Segunda Fase (Nível 2)

Escrito por Matheus Felipe R. Borges, Rafael Ribeiro, Wanderson Faustino, Wesley Andrade e Ualype Uchôa

Você pode acessar a prova clicando aqui.

 

Questão 1 (exclusiva para alunos da 1ª série).

Uma pessoa usava dez lâmpadas incandescentes de 60\,W para iluminar uma área de 120\,m^2. Buscando economizar energia elétrica ela as substituiu por 10 lâmpadas LED tubulares de 18\,W. Supondo que o custo da energia elétrica na região é de R$\,8,00 por kWh (kW-hora), determine a economia, em reais, na conta mensal (30 dias) de energia elétrica, supondo que as lâmpadas fiquem acesas, em média, 4\,horas por dia.

Assunto abordado

Matemática

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Solução

Primeiro, a área fornecida no enunciado serve apenas para distração, já que esse valor não entra para o cálculo de energia consumida. Portanto, podemos seguir normalmente com os cálculos para o gasto de energia anterior e posterior.

E_{0} = Pot_0 \cdot t = 60 \cdot 10 \cdot \left(30\cdot 4\right) \, Wh = 72 \, kWh

E_{1} = Pot_1 \cdot t = 18 \cdot 10 \cdot \left(30 \cdot 4\right) \, Wh = 21,6 \, kWh

Então, a economia de energia em reais será:

\boxed{(72-21,6)\cdot 8 \approx R$ \, 403}

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Gabarito

\boxed{R$\, 403}

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Questão 2 (exclusiva para alunos da 1ª série).

Uma pessoa deseja pintar as paredes de um salão retangular de lados 6\,m e 9\,m e altura 4\,m. Em uma loja especializada, as latas de tinta estão disponíveis em dois tamanhos, 3,6\,L e 18\,L. Elas são vendidas, respectivamente a R$ 90,00 e R$400,00. Seguindo as instruções do fabricante, uma lata de 18\,L pode cobrir uma área de 320\,m^2. Desconsiderando as aberturas (portas e janelas) do salão, determine:

(a) O volume em litros de tinta que será usado nas paredes.

(b) O valor em reais gasto na compra da tinta.

Assunto abordado

Matemática aplicada à física

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Solução

(a) Como ele irá cobrir as paredes de um quarto em formato de paralelepípedo, iremos calcular a área da lateral desse quarto (paredes).

Sejam l=9\,m e w=6\,m o comprimento e a largura do quarto, e h=4\,m a altura.

A_{lat}=2lh+2wh=2h(l+w)

A_{lat}=2\cdot 4\cdot(9+6)\rightarrow \boxed{A_{lat}=120\,m^2}

Fazendo a proporção do enunciado:

\dfrac{18L}{320m^2}=\dfrac{V}{120m^2}

\boxed{V=6,75\,L}

Serão utilizados 6,75\,L de tinta.

(b) Basta usar 2 latas de 3,6\,L:

Preço =R$\, 2 \cdot 90 \rightarrow \boxed{R$\,180,00}

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Gabarito

(a) \boxed{6,75\,L}

(b) \boxed{R$\,180,00}

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Questão 3 (exclusiva para alunos da 1ª série).

Os motoristas devem manter uma distância de segurança em relação ao veículo à frente. Essa distância deve ser suficiente para o motorista reagir e parar completamente o veículo. Suponha um motorista que trafega em uma estrada retilínea a 108\,km/h e tem um tempo de reação de 2\,s (demora 2 s para tomar uma atitude frente a uma emergência). Considere também que as condições da estrada permitem que a intensidade da (des)aceleração seja 4\,m/s^2.


Determine:

(a) A distância percorrida pelo automóvel, em m, entre a percepção de um eventual acidente e o instante em que começa a frear.

(b) A distância de segurança, em m, que o automóvel deve adotar.

Assunto abordado

Cinemática

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Solução

(a) Inicialmente, o motorista se movia a V_{0} = 108 \ km/h = 30 \ m/s. Assim, a distância percorrida até o motorista reagir é:

\Delta S = V_{0} \Delta t_{r} = 30 \cdot 2 \ m

\boxed{\Delta S = 60 \ m}

(b) Podemos usar Torriceli para encontrar a distância percorrida entre o início e o fim da frenagem:

V_{f}^{2} = V_{0}^{2} + 2 a \Delta S

0 = V_{0}^{2} - 2 \cdot a \cdot \Delta S'

\Delta S' = \dfrac{V_{0}^{2}}{2a} = \dfrac{30^{2}}{2 \cdot 4} \ m

\Delta S' = 112,5 \ m

Assim, de modo a evitar um acidente, o motorista deve se posicionar uma distância d = \Delta S + \Delta S' atrás do veículo da frente. Logo:

\boxed{d = 172,5 \ m}

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Gabarito

(a) \boxed{\Delta S = 60 \, m}

(b) \boxed{d = 172,5 \, m}

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Questão 4 (exclusiva para alunos da 1ª série).

Um estudante de física deseja medir a força aplicada usando uma balança de cozinha que está apoiada sobre a superfície horizontal de uma mesa. A balança registra 400\,g quando há uma lata de conserva sobre ela. Então, o estudante comprime a lata com seu dedo indicador (veja imagem) e os valores registrados na escala da balança variam de acordo com a intensidade e direção da força que ele exerce. Quando o indicador do estudante forma um ângulo com a vertical de 30^{\circ}, e o visor da balança registra 1500\,g, qual a intensidade da força exercida pelo indicador sobre a lata, em N? Considere que a força tem a direção do dedo indicador e a lata permanece em repouso durante todo o experimento.

Assunto Abordado

Estática

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Solução

As balanças são feitas para medir a massa de objetos, para o funcionamento ideal da balança os objetos devem ser colocados sob nenhuma força externa além do peso, pois a balança calcula a força normal e divide pela gravidade \left(m=\frac{P}{g}\right). Inicialmente, sob ação apenas da força peso a balança mede 400\,g=0,4\,kg, ou seja, o real peso do objeto é igual a normal (N_0 no início)

N_0=P=mg

P=4N

Após o estudante aplicar a força a massa medida é M=1500\,g=1,5\,kg, ou seja, a normal com a balança mede

N=Mg

N=15N

 

Segundo o diagrama de forças e o equilíbrio na vertical, podemos encontrar a força F

F\cos{30^{\circ}}=N-P

F\dfrac{\sqrt{3}}{2}=11\,N

F=\dfrac{22\sqrt{3}}{3}\,N

\boxed{F\cong12,7\,N}

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Gabarito

\boxed{F\cong12,7\,N}

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Questão 5.

A trena ultrassônica com laser acoplado é uma ferramenta perfeita para medir rapidamente a distância, a área e o volume de um ambiente fechado. Ela pode medir distâncias em uma linha reta de 50 cm a 20 m. O feixe de laser serve como orientação dos dois pontos entre os quais se quer medir a distância. A trena é colocada em um ponto e um sinal ultrassônico de frequência 45\,kHz é emitido no sentido do outro ponto. Então, o sinal é refletido e captado de volta pela trena. A medida da distância é feita através do lapso de tempo entre a emissão e captatação dos sinais. Considere que a trena é usada para medir uma distância de 10\,m entre duas paredes e a velocidade do som no momento da medida é 320\,m/s. Determine:

(a) O lapso de tempo, em s, entre o sinal emitido e captado.

(b) A diferença de fase, em graus, do sinal captado em relação ao emitido (ondas sonoras não invertem a fase quando refletem em superfícies sólidas).

Assunto abordado

Ondulatória

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Solução

(a) Para ir até a parede oposta e voltar, o a onda percorre uma distância de d = 2 \cdot 10 \ m = 20 \ m. Sendo c = 320 \ m/s a velocidade do som, obtemos:

\Delta t = \dfrac{d}{c} = \dfrac{20}{320} \ s = \dfrac{1}{16} \, s

\boxed{\Delta t = \dfrac{1}{16} \ s = 6,25 \cdot 10^{-2}\,s}

(b) A fase de uma onda é dada por \phi = kx - \omega t + \phi_{0}, onde k representa o número de onda, \omega a frequência angular e \phi_{0} é a constante de fase. Como ambas as ondas estarão na mesma posição no momento da medida, podemos expressar a diferença de fase como:

\Delta \phi = \omega \Delta t = 2\pi f \Delta t

\Delta \phi = 2\pi \cdot 45 \cdot 10^{3} \cdot \dfrac{1}{16} \ rad

Convertendo de radianos para graus:

\Delta \phi = 45 \cdot 10^{3} \cdot \dfrac{1}{16} \cdot 360^{\circ} = (2812 + \dfrac{1}{2}) \cdot 360^{\circ}

Assim, temos que a diferença de fase consiste de 2812 ciclos completos de 360^{\circ} e de mais meio ciclo. Logo:

\boxed{\Delta \phi = 180^{\circ}}

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Gabarito

(a) \boxed{\Delta t = \dfrac{1}{16} \, s = 6,25 \cdot 10^{-2}\,s}

(b) \boxed{\Delta \phi = 180^{\circ}}

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Questão 6.

Um motorista usa uma chave de roda em formato de L para retirar os parafusos que prendem as rodas de seu carro, esquemetizada na figura ao lado, na qual L = 400\,mm. Considere que os parafusos da roda foram apertados de forma que é necessário um torque mínimo de 100\,N\cdot m para que comecem a se soltar (girar). Além disso, após iniciar o movimento, a roda aplica um torque dissipativo constante no parafuso de 0,1\,N \cdot m e são necessárias 10 voltas para separar o parafuso da roda.

Determine:

(a) A menor intensidade da força que deve ser aplicada na chave de roda, em N, para soltar um parafuso.

(b) A energia mecânica, em J, dissipada no contato entre o parafuso e a roda durante a retirada completa de um parafuso.

Assunto abordado

Dinâmica

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Solução

(a) Para soltar o parafuso, devemos aplicar um torque mínimo de \tau = 100 \ N m através de uma haste de comprimento L = 400 \ mm = 4 \cdot 10^{-1} \ m. Pela definição de torque:

\tau = FL

F = \dfrac{\tau}{L} = \dfrac{100}{4 \cdot 10^{-1}} \ N

\boxed{F = 250 \, N}

(b) Pela definição de trabalho, W = F \Delta S \cos \phi, sendo \phi o ângulo entre a força e o deslocamento. Como a força é aponta na direção do deslocamento, \cos \phi = 1, o que resulta em W = F \Delta S = F \cdot R \Delta \theta = \tau \Delta \theta para uma rotação por um ângulo \Delta \theta. No problema, o ângulo de rotação é \Delta \theta = 10 \cdot 2\pi \ rad = 20 \pi \ rad. Desse modo, o trabalho realizado pela torque de atrito, que corresponde à energia dissipada, é dado por:

W_{f} = 0,1 \cdot 20 \pi \ J = 2\pi \ J = 6 \ J

\boxed{E = 2\pi \,J = 6 \, J}

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Gabarito

(a) \boxed{F = 250 \, N}

(b) \boxed{E = 2\pi \ ,J = 6 \, J}

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Questão 7.

O telescópio espacial James Webb (JWST, na sigla em inglês) foi projetado para obter imagens de corpos celestes distantes que emitem luz na região do infravermelho. Para que isso seja possível, os equipamentos que capturam as imagens devem operar a temperaturas abaixo de 7 K. Nas vizinhanças da Terra a intensidade da energia solar é de aproximadamente 1400\,W/m^2. Ou seja, cada metro quadrado de uma superfície perpendicular aos raios solares recebe em cada segundo um energia de aproximadamente 1400\,J.

A massa do corpo do JWST é de aproximadamente M = 6 000\,kg e seu escudo solar tem uma área aproximada de 250\,m^2. Caso o escudo solar não estivesse presente ele certamente iria se aquecer. Suponha que toda a energia solar incidente no escudo solar fosse transferida na forma de calor para o corpo do JWST e que este fosse feito de um material homogêneo de calor específico 2000\,J/kg\,^{\circ}C. Qual seria a variação da temperatura do corpo do telescópio em 1\,hora? Considere aquecimento uniforme e despreze as perdas de calor do corpo do telescópio para o espaço.

Assunto abordado

Termologia: Calorimetria

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Solução

Utilizando a fórmula do calor sensível,

\Delta E = M\cdot c \cdot \Delta T

Para encontrar a variação de energia (ou calor adquirido) \Delta E, note que o enunciado fornece a intensidade I=1400\,W/m^2 da radiação. Multiplicando a intensidade (em W/m^2) pela área A (em m^2) do escudo solar (cuja superfície é perpendicular aos raios do sol) e pelo tempo de exposição \Delta t (em s), obtemos a energia absorvida (em J), desprezando perdas de calor. Temos:

I \cdot A\cdot \Delta t=M\cdot c \cdot \Delta T

1400 \, W/m^2 \cdot 250 \, m^2 \cdot 3600 \, s = 6 \cdot 10^3\,kg \cdot 2 \cdot 10^3\, \dfrac{J}{kg\,^{\circ}C} \cdot \Delta T

\boxed{\Delta T = 105\,^{\circ}C \, = 105 \, K}

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Gabarito

\boxed{\Delta T = 105 \, K}

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Questão 8.

Um bloco de massa M está preso a uma mola de constante elástica k = 60\,N/m e executa um movimento harmônico simples (MHS) vertical. A figura ao lado mostra o instante em que centro de massa do bloco está na altura máxima. Ao se mover, observa-se que o centro de massa do bloco passa pelo ponto A, com rapidez máxima, 4 vezes a cada segundo.

Determine:

(a) A massa M, em kg.

(b) A altura h, em cm.

Assunto abordado

Oscilações: MHS

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Solução

(a) O sistema em questão é um oscilador massa-mola simples. Já que a gravidade, por ser uma força constante, não altera o período do movimento, este possui o mesmo valor para o caso horizontal. Isto é:

T=2\pi\sqrt{\dfrac{M}{k}}

Elevando ao quadrado em ambos os lados, a massa em função do período e da constante elástica será então:

M=\dfrac{kT^2}{4\pi^2}

O enunciado informa que o bloco passa pela posição A com máxima velocidade, o que significa que A é a posição de equilíbrio. Conforme a questão, a massa passa 4 vezes por segundo por A, ou de forma equivalente 1 vez a cada 0,25\,s; do MHS, sabemos que o bloco passa pela posição de equilíbrio 1 vez a cada intervalo de meio período. Daí, inferimos que o período do sistema é T=2 \cdot 0,25\,s=0,5\,s. Substituindo os valores numéricos:

M=\dfrac{60 \times 0,5^2}{4 \times 3^2} \, kg \therefore

\therefore \boxed{M \approx 0,42 \,kg}

(b) No ponto de equilíbrio A, - como o nome já diz - a força resultante no móvel é nula. Sendo \Delta x a elongação da mola ao passar por esse ponto, temos então:

k\Delta x = Mg

\Delta x \approx 7,0 \, cm

Você pode estar tentado a dizer que \Delta x=h; de fato, nós da equipe NOIC acreditamos que esse era o raciocínio esperado pela prova. No entanto, tal afirmação é incorreta: com as informações dadas pela questão, é impossível determinar a altura h, que corresponde à amplitude do MHS (distância entre os pontos de máxima/mínima elongação e o ponto de equilíbrio). Isso ocorre porque a amplitude (assim como uma possível fase inicial, a título de curiosidade) é uma grandeza obtida a partir das condições do problema, e não de uma análise física como é o caso do período. Isto é, para determinarmos a amplitude, precisamos conhecer a posição e a velocidade da partícula em um instante dado. Note que, para \Delta x=h, estaríamos lidando com o caso em que a mola está relaxada no momento mostrado na figura. Já que essa informação não foi dada pelo enunciado, não é razoável esperar que o aluno faça tamanha suposição apenas para chegar em uma resposta final, e por isso nós do NOIC acreditamos que a saída mais justa para este item é a anulação.

OBS: Vimos que, para que o item tivesse solução, o enunciado deveria ter informado que a mola estava relaxada na posição da figura. Alternativamente, no entanto, poderia ter sido dado o valor da velocidade  v_{max} do bloco no ponto A, a qual deveria ser de g\sqrt{M/k} na situação em questão. Utilizando-se a relação v_{max}=\omega A=\omega h, acharíamos uma amplitude idêntica à deformação da mola achada pelo balanço de forças.

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Gabarito

(a) \boxed{M \approx 0,42 \,kg}

(b) Não é possível obter-se uma resposta (Ver solução)

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Questão 9.

Um estudante de física está escrevendo uma história ambientada em um planeta hipotético na qual há duas espécies de ursos. Os ursos brancos vivem nas regiões em torno dos polos, em latitudes de módulo superiores a 45^{\circ} e os ursos pardos vivem em torno do equador em latitudes de módulo até 45^{\circ}. O planeta é esférico, tem um relevo de alturas desprezíveis e seu equador tem um comprimento de apenas 3 600\,km.

Um personagem da história usa um veículo anfíbio que desliza rente à superfície do planeta com uma rapidez constante de 60\, km/h. Em determinado dia, ele faz uma viagem em três etapas de 5\,horas. Na primeira etapa ele se dirige para o sul, na segunda para o oeste e na última ruma para o norte. Ao chegar ao destino, percebe surpreso que voltou exatamente ao ponto de partida e, subitamente, é devorado por um urso. Determine:

(a) A distância, em km, percorrida na viagem.

(b) O módulo da variação da latitude, em graus, na primeira etapa da viagem.

(c) O módulo da variação da longitude, em graus, na segunda etapa da viagem.

(d) A cor do urso do trágico encontro dessa história. Na caixa de resposta escreva o número 1, 2 ou 3, conforme a relação: (1) branco, (2) pardo e (3) não é possível saber com certeza.

Assunto abordado

Cinemática e noções de geometria

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Solução

(a) A viagem consiste de 3 (três) trechos de 5\,h de duração cada, nos quais o personagem sempre se move a 60\,km/h. Sendo assim, a distância total percorrida é

d=3 \cdot 60 \cdot 5\, km \rightarrow \boxed{d=900\,km}

(b) Sabemos que, na primeira etapa, o personagem ruma na direção Sul. Independentemente de onde ele esteja inicialmente localizado, rumar para o Sul significa se mover ao longo de um meridiano, i.e., uma circunferência centrada no planeta e que passa por ambos os polos. Logo, a distância percorrida nessa etapa (e também na terceira) correponde a um arco de circunferência centrado no planeta. Chamando o raio do planeta de R e \Delta \varphi o módulo da variação de latitude, veja o diagrama a seguir, em que A e B são os pontos de partida e chegada, respectivamente. Consideramos que o personagem estava no hemisfério norte no diagrama.

Temos:

\dfrac{d}{3}=R \Delta \varphi \rightarrow \Delta \varphi=\dfrac{d}{3R}

A circunferência do equador do planeta foi dada no enunciado, e vale C=3600\,km. Como C=2\pi R, R=\dfrac{1800}{\pi}\,km. Substituindo:

\Delta \varphi= \dfrac{900 \cdot \pi}{3 \cdot 1800}

\boxed{\Delta \varphi=\dfrac{\pi}{6}\,rad=30^{\circ}}

Note que, nesse item, não era necessário descobrir ainda a localização inicial/final do personagem, mas apenas entender que o movimento seria ao longo de um meridiano.

(c) Há duas possíveis respostas para esse item. Isso ocorre pois existem diferentes localizações iniciais que satisfazem as condições do problema. Estudaremos, aqui, dois diferentes casos possíveis. Os restantes são análogos ao caso 2, e portanto comentaremos sobre eles na observação ao fim da solução. Ressaltamos, no entanto, que o aluno provavelmente não teria de resolver os diferentes casos possíveis para pontuar completamente, já que isso não foi pedido explicitamente e estamos falandos de duas soluções válidas. Uma solução que contenha apenas um dos dois casos mostrados abaixo já basta.

Caso 1: O personagem está no hemisfério Norte

Nesse caso, o personagem localiza-se inicialmente no Polo Norte (A, na figura abaixo). Ao se mover 300\,km na direção Sul na primeira etapa, ele chega em B, no paralelo (circunferência nas quais todos os pontos estão a uma mesma latitude) de latitude 90^{\circ}-\Delta \varphi=60^{\circ}. Ao ir na direção oeste, seu movimento é ao longo deste parelelo. Após percorrer 300\,km sobre ele, o personagem chega em C, executa a etapa 3 e ruma para o Norte, percorrendo um arco de comprimento igual ao da etapa 1 e retornando ao Polo Norte. Veja um esquema, fora de escala, da vista superior da situação:

Seja \Delta \lambda a variação de longitude, temos, então:

\dfrac{d}{3}=r \cdot \Delta \lambda

Note que o raio r da circunferência do paralelo vale R\sin{\Delta \varphi}. Então:

300 =\dfrac{1800}{\pi} \cdot \dfrac{1}{2} \cdot \Delta \lambda

\boxed{\Delta \lambda=\dfrac{\pi}{3} \, rad=60^{\circ}}

Caso 2: O personagem está no hemisfério Sul

No segundo caso, o personagem localiza-se inicialmente em um ponto A no hemisfério Sul. A localização inicial do personagem é tal que, ao se mover 300\,km na direção Sul na primeira etapa, ele chega no ponto B, sobre o paralelo cuja circunferência é de 300\,km. Ao ir na direção oeste, ele percorre 300\,km e assim dá uma volta completa no paralelo, retornando à B. Daí, o personagem executa a etapa 3 e ruma para o Norte, percorrendo o mesmo arco da etapa 1 e retornando ao ponto inicial. Veja a figura que ilustra a vista superior da situação, fora de escala:

Como podemos ver, não há variação de longitude na etapa 2:

\boxed{\Delta \lambda = 0}

Adiantando a solução do próximo item, é importante perceber também que o módulo da latitude |\varphi_A| do ponto A é maior do que 45^{\circ}. Podemos descobri-la calculando a latitude \varphi_2 do paralelo da etapa 2, cuja circunferência sabemos ser de d/3=300\,km:

\dfrac{d}{3}=2 \pi R \cos{\varphi_2}

300= 2\pi \cdot \dfrac{1800}{\pi} \cos{\varphi_2}

\cos{\varphi_2}=\dfrac{1}{12} \rightarrow |\varphi_2| \approx 85^{\circ}.

Apenas pelo baixo valor do cosseno, o aluno que tivesse optado por resolver o caso 2 em sua prova já poderia inferir que |\varphi_2| seria alto, próximo a 90^{\circ}. Sendo assim, |\varphi_A|=|\varphi_2|-\Delta \varphi \approx 55^{\circ}.

(d) Conforme visto acima, no caso 1, a latitude inicial/final do personagem é de 90^{\circ}. No caso 2, por outro lado, temos uma latitude de -55^{\circ}. Como ele só pode ter - em qualquer caso possível - partido de uma latitude 55^{\circ}\leq|\varphi|\leq90^{\circ}, a qual é sempre maior que 45^{\circ}, podemos certamente afirmar que o urso que ceifou a vida do pobre personagem era um Urso Branco (1).

Observação: Na realidade, omitimos um fato interessante sobre o problema para deixar a solução mais simples e didática: existem mais de dois casos do que aqueles mostrados no item (c). Em vez de na etapa 2 o personagem dar uma volta completa no paralelo de comprimento 300\,km, ele poderia dar 2 voltas no paralelo de 150\,km, ou 3 voltas no paralelo de 75\,km ... ou n (n natural diferente de zero) voltas no paralelo de \dfrac{300}{n}\,km; ele sempre percorreria 300\,km como deve, e com uma variação sempre nula de longitude, ele também voltaria para o mesmo ponto que começou após realizar a etapa 3. O quão mais próximo do polo o paralelo for, maior a latitude inicial/final, em módulo. Note, no entanto, que essa latitude sempre possuiria módulo cada vez maior, sendo esse valor mínimo para o caso 2 estudado no item (c). Portanto, a existência dessas outras possibilidades citadas não afeta a resposta dos itens (c) ou (d), servindo apenas como uma curiosidade.

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Gabarito

(a)  \boxed{d=900\,km}

(b) \boxed{\Delta \varphi=30^{\circ}}

(c) \boxed{\Delta \lambda=60^{\circ}} ou \boxed{\Delta \lambda = 0}

(d) \boxed{1}

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Questão 10.

Um pequeno bloco é lançado com velocidade de módulo |v_0| = 3\,m/s sobre uma superfície perfeitamente lisa (sem atrito). Ela tem um aclive de altura H = 30\,cm e comprimento horizontal L = 40\,cm e está representada na figura abaixo.

(a) Qual a velocidade do bloco, em cm/s, ao atingir a parte mais alta da superfície?

(b) Quanto tempo, em s, o bloco leva percorrer o aclive?

Assunto Abordado

Dinâmica/Conservação da energia

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Solução

(a) Para encontrar a velocidade quando o bloco atinge a parte mais alta podemos conservar a energia mecânica:

\dfrac{mv_0^2}{2}=mgH+\dfrac{mv^2}{2}

v^2=v_0^2-2gH

Segundo o enunciado da questão v_0=3\,m/s e H=0,3\,m

v=\sqrt{3},m/s\cong1,7\,m/s

O enunciado pede a resposta em cm/s, então a resposta é

\boxed{v=170\,cm/s}

(b) Para encontrar o tempo devemos encontrar a aceleração do bloco na rampa.

Sabe-se que a desaceleração na rampa é

a=g\sin{\alpha}

a=\dfrac{3g}{5}

a=6\,m/s^2

O tempo pode ser calculado por

v-v_0=-at

t\cong\dfrac{1.3}{6}\,s

\boxed{t\cong0,22\,s}

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Gabarito

(a) \boxed{v=170\,cm/s}

(b) \boxed{t\cong0,22\,s}

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Questão 11.

Qual é o efeito da rotação da Terra (em relação ao próprio eixo) sobre a aceleração dos corpos? Considere um laboratório situado ao nível do mar e próximo ao equador no qual há uma pequena esfera suspensa por um fio. Em relação a um referencial inercial, determine, em m/s^2:

(a) A aceleração da esfera quando ela está em repouso em relação ao laboratório.

(b) A aceleração da esfera quando o fio se rompe e a esfera começa a cair (desconsidere as interações com o ar).

Assunto Abordado

Dinâmica

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Solução

(a) Como a esfera está parada em relação ao laboratório, e o laboratório está no equador terrestre, o movimento da esfera em relação a um referencial inercial, que observa a terra apenas rodando, será um movimento circular de mesmo raio (R=6400\,km) e período da terra (T=24\,h). Portanto a aceleração da esfera será

a=\omega^2{R}

Onde \omega é a velocidade angular do movimento circular.

\omega=\dfrac{2\pi}{T}\cong7\times10^{-5}\,s^{-1}

\boxed{a\cong0,031\,m/s^2}

(b) Após o fio ser cortado, a única força que atua na esfera é a força peso, ou seja, pela segunda lei de Newton

P=ma

a=g

\boxed{a=10\,m/s^2}

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Gabarito

(a) \boxed{a\cong0,031\,m/s^2}

(b) \boxed{a=10\,m/s^2}

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Questão 12.

Usando um micrômetro, um estudante observa que o diâmetro de uma moeda de metal aumenta de 0,02\% quando sua temperatura aumenta de 100\,^{\circ}C. Determine:

(a) O coeficiente de dilatação linear da moeda, em ^{\circ}C^{-1}.
.
(b) A variação relativa percentual do volume da moeda.

Assunto Abordado

Termologia: Dilatação

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Solução

(a) Para encontrar a variação no diâmetro usamos a equação

\Delta{D}=D_0\alpha\Delta{T}

Se o diâmetro aumentou 0,02\%

\dfrac{\Delta{D}}{D_0}=0,0002=2\times10^{-4}

Como \Delta{T}=100^{\circ}C o valor de \alpha é

\boxed{\alpha={2\times10^{-6}}^{\circ}C^{-1}}

(b) A variação relativa de volume é calculada por

\dfrac{\Delta{V}}{V_0}=\gamma\Delta{T}

Onde \gamma é o coeficiente de dilatação volumétrica, que mede

\gamma=3\alpha

Portanto

\dfrac{\Delta{V}}{V_0}=3\alpha\Delta{T}

\boxed{\dfrac{\Delta{V}}{V_0}=6\times10^{-2}\%}

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Gabarito

(a) \boxed{\alpha={2\times10^{-6}}^{\circ}C^{-1}}

(b) \boxed{\dfrac{\Delta{V}}{V_0}=6\times10^{-2}\%}

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