OBF 2018 - Segunda Fase (Nível 2)

Escrita por Victor Almeida Ivo

Você pode acessar a prova aqui

Parte I - Questões de Resposta Direta

Questão 01 (exclusiva para alunos da 1^{\circ} série):

Um estudante sai de casa às 7:00 h para ir à escola, distante quatro quarteirões de sua casa. Sua casa está localizada no meio do primeiro quarteirão a 60 m da esquina. Ele gasta 1,5 minutos para ir até a esquina. Atravessa o primeiro quarteirão, de 120 m, em 4,0 minutos e o quarteirão seguinte, de 100 m, em 3,0 minutos. A escola está localizada no meio do 4^{\circ} quarteirão, a 60 m da esquina, e o estudante leva 1,5 minutos para finalizar o percurso. Qual a velocidade escalar média do estudante no percurso de sua casa até a escola?

Assunto abordado

Cinemática

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Solução

Para encontrar a resposta dessa questão você deve primeiro notar que a questão pergunta a velocidade escalar média, que é relacionada à distância que uma partícula se moveu num dado tempo, e não, necessariamente, ao quanto ela se moveu no espaço. Um movimento que comece num ponto e termine no mesmo ponto sempre tem velocidade vetorial nula, pois a partícula não se moveu efetivamente no espaço devido ao que ocorreu nesse meio tempo, contudo ela em geral terá velocidade escalar não nula pois ela percorreu uma curva ao longo desse movimento, que tem um tamanho, e portanto ela percorreu uma certa distância. O fato da velocidade pedida pela questão ser escalar é, inclusive, um grande alívio, pois o enunciado desta é um tanto quanto confuso. Apesar do movimento do estudante não ser tão claro pela questão, o que importa de fato é que o quanto ele andou em cada parte do movimento dele é descrito, e o tempo que ele levou em cada parte também, o que nos permite encontrar a velocidade escalar média facilmente. A distância total percorrida pelo estudante é:

d=60+120+100+60=340 m

Onde 60 m foi no primeiro quarteirão, 120 m no segundo (apesar de a questão falar primeiro), 100 m no terceiro (que seria segundo pela lógica da questão), e 60 m no último quarteirão. O tempo levado é descrito de mesma maneira, sendo:

t=1,5+4,0+3,0+1,5=10,0 min

Onde 1,5 min foi gasto da casa dele até a esquina, 4,0 min no segundo quarteirão, 3,0 min no terceiro quarteirão e 1,5 min no último quarteirão. Portanto, a velocidade escalar média é:

v_{med}=\frac{d}{t}=\frac{340 m}{10,0 min}=34,0 \frac{m}{min}

O resultado tem três algarismos significativos pois tanto o denominador quanto o numerador da divisão que o originou tem três algarismos significativos. Contudo, veja que este resultado não está no sistema internacional de unidades, e portanto precisamos o converter.

v_{med}=\frac{34,0 m}{60 s} \approx 0,567 \frac{m}{s}

Onde, apesar de 60 ter dois dígitos, é preciso se analisar que este tem infinitos algarismos significativos, pois é uma constante definida e não um valor medido experimentalmente. Portanto, o resultado final da divisão de 34,0 por 60 deve ter o mesmo número de algarismos significativos que 34,0, que é, no caso, 3.

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Gabarito

v_{med}=34,0 \frac{m}{min}\approx 0,567 \frac{m}{s}

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Questão 02 (exclusiva para alunos da 1^{\circ} série):

A figura abaixo mostra dois níveis de refereência A e B, localizados em relação ao solo pelas distâncias verticais H e h respectivamente. Um corpo de massa m é abandonado do nível A e após colidir com o solo eleva-se até o nível B e assim sucessivamente o corpo quica várias vezes com o solo elevando-se a novos níveis.

ColisõesOBF

Desprezando os efeitos do ar e considerando o coeficiente de restituição de energia (e) durante a colisão, determine:

a) os trabalhos da força gravitacional entre os níveis A e B e os classifique como motor ou resistente

b) a altura do nível atingido por este corpo após N colisões sucessivas.

Assunto abordado

Energia e colisões

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Solução

a) A massa m está inicialmente em repouso e, devido à atração gravitacional da terra, ela começa a acelerar para baixo. Como o trabalho da força gravitacional está aumentando a velocidade, em módulo, do corpo, então pode-se dizer que o trabalho é motor. O trabalho de uma força pode ser facilmente encontrado pela definição dele. O trabalho de uma força é o produto do valor dessa força pelo deslocamento do corpo na direção desta. Portanto, como a força de atração gravitacional é vertical e aponta para baixo, sendo W o trabalho:

W=F_{gra} * (-\Delta y)=mg*(-(h-H))=m g (H-h)

b) Para encontrar essa altura tem de se primeiro pensar em como a energia mecânica da massa varia no tempo. A energia mecânica do sistema é dada por:

E_{mec}=E_{cin}+E_{pot}=\frac{mv^{2}}{2}+mgh

Na altura máxima do sistema, pode-se dizer que a velocidade da partícula é zero, pois do contrário a altura iria aumentar se você olhasse a posição dela num tempo maior ou menor. Portanto, num trecho do movimento da partícula em que a energia mecânica se conserva, pode-se dizer que, caso o ponto de altura máxima esteja nele:

E_{mec}=\frac{mv^{2}}{2}+mgh=mgh_{max}

Onde h_{max} é a altura máxima da partícula. Por esse resultado, caso a partícula tivesse energia mecânica constante ao longo do movimento todo, ela teria a altura máxima, após cada colisão com o chão, constante em todas colisões e igual a h_{max}. Ademais, a energia também pode ser encontrada se você souber a velocidade da partícula quando a energia potencial gravitacional da partícula é mínimo, i.e, no nosso caso, a velocidade da partícula se h=0:

E=\frac{mv_{max}^{2}}{2}

A interação gravitacional não dissipa energia mecânica, portanto a perda de energia ocorre apenas durante as colisões. Assume-se por simplicidade que o problema espera que você considere o caso mais trivial dessa perda de energia: A colisão da bola com o chão não é perfeitamente elástica. Quando a colisão entre dois corpos é não-perfeitamente elástica, pode-se dizer que a velocidade relativa de aproximação se relaciona com a velocidade relativa de afastamento deles por um coeficiente e:

e=\frac{v_{rel}}{v_{apro}}

E experimentalmente se encontra que esse coeficiente é função apenas das propriedades intrísecas dos dois corpos em questão. Como o chão está parado no referencial da terra, a velocidade relativa de afastamento ou aproximação da massa m com ele é apenas a própria velocidade dessa massa. Portanto, vale que, sendo v_{f} a velocidade da partícula após a colisão e v_{ini} a velocidade da partícula antes da colisão:

e=\frac{v_{f}}{v_{ini}} \leftrightarrow v_{f}= e v_{ini}

Ademais, se após a colisão a partícula sai do chão com velocidade v_{f}, após cair nele novamente ela ainda terá velocidade v_{f}, porém com sinal invertido, devido à conservação de energia mecânica durante o tempo em que a partícula está voando. Portanto, se inicialmente, antes da primeira colisão, a partícula tinha velocidade v_{o}, vale, e em geral, imediatamente após a n-ésima colisão ela tem velocidade v_{n}:

v_{1}= e v_{o}

v_{2}= e v_{1}=e^{2} v_{0}

E, em geral, vale que:

v_{n}=e^{n} v_{o}

Como desde a colisão até a altura máxima da partícula vale a conservação da energia mecânica, então:

E_{n}=\frac{mv_{n}^{2}}{2}=mg h_{n}

Onde h_{n} é a altura máxima da partícula após a n-ésima colisão. Portanto:

h_{0}=\frac{v_{o}^{2}}{2g}

h_{n}=\frac{v_{n}^{2}}{2g}=e^{2n} \frac{v_{o}^{2}}{2g}

h_{n}=e^{2n} h_{o}=e^{2n} H

Já que vale que H é a altura máxima da partícula antes de ela colidir com o chão. Podemos encontrar o resultado também a partir de h e H. Vale que:

h_{1}=h=\frac{v_{1}^{2}}{2g}=e^{2} \frac{v_{0}^{2}}{2h}=e^{2} H

e=\sqrt{\frac{h}{H}}

Portanto:

h_{n}=(\frac{h}{H})^{n} H

Como h<H, o fator \frac{h}{H} é menor que um e a cada colisão a altura máxima da partícula após quicar diminui.

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Gabarito

a) Motor. W=mg(H-h)

b) h_{n}=e^{2n} H=(\frac{h}{H})^{n} H

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Questão 03:

As figuras abaixo mostras duas situações, nas quais dois blocos de formas cúbica e cilíndrica feitos de material, homogêneo, isotrópico com distribuição uniforme e que serão lançados sobre as superfícies horizontais e rugosas de mesmo coeficiente de atrito. Os blocos cúbico e cilíndrico são lançados com as energias cinética K_{1} e K_{2} respectivamente. Sejam d_{1}d_{2} as distâncias percorridas pelos blocos cúbico e cilindrico respectivamente sobre a superfície rugosa até parar, de forma que d_{1}=3d_{2}. Determine a razão \frac{K_{1}}{K_{2}} 

AtritoOBF-TOP

Assunto abordado

Energia e Força de Atrito

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Solução

Os corpos vão iniciar o movimento com uma certa energia cinética, e esta será dissipada pela força de atrito que o chão exerce sobre eles. Pode-se dizer que a variação de energia cinética de um corpo é igual à resultante de trabalho de forças externas sobre ele, que no caso é apenas o trabalho da força de atrito. Inicialmente um dos corpos terá energia cinética K, e após parar terá zero, portanto:

\Delta K=0-K=-K=W

Onde W é o trabalho das forças externas. A força de atrito sobre o corpo é cinética, pois ele se move em relação ao solo durante a aplicação desta, e portanto vale F_{at}=\mu N, onde \mu é o coeficiente de atrito entre o corpo e o chão é N é a força de reação normal do solo. Como o corpo está em equilíbrio na direção vertical, vale que N=mg, que é o peso do corpo. Portanto, pela definição de trabalho:

W=\vec{F} \cdot \vec{d}=-F_{at} d=-K

K=\mu m g d

A razão da energia cinética entre os corpos 1 e 2 é portanto:

\frac{K_{1}}{K_{2}}=\frac{m_{1} d_{1}}{m_{2} d_{2}}

A massa dos corpos é dada por m=\rho V, onde \rho é a densidade deles, que é igual, e V seu volume. O volume de um cubo de lado a é igual a V_{1}=a^{3}, e o de um cilindro de raio r e altura h é V_{2}=\pi r^{2} h, e como 2 r=h=a, este é V_{2}=\frac{\pi a^{3}}{4}. Portanto, vale que:

\frac{K_{1}}{K_{2}}=\frac{V_{1} d_{1}}{V_{2} d_{2}}=\frac{4*d_{1}}{\pi d_{2}}=\frac{12}{\pi}

A questão terminaria aí normalmente, contudo como a OBF dá o valor de \pi como sendo 3 no início de qualquer prova, você deve simplificar a resposta para:

\frac{K_{1}}{K_{2}}\approx\frac{12}{3}=4

Onde a aproximação foi feita para deixar um algarismo significativo de resposta, pois todos dados foram dados com um significativo. Contudo, é bom em geral você colocar o valor exato no gabarito seguido pela sua aproximação, assim como é colocado na secção "Gabarito" dessa solução.

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Gabarito

\frac{K_{1}}{K_{2}}=\frac{12}{\pi} \approx 4

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Questão 04:

Sobre o nosso sistema solar existe muitas informações a serem desvendadas e outras já provadas cientificamente. É de conhecimento geral que luz viaja no vácuo com o maior valor possível assumido e que entre a Terra e o Sol há predominância de vácuo. Considerando que a luz do Sol atinge a Terra em aproximadamente 8 minutos e 20 segundos, estime o valor da massa do Sol.

SistemaSolarOBF

Assunto abordado

Gravitação

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Solução

Pode-se encontrar o período de translação da Terra em torno do Sol em função de sua distância a ele e da massa dele, pelo fato da massa dele ser muito maior que a dela e da órbita da Terra ser circular. Ademais, sabendo-se o tempo que a luz leva para ir da Terra ao Sol se sabe também a distância dela a ele, pois a luz se propaga no vácuo entre esses dois astros e a velocidade da luz no vácuo é c, uma constante da natureza. A Terra percorre uma circunferência com centro no sol, portanto a resultante de forças sobre ela é em direção ao Sol, e pela única força sobre ela ser a de atração do Sol, esta deve ser numericamente igual à resultante centrípeta da Terra. Portanto:

F=F_{grav}=\frac{G M m}{R^{2}}=\frac{mv^{2}}{R}=m \omega^{2} r

Onde M é a massa do Sol e m a massa da terra. Usamos a força gravitacional do conhecido de gravitação, e que por o movimento da Terra ser uma circunferência em torno do sol vale que v=\omega r, onde \omega é a frequência angular do movimento dela. Vale também que \omega=\frac{2 \pi}{T}, pois num tempo T, que é o período de movimento do sistema, a Terra percorre uma circunferência sobre o Sol, i.e, um ângulo 2\pi. Vale, portanto:

\frac{GM}{R^{3}}=\omega^{2}=\frac{4 \pi^{2}}{T^{2}}

Usando que R, a distância entre a Terra e o Sol, é percorrida pela luz no vácuo num tempo t, achamos R=ct e, enfim:

M=\frac{4 \pi^{2} c^{3} t^{3}}{G T^{2}}

Encontramos a massa M do sol em função dos parâmetros conhecidos. Substituindo os valores:

M=\frac{4*9*27*10^{24}*125*10^{6}}{6,7*10^{-11}*(365*24*60*60)^{2}} \approx 2*10^{30} kg

Perceba que aproximamos o resultado para ter apenas um algarismo significativo, porque o número com menos algarismos significativos que temos na multiplicação é o \pi, que é dado como valendo 3 no começo da prova e tendo com isso, portanto, um algarismo significativo.

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Gabarito

M \approx 2*10^{30} kg

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Questão 05:

Em um tudo de vidro de secção uniforme em forma de U e aberto nas extremidades há certa quantidade de água. Qual a variação de nível da água em um dos ramos, se no outro for adicionado uma coluna de 20 cm de óleo de densidade 0,8 \frac{g}{cm}

Assunto abordado

Hidrostática

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Solução

Inicialmente a altura de água nos dois tubos é igual, pois visto que é o mesmo líquido e que a pressão nos dois pontos é igual, vale que a energia potencial por unidade de massa dos dois é igual. Ao se adicionar o óleo em um dos ramos, a tendência vai ser que a altura de água desse ramo diminua, e essa água é empurrada para o outro ramo, que tem sua altura aumentada. Esse processo ocorre até que o equilíbrio é alcançado. Quando o equilíbrio é alcançado, pode-se dizer que a pressão não só no contato dos líquidos com a atmosfera é constante, mas que também a pressão no fundo dos dois tubos é igual, pois eles estão na mesma altura.

\Delta P_{ramo 1}=\Delta P_{ramo 2}

Onde \Delta P se refere à variação de pressão no fundo do ramo depois da adição de óleo e troca de água entre os ramos. Supondo que colocar óleo no ramo do tubo faz uma altura de água x fluir para o outro ramo, então pode-se dizer que o outro ramo ficou com um altura de água de x a mais, enquanto o ramo com óleo ficou com x a menos. Como a contribuição de um pedaço de líquido de largura x para a pressão no fundo de um ramo é \rho g x, e que a água que fluiu entre os ramos é o suficiente para compensar o ganho de pressão devido ao óleo, vale dizer que:

\rho_{oleo} g l -\rho_{agua} g x=\rho_{agua} g x

x=\frac{\rho_{oleo}}{\rho_{agua}} \frac{l}{2}

Substituindo os valores dados na prova:

x=\frac{0,8}{1} \frac{20 cm}{2}=8 cm=8*10^{-2} m

O último passo foi feito pois a prova pede que você coloque todos resultados no sistema internacional de unidades. Caso você prefira deixar a resposta em centímetros, o formato de gabarito deixado na nossa secção "Gabarito" deve lhe ser de agrado, visto que engloba mais de uma representação da resposta. Veja também que o resultado final está com um algarismo significativo, pois a densidade da água dada pela prova tem apenas um algarismo significativo.

 

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Gabarito

x=8 cm=8*10^{-2} m

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Questão 06:

Todos os seres humanos exibem cinco tipo diferentes de padrões elétrico ou "ondas cerebrais" ao longo do córtex, as quais podem ser observadas com um EEG (eletroencefalógrafo). Cada onda cerebral tem um propósito e ajuda a nos servir no funcionamento mental ideal. Determinada onda cerebral será dominante dependendo do estado de consciência em que você se encontra. Por exemplo, acredita-se que a onda gama de 40 Hz é importante para a ligação de nossos sentidos em relação à percepção e está envolvida na aprendizagem de novos materiais. Sendo esta, uma onda eletromagnética, qual o comprimento de onda associado à onda gama?

Assunto abordado

Ondas

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Solução

Para resolver esta questão basta usar a relação entre comprimento de onda, frequência e velocidade de fase (comumente denominada de velocidade) de uma onda qualquer. Vale que:

v=\lambda f

\lambda=\frac{v}{f}

Usando a frequência dada na questão e que a velocidade da onda considerada é a velocidade da luz no vácuo:

\lambda=\frac{c}{f}=\frac{3,0*10^{8} \frac{m}{s}}{40 s^{-1}}=7,5*10^{6} m

Perceba que a resposta final tem dois algarismos significativos, visto que todas variáveis usadas tem dois algarismos significativos.

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Gabarito

\lambda=7,5*10^{6} m

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Parte II - Questões de Resposta Aberta

Questão 07 (exclusiva para alunos da 1^{\circ} série):

Um barco de pesca artesanal, encontra-se no litoral brasileiro, no Oceano Atlânico, e sua carga desloca um peso de água salgada (massa específica 1,024 \times 10^{3} \frac{kg}{m^{3}}) igual a 8,0 \times 10^{4} N. Qual será o peso (em newtons) de água doce (massa específica 1,000 \times 10^{3} \frac{kg}{m^{3}}) que o barco deslocará, nas mesmas condições de carregamento, ao ancorar em um porto da amazônia?

Assunto abordado

Hidrostática

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Solução

O empuxo é uma força que surge em corpos mergulhados em um líquido, devido ao fato da pressão aumentar com a profundidade. Essa força tende a empurrar o corpo "para cima", no caso de existir um campo gravitacional para baixo. O valor dessa força é numericamente igual ao peso de líquido deslocado para que o corpo em questão seja parcialmente mergulhado. Perceba que o empuxo sobre o barco, num caso em que ele não afunda, é igual ao seu peso no equilíbrio. Portanto, o peso de água deslocado em água salgada é igual ao peso de água deslocado em água doce, sendo os dois iguais ao peso do barco. Desta maneira, sendo P_{doce} o peso de água deslocado em água doce e P_{salgada} o análogo salgado:

P_{doce}=P_{salgada}= 8,0*10^{4} N

Onde, obviamente, o resultado tem o mesmo número de algarismos significativos que o valor dado para o peso de água salgada deslocada.

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Gabarito

P_{doce}=8,0*10^{4} N

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Questão 08 (exclusiva para alunos da 1^{\circ} série):

Uma esfera de massa m é abandonada de uma altura h em relação ao ponto A no declive da cunha triangular de massa M=2m montada sobre rodas, conforme mostra figura abaixo. A esfera choca-se elasticamente, com a cunha no ponto A, que se encontra a uma altura \frac{h}{2} do solo (ver figura) e após a colisão é lançada horizontalmente até atingir o solo no ponto B. Desprezando os efeitos de possíveis forças de resistência existentes no sistema, determine a velocidade da esfera ao atingir o ponto B.

CunhaOBF

Assunto abordado

Energia e Colisões

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Solução

A bola colidir elasticamente com a cunha no ponto A implica que a energia do sistema é conservada durante a colisão, sendo a mesma antes e depois dela. Contudo, deve-se ter cuidado, pois a conservação da energia deve-se fazer imediatamente depois da colisão, antes da cunha colidir com a terra e passar a se mover só na horizontal, já que essa colisão pode não conservar energia. A conservação de energia e todos os passos serão feitos considerando a colisão da bola com a cunha apenas, considerando portanto o movimento da partícula e da cunha antes da colisão da cunha com o chão.  A energia cinética da bola ao chegar em A pode ser encontrada facilmente, pois está é igual ao trabalho da força gravitacional na bola até chegar em A, visto que esta parte do repouso:

W=m g \Delta H=\frac{mgh}{2}=\frac{mv_{o}^{2}}{2}

v_{o}^{2}=2 g h

Ademais, o sistema não tem quantidade de movimento na direção x, e como não há nenhuma força horizontal agindo no sistema durante esse meio tempo, visto que o chão é liso, no final essa quantidade de movimento continuará zero.Portanto, sendo v_{x} a velocidade da bola imediatamente após a colisão e V_{x} a velocidade da cunha em x imediatamente após a colisão, e sendo ambas horizontais, a conservação de quantidade de movimento do sistema na direção x implica que:

P_{x}=0=mv_{x}-MV=0

V=\frac{m v_{x}}{M}

Antes da cunha de massa M colidir com o chão, sendo o momento que estamos analisando, a quantidade de movimento na direção y que a massa m tinha inicialmente vai toda para a cunha. Portanto, para a cunha:

P_{y}=M V_{y}=m v_{o}

V_{y}=\frac{m v_{o}}{M}

Ademais, como a energia cinética do sistema se conserva, a energia cinética da bola no começo é igual à soma da energia cinética da cunha e da bola no final.

K_{sis}=\frac{m v_{o}^{2}}{2}=\frac{mv_{x}^{2}}{2}+\frac{M(V_{x}^{2}+V_{y}^{2})}{2}

v_{o}^{2}=v_{x}^{2}+\frac{M}{m} (\frac{m}{M} v_{x})^{2}+\frac{M}{m} (\frac{m v_{o}}{M})^{2}

v_{x}^{2}(1+\frac{m}{M})=v_{o}^{2}(1-\frac{m}{M})

v_{x}=v_{o} \sqrt{\frac{M-m}{M+m}}

E até atingir o ponto B, a bola estará sob efeito apenas da interação gravitacional e portanto terá sua energia mecânica conservada. Como não há força horizontal nela, ela continuará com velocidade horizontal constante e igual a v_{x}, e a velocidade que ela chega em B pode ser encontrada uma vez que se encontra a velocidade vertical da bola em B. Essa velocidade vertical encontra-se trivialmente com o teorema de Torriceli, pois a bola cairá com aceleração vertical constante g e ela parte em repouso em y, implicando que, sendo sua velocidade vertical v_{y}:

\Delta v_{y}^{2}=v_{y}^{2}-0=v_{y}^{2}=2 g \frac{h}{2}=g h

Usando pitágoras para encontrar a velocidade final total v:

v^{2}=v_{x}^{2}+v_{y}^{2}=g h+\frac{(M-m) 2 g h}{m+M}=\frac{3M-m}{M+m} gh

Usando as relações do problema:

v^{2}=\frac{5}{3} gh

v=\sqrt{\frac{5 g h}{3}}

 

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Gabarito

v=\sqrt{\frac{5 g h}{3}}

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Questão 09:

Um garoto está participando de uma corrida de carrinhos de rolimã cuja massa do conjunto (garoto mais carrinho) de 50 kg inicialmente em repouso. Contando com a ajuda de um amigo, o garoto é empurrado por uma força horizontal de 500 N que atua durante 1 s, até a linha de largada, iniciando a corrida. Considere que o trecho a ser percorrido durante a corrida é retilíneo com extensão de 50 m e que o mesmo entra em repouso no final do percurso. Determine o coeficiente de atrito entre a pista e o material das rodinhas do carrinho de rolimã neste percurso.

Assunto abordado

Trabalho e Força de Atrito

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Solução

A força de atrito sentida pelo bloco será, visto que ele está em todo instante se movendo em relação ao chão:

F_{at}=\mu N=\mu mg

Onde representamos a normal como N e usamos que, como o bloco está em equilíbrio na vertical, N=mg. O trabalho total realizado pelas forças externas sobre o bloco, visto que ele vai do repouso no começo para o repouso no final, é zero. Portanto, como as únicas fontes de trabalho são as forças atrito e a aplicada no começo, vale que:

W_{fat}=W_{ext}

Onde W_{ext} é o trabalho externo, i.e, o trabalho realizado pela força aplicada no começo. Usando a expressão para o trabalho mecânico de uma força constante:

F_{at} d_{fat}=\mu mg d_{fat}=F_{apl} d_{ext}

Onde d_{fat} é a distância que o bloco se move enquanto está sob influência do atrito, F_{apl} é a força aceleradora aplicada sobre o bloco no começo do movimento e d_{ext} é a distância que o bloco se moveu enquanto sob influência dela. Agora surge o maior problema de interpretação do problema, que é o de entender se a questão quer você considere que o atrito estava afetando o bloco desde o começo, i.e, que estava afetando o bloco mesmo enquanto ele ainda estava sendo acelerado, ou se ela quer que você considere que ele estava afetando o bloco apenas durante o trajeto da pista, no qual não existia mais força externa. Dá-se a entender, ao se ler "coeficiente de atrito entre a pista e..." que o atrito apenas existe na pista, i.e, após a largada, e seguiremos com essa interpretação apesar de fazermos a solução para o caso alternativo na observação abaixo da solução principal. Vale no começo que, visto que há apenas a força externa:

F_{apl}=F=ma \leftrightarrow a=\frac{F}{m}

Daí, usando os resultado do movimento uniformemente variado, e que a massa parte do repouso:

d_{ext}=\frac{1}{2}at^{2}=\frac{F t^{2}}{2m}

Daí, podemos ver que:

\mu=\frac{F^{2} t^{2}}{2m^{2} g d_{fat}}=\frac{2,5*10^{5}}{2*2,5*10^{3}*10*50}=0,1

Onde a resposta só tem um algarismo significativo porque o número com menos algarismos significativos do problema é o tempo de aceleração t=1 s, com um algarismo significativo.

Obs: Caso o atrito estivesse presente durante todo o movimento, a solução do problema seria diferente. A aceleração durante o tempo em que a força externa fosse aplicada seria:

F-Fat=F-\mu m g=m a \leftrightarrow a=\frac{F}{m}-\mu g

Daí, vale que:

d_{ext}=\frac{1}{2} a t^{2}=\frac{1}{2} (\frac{F}{m}-\mu g) t^{2}

No movimento subsequente só haverá força de atrito sob o sistema, até que ele pare. Portanto, d_{fat}=d_{ext}+l, onde l é a largura da pista. Portanto:

\mu m g d_{fat}=\mu m g (d_{ext}+l)=F d_{ext}

\mu mg l=(F-\mu m g) d_{ext}

\mu=\frac{(F-\mu m g)^{2} t^{2}}{2 m^{2} g l}

Simplificando a equação:

10 \mu=(1-\mu)^{2}=1-2 \mu+\mu^{2}

\mu^{2}-12 \mu+1=0

E as soluções para \mu são:

\mu=6 \pm \sqrt{35}

Veja que uma das soluções é próxima de 12, um valor extremamente alto de atrito e praticamente impossível de se encontrar físicamente, e a outra é muito pequena, ainda menor que 0,1 , o que também é difícil de se encontrar fisicamente. A pouca simplicidade, não trivialidade e impossibilidade física desses valores de \mu são evidência de que essa interpretação da questão não era a esperada pelo criador da questão.

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Gabarito

\mu=0,1

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Questão 10:

Diante da polêmica que ocorreu sobre as teorias do geocentrimos e do heliocentrismo, Kepler foi o grande responsável pela reformulação de leis que terminariam com parte das polêmicas. Entre elas podemos citar a Lei das Órbitas, em que os astros descrevem trajetória elíptica em torno do Sol. A figura abaixo mostra esquematicamente a órbita da Terra, de modo que em dado momento ela passa pelo periélio e depois pelo afélio. Sendo M a massa do Sol, G a constante universal da gravitação, a a distância do periélio ao Sol e b do afélio ao Sol, determine o valor da velocidade máxima da Terra em sua órbita.

ÓrbitaOBF

Assunto abordado

Gravitação e Momento Angular

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Solução

A resolução dessa questão envolve duas leis de conservação simples. A primeira grandeza que se conserva no movimento é a energia mecânica da terra, cujo termo de energia potencial deve-se apenas à interação gravitacional do sol. A energia potencial gravitacional do sistema é:

U=-\frac{GMm}{r}

Com G sendo a constante de gravitação universal, M a massa do sol, m a massa da terra e r a distância da Terra ao Sol. Dada a velocidade da Terra no afélio sendo v_{afe} e a velocidade no periélio v_{per}, temos:

E=-\frac{GMm}{a}+\frac{m v_{per}^{2}}{2}=-\frac{GMm}{b}+\frac{mv_{afe}^{2}}{2}

v_{per}^{2}=v_{afe}^{2}+2 GM(\frac{1}{a}-\frac{1}{b})

A segunda grandeza que se conserva no sistema é o momento angular da terra em relação ao sol, este que se conserva pelo fato da força de atração gravitacional ser radial. Conservando essa grandeza:

L=m v_{per} a=m v_{afe} b

v_{afe}=\frac{a}{b} v_{per}

Portanto:

v_{per}^{2}=\big( \frac{a}{b} \big)^{2} v_{per}^{2}+2 G M \big( \frac{b-a}{ab} \big)

v_{per}^{2} \big( \frac{b^{2}-a^{2}}{b^{2}} \big)=2 G M \big( \frac{b-a}{ab} \big)

E, simplificando:

v_{per}^{2}=2GM \frac{b}{a (a+b)}

v_{per}=\sqrt{2GM \frac{b}{a(a+b)}}

Perceba que v_{per} é a velocidade máxima da Terra, pelo fato de neste ponto a distância Terra-Sol ser mínima e a energia mecânica do sistema ser conservada. A grandeza v_{per} encontrada acima é, portanto, a resposta da questão.

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Gabarito

v_{max}=v_{per}=\sqrt{2GM \frac{b}{a(a+b)}}

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Questão 11:

A figura abaixo mostra duas ampolas iguais de vidro A e B, contendo o mesmo gás monoatômico. A comunicação entre as ampolas é possível, graças a um fino tubo (volume desprezível) provido de uma válvula inicialmente fechada. O gás da ampola A está sob pressão 2P, e temperatura 2T, enquanto que o da ampola B está sob pressão P e temperatura T. Abrindo -se a válvula, os gases se misturam até atingir o equilíbrio térmico. Desprezando as trocas de calor com o meio externo, determine a temperatura da mistura dos gases das ampolas após o sistema entrar em equilíbrio térmico.

VálvulaOBF

Assunto abordado

Termodinâmica e Gases Ideais

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Solução

Para resolver essa questão vamos usar que a energia interna do sistema A+B é conservada, por não ter fontes externas de energia. Para fazer essa igualidadede da energia antes e depois, e chegar na resposta, usaremos que a energia interna de um gás ideal com l graus de liberdade, temperatura T e número de mols n é:

U=\frac{l}{2} nRT

Onde R é a constante universal dos gases. Podemos simplificar isso ainda mais, usando que para um gás ideal vale que:

PV=nRT

Portanto:

U=\frac{l}{2} PV

Como os dois gases do problema são monoatômicos, ambos tem o mesmo número de graus de liberdade, i.e, l_{1}=l_{2}=l=3. Ademais, o volume dos dois gases é igual visto que os recipientes que os contém são iguais. Portanto, visto que no final ambos gases ocuparão um volume 2V, e terão uma mesma pressão e temperatura P_{f} e T_{f}:

U_{final}=\frac{l}{2} P_{f} 2 V=\frac{l}{2} P_{1} V+\frac{l}{2} P_{2} V

P_{f}=\frac{P_{1}+P_{2}}{2}

E vale também que:

P_{f} 2V=n_{f}RT_{f}

O número de mols final n_{f} é igual a soma do número inicial, portanto, dado que genericamente n=\frac{PV}{RT} vale que:

n_{f}=n_{1}+n_{2}=\frac{P_{1}V}{RT_{1}}+\frac{P_{2} V}{RT_{2}}

Portanto:

P_{f} 2V=(\frac{P_{1}}{T_{1}}+\frac{P_{2}}{T_{2}}) \frac{V}{R} RT_{f}

T_{f}=\frac{2P_{f}}{\frac{P_{1}}{T_{1}}+\frac{P_{2}}{T_{2}}}

Usando a expressão para P_{f}:

T_{f}=\frac{P_{1}+P_{2}}{\frac{P_{1}}{T_{1}}+\frac{P_{2}}{T_{2}}}

Usando as expressões para P_{1}, P_{2}, T_{1} e T_{2}:

T_{f}=\frac{P+2P}{\frac{P}{T}+\frac{2P}{2T}}=\frac{3}{2} T

Que é, portanto, a resposta da questão.

Obs: Perceba que usamos esta solução por motivos didáticos e para encontrar uma solução geral, contudo existem diversas soluções mais simples. É fácil ver que, já que o número de mols em 1 e 2 é igual, visto que a razão \frac{PV}{T} é a mesma nos dois gases e eles são ambos monoatômicos, e portanto a capacidade térmica dos dois é igual, a temperatura de equilíbrio dos dois será igual à média aritmética de suas temperaturas.

T_{f}=\frac{T_{1}+T_{2}}{2}=\frac{2T+T}{2}=\frac{3}{2} T

Uma maneira bem mais simples de ver o problema, contudo talvez muito direta para um estudante menos experiente.

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Gabarito

T_{f}=\frac{3}{2} T

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Questão 12:

A figura abaixo mostra uma rampa de inclinação \theta, de modo que em sua base têm-se um alto falante que emite um som musical de frequência f_{o}. Do ponto A do plano um skatista inicia seu movimento de descida. Desprezando os atritos, e considerando V_{s} a velocidade do som no ar, determine a variação da frequência do som musical escutado pelo skatista ao se deslocar do ponto A até o ponto B, afastados entre si por uma distância d sobre o plano.

SkateOBF

Assunto abordado

Efeito Doppler e Cinemática

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Solução

A aceleração do skatista ao longo da rampa é simplesmente a decomposição da gravidade na rampa, visto que a força que a rampa faz no skatista é perpendicular a ela. Portanto, pode-se encontrar por geometria que a decomposição da gravidade no plano inclinado é g sen(\theta). Sendo a aceleração do skatista g sen(\theta), após ter caído uma distância d ao longo dessa direção de aceleração, por Torriceli pode-se encontrar sua velocidade v:

\Delta v^{2}=v^{2}-0=v^{2}=2 a d=2 g sen(\theta) d

v=\sqrt{2 g d sen(\theta)}

A frequência escutada pelo skatetista devido ao fato de ele estar se movendo em relação à fonte é, pelo conhecido de efeito Doppler:

f=f_{o}(1+\frac{v}{v_{s}})

Onde v_{s} é a velocidade do som e f_{o} a frequência natural da fonte, i.e, a frequência da onda que de fato a fonte emite. Como em A a frequência escutada pelo skatista é igual à frequência natural f_{o}, vale que:

\Delta f=f-f_{o}=f_{o} \frac{\sqrt{2 g d sen(\theta)}}{v_{s}}

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Gabarito

\Delta f=f_{o} \frac{\sqrt{2 g d sen(\theta)}}{v_{s}}

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