Escrito por Rafael Prado
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Questão 01:
Uma esfera de raio r e massa m rola sem escorregar sobre a superfície mostrada na figura. Determine a velocidade mínima que a esfera deve ter para completar a curva rolando sem perder contato com a superfície. Dado: momento de inércia de uma esfera = 2mr25.

Assuntos abordados
Conservação de energia e movimento de rolamento
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Solução
Para a bola conseguir completar a curva rolando com a menor velocidade possível, sem perder contato com a pista, temos que, no topo, a força centrípeta precisa ser igual ao peso, ou seja, a normal com a pista é igual a zero. Esta condição deve ser satisfeita pois se a normal fosse maior que zero, indicaria que a velocidade no topo é maior que a mínima. Dessa forma, Podemos conserver energia em um ponto antes de entrar na pista e no topo da pista. A energia inicial possui três componentes: uma potencial pois o centro de massa da esfera está a uma distância r acima do solo, uma cinética de rotação, e outra de translação:
mv022+Iω022+mgr=mvf22+Iωf22+mg(2R−r)
Como v=ωr no rolamento, substituindo I por 2mr25, e "cortando" as massas:
v022+2r2ω022∗5+gr=vf22+2r2ωf22∗5+g(2R−r)
v022+2v0210+gr=vf22+2vf210+g(2R−r)
7v0210+gr=7vf210+g(2R−r)
Subtraindo gr dos dois lados:
7v0210=7vf210+2g(R−r)
Multiplicando por 107 dos dois lados:
v02=vf2+20g(R−r)7 (equação 1)
Agora, como a força centrípeta no topo é igual ao peso da esfera, podemos encontrar a velocidade no topo vf:
mvf2R−r=mg
vf2R−r=g
vf2=g(R−r)
Substituindo na equação 1:
v02=g(R−r)+20g(R−r)7=27g(R−r)7
Dessa forma, a menor velocidade inicial para a bola conseguir completer a curva rolando sem perder contato com a curva é:
v0=√27g(R−r)7
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Questão 02:
O disco, de raio R, mostrado na figura é formado por dois semicírculos com densidades de massa σ1 e σ2. O disco não pode escorregar, mas pode rolar. Para uma determinada posição do disco e para certos valores do ângulo θ, é possível manter o disco em equilíbrio sobre o plano inclinado. Qual deve ser a razão entre as densidades (σ1σ2) para que o disco fique em equilíbrio com o segmento PQ posicionado na vertical? Nessa situação, qual é o intervalo permitido para o ângulo θ? Dado auxiliar: o centro de massa, C´, de um semicírculo de raio R é tal que o segmento CC ´ é 4R3π.

Assuntos abordados
Torque e estática
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Solução
A condição para que o disco fique em equilíbrio com o segmento PQ na vertical, duas condições gerais devem ser satisfeitas:
Fres=0
τres=0
Onde Fres é a força resultante, e τres é o torque resultante em torno de qualquer ponto. Há várias forças em ação nesse sistema, como o peso de cada lado do disco, o atrito, e a normal. Vamos chamar a distância CC′ de x para facilitar a escrita, e a área do círculo de A. Primeiramente, vamos escrever o torque resultante em torno do ponto C:
σ1Agx2=σ2Agx2+μNR (equação 1)
Onde μNR é o torque da força de atrito. Porém, como não temos informações sobre o coeficiente de atrito, devemos encontrar uma outra relação entre as densidades e as forças de atrito. Como o disco está em equilíbrio, a força resultante ao longo do plano inclinado é zero:
μN=mgsinθ=(σ1+σ2)Agsinθ2
Substituindo na equação 1:
σ1Agx2=σ2Agx2+(σ1+σ2)AgRsinθ2
σ1x=σ2x+(σ1+σ2)Rsinθ
Dividindo ambos os lados por σ2 para encontrar a razão, que chamaremos de q=σ1σ2.
qx=x+(q+1)Rsinθ
q(x−Rsinθ)=x+Rsinθ
q=x+Rsinθx−Rsinθ
Substituindo com x=4R3π
q=4R+3πRsinθ4R−3πRsinθ
q=σ1σ2=4+3πsinθ4−3πsinθ
Para que haja esse tipo de equilíbrio, ou seja, com o segment PQ na vertical, os únicos valores que sinθ pode assumir estão no intervalo 0≤sinθ<43π. Encontramos o ultimo limite fazendo o denominador da razão tender a 0. Um denominador de 0 implicaria uma razão infinita. Este é o caso em que o centro de massa do cilíndro da esquerda está em cima do ponto de contato, o que implica que nesse ponto ele não produz torque, então haveria um torque resultante que faria o cilindro rolar ao longo do plano, independente da razão de densidades.
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Gabarito
A razão é σ1σ2=4+3πsinθ4−3πsinθ.
O intervalo permitido para sinθ é: 0≤sinθ<43π, ou escrevendo em função de θ: 0≤θ<arcsin43π
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Questão 03 (dar uma conferida melhor):
A figura mostra um recipiente cilíndrico de área A=0,01m2 e altura H=2,5m. O recipiente possui um pistão leve e sem atrito que o separa em duas regiões. A região inferior contém um gás ideal monoatômico e a região superior está cheia de água. O pistão está inicialmente posicionado a uma altura h=0,5m do fundo. Transfere-se calor para o gás através da parte inferior do recipiente provocando o deslocamento do pistão e, assim, fazendo com que a água transborde. Qual é a quantidade de calor necessária para fazer com que toda água transborde? Suponha que o pistão é feito de um isolante térmico e, portanto, a água não troca calor com o ar. Usar: pressão atmosférica = 105Pa, densidade da água = 103kg/m3, aceleração da gravidade = 10m/s2.

Assuntos abordados
Termodinâmica e conservação de energia
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Solução
Para resolver essa questão, podemos utilizar conservação de energia para encontrar o calor necessário para fazer com que a água toda transborde. Para isso, Podemos adotar o referencial de potencial zero como sendo o plano que contém a borda do recipiente, para que a energia final da água seja zero. Inicialmente, o sistema possui a energia potencial da água, e a energia interna do gás. Após a água transbordar, a energia dela será zero, e restará apenas a energia interna do gás. Dessa forma, o calor fornecido terá duas funções: variar a energia interna do gás e variar a energia potencial da água. Dessa forma:
Q=ΔUgas+ΔUagua
Energia interna final e inicial do gás:
U0=nCVT0
Uf=nCVTf
ΔUgas=nCVΔT
Como não sabemos o valor de nΔT, podemos utilizar a equação dos gases ideais:
PV=nRT
Δ(PV)=nRΔT
nΔT=Δ(PV)R
Onde Δ(PV)=PfVf−P0V0. Assim, a variação de energia interna do gás é:
DeltaUgas=CVΔ(PV)R
A variação de energia potencial da água é (no referencial da borda do recipiente):
ΔUagua=0−(−mgd)=mgd
ΔUagua=ρaA(H−h)(H−h)2
Onde ρa é a densidade da água, e A a área do pistão. Dividimos por 2 pois o centro de massa da água está localizado a uma distância de (H−h)2 da borda. O sinal de menos na primeira equação é utilizado pois a água está abaixo do referencial, então sua energia potencial é negativa. Com essas equações, já podemos escrever o calor fornecido ao sistema:
Q=ΔUgas+ΔUagua
Q=CVΔ(PV)R+ρaA(H−h)22
Para encontrar Δ(PV), podemos escrever as pressões e volumes finais e iniciais:
P0=Patm+ρag(H−h)
V0=Ah
Pf=Patm
Vf=AH
Portanto:
Δ(PV)=PfVf−P0V0
Δ(PV)=PatmAH−[Patm+ρag(H−h)]Ah
Substituindo os valores dados pelo enunciado:
Δ(PV)=105∗0,01∗2,5−[105+103∗10(2,5−0,5)]∗0,01∗0,5=1900Pa∗m3
O CV de um gás monoatômico é 3R2. Substituindo os dados do enunciado:
Q=3∗19002+103∗0,01∗(2,5−0,5)22
Q=2870J
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Questão 04:
A figura mostra um raio de luz propagando no ar e incidindo sobre um bloco de material translúcido num ângulo θ com a normal à face do material. Qual deve ser a condição sobre o índice de refração do material para que tal situação seja possível para qualquer θ?

Assuntos abordados
Óptica geométrica - ângulo crítico
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Solução
Primeiramente, devemos entender qual é essa condição que o enunciado pede. Ele quer que, independente do ângulo de incidência, o raio sempre refrate na primeira face e na face adjacente. Para que isso aconteça, o ângulo de incidência não pode ser zero graus, pois, caso contrário, o raio não sofreria desvio e continuaria reto até o infinito. Dessa forma, rigorosamente, a situação descrita é impossível para qualquer θ, apenas para ângulos de um certo intervalo que depende do material. Para encontrar o intervalo de ângulos de incidência que permite duas refrações consecutivas, o ângulo que o raio chega na face adjacente deve ser menor que o ângulo crítico, pois acima desse valor ocorre reflexão interna total. O valor do ângulo crítico para um índice de refração n no ar é:
n∗sin(θC)=1∗sin(90∘)
sin(θC)=1n
Agora, como as refrações ocorrem em um bloco, as duas retas normais se cruzam formando um ângulo de 90∘ entre elas, consequentemente formando um triângulo retângulo com as paredes do bloco, como se pode ver na figura abaixo:

Dessa forma, o ângulo A é complementar do B. No caso do ângulo crítico, o ângulo A seria igual a θC, e o B seria 90∘−θC. Assim, escrevendo a lei de Snell para a primeira refração:
sinθ=n∗sin(90∘−θC)=n∗cosθC (equação 1)
Como cos2x+sin2x=1, cosx=√1−sin2x. Reescrevendo a equação 1:
sinθ=n∗√1−sin2θC=n∗√1−1n2
sinθ=√n2−1
sin2θ+1=n2
√sin2θ+1=n
Portanto, para que a reflexão na face adjacente seja válida para o maior intervalo possível de ângulos, o n deveria ser o mais próximo possível de 1, ou seja, um material com índice de refração o mais próximo possível do ar. Isso faz sentido, pois um índice de refração próximo de 1 implica um ângulo crítico muito próximo de 90∘, de forma que até raios que incidam na primeira face com um ângulo muito próximo de 0∘ sofreriam refração. O intervalo de ângulos permitidos para um certo n é:
sinθmin=√n2−1∴θmin=arcsin(√n2−1)
θmax=90∘
arcsin(√n2−1)≤θ≤90∘
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Gabarito
Só ocorre reflexão na face adjacente para qualquer ângulo se o índice de refração do bloco for o mais próximo possível do índice de refração do ar (explicação na solução). Caso contrário, o menor ângulo de incidência permitido é sinθ=√n2−1
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Questão 05:
Luz com comprimento de onda λ ilumina duas fendas idênticas. O padrão de intensidade observado num anteparo a uma distância de 3m das fendas é mostrado na figura abaixo como função de y, onde y é medido a partir do eixo de simetria das fendas. O que a figura mostra é um padrão de interferência associado a um padrão de difração. Observe a figura e responda: qual é a largura das fendas e qual é a distância entre os centros das fendas em função do comprimento de onda da luz? Note que y≪3m.

Assuntos abordados
Óptica física - interferência e difração
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Solução
A figura acima mostra o padrão gerado por uma rede de difração. Em uma rede de difração, temos a superposição de efeitos de interferência, gerados pelas múltiplas fendas, e efeitos de difração, gerados pelas fendas individuais. Dessa forma, a intensidade resultante pode ser calculada fazendo o produto da intensidade gerada pela difração com a gerada pela interferência. Isso resulta em vários máximos de interferência, com um "envelope", gerado pela difração. O mínimo de difração é a parte mais larga e escura que vemos na figura. Com a posição desse mínimo de difração, podemos calcular a largura das fendas usando a equação (válida para y≪L):
ymin=mLλa
Onde m é um inteiro qualquer, que representa o "número" do mínimo (primeiro, segundo, etc), L e a distância das fendas até o anteparo, e a a largura das fendas. Pela figura, temos que o primeiro mínimo de difração (m=±1) ocorre nos pontos y=±5mm. Com isso, já podemos achar a largura em função de λ:
5×10−3=3λa
a=3000λ5=600λ
Agora, para achar a distância entre as fendas, devemos analisar os efeitos da interferência no padrão gerado na figura. A interferência é responsável por posicionar os máximos, então, se nós soubermos a distância entre dois máximos, podemos calcular a distância entre as fendas, utilizando a equação (também válida para y≪L):
ymax=nLλd
Onde n é um inteiro qualquer, que representa o "número" do máximo (primeiro, segundo, etc), L e a distância das fendas até o anteparo, e d a distância entre as fendas. Pela figura, podemos perceber que, em torno do centro, o segundo máximo (n=±2) está a uma distância de aproximadamente 1 mm do máximo central. Com isso, podemos escrever:
1×10−3=2∗3λd
d=6000λ
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Gabarito
A largura das fendas é dada por:
a=600λ
A distância entre os centros das fendas é dado por:
d=6000λ
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Questão 06:
Diodos são componentes elétricos que permitem que, de maneira aproximada, a corrente atravesse-o apenas num determinado sentido. O tipo mais comum de diodo é o diodo semiconductor.

Para o circuito mostrado na figura, qual é o estado das lâmpadas: ligada, desligada ou ligada com sobrecarga de tensão?

Assuntos abordados
Circuitos elétricos
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Solução
O circuito mostrado na figura pode ser pensado como uma associação em paralelo de resistores, pois cada lâmpada possui uma resistência interna R. Como é uma associação em paralelo, cada ramo do circuito que contém uma ou mais lâmpadas vai receber uma DDP de 12 V. Porém, para saber se a lâmpada acende ou não, precisamos saber se corrente vai passer nesse ramo. A corrente só passa se o diodo permitir sua passagem, ou seja, sua "seta" deve apontar no mesmo sentido que a corrente passaria normalmente. Para o ramo que contém a lâmpada L5, o diodo aponta no sentido oposto ao sentido que a corrente passaria, então nesse ramo não haverá corrente, portanto impedindo que a lâmpada L5 acenda.
No ramo que contém a lâmpada L4, o diodo aponta no mesmo sentido que a corrente passaria, então a corrente passa pela lâmpada L4. Porém, como o diodo é ideal, assumimos que a sua resistência é zero, então a lâmpada L4 vai receber uma DDP de 12 V. Como o máximo que ela suporta é 6 V, a lâmpada L4 ficará acesa com uma sobrecarga de tensão.
A situação da lâmpada L3 é a mesma da L5, ela possui um diodo que impede a passagem da corrente em seu ramo, então ela não acenderá.
Por ultimo, no ramo das lâmpadas L2 e L1, não há nenhum diodo que impede a passagem da corrente nesse ramo. Porém, neste caso, como há duas lâmpadas no mesmo ramo, e elas possuem a mesma resistência, a DDP vai ser dividida igualmente entre as duas, ou seja, cada uma receberá uma DDP de 6 V. Portanto, as lâmpadas L2 e L1 estarão acesas sem sobrecarga de tensão.
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Gabarito
- L1: ligada
- L2: ligada
- L3: desligada
- L4: ligada com sobrecarga de tensão
- L5: desligada
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Questão 07:
Neste ano comemora-se o centenário da descoberta dos raios cósmicos: em agosto de 1912 o físico austríaco Victor Hess (Premio Nobel 1936) usando um balão meteorológico subiu a uma altitude de aproximadamente 5000 m e concluiu que grande parte da radiação medida na Terra vinha do espaço, não apenas do sol. Esta radiação ficou conhecida como raios cósmicos e são, na verdade, partículas com alta energia que vem do espaço. Essas partículas ao colidirem com a atmosfera terrestre produzem outras partículas, píons e múons, também com altas energias. Há evidências de que as partículas com energias acima de 1020eV (1eV=1,6∗10−19J) sejam prótons. Ainda hoje não se sabe exatamente qual é a origem dessas partículas. Um múon gerado na atmosfera tem, no seu próprio referencial, a vida-média de aproximadamente 2 μs e velocidade 0,99c, onde c é a velocidade da luz. Para um observador na terra que distância, aproximadamente, a partícula percorre antes de se desintegrar? Usar: velocidade da luz 3∗108m/s.
Solução
Para encontrar a distância que o múon percorre até se desintegrar, não podemos apenas multiplicar sua velocidade pela sua vida-média. Isso ocorre pois como a velocidade do múon é muito prócima da velocidade da luz, fenômenos relativísticos devem ser levados em consideração. Para essa questão, podemos utilizar tanto contração do espaço quanto dilatação do tempo. Nessa solução irei fazer por dilatação do tempo. No referencial de um observador na Terra, a vida-média do múon não é 2μs, e sim esse valor multiplicado pelo fator de Lorentz γ.
tterra=γtmuon
O γ neste caso é:
γ=1√1−v2c2=1√1−(0,99c)2c2
γ=1√1−0,992≈7,09
Dessa forma, a vida média no referencial terrestre é:
tterra=7,09∗2∗10−6s≈1,42×10−5
Assim, a distância percorrida no referencial terrestre é:
d=vt=0,99∗(3×108)∗1,42×10−5≈4200m=4,2km
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Gabarito
A distância percorrida pelo múon é d≈4,2km
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Questão 08:
Para formar uma espira, um fio condutor de comprimento L é dobrado na forma de um polígono regular de N lados. Qual é o campo magnético no centro do polígono se na espira circula uma corrente elétrica I? Usando a expressão encontrada, faça N→∞ e encontre o campo magnético de uma espira circular.
Dados auxiliares: campo magnético de um fio retilíneo de comprimento L passando corrente I num ponto sobre a mediatriz do fio é μ0I2πdsinθ, onde d é a distância deste ponto ao fio e sinθ=L/2√d2+(L/2)2 . Campo magnético no centro de uma espira de raio R passando corrente I é μ0I2R.
Assuntos abordados
Magnetismo - cálculo de campos magnéticos
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Solução
O campo magnético no centro do polígono é composto pela soma dos campos produzidos por cada lado no centro. O enunciado nos forneceu a formula do campo gerado por um fio retilíneo, então pdemos utilizá-la para calcular a contribuição de cada lado para o campo total. Como o fio tem comprimento L, cada lado possui comprimento LN. Além disso, dois vértices adjacentes formam um triângulo isósceles com o centro do triângulo, como mostra a figura abaixo (como exemplo utilizamos um hexágono regular):

Dessa forma, a distância d pode ser escrita como:
d=L2Ntan(θ2)
Onde θ2 é igual a metade do ângulo formado pelas retas que ligam o centro e dois vertices adjacentes. Esse ângulo θ é dado por:
θ=2πN
Pois cada lado forma um triângulo com esse ângulo θ, então em uma volta completa temos Nθ. Portanto, como o campo magnético de um fio retilíneo de comprimento L a uma distância d da sua mediatriz pode ser escrito como:
B=μ0I2πdsinθ
Neste caso, o sinθ deve ser substituido por sin(θ2), pois este é o ângulo entre o ponto onde se calcula o campo e um dos extremos do fio. O campo no centro da espira é N vezes o campo gerado por um dos lados:
B=Nμ0I2πdsin(θ2)
Substituindo as expressões para θ e d:
B=Nμ0I2π(L2Ntan(θ2))sin(πN)
B=N2μ0Itan(θ2)πLsin(πN)
B=N2μ0IπLcosπNsin2(πN)
Essa é a expressão para o campo no centro de um polígono regular de N lados e de comprimento total L.
Agora, fazendo N→∞, chegamos a algo estranho: o sin2(πN) tende a zero, mas o N2 tende ao infinito, e um multiplica o outro! Como sair dessa? Se nós reescrevermos esse termo como:
(sin(πN)(1N))2
Chegaremos a um resultado conhecido de limites, pois:
limx→0(sinaxbx)=ab
Neste caso, o x é o 1N, pois se N→∞, a razão 1N tende a zero. Dessa forma, ao aplicarmos esse limite, o termo cos(πN) tende a 1, e a razão (sin(πN)(1N))2 tende a π2. Portanto, podemos escrever:
B=πμ0IL
Porém, quando N→∞, o L→2πR. Então, substituindo essa expressão para L:
B=μ0I2R
Que é exatamente a expressão para o campo magnético no centro de uma espira circular!
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Gabarito
O campo magnético no centro do polígono é B=N2μ0IπLcosπNsin2(πN)
Demonstração do campo magnético da espira circular na solução
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