Segunda Fase (Nível 3)

Escrito por Matheus Felipe R. Borges, Rafael Ribeiro, Wanderson Faustino, Wesley Andrade e Ualype Uchôa

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Questão 1.

Um bloco de massa M está preso a uma mola de constante elástica k = 60\,N/m e executa um movimento harmônico simples (MHS) vertical. A figura ao lado mostra o instante em que centro de massa do bloco está na altura máxima. Ao se mover, observa-se que o centro de massa do bloco passa pelo ponto A, com rapidez máxima, 4 vezes a cada segundo.

Determine:

(a) A massa M, em kg.

(b) A altura h, em cm.

Assunto abordado

Oscilações: MHS

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Solução

(a) O sistema em questão é um oscilador massa-mola simples. Já que a gravidade, por ser uma força constante, não altera o período do movimento, este possui o mesmo valor para o caso horizontal. Isto é:

T=2\pi\sqrt{\dfrac{M}{k}}

Elevando ao quadrado em ambos os lados, a massa em função do período e da constante elástica será então:

M=\dfrac{kT^2}{4\pi^2}

O enunciado informa que o bloco passa pela posição A com máxima velocidade, o que significa que A é a posição de equilíbrio. Conforme a questão, a massa passa 4 vezes por segundo por A, ou de forma equivalente 1 vez a cada 0,25\,s; do MHS, sabemos que o bloco passa pela posição de equilíbrio 1 vez a cada intervalo de meio período. Daí, inferimos que o período do sistema é T=2 \cdot 0,25\,s=0,5\,s. Substituindo os valores numéricos:

M=\dfrac{60 \times 0,5^2}{4 \times 3^2} \, kg \therefore

\therefore \boxed{M \approx 0,42 \,kg}

(b) No ponto de equilíbrio A, - como o nome já diz - a força resultante no móvel é nula. Sendo \Delta x a elongação da mola ao passar por esse ponto, temos então:

k\Delta x = Mg

\Delta x \approx 7,0 \, cm

Você pode estar tentado a dizer que \Delta x=h; de fato, nós da equipe NOIC acreditamos que esse era o raciocínio esperado pela prova. No entanto, tal afirmação é incorreta: com as informações dadas pela questão, é impossível determinar a altura h, que corresponde à amplitude do MHS (distância entre os pontos de máxima/mínima elongação e o ponto de equilíbrio). Isso ocorre porque a amplitude (assim como uma possível fase inicial, a título de curiosidade) é uma grandeza obtida a partir das condições do problema, e não de uma análise física como é o caso do período. Isto é, para determinarmos a amplitude, precisamos conhecer a posição e a velocidade da partícula em um instante dado. Note que, para \Delta x=h, estaríamos lidando com o caso em que a mola está relaxada no momento mostrado na figura. Já que essa informação não foi dada pelo enunciado, não é razoável esperar que o aluno faça tamanha suposição apenas para chegar em uma resposta final, e por isso nós do NOIC acreditamos que a saída mais justa para este item é a anulação.

OBS: Vimos que, para que o item tivesse solução, o enunciado deveria ter informado que a mola estava relaxada na posição da figura. Alternativamente, no entanto, poderia ter sido dado o valor da velocidade  v_{max} do bloco no ponto A, a qual deveria ser de g\sqrt{M/k} na situação em questão. Utilizando-se a relação v_{max}=\omega A=\omega h, acharíamos uma amplitude idêntica à deformação da mola achada pelo balanço de forças.

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Gabarito

(a) \boxed{M \approx 0,42 \,kg}

(b) Não é possível obter-se uma resposta (Ver solução)

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Questão 2.

A utilização de espelhos retrovisores convexos no lado direito de veículos (lado do passageiro) é vantajosa em relação a espelhos planos pois produz um campo de visão maior, eliminando assim pontos cegos. Porém, as imagens produzidas por espelhos convexos dão a impressão de que os objetos estão mais distantes do que parecem, pois elas são menores do que seriam vistas em um espelho plano. Um aviso de alerta no próprio espelho é conveniente para lembrar o motorista deste fato. Considere que um ciclista está se aproximando por trás de um automóvel ao longo do eixo principal de um espelho retrovisor convexo de raio de curvatura 3\,m. Quando a distância do ciclista ao espelho é 4,5\,m, determine o fator de redução da imagem, ou seja, a razão h'/h entre os tamanhos da imagem (h') e do objeto (h).

 

Assunto Abordado

Óptica

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Solução

Para encontrar o aumento da imagem, devemos usar as equações da óptica geométrica. O aumento é dado por:

A=\dfrac{h'}{h}=-\dfrac{p'}{p}

Onde p=4,5\,m é a real posição do ciclista e p' a posição da imagem, que podemos calcular usando a equação dos pontos conjugados:

\dfrac{1}{f}=\dfrac{1}{p}+\dfrac{1}{p'}

f é o foco do espelho, que mede, em módulo, metade do raio f=-1,5\,m. O sinal de menos vem do fato do espelho ser convexo.

-\dfrac{2}{3}=\dfrac{2}{9}+\dfrac{1}{p'}

p'=-\dfrac{9}{8}\,m

Portanto, o aumento mede

A=-\left(-\dfrac{9}{8}\right)\dfrac{9}{2}

A=\dfrac{1}{4}

\boxed{A=\dfrac{h'}{h}=0,25}

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Gabarito

\boxed{\dfrac{h'}{h}=0,25}

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Questão 3.

Duas cargas puntiformes q_a =-4,0\,\mu C e q_b =-1,0\, \mu C são mantidas fixas no eixo x do sistema de coordenadas cartesianas mostrado ao lado, no qual L = 12\,cm. Uma terceira carga q_c =-1,0\,\mu C deve ser trazida de um ponto distante até o ponto C no qual a força eletrostática sobre q_c deve ser nula.

Determine:

(a) A coordenada x_c de C, em cm.

(b) O trabalho necessário para trazer q_c, em J, até C.

Assunto abordado

Eletrostástica

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Solução

(a) Como q_a e q_b possuem o mesmo sinal, q_c deve estar entre as duas para ter sua força resultante igual a zero. Assim,

F_{a,c} + F_{b,c} = 0

\dfrac{Kq_aq_c}{x_c^2} = \dfrac{Kq_bq_c}{(L-x_c)^2}

\left(\dfrac{L}{x_c} - 1\right)^2 = \dfrac{1}{4}

\dfrac{L}{x_c} = \dfrac{3}{2}

\boxed{x_c = 8 \, cm}

Veja que pegamos a solução positiva na raiz quadrada porque L > x_c \Rightarrow L/x_c > 1, pelo motivo que introduziu a resolução do item.

(b) Pelo teorema trabalho-energia, o trabalho total realizado sobre a carga é

W_{tot} = \Delta K,

sendo \Delta K a variação de energia cinética. Existem dois agentes realizando trabalho: a força eletrostática entre as partículas e o operador externo, que deve trazer a carga do infinito à posição final, sendo o trabalho do último aquele requisitado pelo problema. O trabalho da força eletrostática, por ser conservativa, é dado por W_{e}=-Delta U, sendo \Delta U a variação de energia potencial elétrica. Portanto:

W_e+W=\Delta K

W=\Delta K+\Delta U

Como a variação de energia potencial é nula e o potencial a grandes distâncias é zero:

W = 0+U_f= \dfrac{Kq_aq_c}{x_c}+\dfrac{Kq_bq_c}{L-x_c}=Kq_c\left(\dfrac{q_a}{x_c}+\dfrac{q_b}{L-x_c}\right)

Substituindo os valores numéricos em unidades do SI:

W = 9 \cdot 10^9 \cdot -1 \cdot 10^{-6} \left(\dfrac{- 4 \cdot 10^{-6}}{8 \cdot 10^{-2}} + \dfrac{-1 \cdot 10^{-6}}{4 \cdot 10^{-2}} \right)\,J

W = 0,45 + 0,225 \, J

\boxed{W = 0,675\, J}

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Gabarito

(a) \boxed{x_c = 8 \, cm}

(b) \boxed{W \approx 0,675 \, J}

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Questão 4.

Um estudante de física está escrevendo uma história ambientada em um planeta hipotético na qual há duas espécies de ursos. Os ursos brancos vivem nas regiões em torno dos polos, em latitudes de módulo superiores a 45^{\circ} e os ursos pardos vivem em torno do equador em latitudes de módulo até 45^{\circ}. O planeta é esférico, tem um relevo de alturas desprezíveis e seu equador tem um comprimento de apenas 3 600\,km.

Um personagem da história usa um veículo anfíbio que desliza rente à superfície do planeta com uma rapidez constante de 60\, km/h. Em determinado dia, ele faz uma viagem em três etapas de 5\,horas. Na primeira etapa ele se dirige para o sul, na segunda para o oeste e na última ruma para o norte. Ao chegar ao destino, percebe surpreso que voltou exatamente ao ponto de partida e, subitamente, é devorado por um urso. Determine:

(a) A distância, em km, percorrida na viagem.

(b) O módulo da variação da latitude, em graus, na primeira etapa da viagem.

(c) O módulo da variação da longitude, em graus, na segunda etapa da viagem.

(d) A cor do urso do trágico encontro dessa história. Na caixa de resposta escreva o número 1, 2 ou 3, conforme a relação: (1) branco, (2) pardo e (3) não é possível saber com certeza.

Assunto abordado

Cinemática e noções de geometria

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Solução

(a) A viagem consiste de 3 (três) trechos de 5\,h de duração cada, nos quais o personagem sempre se move a 60\,km/h. Sendo assim, a distância total percorrida é

d=3 \cdot 60 \cdot 5\, km \rightarrow \boxed{d=900\,km}

(b) Sabemos que, na primeira etapa, o personagem ruma na direção Sul. Independentemente de onde ele esteja inicialmente localizado, rumar para o Sul significa se mover ao longo de um meridiano, i.e., uma circunferência centrada no planeta e que passa por ambos os polos. Logo, a distância percorrida nessa etapa (e também na terceira) correponde a um arco de circunferência centrado no planeta. Chamando o raio do planeta de R e \Delta \varphi o módulo da variação de latitude, veja o diagrama a seguir, em que A e B são os pontos de partida e chegada, respectivamente. Consideramos que o personagem estava no hemisfério norte no diagrama.

Temos:

\dfrac{d}{3}=R \Delta \varphi \rightarrow \Delta \varphi=\dfrac{d}{3R}

A circunferência do equador do planeta foi dada no enunciado, e vale C=3600\,km. Como C=2\pi R, R=\dfrac{1800}{\pi}\,km. Substituindo:

\Delta \varphi= \dfrac{900 \cdot \pi}{3 \cdot 1800}

\boxed{\Delta \varphi=\dfrac{\pi}{6}\,rad=30^{\circ}}

Note que, nesse item, não era necessário descobrir ainda a localização inicial/final do personagem, mas apenas entender que o movimento seria ao longo de um meridiano.

(c) Há duas possíveis respostas para esse item. Isso ocorre pois existem diferentes localizações iniciais que satisfazem as condições do problema. Estudaremos, aqui, dois diferentes casos possíveis. Os restantes são análogos ao caso 2, e portanto comentaremos sobre eles na observação ao fim da solução. Ressaltamos, no entanto, que o aluno provavelmente não teria de resolver os diferentes casos possíveis para pontuar completamente, já que isso não foi pedido explicitamente e estamos falandos de duas soluções válidas. Uma solução que contenha apenas um dos dois casos mostrados abaixo já basta.

Caso 1: O personagem está no hemisfério Norte

Nesse caso, o personagem localiza-se inicialmente no Polo Norte (A, na figura abaixo). Ao se mover 300\,km na direção Sul na primeira etapa, ele chega em B, no paralelo (circunferência nas quais todos os pontos estão a uma mesma latitude) de latitude 90^{\circ}-\Delta \varphi=60^{\circ}. Ao ir na direção oeste, seu movimento é ao longo deste parelelo. Após percorrer 300\,km sobre ele, o personagem chega em C, executa a etapa 3 e ruma para o Norte, percorrendo um arco de comprimento igual ao da etapa 1 e retornando ao Polo Norte. Veja um esquema, fora de escala, da vista superior da situação:

Seja \Delta \lambda a variação de longitude, temos, então:

\dfrac{d}{3}=r \cdot \Delta \lambda

Note que o raio r da circunferência do paralelo vale R\sin{\Delta \varphi}. Então:

300 =\dfrac{1800}{\pi} \cdot \dfrac{1}{2} \cdot \Delta \lambda

\boxed{\Delta \lambda=\dfrac{\pi}{3} \, rad=60^{\circ}}

Caso 2: O personagem está no hemisfério Sul

No segundo caso, o personagem localiza-se inicialmente em um ponto A no hemisfério Sul. A localização inicial do personagem é tal que, ao se mover 300\,km na direção Sul na primeira etapa, ele chega no ponto B, sobre o paralelo cuja circunferência é de 300\,km. Ao ir na direção oeste, ele percorre 300\,km e assim dá uma volta completa no paralelo, retornando à B. Daí, o personagem executa a etapa 3 e ruma para o Norte, percorrendo o mesmo arco da etapa 1 e retornando ao ponto inicial. Veja a figura que ilustra a vista superior da situação, fora de escala:

Como podemos ver, não há variação de longitude na etapa 2:

\boxed{\Delta \lambda = 0}

Adiantando a solução do próximo item, é importante perceber também que o módulo da latitude |\varphi_A| do ponto A é maior do que 45^{\circ}. Podemos descobri-la calculando a latitude \varphi_2 do paralelo da etapa 2, cuja circunferência sabemos ser de d/3=300\,km:

\dfrac{d}{3}=2 \pi R \cos{\varphi_2}

300= 2\pi \cdot \dfrac{1800}{\pi} \cos{\varphi_2}

\cos{\varphi_2}=\dfrac{1}{12} \rightarrow |\varphi_2| \approx 85^{\circ}.

Apenas pelo baixo valor do cosseno, o aluno que tivesse optado por resolver o caso 2 em sua prova já poderia inferir que |\varphi_2| seria alto, próximo a 90^{\circ}. Sendo assim, |\varphi_A|=|\varphi_2|-\Delta \varphi \approx 55^{\circ}.

(d) Conforme visto acima, no caso 1, a latitude inicial/final do personagem é de 90^{\circ}. No caso 2, por outro lado, temos uma latitude de -55^{\circ}. Como ele só pode ter - em qualquer caso possível - partido de uma latitude 55^{\circ}\leq|\varphi|\leq90^{\circ}, a qual é sempre maior que 45^{\circ}, podemos certamente afirmar que o urso que ceifou a vida do pobre personagem era um Urso Branco (1).

Observação: Na realidade, omitimos um fato interessante sobre o problema para deixar a solução mais simples e didática: existem mais de dois casos do que aqueles mostrados no item (c). Em vez de na etapa 2 o personagem dar uma volta completa no paralelo de comprimento 300\,km, ele poderia dar 2 voltas no paralelo de 150\,km, ou 3 voltas no paralelo de 75\,km ... ou n (n natural diferente de zero) voltas no paralelo de \dfrac{300}{n}\,km; ele sempre percorreria 300\,km como deve, e com uma variação sempre nula de longitude, ele também voltaria para o mesmo ponto que começou após realizar a etapa 3. O quão mais próximo do polo o paralelo for, maior a latitude inicial/final, em módulo. Note, no entanto, que essa latitude sempre possuiria módulo cada vez maior, sendo esse valor mínimo para o caso 2 estudado no item (c). Portanto, a existência dessas outras possibilidades citadas não afeta a resposta dos itens (c) ou (d), servindo apenas como uma curiosidade.

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Gabarito

(a)  \boxed{d=900\,km}

(b) \boxed{\Delta \varphi=30^{\circ}}

(c) \boxed{\Delta \lambda=60^{\circ}} ou \boxed{\Delta \lambda = 0}

(d) \boxed{1}

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Questão 5.

A trena ultrassônica com laser acoplado é uma ferramenta perfeita para medir rapidamente a distância, a área e o volume de um ambiente fechado. Ela pode medir distâncias em uma linha reta de 50 cm a 20 m. O feixe de laser serve como orientação dos dois pontos entre os quais se quer medir a distância. A trena é colocada em um ponto e um sinal ultrassônico de frequência 45\,kHz é emitido no sentido do outro ponto. Então, o sinal é refletido e captado de volta pela trena. A medida da distância é feita através do lapso de tempo entre a emissão e captatação dos sinais. Considere que a trena é usada para medir uma distância de 10\,m entre duas paredes e a velocidade do som no momento da medida é 320\,m/s. Determine:

(a) O lapso de tempo, em s, entre o sinal emitido e captado.

(b) A diferença de fase, em graus, do sinal captado em relação ao emitido (ondas sonoras não invertem a fase quando refletem em superfícies sólidas).

Assunto abordado

Ondulatória

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Solução

(a) Para ir até a parede oposta e voltar, o a onda percorre uma distância de d = 2 \cdot 10 \ m = 20 \ m. Sendo c = 320 \ m/s a velocidade do som, obtemos:

\Delta t = \dfrac{d}{c} = \dfrac{20}{320} \ s = \dfrac{1}{16} \, s

\boxed{\Delta t = \dfrac{1}{16} \ s = 6,25 \cdot 10^{-2}\,s}

(b) A fase de uma onda é dada por \phi = kx - \omega t + \phi_{0}, onde k representa o número de onda, \omega a frequência angular e \phi_{0} é a constante de fase. Como ambas as ondas estarão na mesma posição no momento da medida, podemos expressar a diferença de fase como:

\Delta \phi = \omega \Delta t = 2\pi f \Delta t

\Delta \phi = 2\pi \cdot 45 \cdot 10^{3} \cdot \dfrac{1}{16} \ rad

Convertendo de radianos para graus:

\Delta \phi = 45 \cdot 10^{3} \cdot \dfrac{1}{16} \cdot 360^{\circ} = (2812 + \dfrac{1}{2}) \cdot 360^{\circ}

Assim, temos que a diferença de fase consiste de 2812 ciclos completos de 360^{\circ} e de mais meio ciclo. Logo:

\boxed{\Delta \phi = 180^{\circ}}

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Gabarito

(a) \boxed{\Delta t = \dfrac{1}{16} \, s = 6,25 \cdot 10^{-2}\,s}

(b) \boxed{\Delta \phi = 180^{\circ}}

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Questão 6.

Um motorista usa uma chave de roda em formato de L para retirar os parafusos que prendem as rodas de seu carro, esquemetizada na figura ao lado, na qual L = 400\,mm. Considere que os parafusos da roda foram apertados de forma que é necessário um torque mínimo de 100\,N\cdot m para que comecem a se soltar (girar). Além disso, após iniciar o movimento, a roda aplica um torque dissipativo constante no parafuso de 0,1\,N \cdot m e são necessárias 10 voltas para separar o parafuso da roda.

Determine:

(a) A menor intensidade da força que deve ser aplicada na chave de roda, em N, para soltar um parafuso.

(b) A energia mecânica, em J, dissipada no contato entre o parafuso e a roda durante a retirada completa de um parafuso.

Assunto abordado

Dinâmica

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Solução

(a) Para soltar o parafuso, devemos aplicar um torque mínimo de \tau = 100 \ N m através de uma haste de comprimento L = 400 \ mm = 4 \cdot 10^{-1} \ m. Pela definição de torque:

\tau = FL

F = \dfrac{\tau}{L} = \dfrac{100}{4 \cdot 10^{-1}} \ N

\boxed{F = 250 \, N}

(b) Pela definição de trabalho, W = F \Delta S \cos \phi, sendo \phi o ângulo entre a força e o deslocamento. Como a força é aponta na direção do deslocamento, \cos \phi = 1, o que resulta em W = F \Delta S = F \cdot R \Delta \theta = \tau \Delta \theta para uma rotação por um ângulo \Delta \theta. No problema, o ângulo de rotação é \Delta \theta = 10 \cdot 2\pi \ rad = 20 \pi \ rad. Desse modo, o trabalho realizado pela torque de atrito, que corresponde à energia dissipada, é dado por:

W_{f} = 0,1 \cdot 20 \pi \ J = 2\pi \ J = 6 \ J

\boxed{E = 2\pi \,J = 6 \, J}

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Gabarito

a)\boxed{F = 250 \, N}

b)\boxed{E = 2\pi \ ,J = 6 \, J}

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Questão 7.

Um fio condutor longo é formado por dois trechos retilíneos paralelos e uma semicircunferência conforme mostra a figura. Considere o caso em que r = 12\,mm, L é muito maior que r e o fio é percorrido por uma corrente i = 4\,A no sentido mostrado na figura.

Determine:

(a) A intensidade do campo magnético no ponto C (centro da semicircunferência), em mT.

(b) A intensidade do campo magnético no ponto P, em mT.

(c) O sentido do campo magnético no ponto C. Preencha 1 ou 2 na caixa de resposta conforme a relação: (1) entrando ou (2) saindo do papel.

Assunto abordado

Magnetismo

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Solução

(a) Olharemos o campo gerado por cada parte do fio separadamente.

i) O campo gerado pelo fio de cima (fio semi-infinito) será a metade do campo gerado pelo fio infinito.

b_{cima}=\dfrac{1}{2}\cdot \dfrac{\mu I}{2\pi r}

Analogamente:

b_{baixo}=\dfrac{1}{2}\cdot \dfrac{\mu I}{2\pi r}

Portanto, o campo gerado pelos fios retlíneos será:

B_{reto}=\dfrac{1}{2}\cdot \dfrac{\mu I}{2\pi r}+\dfrac{1}{2}\cdot \dfrac{\mu I}{2\pi r}

B_{reto}=\dfrac{\mu I}{2\pi r}

(ii) O campo gerado pela parte circular do fio será metado do campo gerado no centro da espira circular:

B_{circulo}=\dfrac{1}{2}\cdot \dfrac{\mu I}{2r}=\dfrac{\mu I}{4r}

Logo, o campo resultante será a soma dos dois campos:

B_C=\dfrac{\mu I}{4r}+\dfrac{\mu I}{2\pi r}

\boxed{B_C=\dfrac{\mu I}{2r}\left(\dfrac{1}{2}+\dfrac{1}{\pi}\right)}

\boxed{B_C=1,67\cdot 10^{-4}T=0,167\,mT}

(b) Como o ponto P está muito distante de C o campo devido a parte circular será somente o campo devido a parte reta do fio:

B_P=\dfrac{\mu I}{2\pi r}

\boxed{B_P=6,67\cdot 10^{-5}T=0,067\,mT}

(c) Como a corrente está se "deslocando" no sentido antihorário o campo magnético estará apontando para cima.

\boxed{2}

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Gabarito

(a) \boxed{B_C=0,167\,mT}

(b) \boxed{B_P=0,067\,mT}

(c) \boxed{2}

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Questão 8.

A figura abaixo mostra a vista em corte transversal de um tubo orientado horizontalmente completamente preenchido por água. O tubo, que faz faz parte de um circuito hidráulico não representado na figura, é formado por duas seções cilíndricas 1 e 2 de diâmetros D_1 = 40\,mm e D_2 = 20\,mm, respectivamente, que estão unidas por uma conexão adaptadora de diâmetro variável.

Considerando que a água se comporta com um fluido ideal e a água percorre o tubo com uma vazão constante de 24\,L/min, determine:

(a) A velocidade de escoamento de água na seção 1 do tubo, em m/s.

(b) A variação da pressão \Delta P = P_2 - P_1, em pascal, onde P_1 e P_2, são respectivamente, as
pressões nas seções 1 e 2 do tubo.

Assunto abordado

Hidrodinâmica

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Solução

(a) Denotando por V a vazão de água e v_{1} e v_{2} as velocidades da água nos pontos 1 e 2, podemos escrever que:

V = v_{1} \cdot \pi (\dfrac{D_{1}}{2})^{2}

Convertendo todos os dados para o SI, V = 24 \ l/min = \dfrac{24}{60} \cdot 10^{-3} \ m^{3}/s = \dfrac{2}{5} cdot 10^{-3} \ m^{3}/s e D_{1} = 40 \ mm = 4,0 \cdot 10^{-2} \ m. Usando também que \pi = 3:

\dfrac{2}{5} \cdot 10^{-3} = v_{1} \cdot 3 (\dfrac{4,0 \cdot 10^{-2}}{2})^{2}

\boxed{v_{1} = \dfrac{1}{3} \ m/s \approx 0,33 \ m/s}

(b) Realizando as mesma operações para o ponto 2 de D_{2} = 20 \ mm = 2,0 \cdot 10^{-2} \ m, obtemos:

\dfrac{2}{5} \cdot 10^{-3} = v_{1} \cdot 3 (\dfrac{2,0 \cdot 10^{-2}}{2})^{2}

v_{1} = \dfrac{4}{3} \ m/s \approx 1,33 \, m/s

Usando a equação de Bernoulli:

P_{1} + \dfrac{1}{2}\rho v_{1}^{2} = P_{2} + \dfrac{1}{2}\rho v_{2}^{2}

\Delta P = \dfrac{1}{2}\rho (v_{1}^{2} - v_{2}^{2})

\Delta P = \dfrac{1}{2} \cdot 10^{3} \cdot ((\dfrac{1}{3})^{2} - (\dfrac{4}{3})^{2}) \ Pa

\boxed{\Delta P = - \dfrac{5}{6} \cdot 10^{3} \, Pa \approx -833,33 \, Pa}

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Gabarito

(a) \boxed{v_{1} = \dfrac{1}{3} \ m/s \approx 0,33 \, m/s}

(b) \boxed{\Delta P = - \dfrac{5}{6} \cdot 10^{3} \ Pa \approx -833,33 \ ,Pa}

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