Terceira Fase (Nível 3)

Escrita por Ícaro Bacelar (Revisão por Ualype Uchôa e Rafael Ribeiro)

Você pode acessar a prova aqui

Questão 1

Um motorista esquece um pequeno pacote de 250 g no teto do seu carro de 2500 kg e, então, parte com o carro com velocidade de acordo com o gráfico abaixo. Sabe-se que os coeficientes de atrito cinético e estático entre o carro e o pacote são, respectivamente, 0,2 e 0,3. Quanto tempo leva, aproximadamente, para o pacote cair do carro?

Assunto abordado

Mecânica - Força de Atrito

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Solução

Antes de mais nada, analisemos a situação física do problema:

A partir do momento em que o carro começa a acelerar, a intensidade da força de atrito estática que o carro aplica sobre ele (que possui sentido para a direita, contrário à tendência de deslizamento) passa a aumentar até alcançar a intensidade máxima, dada por

f_{max}=\mu_e mg.

A partir desse momento, a força de atrito passa a ser do tipo cinético, com intensidade constante

f_c=\mu_c mg,

e ocorre deslizamento relativo entre as superfícies; ou seja, o bloco vai para a esquerda até cair.

Primeiramente, devemos analisar se o bloco realmente chega a deslizar sobre a superfície. A única força que contribui para o  movimento do pacote no referencial da Terra é o atrito que o carro aplica sobre ele (que possui sentido para a direita, contrário à tendência de deslizamento). Para que não houvesse movimento relativo entre o carro e o pacote, a força de atrito atuando nele teria de ser estática, com intensidade menor ou igual a

f_{max}=\mu_e mg=0,3 \cdot 0,25 \cdot 10=0,75 \ N.

Além disso, ela atua como força resultante no bloco ao longo do eixo horizontal. Nesse caso, a aceleração do bloco seria igual à do carro; usando a 2a Lei de Newton, achamos o valor da força resultante que atuaria no bloco:

F=ma_{C}=m\dfrac{\Delta V}{\Delta t}=0,25 \cdot \dfrac{20}{5} \ N=1 \ N.

Ora, mas como f_{max}<F, o atrito estático não é suficiente para "segurar" o bloco no mesmo local do teto, e portanto a a força de atrito atuando no pacote na presente situação é cinética, e o bloco adquire uma aceleração diferente daquela do carro, o que faz com que ele eventualmente fique "para trás" e caia. Então, achemos a aceleração do bloco a_B no referencial da Terra, com a 2a Lei de Newton:

\mu_c mg=ma_B

a_B=\mu_c g =0,2 \cdot 10 \ m/s^2=2 \ m/s^2.

A do carro já fora calculada como sendo a_C=4 \ m/s^2.

Para encontrarmos o tempo que leva para o pacote cair, usamos a função horária da posição no MRUV para o pacote e para a traseira do teto do carro, impondo a igualdade das duas no momento desejado.

\dfrac{4t^2}{2}=2+\dfrac{2t^2}{2},

t=\sqrt{2} \ s.

Usando \sqrt{2}=1,4 e ajustando os algarismos significativos:

\boxed{t=1,4 \ s \approx 1 \ s}.

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Gabarito

\boxed{t=\sqrt{2} \ s \approx 1 \ s}.

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Questão 2

O campo elétrico sobre o eixo (perpendicular e passando pelo centro) de um disco de raio R uniformemente carregado com densidade de carga σ a uma distância x do disco é:

OBF 2014 3 2

Figura 1: Campo em um ponto alinhado ao centro de um disco

Sendo k é a constante de Coulomb.

a) Usando a expressão do campo do disco dada acima, determine o campo elétrico de um plano de carga.

b) A figura ao lado mostra uma pequena esfera não condutora de carga +Q e massa m suspensa por um fio isolante de comprimento L preso num ponto de um plano uniformemente carregado. A esfera está em equilíbrio e faz um ângulo \theta com um plano. Qual é a densidade superficial de carga do plano em função de Q, m e \theta ?

Assunto abordado

Eletrostática 

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Solução

a) Para encontrarmos o capo em um plano (infinito) usando o de um disco, basta tendermos o raio do disco a infinito, e assim obtemos:

\boxed{E = 2 \pi k \sigma}

b) Nesse item, nos vemos diante de um problema de estática. O equilíbrio horizontal nos diz que:

T\sin{(\theta)} = EQ = 2 \pi k \sigma Q

Já o equilíbrio vertical nos fornece que:

T\cos{(\theta)}=mg

T=\dfrac{mg}{\cos{(\theta)}}

E assim chegamos a:

2\pi k\sigma Q =mg\tan{(\theta)}

E por fim:

\boxed{\sigma=\dfrac{mg}{2Q\pi k}\tan{(\theta)}}

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Gabarito

a)\boxed{E=2\pi k\sigma}

b)\boxed{\sigma=\dfrac{mg}{2Q\pi k}\tan{(\theta)}}

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Questão 3

Para aumentar a intensidade sonora, os fabricantes de pianos instalam duas ou mais cordas para uma mesma tecla do piano. Quando a tecla é acionada um pequeno martelo as toca produzindo exatamente a mesma frequência de vibração. Sendo assim, as cordas devem estar sujeitas à mesma tensão. Suponha que a nota de 440 Hz possua três cordas idênticas. Se a tensão de uma dessas cordas diminui em 0,45\% e de outra corda aumenta em 0,45\%, qual é a frequência de batimento quando a tecla correspondente é acionada? Desprezar a interação entre as cordas. Use a aproximação (1+x)^n \approx1+nx para x \ll1.

Assunto abordado

Ondulatória - Ondas em cordas e Batimento

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Solução

Existem duas possíveis interpretações para essa questão, uma que considera a interferência apenas das duas cordas defeituosas e outra que considera as três cordas. Comecemos pela primeira, que acreditamos ser a solução esperada pela OBF, por se restringir apenas ao batimento comum que geralmente é trabalhado a nível de ensino médio.

Primeira interpretação: Interferência entre dois sons

Sabemos que a velocidade de um pulso em uma corda se dá por:

V=\sqrt{\dfrac{T}{\mu}}

Em que T é a tensão da corda e \mu sua densidade linear de massa, utilizamos a equação V=\lambda f para obter a frequência:

f=\sqrt{\dfrac{\mu}{T}}\lambda

Suponha agora que a tensão passe de T à T+\Delta T. Assumindo que o comprimento de onda \lambda permanece igual devido à corda não ser estendida, a nova frequência f' será então

f'=\sqrt{\dfrac{\mu}{T+\Delta T)}}\lambda = \sqrt{\dfrac{\mu}{T}}\lambda \left(1+\dfrac{\Delta T}{T}\right)^{-1/2}

Sendo \Delta T \ll T, podemos empregar a aproximação (1+x)^n \approx 1+nx para x \ll 1:

f' \approx f \left(1-\dfrac{\Delta T}{2T}\right)

Para um aumento de 0,45\% na tensão, i.e., \Delta T = 4,5 \cdot 10^{-3} T,  temos que a frequência correspondente f_{-} é:

f_{-}=f \left(1-\dfrac{4,5 \cdot 10^{-3}}{2}\right)=f(1-2,25 \cdot 10^{-3})

Já quando há perda de tensão:

f_+ = f(1+2,25 \cdot 10^{-3})

Logo, utilizando a fórmula da frequência de batimento, esta será dada por:

f_{bat} = f_+-f_- = f[1+2,25 \cdot 10^{-3} - (1-2,25 \cdot 10^{-3})] = 4,50 \cdot 10^{-3}f

\boxed{f_{bat} = 1,98 \ Hz}

Abaixo trazemos o gráfico da função Y(t), que evidencia o fenômeno de batimento. Note a envoltória cossenóide que representa a variação da amplitude da função.

Figura 5: Batimento

Anexo: Demonstração da frequência de batimento

A seguir, incluímos uma pequena demonstração da expressão para a frequência de batimento, que pode não ser tão conhecida para alguns estudantes.

Conhecendo a identidade trigonométrica da soma de senos, dada por

\sin u + \sin v = 2 \sin{(\dfrac{u+v}{2})} \cos{(\dfrac{u-v}{2})},

podemos encontrar uma expressão simplificada para a onda resultante de y_- e y_+, as funções de ondas associadas às frequências f_- e f_+, respectivamente, as quais são dadas por:

y_-= A\sin{(2\pi f_-t)}

y_+= A\sin{(2\pi f_+t)}

y_- + y_+= Y(t) = A (\sin{(2\pi f_-t)} + \sin{(2\pi f_+t)}) = A \cdot 2 \sin{(2\pi \cdot \dfrac{f_++f_-}{2}t)} \cos{(2\pi \cdot \dfrac{ f_+-f_-}{2}t)}

Podemos interpretar essa função como uma onda senoidal \sin{(2\pi \cdot \dfrac{f_++f_-}{2}t)}, cuja amplitude varia com o tempo e é dada por A(t) = 2A \cos{(2\pi \cdot \dfrac{ f_+-f_-}{2}t)}. Assim, a frequência da envoltória é dada por f_{env} = \dfrac{ f_+-f_-}{2}. Porém, a audição humana não é sensível à variações de fase do som (isto é, ao sinal positivo ou negativo da função), apenas ao seu módulo. Desse modo, o período percebido corresponde ao tempo decorrido entre dois vales consecutivos, que é a metade do real, e a frequência percebida será o dobro da real. Logo:

f_{bat} = f_+-f_-

Você pode conferir uma discussão mais detalhada acerca desse assunto na Aula 3.2 do curso NOIC de Física.

Segunda interpretação: Interferência entre três sons

Na segunda interpretação, consideramos a interferência do som que provém das três cordas. Então, devemos somar ainda a função de onda associada ao som da corda de f=440\;Hz, dada por:

y=A\sin{(2\pi ft)}

Somando as contribuições de y, y_- e y+, obtemos:

y + y_- + y_+ = Y(t) = A\sin{(2\pi ft)}(1+2\cos{(2,25 \cdot 10^{-3} \cdot 2\pi ft)})

Devemos encontrar os instantes em que a envoltória se anula para podemos encontrar a frequência de batimento. Com isso:

1+2\cos{(2,25 \cdot 10^{-3} \cdot 2\pi ft)} = 0

\cos{(2,25 \cdot 10^{-3} \cdot 2\pi ft} = -\dfrac{1}{2}

2,25 \cdot 10^{-3} \cdot 2\pi ft = \dfrac{2\pi}{3} ou \dfrac{4\pi}{3}

2,25 \cdot 10^{-3} \cdot ft = \dfrac{1}{3} ou \dfrac{2}{3}

Logo, sendo t_{1} e t_{2} os instantes de primeira e segunda anulação:

t_{1} = \dfrac{10^{3}}{6,75} f^{-1}

t_{2} = \dfrac{2 \cdot 10^{3}}{6,75} f^{-1}

Abaixo trazemos o gráfico da função Y(t):

Figura 6: Gráfico de deslocamento por tempo

O gráfico evidencia a existência de duas diferentes frequências de batimento. O primeiro instante t_{1} em que a envoltória se anula corresponde a metade do período do batimento maior, enquanto a diferença entre o segundo instante de anulação t_{2} e o instante t_{1} corresponde ao período completo do batimento menor, segundo a definição de batimento vista no anexo acima. Logo:

t_{1} = \dfrac{T_{bat_{1}}}{2} = \dfrac{10^{3}}{6,75} f^{-1}

T_{bat_{1}} = \dfrac{2\cdot 10^{3}}{6,75} f^{-1}

t_{2} - t_{1} = T_{bat_{2}} = \dfrac{2 \cdot 10^{3}}{6,75} f^{-1} - \dfrac{10^{3}}{6,75} f^{-1}

T_{bat_{2}} = \dfrac{10^{3}}{6,75} f^{-1}

Utilizando a relação fT = 1, obtemos:

f_{bat_{1}} = \dfrac{6,75}{2} \cdot 10^{-3} f = \dfrac{6,75}{2} \cdot 10^{-3} \cdot 440 \ Hz \approx 1,49 \ Hz

\boxed{f_{bat_{1}} = 1,49 \ Hz}

f_{bat_{2}} = 6,75 \cdot 10^{-3} f = 6,75 \cdot 10^{-3} \cdot 440 \ Hz = 2,97 \ Hz

\boxed{f_{bat_{2}} = 2,97 \ Hz}

Ressaltamos, todavia, que a segunda interpretação provavelmente não era a resposta esperada pela OBF, já que o nível dessa abordagem foge totalmente do que fora visto na prova de 2014 e na olimpíada em geral, sendo mais adequado, por exemplo, para a SOIF ou olimpíadas internacionais.

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Gabarito

\boxed{f_{bat}= 1,98 \ Hz}

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Questão 4

Eduard Rüchardt propôs um método simples para se medir a razão \gamma=\frac{C_P}{C_V} de um gás ideal, onde C_P é a capacidade calorífica a pressão constante e C_V a capacidade calorífica a volume constante. A figura ao lado mostra esquematicamente o arranjo usado. O recipiente contém um gás, considerado ideal, inicialmente com volume V_0, pressão P_0 e está em equilíbrio térmico. O êmbolo cilíndrico tem massa m, área da base A, altura L e é livre para se mover ao longo do recipiente. Na posição de equilíbrio o peso do êmbolo equivale à força exercida pelo gás. O êmbolo é tirado da posição de equilíbrio por uma pequeno deslocamento y alterando o estado do gás. O gás exercerá sobre o êmbolo uma força restauradora fazendo-o oscilar com uma frequência característica que depende de \gamma. Supondo que a transformação seja adiabática e desprezando-se o atrito entre o êmbolo e o recipiente:

OBF 2014 2 10

Figura 4: Pistão e cilindro

a) Encontre a variação de pressão \Delta P. Para isso use a aproximação (1+\dfrac{\Delta V}{V})^{\gamma} \approx 1+\gamma\dfrac{\Delta V}{V}, já que a variação relativa do volume é pequena;

b) Encontre a força restauradora atuando no êmbolo mantendo apenas termos de ordem linear em \gamma;

c) Determine \gamma em função período de movimento do êmbolo e dos dados fornecidos no problema.

Assunto abordado

Termodinâmica e Oscilações

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Solução

a) Em uma transformação adiabática, temos:

PV^{\gamma}=cte.

A variação de volume ocupado pelo gás é dada por \Delta V=Ay, de modo que o volume do recipiente como uma função de y é dado por:

V = V_{0} + \Delta V = V_{0} (1+\dfrac{Ay}{V_{0}})

Sem perdas de generalidade, tomemos y>0. Sendo P' a pressão do gás após o deslocamento do êmbolo, podemos escrever que:

P_0V_0^\gamma=P'V_0^\gamma(1+\dfrac{Ay}{V_0})^\gamma

P'=P_0 (1+\dfrac{Ay}{V_0})^{-\gamma}=P_0(1-\gamma\dfrac{Ay}{V_0}),

onde foi usado a aproximação binomial fornecida pelo enunciado. Portanto:

\boxed{\Delta P = -\gamma \dfrac{Ay}{V_0}P_0}.

b) Por questões de simplicidade, consideremos y>0. A força restauradora será dada por:

\boxed{F=P'A=P_0 A(1-\gamma\dfrac{Ay}{V_0})}

c) Usando o resultado anterior, a força resultante é dada por:

F_{r} = P_0 A(1 - \gamma\dfrac{Ay}{V_0}) - mg

O equilíbrio na posição inicial nos diz que:

P_0 A=mg

Logo:

F_{r} = ma = - \gamma \dfrac{P_{0}A^{2}}{V_{0}}y

a = - \gamma \dfrac{P_{0}A^{2}}{mV_{0}}y

Em um MHS qualquer, é válido que a = - \omega^{2} y, onde \omega = \dfrac{2\pi}{T} é a frequência angular do movimento e T é seu período. Logo, para esse MHS, obtemos que:

\omega^2 = \dfrac{4\pi ^2}{T^2} = \gamma \dfrac{P_{0}A^{2}}{mV_{0}}

\boxed{\gamma = 4 \pi^2 \dfrac{mV_{0}T^{2}}{P_{0}A^{2}}}

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Gabarito

a)\boxed{\Delta P=- \gamma\dfrac{Ay}{V_0} P_{0}}

b)\boxed{F=P'A=P_0 A(1-\gamma\dfrac{Ay}{V_0})}

c) \boxed{\gamma = 4 \pi^2 \dfrac{mV_{0}T^{2}}{P_{0}A^{2}}}

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Questão 5

A primeira medida da velocidade da luz a partir de dados não astronômicos foi realizada pelo físico francês Armand H. L. Fizeau em 1849. A figura mostra um diagrama simplificado do aparato montado por Fizeau. Uma fonte luminosa emite um raio de luz que passa por um divisor de feixe – espelho semitransparente. Parte da luz é perdida e a outra parte passa entre os dentes de um disco dentado sendo refletida num espelho plano posicionado a uma distância L da engrenagem. O feixe refletido no espelho plano retorna pelo mesmo caminho e é observado em O. O disco, que tem N dentes é, então, posto a girar e o observador vê a imagem intermitente. A medida que a velocidade angular aumenta as interrupções diminuem. Para uma certa velocidade angular \omega a luz refletida é completamente obstruída, ou seja, nenhuma luz chega ao observador.

OBF 2014 2 11

Figura 5: Experimento

a) Determine a expressão para a velocidade da luz em termos das varáveis fornecidas no texto.

b) No experimento realizado por Fizeau a engrenagem tinha 720 dentes, a distância L foi de 8600 m e a velocidade angular em que o efeito foi observado era de 12,5 rotações por segundo. Neste caso, determine a velocidade da luz encontrada por Fizeau.

Assunto abordado

 Cinemática 

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Solução

a) Observação inicial: A notação da questão pode ser um tanto confusa para o aluno. A velocidade angular mencionada é, na verdade, usualmente chamada de frequência por estar em rps (rotações por segundo). Por motivos de consistência com o enunciado, chamaremos então de \omegafrequência da roda, referida pela questão como "velocidade angular". Prossigamos com a solução.

O tempo que a luz leva para ir da roda ao anteparo e então retornar a roda é de:

t_{luz}=\dfrac{2L}{c}

No cenário em que nenhuma luz volta a passar pela roda no retorno, temos que este tempo é equivalente a metade do tempo que leva para um dente assumir o local do outro no espaço. Você pode imaginar que é como se a luz passasse bem entre os dentes 1 e 2, enquanto a roda gira no sentido 2\rightarrow1, e quando a luz retorna à roda, o dente 2 está em seu caminho. Algebricamente, temos que o ângulo entre dois dentes consecutivos é 2\pi/N, já que há N dentes. Como a roda gira metade deste ângulo - (\pi/N) desde o momento em que a luz passa entre dois dentes e retorna ao mesmo ponto encontrando com um dente em seu caminho, o intervalo  de tempo necessário para isso vale:

t_{roda}=\dfrac{\dfrac{\pi}{N}}{2 \pi\omega}

Igualando os tempos, obtemos a velocidade da luz:

t_{roda}=t_{luz}

\dfrac{1}{2N\omega}=\dfrac{2L}{c}

\boxed{c=4LN\omega}

b) Substituindo os valores:

c=4\cdot 8600 \cdot 720 \cdot 12,5 \ m/s

\boxed{c = 3,096\cdot 10^8 \ m/s \approx3,10\cdot 10^8 \ m/s}

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Gabarito

a)\boxed{c=4LN\omega}

b)\boxed{c = 3,096\cdot 10^8 \ m/s \approx3,10\cdot 10^8 \ m/s}

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Questão 6

Diferentemente de materiais não refletivos que espalham a luz em todas as direções, materiais refletivos como fitas e películas refletivas são construídas para retornar a luz diretamente de volta à sua fonte original. Esse tipo de material ajuda a aumentar a visibilidade em condições de pouca luminosidade. No início da produção deste tipo de material, microesferas de vidro eram aplicadas sobre um fundo prateado. Hoje em dia usa-se uma película refletiva prismática. A figura mostra um raio de luz se propagando no ar e incidindo sobre uma esfera semi-espelhada com índice de refração \sqrt{3} . Qual deve ser a razão entre a distância h sendo h diferente de 0 e o raio da esfera para que esse raio de luz foque no ponto P e retorne paralelamente ao raio incidente?

OBF 2014 2 12

Figura 6: Sistema descrito

Assunto abordado

Óptica Geométrica

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Solução

Observe a geometria do problema:

Figura 7: Geometria do problema

Podemos ver pelo desenho que \alpha = 2 \theta. Além disso:

\sin \alpha = \dfrac{h}{R}

Já a Lei de Snell nos diz que:

1 \cdot \sin \alpha = \sqrt{3} \cdot \sin \theta

Isso nos leva a:

\sin{2\theta} = 2 \sin{\theta} \cos{\theta} = \sqrt{3} \sin{\theta}

\cos{\theta} = \dfrac{\sqrt{3}}{2}

Pela relação fundamental da trigonometria:

\sin{\theta} = \dfrac{1}{2}

Logo, obtemos que:

\sin{\alpha} = 2 \sin{\theta} \cos{\theta} = \dfrac{\sqrt{3}}{2}

Comparando as duas expressões para \sin \alpha, obtemos que:

\boxed{\dfrac{h}{R} = \dfrac{\sqrt{3}}{2}}

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Gabarito

\boxed{\dfrac{h}{R} = \dfrac{\sqrt{3}}{2}}

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Questão 7

Um pêndulo simples de comprimento L é posto a oscilar com uma abertura angular de 60^{\circ}. A massa pendular colide com uma parede onde perde 10,0 \% de sua energia. Quantas colisões o pêndulo realiza com a parede? Dados log (0,4) = - 0,40 e log (0,90) = - 0,046.

Assunto abordado

 Mecânica - Energia

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Solução

O ponto de colisão com a parede está a uma altura h tal que:

L^2-0.6^2L^2=(L-h)^2

h=0,2L

Quando a energia do pêndulo for igual ou menor a potencial gravitacional associada a esta altura, não ocorrerão mais colisões. Essa energia mínima é dada ´por:

E'=mg \cdot 0,2L = \dfrac{1}{5}mgL

Já a energia inicial é dada por:

E_0=mg \cdot L \cos{(60^{o})} = \dfrac{1}{2}mgL

Sendo E_{k} a energia do pêndulo após k colisões, podemos dizer que

E_{k+1}=(1-0,1)E_{k}=0,9E_{k}

Note que essa expressão corresponde a uma progressão geométrica de razão 0,9. Assim, após k colisões, o pêndulo terá energia dada por:

E_{k}=0,9^k \ E_0 = \dfrac{1}{2} 0,9^{k} \ mgL

Estamos interessados em saber quando E_{k} irá corresponder à energia mínima para colidir. Assim, igualando ambas as quantidades:

\dfrac{1}{5}mgL = \dfrac{1}{2} 0,9^{k} \ mgL

\dfrac{2}{5} = 0,4 = 0,9^{k}

Tirando o logaritimo dos dois lados, obtemos:

\log{(0,4)} = \log{(0,9^{k})} = k \log{(0,9)}

k = \dfrac{\log{(0,4)}}{\log{(0,9)}} \approx 8,7

Interpretando o resultado concluímos que após a oitava colisão ainda há energia suficiente para a massa chegar à altura h e voltar a colidir, porém após a nona colisão, não. Ou seja, o número de colisões N é:

\boxed{N=9}

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Gabarito

\boxed{N=9}

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Questão 8

O principal elemento presente no Sol é o hidrogênio. É sabido que quando a temperatura de um gás de hidrogênio atinge 15.000.000 ^0C iniciam-se reações nucleares que convertem hidrogênio em hélio  ( 4H→He ) produzindo energia. Estima-se que apenas 10\% da massa do sol estejam na parte central do Sol onde a temperatura seja suficientemente alta para desencadear a reação acima. Podemos aproximar o Sol por uma esfera de 2,0 \cdot 10^{30} \ kg composta de hidrogênio. A Terra está a uma distância de 1,5 \cdot 10^8 \ km do Sol e a cada segundo sua atmosfera recebe 1400 \ \frac{J}{m^2} de energia da radiação solar. Com base nesses dados estime o tempo de vida do Sol em segundos. Dados: massa atômica do H=1,008 \ u; massa atômica do He=4,003 \ u; 1u (unidade de massa atômica) = 1,7 \cdot 10^{-27} \ kg

Assunto abordado

Estimativa 

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Solução

Podemos ver que, cada vez que ocorre a transformação, massa é perdida, sendo esta:

\Delta m = 4,0034 - 4 \cdot 1,008 \ u =0,029 \ u = - 4,93 \cdot 10^{-29} \ kg

Podemos estabelecer que quando esta massa perdida for equivalente a do núcleo do Sol, onde as reações ocorrem, o mesmo morrerá. Assim, sendo N o número de reações até o fim da vida do Sol, temos:

N \cdot 4,93 \cdot 10^{-29} \ kg = 0,1 \cdot 2,0 \cdot 10^{30} kg

N = 4,1 \cdot 10^{57}

A taxa de liberação de energia solar pode ser obtida multiplicando a intensidade de radiação solar pela área da esfera de raio 1,5 \cdot 10^{8} \ km.

P = 4\pi R^2 \cdot I = 4 \cdot \pi \cdot (1,5 \cdot 10^{11})^2 \cdot 1400 \ W

P = 3,958\times10^{26} \ W

Para saber a energia liberada por cada reação usamos:

\Delta E= |\Delta m| c^2

\Delta E=4,93 \cdot 10^{-29} \cdot (3 \cdot 10^8)^2 \ J = 4,437 \cdot 10^{-12} \ J

Igualando a radiação solar com a energia liberada pela reação nuclear, obtemos:

N \Delta E = PT

T = N \dfrac{\Delta E}{P} = N = 4,1 \cdot 10^{57} \cdot \dfrac{ 4,437 \cdot 10^{-12}}{3,958\times10^{26}} \ s

Logo:

\boxed{T = 4,5 \cdot 10^{19} \ s}

Note que os átomos estão se movendo muito rapidamente, mas não de modo relativístico.

 

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Gabarito

\boxed{T = 4,5 \cdot 10^{19} \ s}

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