Escrito por Rafael Prado
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Questão 01 (exclusiva para alunos da 1ª série):
Um elevador parte do repouso e pode acelerar no máximo a , desacelerar no máximo a e pode chegar a uma velocidade máxima de . Deseja-se programar o elevador para subir ao décimo andar, acima do solo, no menor tempo possível. Qual é esse tempo mínimo de subida?
Movimento acelerado
Para minimizer o tempo, o elevador precisa ficar o maior tempo possível accelerando, e só desacelerar quando for necessário para conseguir parar no décimo andar, ou seja, o menor tempo possível irá ocorrer quando a velocidade media for máxima. Portanto, temos que fazer uma análise das possíveis velocidades que o elevador pode adquirir. Por exemplo, será que ele pode chegar a e ainda conseguir parar a tempo?
Vamos começar escrevendo a razão entre a distância que o elevador percorre acelerando e desacelerando. Faremos isso igualando a velocidade do elevador no instante que ele termina de acelerar e quando ele começa a desacelerar. Por Torricelli:
Onde é o módulo da aceleração, e é o módulo da desaceleração. Agora, será que ele consegue chegar a ?
Ou seja, claramente ele não poderá chegar a , pois ele teria que percorrer uma distância total de 67,5 m, até parar! Dessa forma, vamos encontrar as distâncias que ele deve percorrer acelerando e desacelerando, onde é a distância total igual a 30 m:
Agora, para calcular o tempo acelerando:
Desacelerando:
Resolvendo a equação do Segundo grau para:
Como o termo dentro da raíz é zero:
Dessa forma, o tempo total é:
Questão 02 (exclusiva para alunos da 1ª série):
Uma bola com coeficiente de restituição é atirada com uma velocidade horizontal. Determine a que distância, , a bola atinge o ponto P. Despreze a resistência do ar.
Lançamento oblíquo e movimento acelerado
Para calcular a distância total , Podemos dividi-la em duas parte s: a distância percorrida até ela encostar no chão após ser lançada; e a distância percorrida após ricochetear e chegar no ponto P. Escrevendo as equações de movimento na horizontal e vertical, respectivamente:
Onde é o tempo que a bola leva até quicar. Resolvendo para na segunda equação e substituindo na primeira:
Agora podemos encontrar escrevendo as mesmas equações de movimento na horizontal e vertical para o instante após o quique:
(relação 1)
Onde adotamos como sendo a altura máxima que a bola alcança no movimento parabólico após ricochetear. Algo interessante a se notar é que, a velocidade na equação para o movement na horizontal se manteve , pois como a reação normal da superfície atua apenas na vertical neste caso (assumimos que não há atrito), a única componente da velocidade que sofrerá alteração é a da vertical! Além disso, o tempo que colocamos na segunda equação é , e a velocidade inicial . Fizemos isto pois consideramos apenas metade do movimento (até chegar no topo), e de trás para frente, para não ter que lidar com equações do segundo grau. Encontrando com Torricelli:
(relação 2)
Onde é a velocidade vertical após a colisão, que pode ser encontrada usando o coeficiente de restituição e a velocidade vertical antes da colisão :
Assim, igualando as duas relações para para encontrar :
Portanto:
Assim, a distância total pode ser escrita como:
Questão 03 (exclusiva para alunos da 1ª série):
Uma esfera de raio e massa rola sem escorregar sobre a superfície mostrada na figura. Determine a velocidade mínima do centro de massa que a esfera deve ter para completar a curva rolando sem perder contato com a superfície. Dado: momento de inércia de uma esfera .
Conservação de energia e movimento de rolamento
Para a bola conseguir completar a curva rolando com a menor velocidade possível, sem perder contato com a pista, temos que, no topo, a força centrípeta precisa ser igual ao peso, ou seja, a normal com a pista é igual a zero. Esta condição deve ser satisfeita pois se a normal fosse maior que zero, indicaria que a velocidade no topo é maior que a mínima. Dessa forma, Podemos conserver energia em um ponto antes de entrar na pista e no topo da pista. A energia inicial possui três componentes: uma potencial pois o centro de massa da esfera está a uma distância acima do solo, uma cinética de rotação, e outra de translação:
Como no rolamento, substituindo por , e "cortando" as massas:
Subtraindo dos dois lados:
Multiplicando por dos dois lados:
(equação 1)
Agora, como a força centrípeta no topo é igual ao peso da esfera, podemos encontrar a velocidade no topo :
Substituindo na equação 1:
Dessa forma, a menor velocidade inicial para a bola conseguir completer a curva rolando sem perder contato com a curva é:
Questão 04 (exclusiva para alunos da 1ª série):
A figura mostra um dispositivo simples que pode ser usado para medir o seu tempo de reação. O dispositivo consiste de uma tira de papelão marcada com uma escala e dois pontos. Um colega segura a tira na vertical, com o polegar no ponto da direita da figura. Você posiciona o polegar e o indicador no outro ponto (o ponto esquerdo da figura), sem encostar na tira. Seu colega solta a tira e você tenta segurá-la assim que percebe que ela começa a cair. A marca na posição em que você segura a tira corresponde ao seu tempo de reação. Para calibrar o dispositivo, a escala de tempo deve ser marcada em pontos bem definidos. Explique como devemos marcar os pontos na escala.
Cinemática e queda livre
Primeiramente, devemos perceber que, para a régua estar calibrada, uma marcação de tempo específica deve estar a uma distância da extremidade inferior que corresponda à distância que a régua cai neste interval de tempo. Por exemplo, a marcação de 200 ms deve ser posicionada à distância do ponto da esquerda que a régua cai em 200 ms.
Para calcular esta distância, podemos utilizar a equação horária de movimento uniformemente acelerado:
Como a velocidade inicial é zero, e podemos considerar a posição inicial igual a 0, a equação se torna:
Dessa forma, a marcação do tempo de reação de segundos deve ser posicionada a uma distância do ponto da esquerda. Por exemplo, a marcação do tempo de reação de deve estar a uma distância de do ponto da esquerda, a de a uma distância de , e assim por diante, seguindo uma função quadrática como exposto.
Explicação na solução
Questão 05:
Um disco na horizontal roda com velocidade angular constante em torno de seu centro. Acima do disco são posicionados dois gotejadores, um deles a uma altura e o outro a uma altura , , medidas a partir do disco. Duas gotas de tinta são liberadas simultaneamente, uma de cada gotejador, atingindo o disco em dois pontos distintos. Estime o valor da aceleração da gravidade local, medindo-se o deslocamento angular do disco entre as duas marcas de tintas no disco.
Movimento circular e queda livre
Para resolver essa questão, vamos chamar o ângulo entre as duas marcas de tinta no disco, o tempo de queda da gota do gotejador 1, o tempo de queda da gota do gotejador 2, e a gravidade local. Para calcular a aceleração da gravidade local, Podemos achar uma relação entre o tempo de queda (que podemos encontrar com e ) e o ângulo . Quando a primeira gota toca no disco, passará um tempo até a outra gota cair, de forma que podemos escrever:
(equação 1)
Escrevendo os tempos de queda em função das alturas:
Substituindo na equação 1:
Resolvendo para :
Questão 06:
Uma transmissão redutora de velocidades com correias é mostrada. A polia A aciona a polia B que, por sua vez, aciona a polia C. Se A parte do repouso com uma aceleração angular constante determine o número de voltas da polia C em função do tempo.
Associação de polias e movimento circular
Primeiramente, vamos chamar de , e os ângulos que as polias A, B, e C, respectivamente, giraram em um tempo . Para encontrar o número de voltas da polia C em função do tempo, devemos encontrar uma equação horária para . Para isso, vamos começar com a polia A:
(equação 1)
Como há um vínculo de velocidades entre as polias A e B, pois elas estão conectadas por correias, podemos escrever:
Ese resultado é válido se pensarmos em uma "conservação de correia". Se a polia A gira um ângulo , a correia vai sofrer um deslocamento de ao longo do seu comprimento. Na polia B, esse deslocamento é de . Esse deslocamento precisa ser o mesmo em todos os pontos da correia, para ela não partir, então podemos igualar as duas expressões. Assim, reescrevendo a equação 1 para encontrar :
(equação 2)
Agora, devemos perceber que a polia B possui ligada em seu eixo uma polia menor de raio , que sempre vai girar um ângulo (pois estão conectadas no mesmo eixo). Como essa polia menor está acoplada com a polia C por meio de uma correia, Podemos usar a mesma relação que usamos para as polias A e B:
Reescrevendo a equação 2 para encontrar :
Por fim, para achar o número de voltas em função do tempo, podemos dividir por , pois a cada radianos girados, a polia C terá completado uma volta:
Onde é o número de voltas em função do tempo.
Questão 07:
A energia potencial de uma partícula de é mostrada na figura ao lado. (a) Faça um esboço da força que atua na partícula. (b) Estime os valores dos pontos de equilíbrio da partícula e classifique-os quanto à sua estabilidade (c) Estime os valores dos pontos de retorno da partícula quando a energia mecânica for de . (d) Determine a velocidade máxima da partícula quando a energia mecânica for .
Energia mecânica e potencial
a)Para fazer um esboço do gráfico da força em função de , temos que ter em mente que . Com isso, sabemos que, em regiões que o gráfico da energia potencial está decrescendo, a força é positiva. Analogamente, quando a energia potencial está aumentando, a força é negativa. É muito importante lembrar que essa análise da taxa de variação da energia só é válida quando for calculada em relação a grandezas de posição. Assim, entre os instantes , a força é positiva. Em , ela é zero, e até a força é positiva. Como a energia potencial tem um ponto de inflexão (a concavidade passa de positiva para negativa ou vice versa) em , a força possui um mínimo nesse mesmo , pois . Entre e , a força é positiva, chegando a um máximo em (de modulo maior que o mínimo anterior, pois a inclinação neste ponto é maior). Em , a força é zero, e até a força é negativa.
Para encontrar a escala do gráfico, fica meio complicado encontrar as inclinações das retas tangentes, mas podemos fazer aproximações. Por exemplo, no começo do gráfico, podemos calcular a inclinação fazendo:
Para próximo de 2 metros, podemos estimar o módulo força em torno de . Assim, juntando todas essas informações, um esboço de gráfico é tal como na figura abaixo:
b) Os pontos de equilíbrio são os pontos onde a força resultante na partícula é zero, ou seja, a taxa de variação de sua energia é igual a zero:
Dessa forma, podemos concluir que os pontos de equilíbrio da partícula são os pontos onde a inclinação da reta tangente ao gráfico é zero. Há três pontos no gráfico que satisfazem essa condição (valores aproximados):
e
Porém, há duas classificações para o equilíbrio de um sistema: estável e instável. No estável, se a partícula é deslocada uma pequena distância do ponto de equílibrio, atuará sobre ela uma força restauradora que tende a trazê-la de volta para o ponto de equilíbrio. Já no equilíbrio instável, qualquer perturbação no sistema tira ele do equilíbrio. Podemos pensar sobre esses tipos de equilíbrios analisando a força resultante, por exemplo, em um ponto à direita ( crescendo) do ponto de equilíbrio. Se a força resultante for positiva, isso indica que ela atua para aumentar o , então é equilíbrio instável. Porém, se a força resultante for negativa, isso indica que ela está atuando para diminuir , então é uma força restauradora e caracteriza um equilíbrio estável. A força resultante neste caso pode ser escrita como:
Portanto, quando a inclinação da reta tangente ao gráfico for positiva, a força é negativa. Dessa forma, pontos onde a concavidade do gráfico é para cima são de equilíbrio estável, e onde a concavidade é para baixo é instável. Uma forma mais correta de expressar o equilíbrio estável para este caso que justifica essa ultima afirmação é:
Assim , podemos concluir que os pontos de equilíbrio estável são:
Pois a concavidade do gráfico é para cima nesses pontos. Por fim, o ponto de equilíbrio instável é:
c) Pontos de retorno são pontos onde a partícula sujeita a um certo potencial muda o sentido de seu movimento. Para que a partícula mude o sentido do seu movimento, o sentido da sua velocidade precisa mudar, ou seja, o "sinal" de sua velocidade precisa ir de positivo para negativo ou vice-versa. Para que isso aconteça, a velocidade precisa em algum momento ser nula (a velocidade não pode ser descontínua, ela não pode simplesmente "pular" de um valor para outro). O ponto onde a velocidade é zero nessa inversão de movimento que chamamos de ponto de retorno. É só imaginar um objeto oscilando em uma mola: onde a amplitude é máxima, ele inverte o sentido do seu movimento, e a velocidade se torna zero nesse ponto. No ponto de retorno, toda energia mecânica do sistema é na forma de energia potencial (cinética é zero). Dessa forma, como a questão pede os pontos de retorno para uma energia mecânica de 1 J, precisamos encontrar os pontos onde a energia potencial é 1 J. Se traçarmos uma reta horizontal que passa pelo ponto , onde esta reta encostar no gráfico são os pontos de retorno, que neste caso são os pontos , e .
d) Se a energia mecânica é 5 Joules, para encontrar a velocidade máxima, precisamos fazer a energia potencial ser minima, pois . Neste gráfico, percebemos que a energia potencial minima é de , então a energia cinética máxima é:
Questão 08:
O disco, de raio R, mostrado na figura é formado por dois semicírculos com densidades de massa e . O disco não pode escorregar, mas pode rolar. Para uma determinada posição do disco e para certos valores do ângulo , é possível manter o disco em equilíbrio sobre o plano inclinado. Qual deve ser a razão entre as densidades para que o disco fique em equilíbrio com o segmento PQ posicionado na vertical? Dado auxiliar: o centro de massa, C´, de um semicírculo de raio R é tal que o segmento CC ´ é .
Torque e estática
A condição para que o disco fique em equilíbrio com o segmento na vertical, duas condições gerais devem ser satisfeitas:
Onde é a força resultante, e é o torque resultante em torno de qualquer ponto. Há várias forças em ação nesse sistema, como o peso de cada lado do disco, o atrito, e a normal. Vamos chamar a distância de para facilitar a escrita, e a área do círculo de A. Primeiramente, vamos escrever o torque resultante em torno do ponto C:
(equação 1)
Onde é o torque da força de atrito. Porém, como não temos informações sobre o coeficiente de atrito, devemos encontrar uma outra relação entre as densidades e as forças de atrito. Como o disco está em equilíbrio, a força resultante ao longo do plano inclinado é zero:
Substituindo na equação 1:
Dividindo ambos os lados por para encontrar a razão, que chamaremos de .
Substituindo com
Questão 09:
Um cilíndro de comprimento é feito de um certo material de densidade . Este cilindro flutua verticalmente num fluido de densidade . Se parte do cilindro flutuará. Se dermos um pequeno empurrão no cilindro este executará um MHS. Desconsiderando todas as formas de atrito, determine o período de oscilação do cilindro.
Movimento harmônico simples e hidrodinâmica
Primeiramente, como o cilindro está em equilibrio, a força resultante atuando sobre ele é zero. Neste equilíbrio, iremos chamar de o comprimento do cilindro imerso no fluido. Quando empurramos o cilindro, podemos encontrar o período de pequenas oscilações do cilindro calculando a força resultante que atua sobre ele quando o deslocamos uma pequena distância para baixo. Uma saída muito rápida para encontrar essa força resultante é utilizando o Princípio de Arquimedes, que diz que a força que atua sobre um corpo imerso em um fluido equivale ao peso da massa do fluido deslocada. Como iremos empurrar o cilindro uma distância para baixo (poderia ser para cima também, mas escolhemos para baixo por convenção), o comprimento do cilíndro submerso é . Como o fluido deslocado pelo termo já anula o peso, a força resultante para cima será o peso da quantia de fluido deslocada pelo termo :
Adotando para cima negativo, e chamando de a área da seção tranversal do cilindro. Essa força possui a forma de uma força restauradora proporcional ao deslocamento, igual a lei de Hooke. Porém, a "constant elástica" nesse caso é . A frequência angular de um MHS desse tipo é dada por:
Como :
Questão 10:
Três cilindros feitos do mesmo material, o qual pode ser considerado isotrópico, estão, inicialmente, na mesma temperatura. Os cilindros são colocados sobre uma chapa quente (reservatório de calor) e a mesma quantidade de calor é transferida para cada um dos cilindros. Quais são as relações entre as variações nas alturas dos cilindros após o equilíbrio térmico?
Dilatação térmica
Primeiramente, a questão pede a relação entre as variações nas alturas após o equilíbrio térmico. Podemos desenvolver essa relação de algumas maneiras, como razões, desigualdades, etc. Nesta solução irei tratar das desigualdades.
Para resolver essa questão, um ponto crucial é a informação que o calor que os cilindros recebem são iguais. Dessa forma, como eles são feitos do mesmo material, a variação de temperature de cada cilindro é diferente:
Percebemos assim que a variação de temperature é inversamente proporcional ao volume de cada cilindro, pois os outros termos são constantes.
Vamos chamar o cilindro da esquerda de cilindro 1, o do meio de cilindro 2, e o da direita de cilindro 3. Com isso, calculando os volumes:
Agora, para encontrar a variação de altura de cada cilindro, podemos usar a equação de dilatação térmica de comprimento:
Como os cilindros são feitos do mesmo material e o calor que eles recebem são iguais:
Assim, o cilindro de maior área terá a menor variação de altura. Com isso, já podemos escrever a relação:
Questão 11:
A figura mostra um recipiente cilíndrico de área A e altura H . O recipiente possui um
pistão leve e sem atrito que o separa em duas regiões. A região inferior contém um gás ideal e a região superior está cheia de água. O pistão está inicialmente posicionado a uma altura h=H/2 do fundo. Transfere-se calor para o gás através da parte inferior do recipiente provocando o deslocamento do pistão e, assim, fazendo com que a água transborde. Qual é a relação (T1/T2) entre as temperaturas do gás até que toda água transborde? Suponha que o pistão é feito de um isolante térmico e, portanto, a água não troca calor com o ar. Usar: pressão atmosférica = , densidade da água = , aceleração da gravidade = .
Principios de hidrostática e termodinâmica
Para encontrar a razão entre as temperaturas antes de começar a expansão e no instante que a água toda transborda, podemos começar escrevendo a equação de estado dos gases ideais:
Assim, Podemos escrever a razão , que no enunciado é (assumimos que e são equivalentes a e , pelo uso usual de certos subscritos):
(equação 1)
Onde o índice "0" representa "inicial", e "f" final, para cada variável termodinâmica. O do gás, como inicialmente ele está em equilíbrio, precisa ser igual à pressão que a água exerce no pistão. Assim, Podemos escrever:
Onde é a massa específica da água. Como no momento inicial:
Escrevendo :
Agora, escrevendo a pressão final e volume final quando a água toda transbordar:
Substituindo os valores na equação 1:
Substituindo os valores dados no enunciado:
Observação: os números 20 e 40, apesar de não aparentarem, possuem dimensão de metro. No momento que transformamos o em , precisamos multiplicar também por metro/metro, para a soma se tornar algo com significado físico.
Questão 12:
A figura mostra um raio de luz propagando no ar e incidindo sobre um bloco de material translúcido num ângulo com a normal à face e refratando na face adjacente. Ao lado da figura apresentamos uma lista de materiais com os seus respectivos índices de refração. Qual deve ser a condição sobre o índice de refração do material para que tal situação seja possível para qualquer ? Que material da lista poderia ser usado?
Óptica geométrica - ângulo crítico
Primeiramente, devemos entender qual é essa condição que o enunciado pede. Ele quer que, independente do ângulo de incidência, o raio sempre refrate na primeira face e na face adjacente. Para que isso aconteça, o ângulo de incidência não pode ser zero graus, pois, caso contrário, o raio não sofreria desvio e continuaria reto até o infinito. Dessa forma, rigorosamente, a situação descrita é impossível para qualquer , apenas para ângulos de um certo intervalo que depende do material. Para encontrar o intervalo de ângulos de incidência que permite duas refrações consecutivas, o ângulo que o raio chega na face adjacente deve ser menor que o ângulo crítico, pois acima desse valor ocorre reflexão interna total. O valor do ângulo crítico para um índice de refração no ar é:
Agora, como as refrações ocorrem em um bloco, as duas retas normais se cruzam formando um ângulo de entre elas, consequentemente formando um triângulo retângulo com as paredes do bloco, como se pode ver na figura abaixo:
Dessa forma, o ângulo é complementar do . No caso do ângulo crítico, o ângulo seria igual a , e o seria . Assim, escrevendo a lei de Snell para a primeira refração:
(equação 1)
Como , . Reescrevendo a equação 1:
Portanto, para que a reflexão na face adjacente seja válida para o maior intervalo possível de ângulos, o deveria ser o mais próximo possível de , ou seja, um material com índice de refração o mais próximo possível do ar. Isso faz sentido, pois um índice de refração próximo de implica um ângulo crítico muito próximo de , de forma que até raios que incidam na primeira face com um ângulo muito próximo de sofreriam refração. O intervalo de ângulos permitidos para um certo é:
Com essa condição, percebemos que o maior valor possível para é , pois não há maior que 1. Dessa forma, nenhum material da lista permitiria que essa situação ocorresse.
Só ocorre reflexão na face adjacente para qualquer ângulo se o índice de refração do bloco for o mais próximo possível do índice de refração do ar (explicação na solução). Como o maior valor possível para é , nenhum material da lista permitiria que essa situação ocorresse.