}

T =\dfrac{2\pi}{\Omega}

T = \dfrac{2 \pi}{\sqrt{\dfrac{k}{m} +3 \omega_0^2}}

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Gabarito

a) r_0 = \dfrac{kl_0}{k-m\omega^2}

b) T = \dfrac{2 \pi}{\sqrt{\dfrac{k}{m} +3 \omega_0^2}}

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Questão 13:

Dois discos estão ligados por uma mola de constante elástica k. Cada disco tem massa m e a gravidade local vale g. Eles estão sobre o chão, conforme o desenho a seguir.


Quando o sistema está em equilíbrio (em repouso) sob a ação do peso, a distância entre os discos é l

a) Calcule o comprimento l_o relaxado desta mola, isto é, quando a mola não está nem distendida nem comprimida. Dê o resultado em termos dos parâmetros básicos deste problema, que são m, l, k e g.

Pressiona-se o disco superior para baixo, deslocando-o de uma quantidade x, e o mantem assim em repouso. Solta-se então o sistema.

b) Supondo que o disco inferior não perca contato com o solo, mostre que o disco superior realizará um movimento harmônico simples e calcule seu período, em termos dos parâmetros básicos do problema.
c) Há um valor máximo de x para o qual a suposição do item anterior seja valida, isto é, que o disco inferior não perca o contato com o solo. Chame este x limite de x_0 e calcule-o em termos dos parâmetros básicos.
d) Pressionando-se o disco superior de um x data-recalc-dims=x_o" />, o disco inferior será levantado da mesa. Calcule a altura máxima atingida pelo centro de massa do sistema, em termos de x e dos parâmetros básicos.
e) Enquanto o sistema estiver todo no ar, os discos vão oscilar em relação ao centro de massa. Calcule o período dessas oscilações em função dos parâmetros básicos.

Assunto Abordado

Dinâmica, Energia, Cinemática e Oscilações.

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Solução

a) A mola vai estar comprimida, e por isso empurrando o disco de cima. Fazendo a segunda lei de Newton neste disco:

k(l -l_0) + mg =0

l_0 = l +\dfrac{mg}{k}

b) 

Com as forças no disco de cima,podemos fazer a segunda lei de Newton para ele:

m a = - k(l + y -l_0) - mg

ma = -ky -k(l-l_0) -mg

Pelo item a):

k(l-l_0) + mg =0

m a = -ky

a = -\dfrac{k}{m} y

Que é a equação característica de um MHS. O período de oscilações vai ser então:

T = 2\pi \sqrt{\dfrac{m}{k}}

E a amplitude de y vai ser x.

c) Como o movimento oscilatório da mola possui amplitude x, ao empurrar x_0 para baixo, o disco de cima vai atingir o seu ponto mais alto em l+x, estando então a mola alongada. Escrevendo a segunda lei de Newton para o disco de baixo na iminência dele subir:

k(l+x_0-l_0) = mg

x_0 = \dfrac{mg}{k} +(l_0-l)

x_0 = \dfrac{mg}{k} + (l +\dfrac{mg}{k}- l)

x_0 =\dfrac{2mg}{k}

d) A deformação inicial da mola é:

\Delta x = (l -x -l_0)

A deformação da mola no momento em que o disco inferior começa a subir vai ser:

\Delta x' = (l +x'-l_0)

Nesse instante:

k\Delta x' =mg

\Delta x' = \dfrac{mg}{k}

Assim:

x' = x_0 = \dfrac{2mg}{k}

Nesse instante, o disco de cima terá uma velocidade v e o disco de baixo ainda está parado. Logo após o disco de baixo perder contato com o solo podemos trabalhar com o centro de massa do sistema. A velocidade do centro de massa vai ser:

v_{cm} =\dfrac{v}{2}

Como não atuam forças dissipativas no sistema, podemos conservar a energia mecânica e adotando um sistema de referência no solo. Daí:

E_0 = E_f

m g (l-x) +\dfrac{k\Delta x^2}{2} = m g (l+x') + \dfrac{mv^2}{2} + \dfrac{k \Delta x'^2}{2}

mg l - mgx + \dfrac{k (l- x -l_0)^2}{2} = mg l + mgx' +\dfrac{mv^2}{2} + \dfrac{k \left(\dfrac{mg}{k}\right)^2}{2}

\dfrac{k\left(\dfrac{mg}{k} +x \right)^2}{2} - mg x = mg\dfrac{2mg}{k} + \dfrac{mv^2}{2} + k \dfrac{m^2g^2}{2k^2}

\dfrac{m^2g^2}{2k} + mgx +\dfrac{kx^2}{2} - mgx = \dfrac{2m^2g^2}{k} +\dfrac{m^2g^2}{2k} +\dfrac{mv^2}{2}

mv^2 = kx^2 - \dfrac{4m^2g^2}{k}

v^2 = \dfrac{k^2x^2 -4m^2g^2}{mk}

v = \sqrt{\dfrac{k^2x^2 -4m^2g^2}{mk}}

A velocidade do CM vai ser:

v_{cm} =\dfrac{1}{2}\sqrt{\dfrac{k^2x^2 -4m^2g^2}{mk}}

Quando o sistema estiver no ar, a única força externa atuante nele vai ser o próprio peso, a aceleração do CM vai ser então -g subindo até uma altura h. Por Torricelli:

0 = v_{cm}^2 -2 g h

2g h = \dfrac{1}{4} \dfrac{k^2x^2 -4m^2g^2}{mk}

h = \dfrac{k^2x^2 - 4m^2g^2}{8mgk}

e) Peguemos um instante em que o sistema está no ar e a deformação da mola seja \Delta x. Escrevendo a segunda lei de Newton para os dois discos:

m a_{cima} = -k \Delta x - mg

a_{cima} = -\dfrac{k}{m} \Delta x - g

m a_{baixo} = k \Delta x - mg

a_{baixo} = \dfrac{k}{m} \Delta x - g

Vamos colocar então no referencial do disco de baixo. Vai aparecer então uma força inercial no disco de cima. A aceleração relativa dele vai ser:

a_{rel} = a_{cima} - a_{baixo}

a_{rel} =-\dfrac{2k}{m} \Delta x

Que é a equação característica de um movimento de MHS. Neste referencial, o disco de baixo "atuaria" como uma parede para que uma massa equivalente \dfrac{m}{2} oscile. Isso pode ser obtido também utilizando massa reduzida. O período de oscilações vai ser então:

T = 2 \pi \sqrt{\dfrac{m}{2k}}

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Gabarito

a) l_0 = l +\dfrac{mg}{k}

b) T = 2\pi \sqrt{\dfrac{m}{k}}

c) x_0 =\dfrac{2mg}{k}

d) h = \dfrac{k^2x^2 - 4m^2g^2}{8mgk}

e) T = 2 \pi \sqrt{\dfrac{m}{2k}}

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Questão 14:

Um cilindro de paredes condutoras térmicas possui um embolo de massa m bem ajustado (mas sem atritos), cuja secção de área transversal é S. O cilindro contem água e vapor à temperatura T =100 ^oC, ou seja, estão na temperatura de condensação.

Observa-se que o embolo cai vagarosamente à velocidade constante v, porque alguma quantidade de calor flui através das paredes do cilindro e fazendo que um pouco de vapor se condense continuamente. A densidade de vapor no interior do recipiente é \rho.
a) Calcule a taxa de condensação do vapor, variação de massa de vapor por unidade de tempo, em termos dos parâmetros dados no problema.
b) A que taxa o calor flui para fora do cilindro? Dê o resultado em função do calor de condensação L da água e dos outros dados do problema.
c) Qual a taxa de variação da energia interna do vapor? O calor específico molar a volume constante da água é C_v e sua massa molar é M.
d) E qual a taxa de variação da energia interna da água líquida?

Assunto abordado

Primeira lei da Termodinâmica

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Solução

a) A massa de vapor no recipiente é

m_v={\rho}V

Onde V é o volume definido pela posição do pistão e o fundo do recipiente. Logo:

\dfrac{\Delta{m_v}}{\Delta{t}}={\rho}\dfrac{\Delta{V}}{\Delta{t}}=-{\rho}Av

Negativo pois o volume está diminuindo. Observe que estamos desconsiderando o aumento de volume de água do fundo do recipiente. Isso é uma boa aproximação visto que o acrésimo de volume de água liquida para uma determinada massa de vapor que se condensa é cerca de 1000 vezes menor que a diminuição do volume de vapor (densidade da água liquida 1000 vezes a de vapor)

b) A taxa com que o calor sai é o produto de L pela taxa de vapor que diminui:

\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}=L{\rho}Av

c) Temos que

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=\dfrac{\Delta\left(\dfrac{m_v}{M}C_vT\right)}{\Delta{t}}

Como a temperatura é constante, a variação na energia interna surge da variação da massa de vapor:

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=\dfrac{C_vT}{M}\dfrac{\Delta{m_v}}{\Delta{t}}

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=-\dfrac{C_vT}{M}{\rho}Av

d) Considere o sistema água líquida+vapor. Pela primeira lei da Termodinâmica:

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=\left(\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}\right)_{sis}-\left(\dfrac{\Delta{\tau}}{\Delta{t}}\right)_{sis}

O primeiro termo pode ser reescrito como

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}+\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{vapor}

O calor que sai do sistema é o mesmo calculado no item b (o negativo disso). E o último termo é devido ao trabalho realizado pelo pistão no sistema. Esse termo é positivo pois o trabalho realizado pelo sistema é negativo. Como o pistão desce com velocidade constante, o mesmo está em equilíbrio, logo, a pressão exercida no pistão pelo vapor é

P=P_0+\dfrac{mg}{S}

Onde P_0 é a pressão atmosférica e g é a aceleração da gravidade. A taxa na qual o sistema realiza trabalho é, portanto:

\left(\dfrac{\Delta{\tau}}{\Delta{t}}\right)_{sis}=-P\dfrac{\Delta{V}}{\Delta{t}}=-PAv

Agrupando esses termos, obtemos

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}=Sv\left(\dfrac{C_vT{\rho}}{M}+P_0+\dfrac{mg}{S}-L\rho\right)

 

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Gabarito

a) 

-{\rho}Av

b) 

\dfrac{\Delta{Q}}{\Delta{t}}=L{\rho}Av

c) 

\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}=-\dfrac{C_vT}{M}{\rho}Av

d) 

\left(\dfrac{\Delta{U}}{\Delta{t}}\right)_{agua}=Sv\left(\dfrac{C_vT{\rho}}{M}+P_0+\dfrac{mg}{S}-L\rho\right)

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Questão 15:

Há um copo de água em contato com o ambiente, e ambos se encontram a uma temperatura T_0.
a) Mostre, usando o conceito de entropia (e a segunda lei da termodinâmica), que não é natural ver a água do copo variar sua temperatura e resolver se manter em equilíbrio a uma temperatura diferente de T_0.
Dicas: A variação de entropia associada à variação de temperatura de uma massa m de um corpo com calor
específico c, que vai de uma temperatura T_0 até T é:

\Delta S = mc ln \left(\dfrac{T}{T_o} \right)

Onde ln é o logaritmo natural.
Você pode usar também a desigualdade ln(1+x) <x ,para todo x data-recalc-dims=1" /> e diferente de 0.
b) Dois corpos em contato térmico se encontram isolados do resto do universo. Eles possuem massas e calores específicos m_1, c_1 e m_2, c_2, com os índices (1, 2) se referindo a cada corpo. Se ambos estão na mesma temperatura T_0, mostre que não é esperado que eles troquem calor e se equilibrem (termicamente) em temperaturas diferentes.
Dica: use que (1+x)^n \approx 1 +nx , se x<<1

Assunto abordado

Segunda lei de Termodinâmica

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Solução

a) Devemos resolver o problema levando em conta que, pela segunda lei da Termodinâmica, um processo físico é possível se a entropia do universo aumentar ou permancer constante. Portanto, vejamos o que acontece com a entropia da água+ambiente, que, nesse problema, representa o "universo". A variação de entropia da água é dado pela relação fornecida no enunciado, já para o ambiente, que é um reservatório térmico, é simplesmente \dfrac{\Delta{Q}}{T_0}, visto que sua temperatura não muda. Agora, suponhamos que a água no copo atinga o equilíbrio com temperatura T=T_0+\Delta{T}, dessa forma, o calor que sai do reservatório será

\Delta{Q}=-mc\Delta{T}

Negativo pois o calor sai do ambiente. Agrupando essas informações, somos capazes de encontrar a variação de entropia total:

\Delta{S}=mc\left(\ln\left(\dfrac{T_0+\Delta{T}}{T_0}\right)-\dfrac{\Delta{T}}{T_0}\right)

Definindo \dfrac{\Delta{T}}{T_0}=x, a equação acima vira:

\Delta{S}=mc\left(\ln\left(1+x\right)-x\right)

que, pela informação do enunciado, é menor que 0. Logo, esse processo não é possível.

b) Podemos proceder da mesma forma que no item anterior: escrevemos a variação de entropia total e vejamos se isso é menor que zero. Nesse caso, nosso universo é o sistema formado pelos dois corpos. Suponhamos que o corpo 1 terá a maior temperatura no final do processo: T_1=T_0+\Delta{T_1}, e 2 terá uma temperatura menor: T_2=T_0-\Delta{T_2}, com \Delta{T_1} e \Delta{T_2} ambos positivos. A relação entre essas variações de temperatura podem ser obtidas impondo que o calor total é zero:

m_1c_1\Delta{T_1}=m_2c_2\Delta{T_2}

Podemos usar a relação acima para escrever a variação de entropia total como função apenas de um parâmetro:

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\dfrac{T_0+\Delta{T_1}}{T_0}\right)+m_2c_2\ln\left(\dfrac{T_0-\Delta{T_2}}{T_0}\right)

Eliminando todos os parâmetros (calor específico e massa) contendo índices 2 da equação acima:

\Delta{S}=m_1c_1\left(\ln\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)+\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}\ln\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)\right)

\Delta{S}=m_1c_1\left(\ln\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)+\ln\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)^{\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}}\right)

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right).\left(1-\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)^{\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}}\right)

Agora, consiremos termos de até primeira ordem em \Delta{T_2}. Utilizando a aproximação fornecida no enunciado, ficamos com

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(\left(1+\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right).\left(1-\dfrac{\Delta{T_1}}{\Delta{T_2}}\dfrac{\Delta{T_2}}{T_0}\right)\right)

\Delta{S}=m_1c_1\ln\left(1-\left(\dfrac{\Delta{T_1}}{T_0}\right)^2\right)

Como o logaritmo natural de um número menor que 1 é negativo, segue que

\Delta{S}<{0}

Sendo assim, esse processo não é possível.

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Gabarito

Demonstração

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Questão 16:

Ana Beatriz está sentada próxima à janela aberta de um trem movendo-se à velocidade v para o norte. Seu tio está parado perto dos trilhos vendo o trem se afastar. O apito da locomotiva vibra com freqüência f_0 e a velocidade do som no ar vale s.
a) Se o ar estiver parado, quais são as freqüências ouvidas pelo tio e por Ana, em função de v, f_0 e s?
b) Se um vento constante e uniforme soprar à velocidade u para norte, quais serão as freqüências ouvidas pelo tio e por Ana, em função de v, f_0, s e u?

Assunto Abordado

Efeito Doppler.

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Solução

a) Para descobrir a frequência escutada por um observador, temos que utilizar então a equação do efeito Doppler:

f = f_0 \left(\dfrac{v_{som} \pm v_{observador}}{v_{som} \mp v_{fonte}}\right)

Onde se o observador estiver com uma velocidade que tende a se aproximar da fonte ela possui um sinal positivo e para a fonte se a sua velocidade tende a se aproximar do observador o sinal é negativo. Dessa forma:

f_{tio} =f_0\left(\dfrac{s}{s + v}\right)

f_{ana} = f_0\left(\dfrac{s+v}{s+v}\right) =f_0

b) Para utilizar a equação do efeito Doppler, devemos estar em um referencial em que o ar está parado. Como o ar possui velocidade u para o norte, as velocidades do tio, da Ana e da fonte em relação ao ar serão:

v_{tio} = -u

v_{Ana} = v -u

v_{fonte} = v-u

E com isso podemos utilizar novamente a equação do efeito Doppler:

f'_{tio} = f_0 \left( \dfrac{s -u}{s+v-u}\right)

f'_{Ana} = f_0 \left(\dfrac{s+v-u}{s+v-u} \right) = f_0

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Gabarito

a)

f_{ana} =f_0

f_{tio} = f_0\left(\dfrac{s}{s + v}\right)

b)

f'_{ana} =f_0

f'_{tio} =f'_{tio} = f_0 \left( \dfrac{s -u}{s+v-u}\right)

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