OBF 2017- Segunda Fase (Nível 3)

Solução de Victor Ivo

A prova estava relativamente bem focada em mecânica, óptica e moderna, a parte de termodinâmica não foi explorada nem a de ondas, deixando uma brecha pra quem sabe cobrarem isso numa terceira fase. A questão de moderna foi apenas uma, o que é pouco pra OBF em geral, então pode se esperar mais talvez depois.

Questão 01-

a) A primeira coisa a ser observar é que a aceleração do bloco na subida é diferente da aceleração do bloco da subida, disto temos que:

F=ma=mg sen{\alpha}+\mu N

N=mg cos{\alpha}

a=g(sen(\alpha)+\mu cos(\alpha))

O atrito está no sentido contrário ao movimento, e neste caso está na mesma direção da componente tangencial do peso ( que decompomos em normal e tangencial ao longo do plano), aplicando torriceli:

v^{2}=v_{1}^2-2ad

Onde d é o que é percorrido por ele, estando ele parado no final:

v^{2}=0=v_{1}^2-2ad

d=\frac{v_{1}^2}{2g(sen(\alpha)+\mu cos(\alpha))}

Aplicando torriceli na descida, a partir do ponto em que ele para:

v_{2}^2=0+2a_{descida} d

E a aceleração da descida é, agora que a gravidade e atrito estão em direções contrárias ( por que a partícula está descendo o plano):

F=ma=mg sen(\alpha)-\mu mg cos(\alpha)

a=g(sen(\alpha)-\mu cos(\alpha))

b)

Daí:

v_{2}^2=2ad=2g(sen(\alpha)-\mu cos(\alpha) \frac{v_{1}^2}{2g(sen(\alpha)+\mu cos(\alpha)}

v_{2}^2=v_{1}^2\frac{sen(\alpha)-\mu cos(\alpha))}{sen(\alpha)+\mu cos(\alpha)}

v_{2}^2(sen(\alpha)+\mu cos(\alpha))=v_{1}^2(sen(\alpha)-\mu cos(\alpha)

\mu cos(\alpha) (v_{2}^2+v_{1}^2)=(v_{1}^2-v_{2}^2) sen(\alpha)

\mu=tg(\alpha) \frac{v_{1}^2-v_{2}^2}{v_{2}^2+v_{1}^2}

Daí, substituindo na equação para d:

d=\frac{v_{1}^2}{2g(sen(\alpha)+\mu cos(\alpha))}

d=\frac{v_{1}^2}{2g(sen(\alpha)+\frac{v_{1}^2-v_{2}^2}{v_{1}^2+v_{2}^2} tg(\alpha) cos(\alpha))}

d=\frac{v_{1}^2}{2g sen(\alpha) \frac{2v_{1}^2}{v_{1}^2+v_{2}^2}}

d=\frac{v_{1}^2+v_{2}^2}{4g sen(\alpha)}

Gab: a)

\mu= tg(\alpha)\frac{v_{1}^2-v_{2}^2}{v_{1}^2+v_{2}^2}=\frac{7\sqrt{3}}{75} \approx 0.16 \approx 0.2

Para ter um significativo, como as velocidades, você apenas deixaria 0.2, apesar de apenas ter uma casa, é o certo devido às poucas casas da veloocidade.

b)  

d=\frac{v_{1}^2+v_{2}^2}{4g sen(\alpha)}=1.25 m \approx 1 m

Para ter um significativo, como as velocidades, você apenas deixaria 1 m, apesar de bem tosco, é o certo teoricamente.

Questão 02-

Nesta questão temos duas condições sobre o sistema, primeiro faremos a condição de m_{1} para, porque isso facilita muito as contas, para que m_{1} fique parado nós devemos ter as massas iguais, mostremos isso com coeficiente de restituição e conservação da quantidade de movimento, seja uma partícula de massa m_{1} em geral chegando com velocidade maior que a de uma m_{2}, com respectivas velocidades v_{1} e v_{2} (v_{1}>v_{2}), e saindo depois da colisão com v_{1}' e v_{2}', sendo v_{2}'>v_{1}', temos:

e=\frac{v_{2}'-v_{1}'}{v_{1}-v_{2}}

Sendo e o coeficiente de restituição das massas, que é função apenas dos dois materiais e não da colisão em si (em boa aproximação):

v_{2}'-v_{1}'=e(v_{1}-v_{2})

m_{1}(v_{2}'-v_{1}')=m_{1} e (v_{1}-v_{2})

E conservando a quantidade de movimento do sistema, temos:

p=m_{1}v_{1}'+m_{2}v_{2}'=m_{1}v_{1}+m_{2}v_{2}

 Somando as duas equações:

(m_{1}+m_{2})v_{2}'=m_{1}v_{1}(1+e)+(m_{2}-m_{1}e)v_{2}

v_{2}'=\frac{m_{1}v_{1}(1+e)+(m_{2}-m_{1}e)v_{2}}{m_{1}+m_{2}}

E trocando os índices 1 com 2:

v_{1}'=\frac{m_{2}v_{2}(1+e)+(m_{1}-m_{2}e)v_{1}}{m_{1}+m_{2}}

Sendo a colisão das nossas massas elásticas (e=1), m_{1} parado no final e v_{1}=v com v_{2}=0:

v_{1}'=\frac{m_{1}-m_{2}}{m_{1}+m_{2}}

Sendo v_{1}'=0, temos que ter:

m_{1}=m_{2}=m

Agora devemos achar a velocidade com que a massa chega no ponto dado, temos que respeitando conservação de energia, definindo o zero de energia potencial no centro do círculo:

E=cte=\frac{m_{1}v_{1}^2}{2}+m_{1}gr=m_{1}gh

v_{1}=\sqrt{2g(h-r)}

No final da colisão a velocidade da massa m_{2} é obviamente v_{1} (pois momento se conserva, as massas são iguais e m_{1} tá parada), para que a massa alcance o outro extremo do tubo, usando que sua velocidade vertical inicial e zero e desprezando fatores dissipativos como resistência do ar:

\Delta_{y}=\frac{gt^{2}}{2}

t=\sqrt{\frac{2\Delta y}{g}}

\Delta y=r

E para alcançar o tubo:

r=v_{1}t=\sqrt{2g(r-h)}\sqrt{\frac{2r}{g}}

r=2\sqrt{r(h-r)}

\frac{r}{4}=h-r

h=\frac{5r}{4}

Gab: a) 

Se conserva energia mecânica em todos processos, como queda ou colisão (porque a colisão é elástica), e quantidade de movimento durante a colisão.

            b)

h=\frac{5r}{4}

Questão 03-

Nisso temos que fazer algumas considerações sobre o que tem no resto do tubo, supondo que a pressão na parte com ar do tubo é quase zero (você fez vácuo de alguma maneira), temos que vamos ter um levantamento de líquido para o equilíbrio hidrostático continuar, tal que, por Stevin:

\Delta p=\rho_{liq} g h_{liq}

Considerando o tubo quase a vácuo, a pressão cai de uma atmosfera pra zero, logo:

P_{atm}=\rho_{liq} g h_{liq}

\rho_{liq}=\frac{P_{atm}}{g h_{liq}}

Gab:

Substituindo as fórmulas temos:

\rho_{liq}=\frac{10^{5}}{10*0.5}=2*10^{4} \frac{kg}{m^{3}}

\rho_{liq}=2*10^{4} \frac{kg}{10^{3} l}=20 \frac{kg}{l}=20 \frac{g}{cm^{3}}

Questão 04-

a) Supondo cada farol gerando potência de 0.24 W, nós podemosa achar rapidamente a resistência de cada farol percebendo que a tensão em todos componentes é a mesma e igual ao da bateria, logo, estudando a tensão em um farol:

P=V I=0.24W

I=0.02 A

R_{farol}=\frac{V}{I}={12}{0.02}=600 \Omega

Como a corrente no Cd Player é o dobro do farol, e a tensão é a mesma, a resistência do farol deve ser metade do farol (é inversamente proporcional à corrente, para uma dada tensão), logo:

R_{cd}=300 \Omega

Assim, podemos calcular a resistência equivalente usando que como as três resistências estão em paralelos:

\frac{1}{R_{eq}}=\frac{1}{R_{farol}}+\frac{1}{R_{farol}}+\frac{1}{R_{cd}}

\frac{1}{R_{eq}}=\frac{1}{600}+\frac{1}{600}+\frac{1}{300}

\frac{1}{R_{eq}}=\frac{1}{150}

R_{eq}=150 \Omega

b) A corrente no Cd é:

I=\frac{V}{R}=\frac{12}{300}=0.04 A

P=V*I=12*0.04=0.48 W

Gab: a) R_{eq}=150 \Omega=15*10 \Omega (com dois significativos)

           b) P=0.48 W (com dois significativos)

Questão 05-

a) Se considerarmos que vale as condições de Gauss e que o tempo de propagação da luz é muito rápido, podemos aplicar a equação dos pontos conjugados:

\frac{1}{f}=\frac{1}{p}+\frac{1}{p'}

Da figura vemos que o ponto está a 10 cm do centro de curvatura, portanto p=20cm+10cm=30cm:

\frac{1}{10}=\frac{1}{30}+\frac{1}{p'}

\frac{1}{p'}=\frac{1}{15}

p'=15cm

b) A partir dos pontos conjugados podemos encontrar a fórmula da velocidade instantânea da imagem, pois sabemos que:

\frac{d}{dt}(\frac{1}{x})=-\frac{1}{x^2}\frac{dx}{dt}

Daí, da equação de gauss, sendo o foco do espelho constante no tempo:

\frac{d}{dt} (\frac{1}{f})=-\frac{1}{f^2}\frac{df}{dt}=0

\frac{d}{dt} (\frac{1}{p})+\frac{d}{dt} (\frac{1}{p'})=0

-\frac{1}{p^2}\frac{dp}{dt}-\frac{1}{p'^2}\frac{dp'}{dt}=0

\frac{dp'}{dt}=-(\frac{p'}{p})^2 \frac{dp}{dt}

Como o objeto está se aproximando do vértice a velocidade constante, a distância p diminui a uma taxa constante no tempo, que supondo uma velocidade de 10 \frac{cm}{s} (o primeiro dado da questão está provavelmente errado pela ordem de magnitude, e fora isso a velocidade dada durante a passa é realmente em cm, então é o que deveríamos considerar mesmo):

\frac{dp'}{dt}=V_{imagem}=-(\frac{15}{30})^2 (-10) \frac{cm}{s}

\frac{dp'}{dt}=V_{imagem}=2.5 \frac{cm}{s}

E o sinal positivo indica que a imagem está se afastando do vértice, se considerarmos que os dados todos tem apenas 2 algarismos significativos, seria mais adequado aproximar:

V_{imagem}=2.5 \frac{cm}{s}

E seria mais adequado ainda transformar as grandezas pro SI, que faremos no gabarito.

 Gab: a)

p'=15cm

            b)

V_{imagem}=2.5 \frac{cm}{s}= 0.025 \frac{m}{s}

Questão 06-

Existem uma deflexão do raio, na direção vertical, devido à passagem da luz num meio mais refrigente, pois a angulação do raio com a horizontal será diferente neste meio, podemos inclusive encontrar isto por lei de snell, no meio, sendo a lámina vertical, tem o ângulo da luz com a sua normal como sendo o ângulo da luz com a horizontal, logo:

 n sen(\alpha)=sen(30^{\circ})

sen(\alpha)=\frac{1}{3}

E disso achamos o cosseno e a nova tangente:

cos^2{\alpha}+sen^2{\alpha}=1

cos(\alpha)=\frac{2\sqrt{2}}{3}

tg(\alpha)=\frac{\sqrt{2}}{4}

O caminho vertical feita pelo raio de luz na lâmina é:

\Delta y=tg(\alpha) * \Delta x=2 *\frac{\sqrt{2}}{4}=\frac{\sqrt{2}}{2} cm

O deslocamento vertical da luz caso não tivesse a lâmina seria:

\Delta y'=tg(30^{circ}) \Delta x=\frac{1}{\sqrt{3}} 2=\frac{2\sqrt{3}}{3} cm

\Delta y'-\Delta y=\frac{2\sqrt{3}}{3}-\frac{sqrt{2}}{2}

O raio real se desloca menos que o raio original:

d=\frac{2\sqrt{3}}{3}-\frac{\sqrt{2}}{2}

d=\frac{4\sqrt{3}-3\sqrt{2}}{6} cm

E como o raio real desloca menos, temos que ele vai atingir acima do raio prolongado, então temos que abaixar o rifle de uma distância d do original.

Gab:

Você deve abaixar o rifle de uma distância:

d=\frac{4\sqrt{3}-3\sqrt{2}}{6}cm \approx 0.43 cm \approx 0.4 cm

Colocamos o resultado de no final como 0.4cm para ter apenas um significativo, como o número com menos significativos do problema (2 cm de espessura).

Questão 07-

Nós temos algumas propriedades rápidas de se analisar, como por exemplo que nós temos que no estado final (estacionário) não vai passar corrente no capacitor, portanto a corrente no resistor de 2 \Omega é a mesma que passa na resistência de 8 \Omega, na fonte de  10 V, portanto o mesmo na fonte de 20 V, daí a corrente que circula nessa malha é a mesma e podemos usar lei das malhas, mesmo não sendo necessário, porque a parte mais importante de se notar e a única relevante é que o potencial acima da fonte de 10 V é 10 V, devido a fonte de 20 V em série com a de 10 V na direção contrária, somando 10.

V_{A}=10V

O análogo acontece na malha da direita, a corrente é a mesma na malha, aplicando lei das malhas, supondo que passa uma corrente I no sentido horário:

15-5=2I+3I

I=2A

Daí, sendo o potencial no terra zero, e tendo uma queda de potência de 2I no resistor de 2 \Omega, logo o potência de B é:

0-V_{b}=2*I=4V

V_{b}=-4V

Portanto, a queda de potencial é:

\Delta V=V=14 V

E aplicando a energia do capacitor a isso, temos que a energia armazenada é:

U=\frac{CV^{2}}{2}=\frac{2*10^{-6} 196}{2}

U=1.96*10^{-4} J

Gab:

U=1.96*10^{-4}J \approx 2*10^{-4} J

Sendo a última aproximação necessária para o resultado ficar com 1 algarismo significativo.

Questão 08-

Aqui temos alguns efeitos relativísticos, como por exemplo que a projeção em y da barra deve permanecer com mesmo comprimento em todos referencias, pois é uma medida perpendicular à direção de velocidade e não muda, por simetria, logo, os índices ' correspondem ao referencial em que a barra se move:

y'=y

A projeção longitudinal da barra deve ser comprimida, pois o seu comprimento máximo é no referencial de repouso, por contração de Lorentz o tamanho longitudinal em um referencial em que a barra se move com V muda como:

x'=\frac{x}{\gamma}

\gamma=\frac{1}{\sqrt{1-\frac{v^2}{c^2}}}

tg(\beta)=\frac{y'}{x'}=\frac{y}{\frac{x}{\gamma}}=\gamma \frac{y}{x}

tg(\beta)=\gamma tg(\alpha)

Pela definição de \gamma:

v=c\sqrt{1-\frac{1}{\gamma^2}}=c\sqrt{1-\frac{tg^2(\alpha)}{tg^2(\beta)}}

Gab:

v=c\sqrt{1-(\frac{tg(\alpha)}{tg(\beta)})^2}