OBF 2012 - Terceira Fase (Nível 1)

Escrito por Rafael Prado

Você pode acessar a prova aqui

Questão 01:

A figura mostra um dispositivo simples que pode ser usado para medir o seu tempo de reação. O dispositivo consiste de uma tira de papelão marcada com uma escala e dois pontos. Um colega segura a tira na vertical, com o polegar no ponto da direita da figura. Você posiciona o polegar e o indicador no outro ponto (o ponto esquerdo da figura), sem encostar na tira. Seu colega solta a tira e você tenta segurá-la assim que percebe que ela começa a cair. A marca na posição em que você segura a tira corresponde ao seu tempo de reação. Para calibrar o dispositivo, a escala de tempo deve ser marcada em pontos bem definidos. A que distância, aproximadamente, do ponto da esquerda você deve colocar a marca de 200 ms?

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Assuntos Abordado

Cinemática e queda livre

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Solução

Primeiramente, devemos perceber que, para a régua estar calibrada, uma marcação de tempo específica deve estar a uma distância da extremidade inferior que corresponda à distância que a régua cai neste interval de tempo. Por exemplo, a marcação de 200 ms deve ser posicionada à distância do ponto da esquerda que a régua cai em 200 ms.

Para calcular esta distância, podemos utilizar a equação horária de movimento uniformemente acelerado:

s = s_0 + v_0 t + \frac{{a t^2}}{2}

Como a velocidade inicial é zero, e podemos considerar a posição inicial igual a 0, a equação se torna:

 s = \frac{{a t^2}}{2}

A questão pede a distância que devemos colocar a marcação de 200 ms, ou seja, queremos a distância que a régua cai em 200 ms. Como ela está em queda livre, a aceleração é  g = 10\: m/s^2 . Dessa forma, podemos escrever:

 s = \frac{{10*0,2^2}}{2} = 0,2 m = 20 \,cm

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Gabarito

A distânica s da marcação de 200 ms em relação ao ponto da esquerda é s = 20 \,cm, com um algarismo significativo como os dados do enunciado.

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Questão 02:

Considere um cubo e uma esfera que estejam totalmente submersos num fluido qualquer. O cubo e a esfera são feitos do mesmo material e possuem as mesmas áreas superficiais. Qual deles estará sujeito ao maior empuxo? Justifique sua resposta.

Assuntos abordados

Hidrostática e empuxo

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Solução

Para resolver essa questão, devemos comparar o empuxo exercido no cubo e na esfera. Como ambos objetos estão totalmente imersos em um mesmo fluido qualquer, e a gravidade assumimos que é a mesma, o empuxo E_m só dependerá do volume de cada objeto, pela equação:

E_m = \rho V g

Ou seja, o objeto com maior volume sofrerá o maior empuxo. Como as áreas superficiais são iguais, podemos escrever:

 6 l^2 = 4 \pi R^2

Onde l é a medida do lado do cubo, e R é o raio da esfera. Para comparer os volumes, optarei por escrever l em função de R:

l = R\sqrt{\frac{2 \pi}{3}}

Escrevendo o volume de cada objeto:

V_{cubo} = l^3 = \frac{2 \pi}{3}\sqrt{\frac{2 \pi}{3}}R^3

V_{esfera} = \frac{{4 \pi R^3}}{3}

Para comparar o volume do cubo com o da esfera, podemos multiplicar o lado direito por \frac{2}{\sqrt{4}}, o que é equivalente a multiplicar por 1:

V_{cubo} = \frac{4 \pi R^3}{3}\sqrt{\frac{2 \pi}{3*4}}

Como \frac{4 \pi R^3}{3} é o volume da esfera:

V_{cubo} = V_{esfera}\sqrt{\frac{\pi}{6}}

Pelo fato de \sqrt{\frac{\pi}{6}} ser menor que 1 (\approx 0,72), o volume do cubo é menor que o da esfera, então o empuxo nele é menor. Dessa forma, o objeto que está sujeito ao maior empuxo é a esfera.

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Gabarito

O objeto que está sujeito ao maior empuxo é a esfera, pois seu volume é maior se comparado ao do cubo.

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Questão 03:

Três cilindros feitos do mesmo material, o qual pode se considerado isotrópico, estão, inicialmente, na mesma temperatura. Os cilindros são colocados sobre uma chapa quente (reservatório de calor) e a mesma quantidade de calor é transferida para cada um dos cilindros. Quais serão as relações para as variações nos volumes dos cilindros que aparecem na figura ao lado após o equilíbrio térmico?

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Assuntos abordados

Dilatação térmica e cálculo de volume

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Solução

Primeiramente, a questão pede a relação entre as variações nos volumes após o equilíbrio térmico. Podemos desenvolver essa relação de algumas maneiras, como razões, desigualdades, etc. Nesta solução irei tratar das desigualdades.

Para resolver essa questão, um ponto crucial é a informação que o calor que os cilindros recebem são iguais. Dessa forma, como eles são feitos do mesmo material, a variação de temperature de cada cilindro é diferente:

Q = m c \Delta T = \rho V c \Delta T

\frac{Q}{\rho V c} = \Delta T

Percebemos assim que a variação de temperature é inversamente proporcional ao volume de cada cilindro, pois os outros termos são constantes.

Vamos chamar o cilindro da esquerda de cilindro 1, o do meio de cilindro 2, e o da direita de cilindro 3. Com isso, calculando os volumes:

V_{10} = 3h*\frac{\pi h^2}{4} = \frac{3 \pi h^3}{4}

V_{20} = 2h*\pi h^2 = 2 \pi h^3

V_{30} = 4h*\frac{9 \pi h^2}{4} = 9 \pi h^3

A variação de volume calculada utilizando o coeficiente de dilatação:

\Delta V = 3 \alpha V_0 \Delta T

Porém, como a variação de temperatura é inversamente proporcional ao volume, temos que:

V \Delta T = \frac{Q}{\rho c} = constante

Dessa forma, as variações de volume de todos os cilindros são iguais!

\Delta V_1 = \Delta V_2 = \Delta V_3

Poderíamos também chegar a este resultado encontrando a variação na área e altura dos cilindros para calcular a variação do volume, e iríamos encontrar um termo com V \Delta T, que é igual para todos os cilíndros, e outro termo que varia de cilindro para cilindro e proporcional a \alpha^2. Porém, este termo pode ser desprezado, pois a ordem de grandeza de \alpha^2 normalmente é em torno de 10^{-10}, que é muito menor que os outros termos envolvidos.

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Gabarito

\Delta V_1 = \Delta V_2 = \Delta V_3

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Questão 04:

Uma caixa escorrega por uma pista sem atrito. Quando chega no ponto A, início do trecho curvo na forma de um arco de circunferência de raio R=1,75 m, a sua velocidade é 3 m/s. Determine a velocidade da caixa quando estiver no ponto B. Dado \cos 37^{\circ}=0,8 e \sin 37^{\circ}=0,6.

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Assuntos abordados

Energia mecânica e conservação de energia

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Solução

Para resolver essa questão, como todas as forças são conservativas e não há nenhuma forma de dissipação de energia, podemos conservar a energia nos pontos A e B para encontrar a velocidade em questão. Energia em A e B:

E_A = mgR(1 - \cos 53^{\circ}) + \frac{m {v_A}^2}{2}

E_B = mgR(1 - \cos 37^{\circ}) + \frac{m {v_B}^2}{2}

O termo R(1 - \cos 53^{\circ}) é a altura do objeto no ponto A, encontrado subtraindo o raio de curvatura da distância vertical entre o bloco e centro da circunferência (mesma lógica para o ponto B).

Assim, conservando energia, e utilizando o fato que \sin 37^{\circ} = \cos 53^{\circ} (ângulos complementares):

mgR(1 - \cos 53^{\circ}) + \frac{m {v_A}^2}{2} = mgR(1 - \cos 37^{\circ}) + \frac{m {v_B}^2}{2}

{v_B}^2 = {v_A}^2 + 2gR(\cos 37^{\circ} - \cos 53^{\circ}) = 9 + 2*10*1,75*0,2 = 16

v_B = 4\,m/s

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Gabarito

v_B = 4 m/s

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Questão 05:

A energia potencial de uma partícula de 50 g é mostrada no gráfico ao lado em função da sua posição. (a) Estime os pontos de retorno da partícula quando a energia mecânica for 1 J. (b) Determine a velocidade máxima da partícula quando a energia mecânica for 5 J.

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Assuntos abordados

Energia mecânica e potencial

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Solução

a) Pontos de retorno são pontos onde a partícula sujeita a um certo potencial muda o sentido de seu movimento. Para que a partícula mude o sentido do seu movimento, o sentido da sua velocidade precisa mudar, ou seja, o "sinal" de sua velocidade precisa ir de positivo para negativo ou vice-versa. Para que isso aconteça, a velocidade precisa em algum momento ser nula (a velocidade não pode ser descontínua, ela não pode simplesmente "pular" de um valor para outro). O ponto onde a velocidade é zero nessa inversão de movimento que chamamos de ponto de retorno. É só imaginar um objeto oscilando em uma mola: onde a amplitude é máxima, ele inverte o sentido do seu movimento, e a velocidade se torna zero nesse ponto. No ponto de retorno, toda energia mecânica do sistema é na forma de energia potencial (cinética é zero). Dessa forma, como a questão pede os pontos de retorno para uma energia mecânica de 1 J, precisamos encontrar os pontos onde a energia potencial é 1 J. Se traçarmos uma reta horizontal que passa pelo ponto U(x) = 1 \,J, onde esta reta encostar no gráfico são os pontos de retorno, que neste caso são os pontos x = -1,2 \,m, e x = 1,8 \,m.

b) Se a energia mecânica é 5 Joules, para encontrar a velocidade máxima, precisamos fazer a energia potencial ser minima, pois U(x) + E_{cinetica} = 5 \,J. Neste gráfico, percebemos que a energia potencial minima é de -5\,J, então a energia cinética máxima é:

E_{cinMax} - 5 = 5 \therefore E_{cinMax} = 10 \,J

\frac{m {v_{max}}^2}{2} = 10 \therefore {v_{max}}^2 = \frac{20}{50*10^{-3}} = 400

\left|v_{max}\right| = 20\,m/s

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Gabarito

a) Os pontos de retorno são x = -1,2 \,m, e x = 1,8 \,m.

b) \left|v_{max}\right| = 20\,m/s

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Questão 06:

Um homem está sentado sobre uma prancha e se puxa para cima em um plano inclinado de 30^o como mostra a figura. Se o peso do homem e da prancha é de 1200 N, determine a aceleração se o homem exerce uma força de 200 N. Despreze todas as formas de atrito e considere ideais as roldanas e os cabos. (sen30^o = 0,5).

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Assuntos abordados

Força resultante e roldanas

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Solução

As forças que atuam no sistema homem + prancha são a componente do peso nesse sentido, e as forças que a corda e a roldana exercem. A componente do peso nessa direção, que chamaremos de P_x é (negative pois adotamos ):

P_x = -P*\sin 30^\circ = -1200*0,5 = -600 \,N

Que é negativo pois adotamos o referencial de forma que ao longo da rampa para baixo é negativo, e para cima é positivo. As forças atuando no sentido oposto ao peso são (chamaremos de F_x a força resultante neste sentido, e T a tensão no cabo):

F_x = T + 2T = 600 \,N

Isto acontece pois a tensão na corda é igual a força que o homem a puxa (ação e reação), então tem uma tensão atuando na mão do homem, e mais duas atuando na roldana, que consequentemente atuam na prancha, resultando em 600\,N. Dessa forma, a força resultante ao longo do plano é:

F_r = P_x + F_x = -600 + 600 = 0\,N

Como a força resultante é nula, a aceleração ao longo do plano é zero.

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Gabarito

A aceleração é zero.

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Questão 07:

Uma pessoa gostaria de se pesar mas dispõe de uma balança com uma capacidade limitada para 60 kg e um dinamômetro. Resolve, então, montar o arranjo de cabos e roldanas ideais mostrado na figura. Com isso, o dinamômetro marca 50 N e a balança 550 N. Qual é o peso do homem?

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Assuntos abordados

Força resultante e roldanas

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Solução

Para resolver essa questão, devemos perceber que a pessoa está em equilíbrio, ou seja, a força resultante atuante sobre ela é zero. A força resultante é composta pela normal N da balança, o peso P da pessoa, a força F_2 que o triângulo da imagem exerce na pessoa, e a tensão F_1 da corda do dinamômetro na pessoa. Adotando para baixo negativo e para cima positivo:

F_1 + F_2 + N - P = 0 \,\,\therefore\,\, P = F_1 + F_2 + N

Como F_1 equivale a leitura do dinamômetro (ação e reação), a tensão em toda a corda é 50\,N. Cada roldana móvel realiza uma força igual a duas vezes a tensão na corda que passa por ela, então F_2 = 4F_1. Substituindo os valores:

P = 50 + 200 + 550 = 800\,N

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Gabarito

P = 800 N

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Questão 08:

O gráfico abaixo mostra a posição em função do tempo de uma partícula que se move numa trajetória
retilínea, onde:

s(t) = \begin{cases} t^2 + 100, & 0 \leq t \leq 10 \\ \,\,\,\,\,\,\,20 t, & 10 \leq t \leq 30 \end{cases}

Construa os gráficos da velocidade e aceleração em função do tempo no intervalo de tempo mostrado.

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Assuntos abordados

Cinemática

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Solução

Para encontrar o gráfico da velocidade e aceleração em função do tempo, devemos descobrir como essas funções se comportam nos intervalos dados. No intervalo de 0 \leq t \leq 10, temos que a função s(t) é dada por:

s(t) = t^2 + 100

O termo t^2 caracteriza um movimento acelerado, da forma:

s(t) = s_0 + v_0 t + \frac{a t^2}{2}

Igualando a primeira equação à segunda:

s_0 + v_0 t + \frac{a t^2}{2} = 100 + t^2

Portanto, vemos que nesse intervalo, para satisfazer a igualdade, a aceleração é de 2 \,m/s^2. Além disso, como v_0 = 0, a velocidade pode ser escrita como:

v = a t = 2 t.

Para o intervalo 10 \leq t \leq 30, percebemos que não há nenhum termo quadrático do tempo, de forma que o movimento não é acelerado, e da forma:

s = s_0 + v t = 20 t

Portanto, temos que a velocidade em função do tempo nesse ultimo intervalo é constante e igual a 20 \,m/s. Além disso, pelo fato do movimento não ser acelerado, a aceleração é de 0 \,m/s^2. Dessa forma, Podemos agora escrever as funções da velocidade e aceleração:

v(t) = \begin{cases} 2 t, & 0 \leq t \leq 10 \\ 20, & 10 \leq t \leq 30 \end{cases}

a(t) = \begin{cases} 2, & 0 \leq t \leq 10 \\ 0, & 10 \leq t \leq 30 \end{cases}

Os gráficos da velocidade e aceleração estão representados abaixo, respectivamente:

v(t):

graph1

a(t):

graph1

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Gabarito

v(t) = \begin{cases} 2 t, & 0 \leq t \leq 10 \\ \,\,\,\,\,\,\,20, & 10 \leq t \leq 30 \end{cases}

a(t) = \begin{cases} 2, & 0 \leq t \leq 10 \\ \,\,\,\,\,\,\,0, & 10 \leq t \leq 30 \end{cases}

v(t):

graph1

a(t):

graph1

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