OBF 2019 Terceira Fase - (Nível 1)

Escrito por Ualype Uchôa e Antônio Ítalo

Questão 1

Considere uma sala em forma de paralelepípedo de lados a = 4,00 m, b = 5,00 m é h = 3,00 m. A altura da sala é dada por h e o piso retangular tem lados a e b. Em um dado instante, uma formiga e uma mosca estão no ponto A, que é um dos vértices do piso. Por alguma razão qualquer, ambas querem atravessar a sala, indo ao ponto B, localizado no teto, e que está na mesma diagonal principal do paralelepípedo que passa por A. Sabendo que ambos podem andar por quaisquer superfícies, inclusive paredes verticais, mas somente a mosca pode voar, determine a menor distância que cada inseto deve percorrer para atingir o ponto B.

Assunto Abordado

Geometria

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Solução

Seja A o ponto de partida dos insetos, e B o ponto de chegada, com o segmento AB sendo a diagonal principal do paralelepípedo. Lembrando que a menor distância entre dois pontos é uma linha reta que passa por estes, o menor caminho que a mosca pode realizar é ir voando em linha reta de A até B. Chame de D_{M} o comprimento deste trajeto. Utilizando o Teorema de Pitágoras duas vezes, temos:

D_{M}^{2} = a^{2} + b^{2} + h^{2}

Substituindo os valores dados:

D_{M}^{2} = 4,00^{2} + 5,00^{2} + 3,00^{2}

D_{M}^{2} = 50,00  \therefore

D_{M} = 5\sqrt{2} m

Usando o valor fornecido de \sqrt{2} = 1,4:

\boxed{D_{M} = 7,0\;m}.

Para a formiga, a análise do caminho mínimo torna-se menos trivial. Para uma melhor visualização, planifiquemos o sólido geométrico, conforme mostrado a seguir.

Ora, para que a distância percorrida seja mínima, a formiga deve mover-se ao longo da linha tracejada(ela percorre parte do trajeto em uma parede, e o restante ao longo do teto), pois a mínima distância entre dois pontos é uma reta. Chamando de D_{F} essa distância, temos, novamente, pelo Teorema de Pitágoras:

D^{2}_{F} = b^{2} + \left(a+h\right)^{2}

Substituindo:

D^{2}_{F} = 5,00^{2} + 7,00^{2}

D_{F} = \sqrt{74} = \sqrt{2}*\sqrt{37} = \dfrac{7\sqrt{37}}{5} m

Não foi fornecido o valor \sqrt{37}, mas podemos aproximá-lo, fazendo as contas, para 6,1, obtendo:

\boxed{D_{F} \approx 8,5\;m}.

Adendo: Observe que, caso trocássemos a posição dos lados a e b, obteríamos uma resposta diferente para o caminho percorrido pela formiga:

D_{F}^{2} = a^{2} + \left(b+h\right)^{2}

D_{F} = \sqrt{80}\;m.

Contudo, esse caminho é maior do que o achado anteriormente, logo, não corresponde à menor distância que a formiga pode percorrer. Existe, ainda, outra forma de planificar a figura, que também resulta em um valor diferente para D_{F}, que é maior ainda que os outros dois achados anteriormente.

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Gabarito

\boxed{D_{M} = 7,0\;m}

\boxed{D_{F} = \dfrac{7\sqrt{37}}{5}\;m\approx 8,5\;m}

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Questão 2

Um estudante observa que sua família, por comodidade, prefere secar as roupas em uma máquina elétrica ao invés de pendurá-las no varal, onde o clima em geral seco de sua região, as secaria sem custo. Para estimar o gasto mensal com a máquina de secar, o estudante seleciona uma amostra representativa das roupas da casa que, quando secas, têm massa 8,00 kg e, quando úmidas (logo após lavadas e torcidas ou centrifugadas, ou seja, prontas para ir para o varal ou secadora), têm massa de 15,00 kg. Considerando que, na máquina, o calor usado para secar a roupa vem da eletricidade, estime o custo mensal para secar as roupas na secadora sabendo que em média, por mês, são lavados 120 kg de roupas e o custo do energia elétrica na região é de R$0,85/kWh.

Assunto Abordado

Calorimetria

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Solução

Deve-se perceber que a diferença de massa depois da secagem é proveniente da água que evaporou durante o processo, que é posterior ao de lavagem. Primeiramente, façamos uso de uma proporção simples com os dados do enunciado para encontrar a massa das roupas molhadas no processo mensal (perceba que 120 kg é a massa apenas das roupas secas ou antes de serem lavadas), e deste número subtraímos os 120 kg de forma a obter a massa de água evaporada:

  \dfrac{8,00}{120} = \dfrac{15,00}{m}

m = 225 kg \therefore

\Delta m = 225 - 120 = 105 kg = 105 * 10^{3} g

O calor necessário Q em calorias para a evaporação foi, então (note que, em primeira aproximação, podemos desconsiderar o calor sensível, visto também que nada foi informado sobre a temperatura inicial da água):

Q = \Delta m L_{v} = 105 * 10^{3} * 540 = 5,67 * 10^{7} cal

Em joules:

Q = 4,2 * 5,67 * 10^{7} \approx 2,38 * 10^{8} J

Façamos, então, uma nova proporção para encontrar o custo C desse processo, em reais, dado que R$0,85 correspondem à 1 kWh = 3,6 * 10^{6} J:

\dfrac{0,85}{C} = \dfrac{3,6*10^{6}}{2,38*10^{8}} \therefore

\boxed{C \approx R$56,19}

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Gabarito

\boxed{C \approx R$56,19}

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Questão 3

Uma bola cai verticalmente sobre um plano inclinado de 30^{\circ} e, ao colidir com ele no ponto A, é lançada em uma direção que forma um ângulo de 60^{\circ} com a vertical, conforme indicado na figura abaixo. A bola atinge novamente o plano inclinado no ponto B, que está a uma altura 2,00 m abaixo de A. Determine (a) o intervalo de tempo que a bola demora para ir de A a B e (b) a intensidade da velocidade da bola em B.

Assunto Abordado

Cinemática: Lançamento Oblíquo

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Solução

a) Um bom jeito de analisar a questão é mudar de perspectiva, rotacionando o plano e estudar o movimento do projétil ao longo deste, com os eixos x e y sendo respectivamente tangencial e normal ao plano, com o positivo apontando plano abaixo (no eixo x) e para fora do plano (no eixo y), e origem no ponto A. Desta forma, o movimento passa a ser acelerado em ambos os eixos, com uma aceleração horizontal de a_{x} = g\sin{30^{\circ}} e uma vertical a_{y} = -g\cos{30^{\circ}}. Com um pouco de observação, é fácil ver que a inclinação do vetor velocidade inicial com respeito ao plano é de 60^{\circ}. Primeiramente, escrevamos a equação horária da posição no eixo horizontal:

x\left(t\right) = v_{0}\cos{60^{\circ}}t + \dfrac{g\sin{30^{\circ}}t^{2}}{2}

Usando a equação horária no eixo y, encontramos o tempo total de vôo t_{t} impondo que y=0, e escolhemos a raiz diferente de zero, pois esta corresponderia ao instante inicial:

y\left(t\right) = v_{0}\sin{60^{\circ}}t - \dfrac{g\cos{30^{\circ}}t^{2}}{2}

y\left(t_{t}\right) = 0 = t_{t}\left(v_{0}\sin{60^{\circ}} - \dfrac{g\sin{60^{\circ}}t_{t}}{2}\right)

t_{t} = \dfrac{2v_{0}}{g}

Sendo X o alcance ao longo do plano, podemos substituir x(t_{t}) = X para obtermos v_{0}:

X = \dfrac{2v^{2}_{0}}{g}\left(\cos{60^{\circ}} + \sin{30^{\circ}}\right)

v_{0} = \sqrt{\dfrac{gX}{4\sin30^{\circ}}}

Substituindo em t_{t}, e usando X = \dfrac{h}{\sin{30^{\circ}}}, onde h = 2,00 m, temos, por fim:

t_{t} = \dfrac{\sqrt{\dfrac{h}{g}}}{\sin{30^{\circ}}}

Substituindo os valores numéricos:

t_{t} = \dfrac{\sqrt{\dfrac{2,00}{10}}}{0,50} = \dfrac{2\sqrt{5}}{5}\;s

t_{t} = 0,88 s \approx 0,9 s.

b) Podemos usar a equação de Torricelli em ambos os eixos, e então utilizar o Teorema de Pitágoras, haja vista que essas velocidades são ortogonais entre si. Logo, temos que:

v^{2}_{B_{y}} = \left(v_{0}\sin{60^{\circ}}\right)^{2} -2g\cos{60^{\circ}} \Delta y

Temos \Delta y = 0, logo:

v^{2}_{B_{y}} = \left(v_{0}\sin{60^{\circ}}\right)^{2}

Em x:

v^{2}_{B_{x}} = \left(v_{0}\cos{60^{\circ}}\right)^{2} + 2g\sin{30^{\circ}}\dfrac{h}{\sin{30^{\circ}}}

v^{2}_{B_{x}} = \left(v_{0}\cos{60^{\circ}}\right)^{2} + 2gh

Logo:

v^{2}_{B} = v^{2}_{0}\left(\sin^{2}{60^{\circ}}+\cos^{2}{60^{\circ}}\right) + 2gh

v_{B}= \sqrt{v^{2}_{0}+2gh}

Substituindo os dados:

v_{B} = \sqrt{20+2*10*2,00} = \sqrt{60} = 2\sqrt{15} m/s

v_{B} = 2 * 2,2 * 1,7 \;m/s \rightarrow \boxed{v_B \approx 7,5\;m/s}

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Gabarito

\boxed{t_{t} = \dfrac{2 \sqrt{5}}{5}\;s \approx 0,88\;s}.

\boxed{v_{B}=2\sqrt{15}\;m/s \approx 7,5\;m/s}

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Questão 4

Um aluno de física está estudando simulações computacionais e faz um aplicativo no qual um pequeno quadrado, de lado a = 4 mm, se move retilineamente na região entre duas paredes também móveis. O quadrado tem velocidade de módulo constante v = 4 mm/s e, ao colidir com as paredes, inverte imediatamente o sentido de seu movimento. As paredes se movem com velocidades de módulo V = 1 mm/s constantes, porém a parede A se move para direita e a parede B para a esquerda. A figura abaixo, fora de escala, representa o sistema no início da simulação, instante t_{0} = 0, no qual a distância entre as paredes é L = 36 mm e o quadrado está em contato com a parede A. A simulação termina no instante em que o quadrado entra em contato simultâneo com as duas paredes e, portanto, não pode mais se mover. (V e v são medidas em relação à tela do computador). Determine: (a) o intervalo de tempo de duração da simulação e (b) o instante em que ocorre a quarta colisão com uma parede.

Assunto Abordado

Cinemática: MRU

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Solução

a) Note que, pela igualdade das velocidades das placas,  é necessário que o final da simulação ocorra com o quadrado no centro das placas, sendo assim, vale:

V\Delta t_{sim}= \dfrac{L-a}{2}

\Delta t_{sim}=\dfrac{L-a}{2V}

Substituindo, obtemos:

\Delta t_{sim}=16 s

b) Chame de \Delta t_{i} (onde i = 1, 2, 3, 4, ...) o intervalo de tempo entre a (i-1)-ésima e a i-ésima colisão. Desta forma, \Delta t_{1} é o intervalo de tempo até a primeira colisão, \Delta t_{2} é o intervalo de tempo entre a primeira e a segunda colisão, e assim por diante. Entremos no referencial da placa à esquerda, subtraindo, então, V para a esquerda de todos os móveis. Temos então que a placa da direita sempre se moverá com 2V para a esquerda, e o quadrado com v-V para a direita ao se afastar da placa esquerda, e v+V para a esquerda ao aproximar-se dela. Convencionando o sentido positivo para a direita, temos, até a primeira colisão:

(L-a)-2V\Delta t_{1} = \left(v-V\right) \Delta t_{1}

Seja (L-a)=l:

\Delta t_{1} = \dfrac{l}{v+V}

Para a segunda colisão, a distância entre o quadrado e a placa é de l - 2V\Delta t_{1}. Logo:

 \Delta t_{2} = \dfrac{l - 2V\Delta t_{1}}{v+V}

      \Delta t_{2} = \dfrac{l\left(v-V\right)}{(v+V)^{2}} = \dfrac{\left(v-V\right)}{v+V}\Delta t_{1}

Para a terceira colisão, a distância entre o quadrado e a placa direita é de l - 2V\Delta t_{1} - 2V\Delta t_{2}, então:

        l - 2V\Delta t_{1} - 2V\Delta t_{2} - 2V\Delta t_{3} = \left(v-V\right)\Delta t_{3}

\Delta t_{3} = \dfrac{l - 2V\Delta t_{1} - 2V\Delta t_{2}}{v+V}

\Delta t_{3} = \dfrac{l - 2V\Delta t_{1}}{v+V} - \dfrac{2V}{v+V}\Delta t_{2}

\Delta t_{3} = \dfrac{v-V}{v+V} \Delta t_{2} = \left(\dfrac{v-V}{v+V}\right)^{2} \Delta t_{1}

Por fim, analisemos a quarta colisão, quando a distância entre o quadrado e a placa é de l - 2V\Delta t_{1} - 2V\Delta t_{2} - 2V\Delta_{3}:

\Delta t_{4} = \dfrac{l - 2V\Delta t_{1} - 2V\Delta t_{2} - 2V\Delta t_{3}}{v+V}

\Delta t_{4} = \dfrac{v-V}{v+V}\Delta t_{3} = \left(\dfrac{v-V}{v+V}\right)^{3}\Delta t_{1}

Nos foi pedido o tempo até a quarta a colisão. Sendo ele t_{4}, tem-se:

t_{4} = \Delta t_{1} + \Delta t_{2} + \Delta t_{3} + \Delta t_{4}

Que pode ser reescrito como:

t_{4}= \Delta t_{1} \displaystyle\sum_{n=0}^{3} \left(\dfrac{v-V}{v+V}\right)^{n}

\boxed{t_{4}= \dfrac{L-a}{v+V} \displaystyle\sum_{n=0}^{3} \left(\dfrac{v-V}{v+V}\right)^{n}}

Substituindo os valores fornecidos, encontramos:

 t_{4} = \dfrac{32}{5} * \dfrac{272}{125} \;s \rightarrow \boxed{t_4 \approx 14\;s}

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Gabarito

a) \boxed{\Delta t_{sim}= \dfrac{L-a}{2V} = 16\;s}

b) \boxed{t_{4}= \dfrac{L-a}{v+V} \displaystyle\sum_{n=0}^{3} \left(\dfrac{v-V}{v+V}\right)^{n} \approx 14\;s}.

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Questão 5

A Lua vista da Terra é um fenômeno que vem nos fascinando desde os primórdios da Humanidade. Parte I, faça um diagrama que explique as fases da Lua no qual (1) a Terra ocupa a posição central, (2) é representada a trajetória da Lua em período orbital, (3) é indicado a direção aproximada dos raios solares e (4) é apresentado a Lua em quatro posições correspondentes às suas quatro fases. Parte II, (a) o que é o lado oculto da Lua?, (b) que condições o movimento lunar deve satisfazer para que ele exista? e (c) Faça uma cópia do diagrama feito na parte II e represente, em cada posição da Lua, a sua face oculta.

Assunto Abordado

Conceitos de Astronomia: Fases da Lua

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Solução

Parte I: Vide diagrama a seguir:

Onde a Terra está representada em azul, e os raios de luz vindos do sol chegam praticamente paralelos. A órbita da Lua em torno do Terra também está indicada, junto às setinhas, que indicam o sentido da translação da Lua ao redor do nosso planeta. A porção branca da lua corresponde à parte visível (iluminada pelo Sol) e a porção escura à parte que não está iluminada pelo sol.

Parte II:

a) O lado oculto da Lua é o hemisfério da lua que não pode ser visto por nenhum observador terrestre; isto é, sempre vemos um mesmo lado da lua, enquanto o outro lado permanece oposto.

b) O período de revolução da Lua em torno da Terra deve ser igual ao seu período de rotação em torno do próprio eixo, pois, assim, ambos os giros se compensam e nós nunca conseguiremos ver o outro lado da Lua.

c) Usando os conhecimentos dos itens a) e b), copiamos o diagrama da parte 1, com o lado oculto da Lua representado em vermelho:

 

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Gabarito

Ver solução.

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Questão 6

Um estudante de física deseja estimar a profundidade de um poço. Ele dispara o cronômetro no instante em que abandona uma pedra sobre sua boca e observa que levou \Delta t = 2,5 s para ouvir o som da pedra atingindo a água. Assumindo que a velocidade do som é 340 m/s, qual a profundidade do poço?

Assunto Abordado

Cinemática

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Solução

O tempo que levará para o estudante ouvir o som é a soma do tempo que levou para a pedra cair com o tempo que levou para o som subir, sendo assim:

\Delta t=\sqrt{\dfrac{2H}{g}}+\dfrac{H}{V_{s}}

Isolando o termo com a raiz quadrada e elevando ambos os lados da equação ao quadrado, temos:

\dfrac{2H}{g}=\left( \Delta t \right)^{2}+\dfrac{H^{2}}{V_{s}^{2}}-\dfrac{2H\Delta t}{V_{s}}

Simplificando:

H^{2}-2\left(V_{s}\Delta t + \dfrac{V_{s}^{2}}{g} \right) H+\left( V_{s} \Delta t \right)^{2}=0

Aplicando Bháskara:

H=\dfrac{2V_{s}\left(\Delta t + \dfrac{V_{s}}{g}\right) \pm \sqrt{4V_{s}^{2}\left(\Delta t + \dfrac{V_{s}}{g} \right)^{2}-4 \left( V_{s}\Delta t \right)^{2}}}{2}

H=V_{s} \left(\dfrac{V_{s}}{g}+\Delta t \right) \left( 1 \pm \sqrt{1-\dfrac{1}{\left(1+\dfrac{V_{s}}{g\Delta t}\right)^{2}}} \right)

Como escolhemos o sinal correto? Podemos analisar o caso limite \Delta t=0, onde H deve ser igual à zero. Para isso ocorrer, devemos escolher o sinal negativo. Para facilitar os cálculos numéricos, note que:

\dfrac{1}{\left(1+\dfrac{V_{s}}{g\Delta t} \right)^{2}} \ll 1

Portanto, podemos utilizar a aproximação binomial para facilitar os cálculos numéricos:

\left(1+x \right)^{n} \approx 1+nx

Utilizando a aproximação binomial, obtemos:

\boxed{H \approx \dfrac{V_{s}\Delta t}{2 \left(1+ \dfrac{V_{s}}{g\Delta t} \right)}}

Substituindo, obtemos:

\boxed{H \approx 29,1\;m}

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Gabarito

\boxed{H=V_{s} \left(\dfrac{V_{s}}{g}+\Delta t \right) \left( 1 \pm \sqrt{1-\dfrac{1}{\left(1+\dfrac{V_{s}}{g\Delta t}\right)^{2}}} \right) \approx \dfrac{V_{s}\Delta t}{2 \left(1+ \dfrac{V_{s}}{g\Delta t} \right)} \approx 29,1\;m}

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Questão 7

Um prumo é um instrumento usado determinar a direção vertical em determinado ponto. Em cada ponto da Terra, a direção do zênite é dada pela linha imaginária que liga o ponto ao centro da Terra. Devido à rotação da Terra, a linha do prumo é, em geral, ligeiramente desviada em relação à direção do zênite. Na figura abaixo, o laboratório hipotético A está localizado exatamente sobre o polo Norte. O conjunto formado por fios ideais, um dinamômetro e uma massa m, pendurado num ponto fixo do teto, funciona como um prumo. Na posição do laboratório A, a linha do zênite é indicada pelo eixo z e vemos que coincide com a linha do prumo, que está sendo tensionada por uma tração T. O laboratório hipotético B está localizado em uma cidade costeira exatamente sobre o paralelo 30^{\circ} de latitude sul. Nesse laboratório, a direção do zênite é indicada pelo eixo z' e é pendurado um prumo exatamente igual ao anterior. No laboratório B, a linha de prumo é tencionada por uma tração T' e sua direção está desviada da direção do zênite por um ângulo {\theta}, que está representado, fora da escala, na figura abaixo. Determine (a) o ângulo {\theta} e (b) o desvio relativo de T' em relação à T, ou seja \dfrac{(T'- T)}{T}. (c) Qual a orientação do eixo x' representado na figura em relação aos pontos cardeais do laboratório B? Considere a Terra esférica, com raio R_{T} = 6400 km.

Assunto Abordado

Referenciais não inerciais: Efeitos da rotação terrestre na gravidade

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Solução

a) Para a análise do fenômeno, observe o esquema a seguir (fora de escala), onde podemos ver a terra, de raio R_{T}, girando em torno do seu próprio eixo (linha tracejada) com velocidade angular \omega:

Para um corpo de prova na superfície a uma latitude \phi (que pode estar associada ao hemisfério Norte ou Sul), desenhamos as acelerações (ou gravidades) às quais este está submetido, no seu próprio referencial, que é não-inercial. A gravidade g_{0} é devido à atração gravitacional entre os corpos, e tem módulo 10 m/s^{2}. Contudo, ainda há uma gravidade fictícia devido à força centrífuga, produzida pelo efeito de rotação e que possui módulo \omega^{2}r, onde r é a distância do ponto ao eixo, isto é, R\cos{\phi}. Logo, o corpo estará submetido à uma gravidade total efetiva que chamaremos de g_{eff}. Note que, nos pólos, essa gravidade tem valor máximo e igual à g_{0}, pois o efeito rotacional é nulo. Utilizando lei dos cossenos no triângulo de vetores, temos que:

    g^{2}_{eff} = g^{2}_{0} + \left(\omega^2R_{T}\cos{\phi}\right)^{2} - 2g_{0}\omega^{2}R_{T}\cos^{2}{\phi}

De antemão, façamos uma estimativa da velocidade angular da terra, sabendo que seu período de rotação é de 3600 * 24 s = 86400 s \approx 9 * 10^{4} s:

\omega = \dfrac{2\pi}{T} = \dfrac{6}{9*10^{4}} \approx 7 * 10^{-5} rad/s

Que é um valor muito pequeno, o que nos permite desprezar o termo \left(\omega^2{R}\cos{\phi}\right)^{2}. Reescrevendo a expressão:

    g^{2}_{eff} = g^{2}_{0} - 2g_{0}\omega^{2}R_{T}\cos^{2}{\phi}

      g_{eff} = g_{0}\left(1 - \dfrac{2\omega^{2}R_{T}\cos^{2}{\phi}}{g_0}\right)^{\dfrac{1}{2}}

É evidente que g_{0} \gg \omega^{2}R_{T}\cos^{2}{\phi}. Logo, utilizaremos a aproximação \left(1+x\right)^{n} \approx 1+nx para x \ll 1:

g_{eff} \approx g_{0} - \omega^{2}R_{T}\cos^{2}{\phi}

Substituindo os valores:

g_{eff} = 10 - \left(7*10^{-5}\right)^{2}*(6,4*10^6)*(0,50)^{2} \approx 9,98 m/s^{2}.

Para descobrirmos o desvio angular \theta (que é o ângulo entre os vetores \vec{g_{eff}} e \vec{g_{0}}), usemos Lei dos Senos:

\dfrac{\omega^{2}R_{T}\cos{\phi}}{\sin{\theta}} = \dfrac{g_{eff}}{\sin{\phi}}

\sin{\theta} = \dfrac{\omega^{2}R_{T}\cos{\phi}\sin{\phi}}{g_{eff}}

Substituindo os valores numéricos:

\sin{\theta} = \dfrac{\left(7*10^{-5}\right)^{2}*\left(6,4*10^{6}\right)*0,50*0,85}{9,98} \approx 1,34*10^{-3}

Como \theta \ll 1 rad, vale a aproximação \sin{\theta} \approx \theta\left(rad\right), desta forma:

\theta \approx 1,34 * 10^{-3} rad

Em graus:

\theta=\dfrac{180 * 1,34 * 10^{-3}}{\pi} \approx 8 * 10^{-2} ^{\circ}

Onde foi usado \pi=3.

b) Como fora visto no item a), a gravidade sentida pelo prumo é g_{eff}, de tal forma que T'= mg_{eff}. Já a tração T=mg_{0}, então, calculamos o desvio relativo:

\dfrac{T' - T}{T}=\dfrac{g_{eff}}{g_{o}} - 1=\dfrac{9,98}{10}-1=-2*10^{-3}

c) Observe a figura a seguir (fora de escala), que representa a terra vista de perfil:

             

Em azul estão representados os eixos x' e z'; em laranja, a direção da gravidade efetiva; em preto, uma das linhas tracejadas representam a direção Norte-Sul, e a outra a linha do Equador. Está representado também o Polo Sul PS. Perceba que o esquema está correto, pois a gravidade efetiva aponta para algum ponto no plano do Equador no lado direito da figura (primeiro quadrante). Para que analisemos a orientação do eixo x' em relação aos pontos cardeais do laboratório, observe que a direção Norte-Sul cruza com este eixo em algum ponto no espaço. Um observador do laboratório que olha "em direção a esse ponto" estará mirando o ponto cardeal sul(pois ele encontra-se no Hemisfério Sul). Desta forma, o sentido oposto corresponde ao ponto cardeal Norte, que é exatamente o sentido positivo do eixo x'.

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Gabarito

a) \boxed{\theta=1,34 * 10^{-3} \; rad \approx 8 * 10^{-2} \,^{\circ}}

 b) \boxed{\dfrac{T' - T}{T} =-2*10^{-3}}

  c) A orientação do eixo x' é positiva no sentido do ponto cardeal Norte.

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Questão 8

"Konstantin S. Novoselov, na cerimônia de entrega do prêmio Nobel de Física de 2010 que ganhou, juntamente com Andre Geim, iniciou sua palestra dizendo: Muito parecido com o mundo descrito no romance "Planolândia: Um Romance em Muitas Dimensões", de E. A. Abbot, o grafeno é muito mais do que apenas um cristal plano. Ele possui um número de propriedades incomuns que são frequentemente únicas ou superiores às de outros materiais."(Traduzido e adaptado de www.nobelprize.org/uploads/2018/06/novoselov_lecture.pdf.)

O Grafeno é um cristal bidimensional formado por átomos de carbono localizados nos vértices de uma rede hexagonal, conforme representado na figura abaixo. Entre as inúmeras propriedades da "Planolândia", o grafeno é o material mais resistente já testado. Um metro quadrado de grafeno (com a espessura de um só átomo!), consegue sustentar um peso de 40N (de um gato). Considerando que a distância entre dois átomos de carbono no grafeno é
a = 1,4 * 10^{-10} m (1,4 angstroms) e que a massa molar do carbono é 12 g/mol, determine aproximadamente a massa de uma película de grafeno de 1 m^{2}.

Assunto Abordado

Geometria e Conceitos básicos

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Solução

Para determinarmos a massa, primeiramente, devemos saber o número de átomos da estrutura, que possui 1 m^{2}. Uma ótima estimativa deste número se dá através da construção de triângulos equiláteros na figura original, de tal forma que cada triângulo englobe um único átomo, de acordo com a figura a seguir, onde está representada uma porção do arranjo molecular da estrutura, onde os átomos estão em preto:

Observe que os vértices destes triângulos passam pelo centro dos hexágonos. Dando um pequeno "zoom", partiremos para a geometria do problema:

Observe o \Delta ABC: seu lado l será dado por:

l = 2\dfrac{a}{2}\tan{60^{\circ}}

. A altura h por sua vez, será:

h = l\sin{60^{\circ}}.

 Obtemos, então, a área de cada triângulo:

A = \dfrac{lh}{2} = \dfrac{3a^{2}\sqrt{3}}{4}

Dividindo-se a área total da película de grafeno pela área de um triângulo, obteremos o número N de átomos (haverão pequenos efeitos de borda que podem ser desprezados):

 N = \dfrac{1\;m^{2}}{\dfrac{3a^{2}\sqrt{3}}{4}} = \dfrac{4 \sqrt{3}\; m^{2}}{9a^{2}}

Substituindo os dados do problema e usando \sqrt{3} =1,7, obtém-se:

N \approx 3,855 *10^{19}

Façamos, então, uma proporção com o número de Avogadro para encontrar a massa M correspondente, dada a massa molar do carbono de 12 g/mol e sabendo que 1 mol equivale à 6 * 10^{23} átomos:

          \dfrac{12}{6*10^{23}} = \dfrac{M}{3,855*10^{19}} \therefore

              M = 7,7 * 10^{-4}\;g \rightarrow \boxed{M = 7,7 * 10^{-7}\;kg}

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Gabarito

\boxed{M =7,7 * 10^{-7}\;kg}

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