OBF 2018 - Terceira Fase (Nível 1)

Escrito por Rafael Prado Basto

Revisado por Ualype de Andrade e Matheus Felipe R. Borges

Questão 1

Um globo terrestre é feito de material altamente elástico e está sendo inflado lentamente com uma taxa de variação de volume contínua. Quando o globo tem um volume de 2048\,{cm}^3, e já se encontra na forma esférica, observa-se que uma pequena formiga passa sobre seu equador em direção ao polo norte com velocidade constante v = 0,50\,cm/s, medida em relação à superfície do globo onde se movimenta. Não se sabe a razão pela qual a formiga tem esse comportamento, talvez seja devido à gota de mel que foi colocada no polo norte. Após 24,0\,s, o globo terrestre atinge seu volume final de 4000\,{cm}^3. Neste instante, supondo que a formiga não alterou seu movimento em direção ao polo norte, nem pretende alterá-lo, que distância ela precisa percorrer até chegar ao seu destino?

Assunto abordado

Cinemática

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Solução

Essa questão deve ser analisada com muito cuidado, pois há algumas informações que podem levar a uma solução incorreta ou até mesmo mais complicada. Primeiramente, há uma esfera inflando com uma taxa de variação contínua. A palavra contínua, na matemática, é usada para representar uma função que possui uma derivada definida em todos os pontos do seu domínio. Em outras palavras, a função não é "quebrada". Esta palavra pode ser associada com constante, mas isso não é o caso! O volume pode variar de qualquer maneira: linear, quadrática, exponencial… No fim, o que de fato importará são os valores iniciais e finais de volume, fornecidos no enunciados.

Para resolver este problema, vamos transformar uma questão de movimento circular em movimento retilínio. Como a formiga tem como objetivo percorrer apenas meio hemisfério, a distância total é (considerando \pi = 3):

d = \dfrac{3}{2} r

Onde r é o raio da esfera em cada instante considerado. Agora, consideremos um trajeto retilíneo de distância d. Este trajeto inicialmente possui distância d_o =\frac{3}{2} R_o , onde R_o é o raio equivalente à esfera de volume 2048\,{cm}^3. No final ,d_f =\frac{3}{2} R_f , onde R_f é o raio equivalente à esfera de volume 4000\,{cm}^3. Podemos visualizar as duas pistas, uma em cima da outra, de acordo com a figura abaixo:

questdoida

Onde o A é o ponto de partida (equador), B é o ponto final (polo norte) no instante t = 0, e no instante t = 24\,s, C é o equador, e D é o polo norte. Um fato muito importante de se notar é que, como a formiga possui velocidade constante, e o globo não possui velocidade tangencial (apenas radial, devido à sua expansão), ela irá percorrer, no referencial da superfície, uma distância \Delta x = vt = 0,5*24 = 12\,cm, independente da taxa de variação do raio. Portanto, podemos pensar que a distância que falta para a formiga chegar no seu destino é:

d_{falta} = d_o + \dfrac{d_f - d_o}{2} - vt

Visualizando a esfera como uma pista retilínea, vemos que o que falta é apenas a distância de A até C menos a distância percorrida pela formiga. Agora só falta calcular os raios inicial e final! O primeiro é, utilizando V_{esfera} = \frac{4 \pi R^3}{3} \approx 4 R^3:

R_o = (\dfrac{V_o}{4})^{\dfrac{1}{3}} = 8\,cm

R_f = (\dfrac{V_f}{4})^{\dfrac{1}{3}} = 10\,cm

Portanto:

d_o = \dfrac{3*{R_o}}{2} = 12\,cm

d_f = \dfrac{3*{R_f}}{2} = 15\,cm

Substituindo na equação para d_{falta}:

\boxed{d_{falta} = 12 + 1,5 - 12 = 1,5\,cm = 0,015\,m \approx 0,02\,m}

Onde colocamos o 0,02\,m pois a resposta final deve ter apenas 1 algarismo significativo.

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Gabarito

\boxed{d_{falta} = 0,015\,m \approx 0,02\,m}

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Questão 2

Um termômetro não ideal de capacidade calorífica C = 2,0\,cal/ ^{\circ}C, inicialmente à temperatura ambiente T_a = 25,0\,{^{\circ}C}, é usado para medir a temperatura de uma massa m = 40,0\,g de água. Após atingido o equilíbrio térmico com a água, o termômetro registra um valor de 72,0\,{^{\circ}C}. Qual era a temperatura da água antes de ser posta em contato com o termômetro?

Assunto abordado

Calorimetria

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Solução

Primeiramente, devemos entender por que o termômetro registra uma temperatura da água diferente da temperatura antes da medição. Como o termômetro não é ideal, ou seja, possui uma capacidade calorífica maior que zero, ao entrar em contato com a água, ele absorve calor, diminuindo a temperatura da água. Dessa forma, ao entrar em equilíbrio térmico, o Sistema termômetro-água estará com uma temperatura menor que a original. Para encontrar a termperatura inicial da água, podemos usar conservação de energia, ou seja, o calor recebido pelo termômetro Q_T é igual ao perdido pela água Q_A:

\Sigma Q = 0

Q_T + Q_A = 0

C(T_f - T_a) + mc(T_f - T_o) = 0

Onde T_f é a temperatura final, T_o a temperatura inicial da água, e c seu calor específico. Resolvendo para T_o:

C(T_f - T_a) + mcT_f = mcT_o

T_o = \dfrac{C(T_f - T_o)}{mc} + T_f

Substituindo os valores dados no enunciado e na capa da prova:

T_o = \dfrac{2(72 - 25)}{40*1} + 72 = 74,35\, ^{\circ} C

Ainda devemos converter para Kelvin, para escrever o resultado em unidades do SI. Utilizando - 273,15\, ^{\circ} C = 0 K:

\boxed{T_o = 74,35 + 273,15 = 347,5 K \approx 350 K}

Onde escrevemos o 350 K pois a resposta final deve ter 2 algarismos significativos.

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Gabarito

\boxed{T_o = 347,5 K \approx 350 K}

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Questão 3

A 2ª lei de Kepler, muitas vezes conhecida como lei das áreas, estabelece que a linha imaginária que une um planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. Como as trajetórias dos planetas são elípticas, o uso dessa lei para prever a localização de planetas é, em geral, matematicamente inacessível para estudantes do Nível Fundamental, pois nesse nível ainda não se domina o cálculo de áreas de setores elípticos. No entanto, podemos entender como se aplica a 2ª Lei de Kepler aproximando a trajetória elíptica por uma curva formada por duas circunferências de raio r cujos centros estão afastados por uma distância \lambda dada conforme a figura abaixo. Nessa aproximação, os centros das circunferências são equivalentes aos focos da elipse. Considere um planeta que percorre uma trajetória na qual \lambda = 2r, no sentido antihorário, com um período T. Se em dado instante o planeta está localizado no afélio, que é dado na figura pelo ponto A, determine o intervalo de tempo que ele leva para chegar ao ponto B.

quest

Assunto abordado

Geometria e 2ª Lei de Kepler

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Solução

Essa questão usa como ideia principal a segunda lei de Kepler. Como fora fornecido no enunciado:

"A 2ª lei de Kepler, muitas vezes conhecida como lei das áreas, estabelece que a linha imaginária que une um planeta ao Sol varre áreas iguais em tempos iguais. [...]"

Essa lei pode ser expressa utilizando uma grandeza chamada "velocidade areolar", v_A, que corresponde à área "varrida" pelo vetor posição (linha imaginária que une um planeta ao Sol) por unidade de tempo. Veja que a 2ª lei de Kepler nos diz então que v_A é constante. Dessa forma, podemos escrever:

v_A = \dfrac{\Delta A}{\Delta t}=const.

Primeiramente, foi dado que o ponto A é o afélio da órbita. Logo, o Sol está localizado no centro do círculo da esquerda, pois os centros dos círculos à esquerda e à direita (F e F', respectivamente) são equivalentes aos "focos da elipse".

Como a área total percorrida em uma órbita completa de período T é a área da figura (área de dois semicírculos de raio r somado com a área de um quadrado de lado \lambda = 2r), obtemos a velocidade areolar:

\Delta A_{total}= 2*\dfrac{\pi}{2}r^2 + 4r^2 = 7 r^2,

v_A = \dfrac{(\pi+4) r^2}{T}.

Entre os pontos A e B, a área percorrida pelo vetor posição é a de um setor F'AB (um quarto de um círculo), mais um triângulo retângulo FF'B de base \lambda=2r e altura r. Veja:

Assim, a área percorrida é:

\Delta A_{AB} = \dfrac{\pi r^2}{4}+\dfrac{\lambda r}{2} = \dfrac{(\pi+4)r^2}{4}.

Dessa forma, como a velocidade areolar é constante, o tempo de percurso \Delta t é dado por:

\Delta t = \dfrac{\Delta A_{AB}}{v_A} = \dfrac{ \dfrac{(\pi+4)r^2}{4}}{ \dfrac{(\pi+4) r^2}{T}} \rightarrow

\rightarrow \boxed{\Delta t=\dfrac{T}{4}}

Perceba, inclusive, que não era sequer necessário substituir o valor de \pi.

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Gabarito

\boxed{\Delta t = \dfrac{T}{4}}

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Questão 4

Aerofotografias ou fotografias aéreas têm uma importância crescente em diversas áreas, como por exemplo, cartografia, agricultura, monitoramento ambiental e planejamento urbano. Um dos usos das fotografias aéreas é a produção de ortofotomapas que são formados a partir de várias fotografias tiradas com câmara voltada verticalmente para baixo. Para que a composição das diversas fotos em um único mapa seja feita computacionalmente, é preciso obtê-las sequencialmente com sobreposições entre imagens consecutivas. A figura abaixo ilustra o processo no qual é indicada a posição do avião em três instantes consecutivos em que fotos são tiradas. Para simplificar, vamos imaginar que o solo é plano, a altura h do voo é constante e é utilizada uma câmara com ângulo de visão \theta fixo. Nessa figura a região S indica a sobreposição frontal, ou seja, tomada na direção do movimento, de uma imagem com sua antecessora. Suponha um operador que deve tirar aerofotografias com uma sobreposição frontal fixa de 50\% voando a h = 900\,m. Ele ajusta sua câmara para tirar automaticamente 5 fotos por minuto e escolhe lentes com ângulo de visão \theta = 60^{\circ}. Determine a velocidade v de voo do avião, em relação ao solo, durante a aquisição das imagens.

Assuntos Abordado

Cinemática

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Solução

Para encontrar a velocidade v do avião, devemos usar os dados fornecidos pela questão para saber a distância que ele percorre por segundo. Primeiramente, sabemos que ele tira 5 fotos por minuto com uma sobreposição de 50\%, ou seja, a extremidade de uma foto fica na mesma posição que o meio da outra. Antes de prosseguir, convém informar que a frase"Ele ajusta sua câmara para tirar automaticamente 5 fotos por minuto[...]" pode gerar duas interpretações distintas sobre como as fotos são tiradas. Todavia, uma delas está errada. Iremos primeiramente discutir sobre a solução errada, e depois apresentaremos a correta.

1ª interpretação - o avião tira uma foto a cada 15 segundos (ERRADA)

Chamando a distância entre o meio da foto e sua extremidade de x, temos, nessa interpretação, que o avião percorre 4x passados 60 segundos (ver figura abaixo). Em outras palavras, o intervalo de tempo entre duas fotos consecutivas vale 15\,s.

Para achar x, podemos usar a tangente de \dfrac{\theta}{2}, metade do ângulo de visão do avião:

\tan{\dfrac{\theta}{2}} = \dfrac{x}{h}

\dfrac{\sqrt{3}}{3} = \dfrac{x}{900}

x = 300 \sqrt{3}\,m

Como ele percorre 4x em 60 segundos (ou x em 15 segundos):

v = \dfrac{4x}{60} = \dfrac{x}{15}=\dfrac{300\sqrt{3}}{15} = 20\sqrt{3} = 20*1,7 = 34\,m/s

O erro desse raciocínio consiste em dizer que o intervalo de tempo entre fotos consecutivas é de 15\,s. Segundo isso, o avião percorre 4x após tirar as 5 fotos. Continuando o processo até que o avião tenha percorrido mais 4x (passou-se mais um minuto), você provavelmente deve pensar que 10 fotos serão tiradas, porém, foram apenas 9 (olhe a figura abaixo).

Obviamente isso consiste de um absurdo, pois a condição de 5 fotos por minuto estabelece uma proporção: 10 fotos a cada 2 minutos, 15 fotos a cada 3 minutos e por aí vai. Claramente nessa interpretação, essa proporção não é obedecida: você teria as 5 primeiras fotos e somaria com as próximas 5, pois cada grupo de 5 fotos foi tirado em cada minuto. Entretanto, observe a figura abaixo: a foto de número 5 pertence aos dois grupos. Efetivamente, ela teria que ser contada duas vezes para fazer esse raciocínio válido, o que não é o caso.

Para se convencer ainda mais, pense no caso limite de 1 foto por minuto: o avião precisaria tirar uma foto na posição 1, por exemplo, e tirar outra foto somente na posição 2 após 2 minutos segundo esse raciocínio, o que não faz sentido.

2ª interpretação - o avião tira uma foto a cada 12 segundos (CORRETA)

No caso anterior estávamos considerando haver um intervalo de 15 segundos entre cada foto, o que geraria uma taxa de 5 fotos por minuto, mas com a peculiaridade de uma foto pertencer simultaneamente a dois grupos consecutivos de 5 fotos. Porém, observe que o intervalo de tempo entre 2 fotos consecutivas é de 60/5=12 segundos. Perceba que, nesse caso, a proporcionalidade é realmente obedecida, e ao final de 120 segundos haverá 10 fotos, em 180 segundos 15 fotos, e por aí vai, e não temos então o problema de somar a mesma foto duas vezes como na 1ª interpretação. Na figura abaixo, note que o avião tira uma foto no primeiro ponto (aquele sem o avião, na figura), porém essa foto "pertence" ao minuto anterior, que contém outro grupo de 5 fotos.

Como ele percorre x em 12 segundos:

v = \dfrac{x}{12} = \dfrac{300\sqrt{3}}{12} = 25\sqrt{3} \, m/s

v=42,5\,m/s

Onde usamos \sqrt{3}=1,7 da capa da prova. Como a resposta deve ser em 1 algarismo significativo:

\boxed{v = 42,5\,m/s \approx 40\,m/s}

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Gabarito

\boxed{v = 42,5\,m/s \approx 40\,m/s}

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Questão 5

Uma estudante de física está planejando o posicionamento de painéis solares instalados no quintal de sua casa e está considerando a questão da sombra projetada por uma edificação vizinha, de altura h = 8,00\,m, situada a oeste. O terreno de seu quintal é plano e horizontal, está localizado próximo à linha do equador e todo o estudo é feito em um dia próximo do equinócio, no qual o Sol está no zênite (ponto na esfera celeste interceptado pelo eixo vertical imaginário que passa pela cabeça do observador em pé na Terra) quando o relógio marca 12h00. Neste dia, a sombra projetada pela edificação atinge os painéis solares quando são 16h00. Para dar lugar a uma horta, a estudante precisa reinstalar os painéis deslocando-os para oeste, mas não quer que fiquem sombreados antes das 15h00. Determine a máxima distância que os painéis podem ser movidos.

Assunto abordado

Trigonometria e noções de Astronomia

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Solução

Primeiramente, devemos entender a configuração do sistema. Podemos imaginar um edifício de 8 metros, e os raios solares incidindo em direção ao leste (pois o sol está se pondo no oeste) nos horários de 16h00 e 15h00. Como o evento ocorre no próximo do equador, e ocorre próximo do equinócio, o sol se põe as 18h00, passando exatamente 12 horas acima do horizonte. Dessa forma, o sol percorre 90/6 = 15^{\circ} por hora. Dessa forma, as 16h00, ele terá percorrido 60^{\circ} em relação ao zênite, e as 15h00 terá percorrido 45^{\circ} em relação ao zênite.

As 16h00 os painéis solares entram na sombra do edifício, como na figura abaixo:

quest

Como o edifício possui 8 metros de altura, os painéis estão a uma distância d_ode:

\tan(60^{\circ}) = \dfrac{d_o}{h}

d_o = h\sqrt{3}

Já as 15h00, o ângulo na figura será de 45^{\circ}. Como a estudante quer que os painéis não sejam sombreados antes desse horário, a distância máxima que eles podem estar do edifício é de:

\tan(45^{\circ}) = \dfrac{d_f}{h}

d_f = h

A máxima distância que ela pode mover os painéis é de:

\boxed{\Delta x_{max} = d_o - d_f = h(\sqrt{3} - 1) = 8,00*0,7 = 5,60\,m}

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Gabarito

\boxed{\Delta x_{max} = h(\sqrt{3} - 1)=5,60\,m}

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Questão 6

Gotas de água caem do alto do poço de um elevador de 90\,m de altura a uma taxa uniforme de uma gota a cada um segundo. Um elevador que sobe com velocidade constante de 6\,m/s é atingido por uma gota quando está a 10\,m de altura. (a) Após quanto tempo e (b) a que altura o elevador é atingido pela próxima gota?

Assunto abordado

Cinemática: movimento retilíneo e uniforme e queda livre

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Solução

Para saber quanto tempo e em que altura o elevador é atingido pela próxima gota, precisamos inicialmente entender o que está acontecendo. Em um dado instante, uma gota cai do alto do poço, e atinge o elevador em uma altura de 10 metros. Assim, a gota percorreu 80 metros até atingir o elevador, e o tempo até este evento é de:

d = \dfrac{g t^2}{2}\,\,\,\therefore\,\,\,t=\sqrt{\dfrac{2d}{g}} = \sqrt{\dfrac{160}{10}} = 4\,s

Como o tempo total é de 4 segundos, outras gotas cairam antes da primeira atingir o elevador. A segunda gota, liberada 1 segundo após a primeira, caiu por 3 segundos até a primeira atingir o elevador, percorrendo uma distância de:

d = \dfrac{g t^2}{2} = 5*9 = 45\,m

(a) Para encontrar o instante onde essa segunda gota atingiu o elevador, podemos escrever as equações de movimento de ambos objetos. O elevador, por possuir velocidade constante, tem equação de movimento da seguinte forma:

y = y_o + vt = 10 + 6t

Já a gota está em queda livre, de forma que:

y = y_o + v_o t + \frac{g t^2}{2} = 45 - 30 t - 5 t^2

No instante de colisão, o elevador e gota terão a mesma posição, então devemos igualar as duas equações de movimento:

10 + 6t = 45 - 30t - 5t^2

5t^2 + 36t - 35 = 0

Esta equação possui duas soluções, e a unica com sentido físico é o tempo positivo, ou seja (utilizando a formula de Bháskara):

\boxed{t = \dfrac{-36 + \sqrt{36^2 -4*5*(-35)}}{10} = 0,868\,s \approx 0,9\,s}

Onde escrevemos o 0,9\,s como resposta final pois o resultado deve ter 1 algarismo significativo.

(b) Para encontrar a posição onde a colisão ocorre, Podemos apenas substituir 0,868 na equação de movimento para o elevador:

\boxed{y = 10 + 6*0,868 = 15,2\,m \approx 15\,m}

Onde escrevemos 15\,m na resposta final pois a casa decimal é uma medida imprecisa nessa operação.

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Gabarito

(a) \boxed{t=0,868\,s \approx 0,9\,s}

(b) \boxed{y=15,2\,m \approx 15\,m}

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Questão 7

A potência irradiada ou absorvida por uma superfície de área A que está à temperatura absoluta T é dada pela lei de Stefan-Boltzmann:

P = e\sigma A T^4

onde \sigma \approx 6 \times 10^{-8} W/m^2 K^4 é a constante universal de Stefan-Boltzmann e e, a emissividade característica da superfície, que é um valor entre 0 e 1. Uma superfície com e = 1 é chamada perfeitamente emissora ou absorvedora e uma superfície com e = 0 é chamada perfeitamente refletora. Sabendo que o Sol emite radiação com potência P = 4 \times 10^{26} W e seu raio médio é R = 7 \times 10^8\,m, estime sua temperatura superficial admitindo que o mesmo é um corpo perfeitamente emissor.

Assunto abordado

Noções básicas

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Solução

Para encontrar a temperatura superficial do Sol, podemos apenas substituir os dados fornecidos no enunciado na lei de Stefan-Boltzmann. Resolvendo a equação para a temperatura, e já usando e = 1:

T = \sqrt[4]{\dfrac{P}{\sigma A}}

Como o Sol pode ser considerado uma esfera de raio R, sua área superficial A=4 \pi R^2. Logo:

T = \sqrt[4]{\dfrac{P}{\sigma 4 \pi R^2}} = \sqrt[4]{\dfrac{P}{12 \sigma R^2}}

Onde usamos \pi = 3 como solicitado na capa da prova. Substituindo os dados do enunciado:

T = \sqrt[4]{\dfrac{4 \times 10^{26}}{12 6 \times 10^{-8} \times (7 \times 10^8)^2}}

\boxed{T = 5,8 \times 10^3 \, K \approx 6 \times 10^3 \, K}

Onde escrevemos como resposta final 6 \times 10^3 \,K pois a resposta deve ter apenas um algarismo significativo.

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Gabarito

\boxed{T = \sqrt[4]{\dfrac{P}{ 4 \pi \sigma R^2}}=5,8 \times 10^3 \, K \approx 6 \times 10^3 \, K}

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Questão 8

Em uma bancada horizontal lisa está embutida uma plataforma plana circular horizontal de raio r = 25\,cm, que gira uniformemente com frequência f = 2\,Hz em torno de um eixo vertical fixo. A plataforma girante está dividida em duas regiões, uma maior lisa e outra menor áspera, de forma que um pequeno disco de massa m = 100\,g pode deslizar livremente por toda a bancada com exceção da parte áspera onde desliza com atrito. A figura abaixo apresenta um diagrama desse arranjo experimental, no sistema de referência adotado, o centro da plataforma girante localiza-se no ponto P, de coordenadas x_P = 2r e y_P = 0, e o disco localiza-se na origem. Há ainda um dispositivo lançador (não representado na figura) que, quando disparado, exerce uma força constante \vec{F} sobre o disco de intensidade F = 0,8\,N, que atua desde x = 0 até x = r. Considerando que no instante t = 0 a plataforma girante está na orientação ilustrada na figura, determine (a) a velocidade do disco quando chega à plataforma (b) um instante de lançamento para que o disco que atinja o ponto Q.

Assunto abordado

Trabalho e cinemática

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Solução

(a) Para encontrar a velocidade que o disco chega na plataforma, podemos usar o teorema da energia cinética; isto é, o trabalho W que a Força \vec{F} realiza é igual a variação de energia cinética \Delta K do disco:

W = \Delta K

F*r = \dfrac{m v^2}{2}

Resolvendo para v e substituindo os dados do enunciado:

\boxed{v = \sqrt{\dfrac{2Fr}{m}} = \sqrt{\dfrac{2*0,8*0,25}{0,1}} = 2\,m/s}

O aluno poderia, alternativamente, ter usado a equação de Torricelli e a segunda lei de Newton.

(b) Como podemos escolher um instante qualquer de lançamento, é instintivo escolher o instante de mais fácil análise, ou seja, aquele no qual o disco não irá entrar em contato com a parte áspera. O tempo total que o disco leva para atravessar a plataforma é de:

t = \dfrac{2r}{v} = \dfrac{0,5}{2} = 0,25\,s

O tempo que o disco leva para dar uma volta complete, ou seja, seu período T é de:

T = \dfrac{1}{f} = 0,5\,s

O caso em que o disco não encosta na parta áspera é quando, no instante em que o disco chega na plataforma, a linha que divide a parte áspera e lisa está na vertical, e o disco primeiro entra em contato com a parte lisa. Para melhor visualizar essa configuração, rotacione a orientação da plataforma na figura de 90^{\circ} no sentido horário. Este instante é o buscado pois a plataforma dá um quarto de volta em 0,125 segundos, e o disco percorre r neste mesmo tempo, então quando o disco chega no ponto P, a linha divisória está na horizontal. Como a plataforma gira no sentido anti-horário, a parte áspera sempre estaria à esquerda do disco e nunca encostaria nele!

O tempo que o disco leva para chegar na plataforma é, utilizando o teorema do impulso:

F \Delta t = \Delta p\,\,\,\therefore\,\,\, \Delta t = \dfrac{\Delta p}{F} = \dfrac{m v}{F}

Onde p é a quantidade de movimento do disco. Substituindo os dados do enunciado:

\Delta t = \frac{0,1*2}{0,8} = 0,25\,s

Portanto, até o disco chegar na plataforma, ela percorre meia volta. Dessa forma, deve-se esperar a plataforma dar um quarto de volta para lançar, pois no instante em que o disco chegar na plataforma, ela estará na configuração desejada. O tempo de um quarto de volta é:

\boxed{t = \dfrac{T}{4} = \dfrac{1}{4f}=0,125\,s}

Que é o instante pedido na questão.

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Gabarito

(a) \boxed{v = \sqrt{\dfrac{2Fr}{m}}=2\,m/s}

(b) \boxed{t = \dfrac{1}{4f}=0,125\,s}

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