OBF 2012 - Terceira Fase (Nível 2)

Escrito por Rafael Prado

Você pode acessar a prova aqui

Questão 01 (exclusiva para alunos da 1ª série):

Um elevador parte do repouso e pode acelerar no máximo a 0,2 \,m/{s}^2, desacelerar no máximo a 0,1 \,m/{s}^2 e pode chegar a uma velocidade máxima de 3 \,m/s. Deseja-se programar o elevador para subir ao décimo andar, 30\,m acima do solo, no menor tempo possível. Qual é esse tempo mínimo de subida?

Assuntos abordados

Movimento acelerado

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Solução

Para minimizer o tempo, o elevador precisa ficar o maior tempo possível accelerando, e só desacelerar quando for necessário para conseguir parar no décimo andar, ou seja, o menor tempo possível irá ocorrer quando a velocidade media for máxima. Portanto, temos que fazer uma análise das possíveis velocidades que o elevador pode adquirir. Por exemplo, será que ele pode chegar a 3\,m/s e ainda conseguir parar a tempo?

Vamos começar escrevendo a razão entre a distância x_1 que o elevador percorre acelerando e x_2 desacelerando. Faremos isso igualando a velocidade do elevador no instante que ele termina de acelerar e quando ele começa a desacelerar. Por Torricelli:

v^2 = 0^2 + 2 a_{a} x_1

0^2 = v^2 - 2 a_d x_2

2 a_d x_2 = 2 a_a x_1

x_2 = \frac{a_a}{a_d} x_1

Onde a_a é o módulo da aceleração, e a_d é o módulo da desaceleração. Agora, será que ele consegue chegar a 3\,m/s?

3^2 = 2*0,2*x_1\,\,\,\therefore\,\,\,x_1 = 22,5\,m

x_2 = \frac{0,2}{0,1}22,5 = 45\,m

Ou seja, claramente ele não poderá chegar a 3\,m/s, pois ele teria que percorrer uma distância total de 67,5 m, até parar! Dessa forma, vamos encontrar as distâncias que ele deve percorrer acelerando e desacelerando, onde d é a distância total igual a 30 m:

x_1 + x_2 = d

x_1 + \frac{a_a}{a_d}x_1 = d

x_1 = \frac{d}{1+\frac{a_a}{a_d}} = \frac{30}{1+\frac{0,2}{0,1}} = 10\,m

x_2 = \frac{0,2}{0,1}10 = 20\,m

Agora, para calcular o tempo acelerando:

x_1 = \frac{a_a {t_1}^2}{2}\,\,\,\therefore\,\,\,t_1 = \sqrt{\frac{2 x_1}{a_a}}

t_1 = \sqrt{\frac{2*10}{0,2}} = 10\,s

Desacelerando:

 x_2 = a_a t_1 t_2 - \frac{a_d {t_2}^2}{2}

Resolvendo a equação do Segundo grau parat_2:

t_2 = \frac{a_a t_1 + \sqrt{{a_a t_1 - 2a_d x_2}^2}}{a_d}

Como o termo dentro da raíz é zero:

t_2 = \frac{a_a t_1}{a_d} = \frac{0,2*10}{0,1} = 20\,s

Dessa forma, o tempo total é:

t_{total} = t_1 + t_2 = 10 + 20 = 30\,s

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Gabarito

t_{total} = 30\,s

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Questão 02 (exclusiva para alunos da 1ª série):

Uma bola com coeficiente de restituição e é atirada com uma velocidade horizontalv_0. Determine a que distância, d, a bola atinge o ponto P. Despreze a resistência do ar.

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Assuntos abordados

Lançamento oblíquo e movimento acelerado

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Solução

Para calcular a distância total d, Podemos dividi-la em duas parte s: a distância x_1 percorrida até ela encostar no chão após ser lançada; e a distância x_2 percorrida após ricochetear e chegar no ponto P. Escrevendo as equações de movimento na horizontal e vertical, respectivamente:

x_1 = v_0 t_1

H = \frac{g {t_1}^2}{2}

Onde t_1 é o tempo que a bola leva até quicar. Resolvendo para t_1 na segunda equação e substituindo na primeira:

t_1 = \sqrt{\frac{2 H}{g}}

x_1 = v_0 \sqrt{\frac{2 H}{g}}

Agora podemos encontrar x_2 escrevendo as mesmas equações de movimento na horizontal e vertical para o instante após o quique:

x_2 = v_0 t_2

h = \frac{g ({t_2}/{2})^2}{2} (relação 1)

Onde adotamos h como sendo a altura máxima que a bola alcança no movimento parabólico após ricochetear. Algo interessante a se notar é que, a velocidade na equação para o movement na horizontal se manteve v_0, pois como a reação normal da superfície atua apenas na vertical neste caso (assumimos que não há atrito), a única componente da velocidade que sofrerá alteração é a da vertical! Além disso, o tempo que colocamos na segunda equação é \frac{t_2}{2}, e a velocidade inicial 0. Fizemos isto pois consideramos apenas metade do movimento (até chegar no topo), e de trás para frente, para não ter que lidar com equações do segundo grau. Encontrando h com Torricelli:

{v_2}^2 = 2 g h\,\,\,\therefore\,\,\,h = \frac{{v_2}^2}{2 g} (relação 2)

Onde v_2 é a velocidade vertical após a colisão, que pode ser encontrada usando o coeficiente de restituição e e a velocidade vertical antes da colisão v_1:

v_2 = e v_1 = e \sqrt{2 g H}

Assim, igualando as duas relações para h para encontrar t_2:

h = \frac{g ({t_2}/{2})^2}{2} = \frac{{v_2}^2}{2 g}

t_2 = 2 \frac{v_2}{g} = 2 e \sqrt{\frac{2 H}{g}}

Portanto:

x_2 = v_0 t_2 = v_0*2 e \sqrt{\frac{2 H}{g}}

Assim, a distância total pode ser escrita como:

d = x_1 + x_2 = v_0 \sqrt{\frac{2 H}{g}} + 2 v_0 e \sqrt{\frac{2 H}{g}}

d = v_0 \sqrt{\frac{2 H}{g}} (1 + 2 e)

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Gabarito

d = v_0 \sqrt{\frac{2 H}{g}} (1 + 2 e)

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Questão 03 (exclusiva para alunos da 1ª série):

Uma esfera de raio r e massa m rola sem escorregar sobre a superfície mostrada na figura. Determine a velocidade mínima do centro de massa que a esfera deve ter para completar a curva rolando sem perder contato com a superfície. Dado: momento de inércia de uma esfera I = \frac{2mr^2}{5}.

quest12012

Assuntos abordados

Conservação de energia e movimento de rolamento

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Solução

Para a bola conseguir completar a curva rolando com a menor velocidade possível, sem perder contato com a pista, temos que, no topo, a força centrípeta precisa ser igual ao peso, ou seja, a normal com a pista é igual a zero. Esta condição deve ser satisfeita pois se a normal fosse maior que zero, indicaria que a velocidade no topo é maior que a mínima. Dessa forma, Podemos conserver energia em um ponto antes de entrar na pista e no topo da pista. A energia inicial possui três componentes: uma potencial pois o centro de massa da esfera está a uma distância r acima do solo, uma cinética de rotação, e outra de translação:

\frac{m {v_0}^2}{2} + \frac{I {\omega_0}^2}{2} + m g r = \frac{m {v_f}^2}{2} + \frac{I {\omega_f}^2}{2} + mg(2 R - r)

Como v = \omega r no rolamento, substituindo I por \frac{2 m r^2}{5}, e "cortando" as massas:

\frac{{v_0}^2}{2} + \frac{2 r^2 {\omega_0}^2}{2*5} + g r = \frac{{v_f}^2}{2} + \frac{2 r^2 {\omega_f}^2}{2*5} + g(2 R - r)

\frac{{v_0}^2}{2} + \frac{2 {v_0}^2}{10} + g r = \frac{{v_f}^2}{2} + \frac{2 {v_f}^2}{10} + g(2 R - r)

\frac{7 {v_0}^2}{10} + g r= \frac{7 {v_f}^2}{10} + g(2 R - r)

Subtraindo g r dos dois lados:

\frac{7 {v_0}^2}{10}= \frac{7 {v_f}^2}{10} + 2g(R - r)

Multiplicando por \frac{10}{7} dos dois lados:

{v_0}^2= {v_f}^2 + \frac{20g(R - r)}{7}  (equação 1)

Agora, como a força centrípeta no topo é igual ao peso da esfera, podemos encontrar a velocidade no topo v_f:

\frac{m {v_f}^2}{R - r} = m g

\frac{{v_f}^2}{R - r} = g

{v_f}^2 = g (R - r)

Substituindo na equação 1:

{v_0}^2=g (R - r) + \frac{20g(R - r)}{7} =\frac{27 g (R - r)}{7}

Dessa forma, a menor velocidade inicial para a bola conseguir completer a curva rolando sem perder contato com a curva é:

v_0 = \sqrt{\frac{27 g (R - r)}{7}}

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Gabarito

v_0 = \sqrt{\frac{27 g (R - r)}{7}}

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Questão 04 (exclusiva para alunos da 1ª série):

A figura mostra um dispositivo simples que pode ser usado para medir o seu tempo de reação. O dispositivo consiste de uma tira de papelão marcada com uma escala e dois pontos. Um colega segura a tira na vertical, com o polegar no ponto da direita da figura. Você posiciona o polegar e o indicador no outro ponto (o ponto esquerdo da figura), sem encostar na tira. Seu colega solta a tira e você tenta segurá-la assim que percebe que ela começa a cair. A marca na posição em que você segura a tira corresponde ao seu tempo de reação. Para calibrar o dispositivo, a escala de tempo deve ser marcada em pontos bem definidos. Explique como devemos marcar os pontos na escala.

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Assuntos abordados

Cinemática e queda livre

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Solução

Primeiramente, devemos perceber que, para a régua estar calibrada, uma marcação de tempo específica deve estar a uma distância da extremidade inferior que corresponda à distância que a régua cai neste interval de tempo. Por exemplo, a marcação de 200 ms deve ser posicionada à distância do ponto da esquerda que a régua cai em 200 ms.

Para calcular esta distância, podemos utilizar a equação horária de movimento uniformemente acelerado:

s = s_0 + v_0 t + \frac{{a t^2}}{2}

Como a velocidade inicial é zero, e podemos considerar a posição inicial igual a 0, a equação se torna:

 s = \frac{{a t^2}}{2}

Dessa forma, a marcação do tempo de reação de t segundos deve ser posicionada a uma distância s do ponto da esquerda. Por exemplo, a marcação do tempo de reação de 200 \,ms deve estar a uma distância de 20 \,cm do ponto da esquerda, a de 300 \,ms a uma distância de 45 \,cm, e assim por diante, seguindo uma função quadrática como exposto.

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Gabarito

Explicação na solução

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Questão 05:

Um disco na horizontal roda com velocidade angular \omega constante em torno de seu centro. Acima do disco são posicionados dois gotejadores, um deles a uma altura h_1 e o outro a uma altura h2, h2  data-recalc-dims= h1" />, medidas a partir do disco. Duas gotas de tinta são liberadas simultaneamente, uma de cada gotejador, atingindo o disco em dois pontos distintos. Estime o valor da aceleração da gravidade local, medindo-se o deslocamento angular do disco entre as duas marcas de tintas no disco.

Assuntos abordados

Movimento circular e queda livre

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Solução

Para resolver essa questão, vamos chamar \theta o ângulo entre as duas marcas de tinta no disco, t_1 o tempo de queda da gota do gotejador 1, t_2 o tempo de queda da gota do gotejador 2, e g a gravidade local. Para calcular a aceleração da gravidade local, Podemos achar uma relação entre o tempo de queda (que podemos encontrar com h e g) e o ângulo \theta. Quando a primeira gota toca no disco, passará um tempo t_2 - t_1 até a outra gota cair, de forma que podemos escrever:

\theta = \omega (t_2 - t_1)   (equação 1)

Escrevendo os tempos de queda em função das alturas:

h_1 = \frac{g {t_1}^2}{2}\,\,\,\therefore\,\,\,t_1 = \sqrt{\frac{2 h_1}{g}}

h_2 = \frac{g {t_2}^2}{2}\,\,\,\therefore\,\,\,t_2 = \sqrt{\frac{2 h_2}{g}}

Substituindo na equação 1:

\theta = \omega (\sqrt{\frac{2 h_2}{g}} - \sqrt{\frac{2 h_1}{g}})

Resolvendo para g:

\sqrt{g} = \frac{\omega \sqrt{2}}{\theta} (\sqrt{h_2} - \sqrt{h_1}) = \omega

g = \frac{2 \omega^2}{\theta^2} (\sqrt{h_2} - \sqrt{h_1})^2

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Gabarito

g = \frac{2 \omega^2}{\theta^2} (\sqrt{h_2} - \sqrt{h_1})^2

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Questão 06:

Uma transmissão redutora de velocidades com correias é mostrada. A polia A aciona a polia B que, por sua vez, aciona a polia C. Se A parte do repouso com uma aceleração angular \alpha constante determine o número de voltas da polia C em função do tempo.quest12012

Assuntos abordados

Associação de polias e movimento circular

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Solução

Primeiramente, vamos chamar de \theta_A\theta_B\theta_C os ângulos que as polias A, B, e C, respectivamente, giraram em um tempo t. Para encontrar o número de voltas da polia C em função do tempo, devemos encontrar uma equação horária para \theta_C. Para isso, vamos começar com a polia A:

\theta_A = \frac{\alpha t^2}{2} (equação 1)

Como há um vínculo de velocidades entre as polias A e B, pois elas estão conectadas por correias, podemos escrever:

\theta_A r = \theta_B R

Ese resultado é válido se pensarmos em uma "conservação de correia". Se a polia A gira um ângulo \theta_A, a correia vai sofrer um deslocamento de \theta_A r ao longo do seu comprimento. Na polia B, esse deslocamento é de \theta_B R. Esse deslocamento precisa ser o mesmo em todos os pontos da correia, para ela não partir, então podemos igualar as duas expressões. Assim, reescrevendo a equação 1 para encontrar \theta_B:

\frac{\theta_B R}{r} = \frac{\alpha t^2}{2}

\theta_B = \frac{\alpha r t^2}{2 R} (equação 2)

Agora, devemos perceber que a polia B possui ligada em seu eixo uma polia menor de raio r, que sempre vai girar um ângulo \theta_B (pois estão conectadas no mesmo eixo). Como essa polia menor está acoplada com a polia C por meio de uma correia, Podemos usar a mesma relação que usamos para as polias A e B:

\theta_B r = \theta_C R

Reescrevendo a equação 2 para encontrar \theta_C:

\theta_C = \frac{\alpha r^2 t^2}{2 R^2}

Por fim, para achar o número de voltas em função do tempo, podemos dividir \theta_C por 2 \pi, pois a cada 2 \pi radianos girados, a polia C terá completado uma volta:

n_{voltas} = \frac{\alpha r^2 t^2}{4 \pi R^2}

Onde n_{voltas} é o número de voltas em função do tempo.

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Gabarito

n_{voltas} = \frac{\alpha r^2 t^2}{4 \pi R^2}

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Questão 07:

A energia potencial de uma partícula de 50 \,g é mostrada na figura ao lado. (a) Faça um esboço da força que atua na partícula. (b) Estime os valores dos pontos de equilíbrio da partícula e classifique-os quanto à sua estabilidade (c) Estime os valores dos pontos de retorno da partícula quando a energia mecânica for de 1 \,J. (d) Determine a velocidade máxima da partícula quando a energia mecânica for 5 \,J.

quest12012

Assuntos abordados

Energia mecânica e potencial

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Solução

a)Para fazer um esboço do gráfico da força em função de x, temos que ter em mente que F = -\frac{d U}{d x}. Com isso, sabemos que, em regiões que o gráfico da energia potencial está decrescendo, a força é positiva. Analogamente, quando a energia potencial está aumentando, a força é negativa. É muito importante lembrar que essa análise da taxa de variação da energia só é válida quando for calculada em relação a grandezas de posição. Assim, entre os instantes -1,4 \leq x \leq -0,8, a força é positiva. Em x = -0,8, ela é zero, e até x = 0 a força é positiva. Como a energia potencial tem um ponto de inflexão (a concavidade passa de positiva para negativa ou vice versa) em x \approx -0,5, a força possui um mínimo nesse mesmo x, pois \frac{d F}{d x} = - \frac{d^2 U}{d x^2}. Entre x = 0 e x \approx 1,4, a força é positiva, chegando a um máximo em x \approx 1,3 (de modulo maior que o mínimo anterior, pois a inclinação neste ponto é maior). Em x = 1,4, a força é zero, e até x = 2 a força é negativa.

Para encontrar a escala do gráfico, fica meio complicado encontrar as inclinações das retas tangentes, mas podemos fazer aproximações. Por exemplo, no começo do gráfico, podemos calcular a inclinação fazendo:

\tan \theta = \frac{\Delta U}{\Delta x} \approx \frac{2}{0,2} = 10\,N

Para x próximo de 2 metros, podemos estimar o módulo força em torno de 20\, N. Assim, juntando todas essas informações, um esboço de gráfico é tal como na figura abaixo:

IMG-4152

 

b) Os pontos de equilíbrio são os pontos onde a força resultante na partícula é zero, ou seja, a taxa de variação de sua energia é igual a zero:

- \frac{d U}{d x} = F_{res} = 0

Dessa forma, podemos concluir que os pontos de equilíbrio da partícula são os pontos onde a inclinação da reta tangente ao gráfico é zero. Há três pontos no gráfico que satisfazem essa condição (valores aproximados):

x = -0,8\,m,\,\,\,x = 0\,m, \,\,\,e\,\,\,x = 1,4\,m

Porém, há duas classificações para o equilíbrio de um sistema: estável e instável. No estável, se a partícula é deslocada uma pequena distância do ponto de equílibrio, atuará sobre ela uma força restauradora que tende a trazê-la de volta para o ponto de equilíbrio. Já no equilíbrio instável, qualquer perturbação no sistema tira ele do equilíbrio. Podemos pensar sobre esses tipos de equilíbrios analisando a força resultante, por exemplo, em um ponto à direita (x crescendo) do ponto de equilíbrio. Se a força resultante for positiva, isso indica que ela atua para aumentar o x, então é equilíbrio instável.  Porém, se a força resultante for negativa, isso indica que ela está atuando para diminuir x, então é uma força restauradora e caracteriza um equilíbrio estável. A força resultante neste caso pode ser escrita como:

F_{res} = -\frac{d U}{d x}

Portanto, quando a inclinação da reta tangente ao gráfico for positiva, a força é negativa. Dessa forma, pontos onde a concavidade do gráfico é para cima são de equilíbrio estável, e onde a concavidade é para baixo é instável. Uma forma mais correta de expressar o equilíbrio estável para este caso que justifica essa ultima afirmação é:

\frac{d^2 U}{d x^2}  data-recalc-dims= 0" />

Assim , podemos concluir que os pontos de equilíbrio estável são:

x = -0,8\,m\,\,\,e\,\,\,x = 1,4\,m

Pois a concavidade do gráfico é para cima nesses pontos. Por fim, o ponto de equilíbrio instável é:

x = 0\,m

c) Pontos de retorno são pontos onde a partícula sujeita a um certo potencial muda o sentido de seu movimento. Para que a partícula mude o sentido do seu movimento, o sentido da sua velocidade precisa mudar, ou seja, o "sinal" de sua velocidade precisa ir de positivo para negativo ou vice-versa. Para que isso aconteça, a velocidade precisa em algum momento ser nula (a velocidade não pode ser descontínua, ela não pode simplesmente "pular" de um valor para outro). O ponto onde a velocidade é zero nessa inversão de movimento que chamamos de ponto de retorno. É só imaginar um objeto oscilando em uma mola: onde a amplitude é máxima, ele inverte o sentido do seu movimento, e a velocidade se torna zero nesse ponto. No ponto de retorno, toda energia mecânica do sistema é na forma de energia potencial (cinética é zero). Dessa forma, como a questão pede os pontos de retorno para uma energia mecânica de 1 J, precisamos encontrar os pontos onde a energia potencial é 1 J. Se traçarmos uma reta horizontal que passa pelo ponto U(x) = 1 J, onde esta reta encostar no gráfico são os pontos de retorno, que neste caso são os pontos x = -1,2 \,m, e x = 1,8 \,m.

d) Se a energia mecânica é 5 Joules, para encontrar a velocidade máxima, precisamos fazer a energia potencial ser minima, pois U(x) + E_{cinetica} = 5 \,J. Neste gráfico, percebemos que a energia potencial minima é de -5\,J, então a energia cinética máxima é:

E_{cinMax} - 5 = 5 \therefore E_{cinMax} = 10 \,J

\frac{m {v_{max}}^2}{2} = 10 \therefore {v_{max}}^2 = \frac{20}{50*10^{-3}} = 400

\left|v_{max}\right| = 20\,m/s

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Gabarito

a)O esboço é tal como na figura abaixo:

IMG-4152

b)Os pontos de equilíbrio estável são, aproximadamente:

x = -0,8\,m\,\,\,e\,\,\,x = 1,4\,m

O ponto de equilíbrio instável é:

x = 0\,m

c)Os pontos de retorno são, aproximadamente:

x = -1,2 \,m, e x = 1,8 \,m.

d) O modulo da velocidade máxima é, aproximadamente:

\left|v_{max}\right| = 20\,m/s

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Questão 08:

O disco, de raio R, mostrado na figura é formado por dois semicírculos com densidades de massa \sigma_1 e \sigma_2. O disco não pode escorregar, mas pode rolar. Para uma determinada posição do disco e para certos valores do ângulo \theta, é possível manter o disco em equilíbrio sobre o plano inclinado. Qual deve ser a razão entre as densidades (\sigma_1/\sigma_2) para que o disco fique em equilíbrio com o segmento PQ posicionado na vertical? Dado auxiliar: o centro de massa, C´, de um semicírculo de raio R é tal que o segmento CC ´ é \frac{4R}{3 \pi}.

quest12012

Assuntos abordados

Torque e estática

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Solução

A condição para que o disco fique em equilíbrio com o segmento PQ na vertical, duas condições gerais devem ser satisfeitas:

F_{res} = 0

\tau_{res} = 0

Onde F_res é a força resultante, e \tau_{res} é o torque resultante em torno de qualquer ponto. Há várias forças em ação nesse sistema, como o peso de cada lado do disco, o atrito, e a normal. Vamos chamar a distância CC' de x para facilitar a escrita, e a área do círculo de A. Primeiramente, vamos escrever o torque resultante em torno do ponto C:

\frac{\sigma_1 A g x}{2} = \frac{\sigma_2 A g x}{2} + \mu N R (equação 1)

Onde \mu N R é o torque da força de atrito. Porém, como não temos informações sobre o coeficiente de atrito, devemos encontrar uma outra relação entre as densidades e as forças de atrito. Como o disco está em equilíbrio, a força resultante ao longo do plano inclinado é zero:

\mu N = m g \sin\theta = \frac{(\sigma_1 + \sigma_2) A g \sin\theta}{2}

Substituindo na equação 1:

\frac{\sigma_1 A g x}{2} = \frac{\sigma_2 A g x}{2} + \frac{(\sigma_1 + \sigma_2) A g R \sin\theta}{2}

\sigma_1 x = \sigma_2 x +(\sigma_1 + \sigma_2) R\sin\theta

Dividindo ambos os lados por \sigma_2 para encontrar a razão, que chamaremos de q = \frac{\sigma_1}{\sigma_2}.

q x = x + (q + 1) R \sin\theta

q (x - R\sin\theta) = x + R\sin\theta

q = \frac{x + R \sin\theta}{x - R \sin\theta}

Substituindo com x = \frac{4R}{3\pi}

q = \frac{4R + 3\pi R \sin\theta}{4R - 3\pi R \sin\theta}

q = \frac{\sigma_1}{\sigma_2} = \frac{4 + 3\pi \sin\theta}{4 - 3\pi \sin\theta}

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Gabarito

\frac{\sigma_1}{\sigma_2} = \frac{4 + 3\pi \sin\theta}{4 - 3\pi \sin\theta}

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Questão 09:

Um cilíndro de comprimento L é feito de um certo material de densidade \rho. Este cilindro flutua verticalmente num fluido de densidade \rho_f. Se \rho < \rho_f parte do cilindro flutuará. Se dermos um pequeno empurrão no cilindro este executará um MHS. Desconsiderando todas as formas de atrito, determine o período de oscilação do cilindro.

Assuntos abordados

Movimento harmônico simples e hidrodinâmica

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Solução

Primeiramente, como o cilindro está em equilibrio, a força resultante atuando sobre ele é zero. Neste equilíbrio, iremos chamar de h_0 o comprimento do cilindro imerso no fluido. Quando empurramos o cilindro, podemos encontrar o período de pequenas oscilações do cilindro calculando a força resultante que atua sobre ele quando o deslocamos uma pequena distância x para baixo. Uma saída muito rápida para encontrar essa força resultante é utilizando o Princípio de Arquimedes, que diz que a força que atua sobre um corpo imerso em um fluido equivale ao peso da massa do fluido deslocada. Como iremos empurrar o cilindro uma distância x para baixo (poderia ser para cima também, mas escolhemos para baixo por convenção), o comprimento do cilíndro submerso é h_0 + x. Como o fluido deslocado pelo termo h_0 já anula o peso, a força resultante para cima será o peso da quantia de fluido deslocada pelo termo x:

F_{res} = - \rho_f x A g

Adotando para cima negativo, e chamando de A a área da seção tranversal do cilindro. Essa força possui a forma de uma força restauradora proporcional ao deslocamento, igual a lei de Hooke. Porém, a "constant elástica" nesse caso é \rho_f A g. A frequência angular de um MHS desse tipo é dada por:

\omega = \sqrt{\frac{k}{m}}

\omega = \sqrt{\frac{\rho_f A g}{\rho A L}}

\omega = \sqrt{\frac{\rho_f g}{\rho L}}

Como \omega = \frac{2 \pi}{T}:

T = 2 \pi \sqrt{\frac{m}{k}}

T = 2 \pi \sqrt{\frac{\rho L}{\rho_f g}}

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Gabarito

T = 2 \pi \sqrt{\frac{\rho L}{\rho_f g}}

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Questão 10:

Três cilindros feitos do mesmo material, o qual pode ser considerado isotrópico, estão, inicialmente, na mesma temperatura. Os cilindros são colocados sobre uma chapa quente (reservatório de calor) e a mesma quantidade de calor é transferida para cada um dos cilindros. Quais são as relações entre as variações nas alturas dos cilindros após o equilíbrio térmico?

quest12012

Assuntos abordados

Dilatação térmica

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Solução

Primeiramente, a questão pede a relação entre as variações nas alturas após o equilíbrio térmico. Podemos desenvolver essa relação de algumas maneiras, como razões, desigualdades, etc. Nesta solução irei tratar das desigualdades.

Para resolver essa questão, um ponto crucial é a informação que o calor que os cilindros recebem são iguais. Dessa forma, como eles são feitos do mesmo material, a variação de temperature de cada cilindro é diferente:

Q = m c \Delta T = \rho V c \Delta T

\frac{Q}{\rho V c} = \Delta T

Percebemos assim que a variação de temperature é inversamente proporcional ao volume de cada cilindro, pois os outros termos são constantes.

Vamos chamar o cilindro da esquerda de cilindro 1, o do meio de cilindro 2, e o da direita de cilindro 3. Com isso, calculando os volumes:

V_{10} = 3h*\frac{\pi h^2}{4} = \frac{3 \pi h^3}{4}

V_{20} = 2h*\pi h^2 = 2 \pi h^3

V_{30} = 4h*\frac{9 \pi h^2}{4} = 9 \pi h^3

Agora, para encontrar a variação de altura de cada cilindro, podemos usar a equação de dilatação térmica de comprimento:

\Delta L = L_0 \alpha \Delta T

\Delta L = L_0 \alpha \frac{Q}{\rho V c}

Como os cilindros são feitos do mesmo material e o calor que eles recebem são iguais:

\Delta L \propto \frac{L_0}{V_0} = \frac{L_0}{L_0 * A_0}

\Delta L \propto \frac{1}{A_0}

Assim, o cilindro de maior área terá a menor variação de altura. Com isso, já podemos escrever a relação:

\Delta L_3  data-recalc-dims= \Delta L_2 > \Delta L_1" />

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Gabarito

\Delta L_3  data-recalc-dims= \Delta L_2 > \Delta L_1" />

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Questão 11:

A figura mostra um recipiente cilíndrico de área A e altura H . O recipiente possui um
pistão leve e sem atrito que o separa em duas regiões. A região inferior contém um gás ideal e a região superior está cheia de água. O pistão está inicialmente posicionado a uma altura h=H/2 do fundo. Transfere-se calor para o gás através da parte inferior do recipiente provocando o deslocamento do pistão e, assim, fazendo com que a água transborde. Qual é a relação (T1/T2) entre as temperaturas do gás até que toda água transborde? Suponha que o pistão é feito de um isolante térmico e, portanto, a água não troca calor com o ar. Usar: pressão atmosférica = 10^5\, Pa, densidade da água = 10^3\, kg/m^3, aceleração da gravidade = 10 m/s^2.

quest12012

Assuntos abordados

Principios de hidrostática e termodinâmica

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Solução

Para encontrar a razão entre as temperaturas antes de começar a expansão e no instante que a água toda transborda, podemos começar escrevendo a equação de estado dos gases ideais:

\frac{P_0 V_0}{T_0} = \frac{P_f V_f}{T_f}

Assim, Podemos escrever a razão \frac{T_0}{T_f}, que no enunciado é \frac{T_1}{T_2} (assumimos que T_0 e T_f são equivalentes a T_1 e T_2, pelo uso usual de certos subscritos):

\frac{T_0}{T_f} = \frac{P_0 V_0}{P_f V_f}  (equação 1)

Onde o índice "0" representa "inicial", e "f" final, para cada variável termodinâmica. O P_0 do gás, como inicialmente ele está em equilíbrio, precisa ser igual à pressão que a água exerce no pistão. Assim, Podemos escrever:

P_0 = P_{atm} + \rho_a g (H - h)

Onde \rho_a é a massa específica da água. Como h = \frac{H}{2} no momento inicial:

P_0 = P_{atm} + \frac{\rho_a g (H)}{2}

Escrevendo V_0:

V_0 = \frac{A H}{2}

Agora, escrevendo a pressão final e volume final quando a água toda transbordar:

P_f = P_{atm}

V_f = A H

Substituindo os valores na equação 1:

\frac{T_0}{T_f} = \frac{(P_{atm} + \frac{\rho_a g H}{2}) \frac{A H}{2}}{P_{atm} A H}

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{\rho_a g H}{4 P_{atm}})

Substituindo os valores dados no enunciado:

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{10^4 H}{4 10^5})

\frac{T_0}{T_f} = (\frac{1}{2} + \frac{H}{40})

\frac{T_0}{T_f}=\frac{T_1}{T_2} = (\frac{H+ 20}{40})

Observação: os números 20 e 40, apesar de não aparentarem, possuem dimensão de metro. No momento que transformamos o \frac{1}{2} em \frac{20}{40}, precisamos multiplicar também por metro/metro, para a soma se tornar algo com significado físico.

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Gabarito

\frac{T_0}{T_f} =\frac{T_1}{T_2} = (\frac{H+20}{40})

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Questão 12:

A figura mostra um raio de luz propagando no ar e incidindo sobre um bloco de material translúcido num ângulo \theta com a normal à face e refratando na face adjacente. Ao lado da figura apresentamos uma lista de materiais com os seus respectivos índices de refração. Qual deve ser a condição sobre o índice de refração do material para que tal situação seja possível para qualquer \theta? Que material da lista poderia ser usado?

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Assuntos abordados

Óptica geométrica - ângulo crítico

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Solução

Primeiramente, devemos entender qual é essa condição que o enunciado pede. Ele quer que, independente do ângulo de incidência, o raio sempre refrate na primeira face e na face adjacente. Para que isso aconteça, o ângulo de incidência não pode ser zero graus, pois, caso contrário, o raio não sofreria desvio e continuaria reto até o infinito. Dessa forma, rigorosamente, a situação descrita é impossível para qualquer \theta, apenas para ângulos de um certo intervalo que depende do material. Para encontrar o intervalo de ângulos de incidência que permite duas refrações consecutivas, o ângulo que o raio chega na face adjacente deve ser menor que o ângulo crítico, pois acima desse valor ocorre reflexão interna total. O valor do ângulo crítico para um índice de refração n no ar é:

n*\sin(\theta_{C}) = 1*\sin(90^{\circ})

\sin(\theta_{C}) = \frac{1}{n}

Agora, como as refrações ocorrem em um bloco, as duas retas normais se cruzam formando um ângulo de 90^{\circ} entre elas, consequentemente formando um triângulo retângulo com as paredes do bloco, como se pode ver na figura abaixo:

adapt

Dessa forma, o ângulo A é complementar do B. No caso do ângulo crítico, o ângulo A seria igual a \theta_{C}, e o B seria 90^{\circ} - \theta_{C}. Assim, escrevendo a lei de Snell para a primeira refração:

\sin\theta = n*\sin(90^{\circ} - \theta_{C}) = n*\cos\theta_C  (equação 1)

Como \cos^2 x + \sin^2 x = 1, \cos x = \sqrt{1 - \sin^2 x}. Reescrevendo a equação 1:

\sin \theta = n*\sqrt{1 - \sin^2 \theta_C} = n*\sqrt{1 - \frac{1}{n^2}}

\sin \theta = \sqrt{n^2 - 1}

\sin^2 \theta + 1 = n^2

\sqrt{\sin^2 \theta + 1} = n

Portanto, para que a reflexão na face adjacente seja válida para o maior intervalo possível de ângulos, o n deveria ser o mais próximo possível de 1, ou seja, um material com índice de refração o mais próximo possível do ar. Isso faz sentido, pois um índice de refração próximo de 1 implica um ângulo crítico muito próximo de 90^{\circ}, de forma que até raios que incidam na primeira face com um ângulo muito próximo de 0^{\circ} sofreriam refração. O intervalo de ângulos permitidos para um certo n é:

\sin \theta_{min} = \sqrt{n^2 - 1}\,\,\,\therefore\,\,\,\theta_{min} = \arcsin (\sqrt{n^2 - 1})

\theta_{max} = 90^{\circ}

\arcsin (\sqrt{n^2 - 1}) \leq \theta \leq 90^{\circ}

Com essa condição, percebemos que o maior valor possível para n é \sqrt{2} \approx 1,41, pois não há \sin \theta maior que 1. Dessa forma, nenhum material da lista permitiria que essa situação ocorresse.

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Gabarito

Só ocorre reflexão na face adjacente para qualquer ângulo se o índice de refração do bloco for o mais próximo possível do índice de refração do ar (explicação na solução). Como o maior valor possível para n é \sqrt{2} \approx 1,41, nenhum material da lista permitiria que essa situação ocorresse.

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