OBF 2020 Prova Especial Teórica da 2ª/3ª Fase - (Nível 3)

Escrito por Paulo Henrique e Ualype Uchôa

Questão 1

Em sua bancada de laboratório, uma estudante investiga a potência dissipada por vários dispositivos conectando-os ao circuito abaixo. Em dado momento, ela conecta, entre os pontos A e D, uma lâmpada incandescente cujas especificações são dadas pelo fabricante através da etiqueta \boxed{(6 V; 0,6W)} . Qual é o valor da potência efetivamente dissipada pela lâmpada, em W?

Assunto abordado

Circuitos elétricos: relações de potência dissipada

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Solução

Podemos descobrir a resistência da lâmpada através das especificações dadas:

P=\dfrac{V^2}{R_L}\to{R_L=\dfrac{V^2}{P}=\dfrac{6^2}{0,6}\Omega=60\Omega}

Agora, devemos descobrir a corrente que passa pela lâmpada. Para isso, considere a simplificações no circuito abaixo, a fim de obter, primeiramente, a corrente que passa pela fonte:

Logo, I_0=\dfrac{12}{50}A=0,24A.

Daí,

I'+I''=I_0

\left(10+15+5\right)I''=60I'

Portanto, I'=\dfrac{I_0}{3}=0,08A. Com isso, podemos calcular a potência dissipada na lâmpada: \boxed{P_L=R_LI'^2}. Numericamente: \boxed{P_L=0,384\,W}

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Gabarito

\boxed{P_L=0,384\,W}

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Questão 2

Considere um sistema planetário hipotético formado por uma única estrela em torno da qual orbita um planeta que possui uma única lua (satélite natural). Neste sistema, as órbitas do planeta em torno da estrela e da lua em torno do planeta são circulares e coplanares e o período de translação do planeta em torno da estrela é de T_P = 360\,dias. Sabendo que, após um eclipse solar, o próximo eclipse lunar ocorre 30 dias depois, determine o período orbital da lua em torno do planeta, em dias, nos seguintes casos.
(a) O planeta e a sua lua percorrem suas órbitas no mesmo sentido, por exemplo, ambas no sentido anti-horário.
(b) O planeta e a sua lua percorrem suas órbitas em sentidos opostos.

Assunto abordado

Eclipses solar e lunar

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Solução

Observe as figuras abaixo, que representam o deslocamento angular da lua em torno do planeta durante o intervalo de 30 dias entre os eclipses:

(a) 

Para descobrir o ângulo \alpha, o deslocamento do planeta, façamos a proporção entre os intervalos de tempo: \dfrac{\alpha}{2\pi}=\dfrac{30}{360}\to{\alpha=\dfrac{\pi}{6}}. Pela figura acima, é fácil ver que o deslocamento angular da lua foi \Delta{\theta}=\alpha+\pi=\dfrac{7\pi}{6}. Com o deslocamento angular e o intervalo de tempo em mãos, podemos calcular o período orbital:

\omega=\dfrac{2\pi}{T}=\dfrac{\dfrac{7\pi}{6}}{30d}\to{\boxed{T=51,43\,dias}}

(b) A situação é parecida com a do item anterior. Nesse caso, a lua se move no sentido horário e, portanto, seu deslocamento angular é agora \Delta{\theta}'=\pi-\alpha, conforme a figura abaixo.

 

\omega=\dfrac{2\pi}{T'}=\dfrac{\dfrac{5\pi}{6}}{30d}\to{\boxed{T'=72\,dias}}

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Gabarito

(a)

\boxed{T'=51,43\,dias}

(b)

\boxed{T'=72\,dias}

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Questão 3

A figura abaixo representa dois instantâneos de uma mesma onda mecânica transversal senoidal que se propaga para a direita em uma corda esticada. Sabendo que o intervalo de tempo que separa os dois instantâneos é de 0,05\,s, determine a velocidade transversal máxima da onda, em m/s.

Assunto abordado

Mecânica: ondas transversais em uma corda

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Solução

Pela figura fornecida, podemos extrair a velocidade de propagação da onda v (pelo deslocamento dos picos, por exemplo, no intervalo de tempo fornecido) e o comprimento de onda \lambda (pela distância entre os picos):

v=\dfrac{\Delta{s}}{\Delta{t}}=\dfrac{1m}{0,05s}=20m/s

\lambda=8m

A amplitude vertical pode ser obtida pela figura também (metade da distância vertical entre um pico e um vale):

A=\dfrac{4mm}{2}=2.10^{-3}m

O movimento transversal dos pontos da corda pode ser considerado um M.H.S. de período T_y. Perceba que, após um período horizontal T_x=\dfrac{\lambda}{v}=0,4s, todos os pontos da corda retornam para suas posições verticais originais. Portanto, como nesse período T_x os pontos realizam uma única oscilação vertical, segue que T_y=T_x. Como o movimento dos pontos da corda é um M.H.S., a velocidade máxima que um desses pontos pode ter é \boxed{v_{max}={\omega}_yA}=\dfrac{2\pi}{T_y}A=0,03\, m/s.

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Gabarito

\boxed{0,03\,m/s}

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Questão 4

Uma fonte de radiação laser que pode ser submergida é fixada no fundo de uma cuba inicialmente vazia. A fonte é orientada na direção de um anteparo vertical de modo que o feixe laser emitido faz um ângulo \theta = 60^{\circ} com a horizontal. Adotando o sistema de referências da figura, observa-se que, quando a fonte é ligada, o feixe atinge o anteparo no ponto P de coordenada y_p = 50\, cm. Depois, quando a cuba é preenchida com um líquido de índice de refração n=\sqrt{2} até um nível y_1 = 10\, cm, verifica-se que o feixe atinge o anteparo em um ponto Q (não representado na figura).
(a) Qual a coordenada y_Q do ponto Q, em cm?
(b) O arranjo experimental permite deslocar o aparelho laser ao longo do eixo x. Mantendo-se
a orientação do feixe, para que coordenada x, em cm, deve ser movido o ponto de origem
do feixe de modo que o mesmo atinja o ponto P com a cuba preenchida com o líquido?

Assunto abordado

Óptica geométrica: refração

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Solução

(a)

Seja \alpha o ângulo com a normal do raio refratado. Pela Lei de Snell:

n\sin{\left(90^{\circ}-\theta\right)}=n_{ar}\sin{\alpha},

\sin{\alpha}=n\cos{\theta}=\dfrac{\sqrt{2}}{2} \rightarrow \alpha=45^{\circ}.

Encontramos uma relação entre as alturas observando que a distância \overline{\rm AB} pode ser determinada de duas formas:

\overline{\rm AB}=\overline{\rm AP} \cos{\theta}=\overline{\rm AO}\cos{\theta}+\overline{\rm OQ}\sin{\alpha},

\dfrac{y_P}{\tan{\theta}}=\dfrac{y_1}{\tan{\theta}}+\left(y_Q-y_1\right)\tan{\alpha}.

Isolando y_Q e substituindo os outros números:

\dfrac{50}{\sqrt{3}}=\dfrac{10}{\sqrt{3}}+\left(y_Q-10\right) \rightarrow

\rightarrow \boxed{y_Q=\dfrac{40}{\sqrt{3}}+10\approx33,5\,cm}.

Onde foi utilizado \sqrt{3}=1,7 dado na capa da prova. Aqui, cabe uma ressalva importante; o resultado obtido é uma das duas possíveis respostas para o problema. Uma resposta levemente diferente pode ser obtida ao racionalizar o denominador com \sqrt{3} e fazer as contas com \sqrt{3}=1,7:

\boxed{y_Q=\dfrac{40\sqrt{3}}{3}+10\approx32,7\,cm}.

Ambas as respostas excedem a margem de 2% (relativas umas às outras) de precisão para pontuação integral imposta pela OBF 2020, contudo é menor que 5% que corresponde à margem para pontuação. Ao nosso ver, deveria-se aceitar uma margem de erro maior nessa questão em específico, devido ao caráter dúbio da resposta final ao utilizar-se a aproximação da capa da prova.

(b) É evidente que o laser há de ser deslocado para a esquerda, até a posição A'. Seja \overline{\rm AA'}=-x (pois a distância é positiva, enquanto a coordenada x<0) e O' o novo ponto de refração.  Observe os esquemas abaixo. A nova trajetória do raio está destacada em vermelho.

 

 

 

Nas figuras acima, "//" ou "/" indica paralelismo entre segmentos; o segmento \overline{\rm AO'} é paralelo à \overline{\rm AO}, enquanto \overline{\rm O'P} é paralelo à \overline{\rm OQ}. Na figura à direita, tem-se representado o quadrilátero QPOO' formado. Utilizando trigonometria, observa-se que:

-x\sin{\left(90^{\circ}-\alpha\right)}=\left(y_P-y_Q\right)\sin{\alpha} \rightarrow x=y_Q-y_P

O que nos leva, por fim, a:

\boxed{x=\dfrac{40}{\sqrt{3}}-40\approx -16,5\,cm}.

E outra possível resposta, pelos mesmos motivos de (a):

\boxed{x=\dfrac{40\sqrt{3}}{3}-40\approx -17,3\,cm}.

A mesma discussão de (a) também cabe aqui.

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Gabarito

(a) Há duas respostas corretas possíveis (ver solução):

 \boxed{y_Q=\dfrac{40}{\sqrt{3}}+10\approx33,5\,cm}

\boxed{y_Q=\dfrac{40\sqrt{3}}{3}+10\approx32,7\,cm}

(b) Há duas respostas corretas possíveis (ver solução):

\boxed{x=\dfrac{40}{\sqrt{3}}-40\approx -16,5\,cm}.

\boxed{x=\dfrac{40\sqrt{3}}{3}-40\approx -17,3\,cm}.

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Questão 5

Em um laboratório de física, é usado um sistema massa-mola para determinar a velocidade com que um projétil é disparado. O sistema é constituído por um bloco de massa M = 5,00 kg que está apoiado em uma superfície horizontal de atrito desprezível e está preso a uma parede rígida vertical através de uma mola de constante elástica k = 4500 N/m. Para fazer a medida da velocidade v_0 de um projétil de massa m = 10,0 g, o mesmo é disparado contra o bloco, que está inicialmente em repouso, nas condições mostradas na figura. A parte do bloco que recebe o impacto é feita de um material deformável que aloja o projétil em seu interior. Considere que a mola se deforma apenas depois do projétil se alojar completamente no bloco (colisão projétil-bloco instantânea). Determine a velocidade v_0 do projétil, em m/s, no caso em que a medida da amplitude de oscilação do bloco após o impacto é de 2,50 cm.

Assunto abordado

Mecânica: Conservação de Energia e momento linear

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Solução

O alojamento da bala no bloco configura uma colisão inelástica. Já que a mola se deforma apenas depois da colisão, o momento linear do sistema se conserva antes e logo após o choque. Sendo v a velocidade do conjunto depois, temos:

mv_0=\left(M+m\right)v,

v=\dfrac{m}{M+m}v_0.

A colisão inelástica dissipa energia. Após ela, não há trabalho de forças que ocasionem dissipações, portanto a energia mecânica se conserva. Veja que a amplitude do movimento oscilatório é precisamente a deformação máxima da mola, pois ocorre no momento em que o conjunto chega ao repouso instantâneo. Igualando à energia cinética inicial do conjunto à energia mecânica final (que é puramente potencial elástica):

\dfrac{\left(M+m\right)v^2}{2}=\dfrac{kA^2}{2},

\dfrac{m^2v_0^2}{M+m}=kA^2 \rightarrow

\rightarrow \boxed{v_0=A\sqrt{\dfrac{k\left(M+m\right)}{m^2}} \approx 375,4\, m/s}.

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Gabarito

\boxed{v_0 \approx 375,4\, m/s}.

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Questão 6

As figuras abaixo ilustram dois arranjos experimentais usados para investigar a taxa de transferência de calor entre os corpos A e B. As temperaturas T_A e T_B, com T_A  data-recalc-dims= T_B" />, são mantidas constantes por equipamentos não representados na figura. Em ambos os arranjos, são usadas duas barras cilíndricas de dimensões idênticas. A barra 1 tem condutividade térmica k_1 e a barra 2 tem condutividade térmica k_2. Ambas as barras são isoladas termicamente em suas superfícies laterais de modo que o calor é conduzido de A a B sem perdas para a vizinhança. Suponha que, no regime estacionário, a taxa de transferência de calor de A para B, nos arranjos I e II sejam, respectivamente \phi_I e \phi_{II}. Determine a razão \phi_{II}/\phi_{II} nos seguintes casos:
(a) as barras têm as mesmas condutividades térmicas k_1 = k_2;
(b) a condutividade térmica de uma barra é o triplo da outra k_1 = 3k_2.

Assunto abordado

Termologia: Condução térmica

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Solução

Resolveremos o problema para o caso geral k_1 \neq k_2, para então depois particularizar de acordo com as condições desejadas.

I) Chame de \phi_1 e \phi_2 o fluxo térmico (energia por unidade de tempo) através das barras 1 e 2, respectivamente. Seja A a secção reta das barras (as dimensões das barras são iguais) e T a temperatura na junção das barras, com T_A data-recalc-dims=T>T_B" />.. Utilizando a Lei de Fourier, temos que

\phi_1=\dfrac{k_1 A \left(T_A-T\right)}{L}.

\phi_2=\dfrac{k A \left(T-T_B\right)}{L}.

No estado estacionário, deve valer a continuidade de fluxo para a associação em série: \phi_1=\phi_2=\phi_I. Logo:

T_A-T=\dfrac{\phi_I L}{k_1 A}.

T-T_B=\dfrac{\phi_I L}{k_2 A}.

Somando as duas equações, isolamos \phi_I para obter

\phi_I=\left(\dfrac{k_1 k_2}{k_1+k_2}\right)\dfrac{A\left(T_A-T_B\right)}{L}.

II) No segundo cenário (associação em paralelo), o fluxo total \phi_{II} se divide entre as duas as barras. Isto é:

\phi_{II}=\phi_1+ \phi_2.

Novamente, pela Lei de Fourier, vale escrever:

\phi_{II}=\phi_1=\dfrac{k_1 A \left(T_A-T_B\right)}{L}+\dfrac{k_2 A \left(T_A-T_B\right)}{L},

\phi_{II}=\left(k_1+k_2\right)\dfrac{A \left(T_A-T_B\right)}{L}.

Então, a razão \phi_{II}/ \phi_I é dada por:

\boxed{\dfrac{\phi_{II}}{\phi_I}=\dfrac{\left(k_1+k_2\right)^2}{k_1 k_2}}

(a) Para k_1=k_2:

\boxed{\dfrac{\phi_{II}}{\phi_I}=4}.

(b) Para k_1=3k_2:

\boxed{\dfrac{\phi_{II}}{\phi_I}=\dfrac{16}{3} \approx 5,33}.

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Gabarito

(a) \boxed{\dfrac{\phi_{II}}{\phi_I}=4}

(b) \boxed{\dfrac{\phi_{II}}{\phi_I}=\dfrac{16}{3} \approx 5,33}

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Questão 7

O prêmio Nobel de Física de 1960 foi atribuído a Donald A. Glaser pela invenção, em 1952, da câmara de bolhas. Apesar de atualmente superada por outros equipamentos, a câmara de bolhas desempenhou papel fundamental no campo de física de partículas. Essencialmente, a câmara de bolhas permite observar a trajetória de partículas carregadas em movimento, pois estas deixam seu rastro em bolhas de, em geral, hidrogênio líquido super aquecido.
Suponha que, em uma câmara de bolhas, seja capturado o decaimento de um partícula subatômica que forma um elétron e um pósitron. Suponha que este decaimento é observado em um referencial no qual a partícula subatômica está inicialmente em repouso e há a presença de um campo magnético uniforme B , de módulo B=2,50\,mT e perpendicular ao plano de movimento do elétron e pósitron resultantes. Determine o intervalo de tempo, em s, entre o decaimento e o instante em que o elétron e o pósitron colidem. (Despreze a interação Coulombiana entre o elétron e o pósitron e as perdas de energia da interação das partículas com o hidrogênio líquido da câmara de bolhas).

Assunto abordado

Magnetismo: trajetória de partículas carregadas

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Solução

Primeiramente, lembre-se de que um pósitron, a antipartícula do elétron, tem carga +e e massa m_e (massa do elétron). Antes do decaimento, o momento do sistema é nulo. Portanto, após o decaimento, as partículas terão momento opostos, a fim de conservar o momento total. Por simetria, as velocidades opostas das partículas têm mesmo módulo - digamos, v. Sabemos que o momento de uma partícula carregada num campo magnético é uma circunferência, e seu centro pode ser obtido pela direção da resultante centrípeta inicial. Pela regra da mão direita, como as cargas e a velocidades das partículas são opostas, a resultante centrípeta (que, por sua vez, é igual a força magnética) aponta para a mesma direção. Segue, dessa forma, que as trajetórias das partículas coincidem (veja a figura abaixo).

O ponto de encontro é dado pelo ponto mais baixo da circunferência:

Se r é o raio da circunferência, temos, pela segunda lei de Newton:

evB=\dfrac{m_ev^2}{r}\to{r=\dfrac{m_ev}{eB}}

Portanto, o intervalo de tempo procurado é:

\Delta{t}=\dfrac{\Delta{s}}{v}=\dfrac{\dfrac{2{\pi}r}{2}}{v}\to{\boxed{\Delta{t}=\dfrac{{\pi}m_e}{eB}}}

Numericamente: \Delta{t}=6,825*10^{-9}\,s.

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Gabarito

\boxed{\Delta{t}=6,825*10^{-9}\,s}

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Questão 8

Uma prateleira vazia de massa 25,0 kg, altura H = 1,80 m e largura L = 40,0 cm está montada sobre pequenos rodízios ideais que rolam pelo piso liso com ação desprezível de forças dissipativas. A prateleira, inicialmente em repouso, é empurrada por uma força horizontal \vec{F}, de intensidade F = 100 N, aplicada a uma altura h, conforme ilustrado na figura. Considere que os rodízios têm massa e dimensões desprezíveis e que o centro de massa da prateleira está em seu centro geométrico. Determine:
(a) a aceleração a do centro de massa da prateleira, em m/s^2;
(b) a menor altura h_{min}, em m, na qual \vec{F} pode ser aplicada sem que a prateleira tombe;
(c) a maior altura h_{max}, em m, na qual \vec{F} pode ser aplicada sem que a prateleira tombe.

Assunto abordado

Estática do Corpo Rígido: condições de tombamento

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Solução

(a) Utilizando a 2ª Lei de Newton:

F=ma,

100=25,0 * a \rightarrow \boxed{a=4,0\,m/s^2}.

(b) Solução 1: No referencial da Terra

Para a condição llimite de h_{min}, o corpo encontra-se na iminência de tombar para trás. Logo, a normal N_2 no canto direito tende a zero. Pelo equilíbrio vertical, N_1=mg. Na iminência de tombar, o torque resultante das forças atuantes no bloco em relação ao seu centro de massa (CM) deve ser nulo. Da figura, igualamos os torques horários aos anti-horários:

F\cdot \left(\dfrac{H}{2}-h_{min}\right)=N_1 \cdot \dfrac{L}{2},

ma\left(\dfrac{H}{2}-h_{min}\right)=\dfrac{mgL}{2} \rightarrow

\rightarrow \boxed{h_{min}=\dfrac{H}{2}-\dfrac{gL}{2a}=0,4\,m}.

Comentário:

O aluno poderia optar por impor a condição de torque nulo, por exemplo, usando a roda da direita como pivô. Esse raciocínio infelizmente é errôneo, pois o torque resultante (no referencial da Terra) em relação à qualquer outro ponto que não seja o CM é diferente de zero. O torque resultante das forças atuando em um corpo - calculado em relação à um ponto de referência - equivale à taxa de variação temporal do seu momento angular (\vec{\tau}=d\vec{L}/dt) em relação àquele mesmo ponto. Em relação ao CM, não há variação de momento angular (nesse caso, o momento angular em si é nulo), e portanto o torque tem de ser zero, de fato. Para que o torque resultante em relação à qualquer outro ponto arbitrário seja zero, é necessário executar uma mudança de referencial. É óbvio que, no referencial do corpo rígido, todos os seus pontos estão parados em relação à ele mesmo; portanto, o momento angular é constante e igual a zero e, desta forma, o torque resultante, qualquer que seja o ponto de referência para o cálculo, também será. Isso nos leva à Solução 2.

OBS.: Vale ressaltar que a expressão \tau=d\vec{L}/dt não é exatamente válida se tomamos como referência um ponto acelerado, como os pontos de contato com o solo em nosso caso. A exceção é quando esse ponto coincide com o CM, e por isso nosso raciocínio funciona no referencial da Terra.

Solução 2: No referencial do bloco

Para entrar no referencial do corpo rígido, basta somarmos ao bloco a força inercial -m\vec{a}, aplicada em seu centro de massa:

Podemos, então, igualar os torques horários aos anti horários em relação à roda esquerda, considerando agora o torque da força fictícia:

F\cdot h_{min}+mg\cdot \dfrac{L}{2}=ma \cdot \dfrac{H}{2},

h_{min}=\dfrac{H}{2}-\dfrac{gL}{2a}=0,4\,m.

O que produz exatamente o mesmo resultado obtido previamente. Perceba que impor a condição de toque nulo no referencial do bloco em relação ao CM é idêntico à Solução 1, como era de se esperar, pois o torque produzido pela força de inércia nesse caso será zero.

(c)

Para a condição llimite de h_{max}, o corpo encontra-se na iminência de tombar para frente Logo, a normal N_1 no canto esquerdo tende a zero. Pelo equilíbrio vertical, N_2=mg. igualamos os torques horários aos anti-horários:

F\cdot \left(h_{max}-\dfrac{H}{2}\right)=N_1 \cdot \dfrac{L}{2},

ma\left(h_{max}-\dfrac{H}{2}\right)=\dfrac{mgL}{2} \rightarrow

\rightarrow \boxed{h_{max}=\dfrac{H}{2}+\dfrac{gL}{2a}=1,4\,m}.

O processo é feito de forma análoga ao da Solução 2 do item (b) caso deseje-se zerar os torques utilizando a roda direita como pivô, por exemplo.

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Gabarito

(a)  \boxed{a=4,0 \, m/s^2}

(b) \boxed{h_{min}=0,4\,m}

(c) \boxed{h_{max}=1,4\,m}

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