Escrito por Akira Ito, Gabriel Hemétrio, Lucas Tavares, Nathalia Seino, Vitória Bezerra Nunes, Matheus Felipe R. Borges e Ualype Uchôa
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Questão 1.
João e Pedro se exercitam em uma trilha circular de de comprimento que tem marcos laterais a cada . Ambos partem do marco inicial (; ) e correm no mesmo sentido, mas João começa a correr após Pedro. João e Pedro correm com velocidades escalares médias (rapidez média) de, respectivamente, e . Quando eles se cruzam pela primeira vez, que distância eles ainda tem que percorrer, em metros, para completar a volta?
Cinemática: Movimento Circular e Uniforme
Para estudar o problema com calma e garantir que tudo fique claro, vamos usar o diagrama abaixo. A bolinha vermelha representa Pedro, e a azul, João. Inicialmente, temos a situação ilustrada abaixo:
Podemos dividir a análise do problema em 3 partes. A primera é quando Pedro corre por 2 minutos, isto é, até enquanto João está parado.
Nesse tempo, podemos calcular o deslocamento de Pedro usando a fórmula de distância percorrida:
Agora, na próxima etapa, João começa a correr atrás de Pedro. Note que, a cada segundo que passa, Pedro anda e João anda , ou seja, eles se aproximam a uma taxa de (velocidade relativa). Assim, para compensar a distância inicial de , serão necessários :
Note que, nesse tempo, João percorre uma distância:
Ou seja, dá uma volta completa e ainda percorre adicionais. Na figura, não foi ilustrada essa volta completa para não sobrecarregar o desenho.
Por fim, para terminar a volta, basta fazer a diferença:
Questão 2.
Uma pessoa puxa um caixote inicialmente em repouso que pesa em um plano de inclinação . Ele aplica uma força no caixote que faz um ângulo de com a vertical, veja a figura. (a) Caso e , determine a aceleração do caixote (adote a convenção aceleração para cima ao longo do plano rampa). (b) Determine o ângulo para o qual a pessoa consegue manter o caixote em equilíbrio estático com uma força de intensidade mínima . (c) Determine a intensidade mínima .
Dinâmica/Estática
(a) Acompanhe o diagrama de corpo livre para o bloco:
Pela Segunda Lei de Newton na direção do plano, temos:
(b) Para este item, iremos propor duas soluções: uma algébrica, e outra envolvendo a visualização geométrica do problema.
- Solução 1 (Algébrica):
Na situação de equilíbrio, tem-se que:
Para que seja minimizado, o denominador - e portanto - precisa ser maximizado. Isso ocorre quando o seno vale , situação em que:
Assim:
- Solução 2 (Geométrica):
Outra forma de resolver o item é trabalhar com a visualização geométrica das forças na forma vetorial. Como o corpo está em equilíbrio, , e portanto os vetores formam um triângulo. Como as direções e sentidos dos vetores de e já são determinados, desenhamos as possíveis direções da força aplicada.
Perceba que o módulo de será minimizado quando a extensão do vetor coincidir com o tamanho mínimo entre as extremidades dos vetores e . Parafraseando, teremos quando for perpendicular à , conforme mostra a figura acima.
Dessa forma, no triângulo de forças mostrado, vale que:
(c) De qualquer um dos dois métodos acima, obtemos que:
Portanto:
(a)
(b)
(c)
Questão 3.
A figura compara os espelhos primários dos telescópios espaciais JWST (sigla em inglês para James Webb Space Telescope) e do Hubble. O espelho primário do JWST é formado por 18 espelhos hexagonais de lado e o Hubble é formado por, aproximadamente, uma coroa circular de raio externo e raio interno . Considere que o JWST e o Hubble apontam para o mesmo corpo celeste. Sejam, respectivamente, e , as taxas de energia luminosas por segundo incidente sobre os telescópios JWST e Hubble. Determine a razão .
Conceitos de Óptica e Geometria
Como ambos os telescópios apontam para o mesmo corpo celeste, a taxa de energia luminosa por segundo por área (a intensidade ) será a mesma detectada por ambos os telescópios. O JWST, no entanto, captará mais energia por segundo do que o Hubble devido ao seu espelho primário, que possui área maior. Sendo a energia luminosa por segundo (potência) captada, temos . Logo, chamando de e as potências incidentes no Hubble e no JWST respectivamente, vale:
Agora, basta calcular a área dos espelhos primários de ambos os telescópios. O JWST é formado por 18 espelhos hexagonais, então:
Para o Hubble, a área do espelho primário será a de uma coroa circular:
Logo, teremos que:
Questão 4.
Uma criança lança obliquamente uma bola em um trecho de uma pista de skate que é aproximadamente um plano inclinado de altura e a largura . Inicialmente a bola está no ponto situado na base do plano inclinado a uma distância horizontal do ponto da lateral da pista (veja figura). Qual o menor valor da rapidez inicial e do ângulo de lançamento para que a bola atinja o ponto localizado no topo da pista? Desconsidere a ação de forças dissipativas.
Cinemática: Lançamento Oblíquo
Vamos dividir o nosso sistema de coordenadas ao longo do plano. Passando pelos pontos e , temos o eixo , e passando por e temos o eixo . Vamos também definir como o ângulo que o plano inclinado faz com a horizontal. Pelos dados do enunciado, .
Primeiramente, pela equação de Torricelli em , temos:
Note que a aceleração neste eixo é a componente tangencial da gravidade (). Para que a velocidade de lançamento seja mínima, a bola deverá chegar ao ponto com velocidade nula em , i.e. . Logo:
Para encontrar a velocidade de lançamento, usamos a equação horária da velocidade em :
Em que é o tempo de subida da bola até . Durante esse mesmo intervalo de tempo, ela irá percorrer a distância no eixo . Portanto, para o movimento uniforme da bola em :
Substituindo na equação de Torricelli:
Daí, extraímos a função trigonométrica que caracteriza o ângulo de lançamento:
Agora, resta-nos substituir os valores numéricos. Para calcular o seno e cosseno de , usamos o triângulo abaixo:
De onde obtemos e . Então:
Usando e , da capa da prova, temos por fim:
Questão 5.
A figura, na qual , mostra esquematicamente um relógio de água (clepsidra) cujo funcionamento é análogo ao de uma ampulheta (relógio de areia). A massa total da clepsidra é de dos quais correspondem à massa de água em seu interior. A clepsidra tem uma pequena válvula que, quando aberta, libera uma gota de água de massa a cada . A clepsidra está sobre uma balança de precisão apoiada em uma mesa horizontal. Inicialmente a água está toda na parte de cima. No instante a válvula da clepsidra é aberta. Considere que as gotas entram imediatamente em repouso ao atingir a base e não respingam. Considere ainda que a área da base da clepsidra é muito maior que a do topo. Determine (a) o instante em que a primeira gota atinge a base da clepsidra e (b) o instante no qual a última gota atingiu a parte de baixo da clepsidra. Seja o valor da leitura na balança no instante . (c) Faça um gráfico de , em função de desde o instante em que a válvula é aberta até o instante .
Dinâmica: Sistemas de Massa Variável
(a) Ao sair da parte de cima, a água cai em queda livre. Sendo assim, o instante será o tempo de queda de uma altura :
(b) Seja o momento em que a última gota abandona a parte de cima da clepsidra. Esse instante corresponde ao intervalo de tempo necessário para que o compartimento superior do equipamento torne-se vazio. Conforme o enunciado, uma gota de massa abandona a parte de cima a cada intervalo de tempo ; daí, definimos a vazão de massa da água como:
Chamando de a massa total de água, será então dado por:
Daí, para encontrar , somamos ao tempo necessário para a gota cair até a parte de baixo (encontrado no item anterior):
(c) Primeiramente, note que, como , no momento em que a água atinge a parte de baixo pela primeira vez, o compartimento superior ainda não esvaziou. Sendo assim, podemos visualizar a evolução temporal do nosso sistema em quatro etapas distintas. Acompanhe o esquema a seguir:
Lembre que definimos , do item passado. Em cada etapa, encontraremos a função , e então a usaremos para traçar o gráfico requerido.
Etapa 1:
Nessa etapa, a primeira gota de água ainda não atingiu a parte de baixo da clepsidra. Pelo fato de a coluna de água em queda estar aumentando de tamanho, a leitura da balança será decrescente, uma vez que o peso da coluna de água não será contabilizado, já que ela não exerce força em outras partes do equipamento por estar suspensa no ar. A etapa dura até já que esse é o momento em que a água toca a base pela primeira vez.
Chamando de a força normal que a clepsidra exerce na balança, temos, pelo equilíbrio estático:
Em que é a massa de água liberada até o instante . A leitura relaciona se com por meio de . Como , temos:
Logo:
para
Etapa 2:
Aqui, a análise se torna um pouco mais complexa. Nessa etapa, o compartimento superior está esvaziando enquanto o de baixo está enchendo, sendo assim possível encontrar água em ambos. Simultaneamente, há a coluna de água em queda, que agora possui tamanho constante durante essa etapa. A etapa dura até , momento em que o compartimento de cima se esvazia completamente.
Veja que o enunciado nos informa que a água, ao atingir a parte de baixo da clepsidra, entra quase que instantaneamente em repouso. Para que as gotas de água caindo na base sejam desaceleradas e trazidas ao repouso, o chão da clepsidra aplica sobre elas uma força vertical para cima; pela terceira Lei de Newton (ação e reação), uma força de igual intensidade e sentido oposto é então aplicada à clepsidra, que contribuirá para um incremento na medição da balança. Primeiramente, vamos determinar essa força.
(i) Considere que uma pequena quantidade de água de massa e com velocidade , ao chocar-se com a base do recipiente, é trazida ao repouso durante um pequeno intervalo de tempo . Pela segunda Lei de Newton, o módulo da força exercida sobre ela é:
Como é a velocidade ao fim da queda, i.e. :
(ii) Agora, já podemos equacionar a leitura da balança. Conforme fora visto na etapa 1, o peso da água em queda não é contabilizado, e agora devemos também considerar a força exercida sobre a balança. Sendo assim, devemos contabilizar apenas o peso da água que está em cima e embaixo, assim como a força exercida sobre a balança; em outras palavras, todo o peso da água, exceto o da coluna vertical em queda, mais a força . Logo:
Note que os termos no membro direito se cancelam. Logo:
para
Efetivamente, a força adicional exercida pela queda d'água na base é exatamente suficiente para compensar o peso da coluna de água em queda que não é levado em conta na medição da balança.
OBS.: A consideração de que a área da base da clepsidra é muito maior que a do topo serve apenas para indicar que o nível da água na parte de baixo é muito pequeno, de forma que a distância entre a superfície livre da água da parte de baixo e a válvula é praticamente igual a o tempo todo.
Etapa 3:
Essa etapa dura até o momento em que a última gota de água atinge a parte de baixo. Nela, o compartimento de cima encontra-se completamente vazio, e quase toda a água encontra-se na parte inferior do recipiente, exceto pela coluna de água em queda que diminui de tamanho até que a última gota atinja a parte de baixo no instante .
Assim como na etapa 3, devemos considerar a força exercida pela água em queda na clepsidra e descontar o peso da água em queda. Note que, em um instante , a massa de água restante na coluna é dada por . Então, equacionando a leitura, temos:
para
Portanto:
para
Etapa 4:
Agora que toda a água está em repouso no compartimento inferior, a leitura da balança é proveniente de todo o peso do sistema. Então:
para
O que significa que a leitura da balança permanece constante e igual à leitura inicial.
Fazendo o gráfico
Com todas essas resultados em mãos, vejamos que:
1. Etapa 1 (): O gráfico é um segmento de reta decrescente entre os pontos e .
2. Etapa 2 (): O gráfico é um segmento de reta sobre o eixo horizontal entre os pontos e .
3. Etapa 3 (): O gráfico é uma segmento de reta crescente entre os pontos e .
4. Etapa 4 (): O gráfico é uma semirreta sobre o eixo horizontal entre o ponto até (i.e., a reta se estende até o infinito).
Note, no entanto, que a questão nos pede para fazer o gráfico de até o instante , e sendo assim não é necessário levar em conta, no desenho, a etapa 4. Assim, podemos esboçar o gráfico da seguinte forma:
Questão 6.
A construção de edifícios altos junto à orla pode causar um indesejado sombreamento da praia. Na cidade de Balneário Camboriú, por exemplo, a prefeitura aumentou substancialmente a largura da faixa de areia para minorar esse problema. Suponha uma cidade com uma orla no sentido norte-sul, uma faixa de areia com largura situada a uma distância da linha de edificação, veja a figura. Suponha que a sombra projetada pelo edifício mais alto atinge os primeiros da faixa de areia às em ponto. Em que horário (horas, minutos e segundos) a sombra desse edifício atinge o mar à sua frente? Considere um dia nesta cidade no qual o Sol nasce às , está no zênite as e se põe às e desconsidere as marés.
Trigonometria e Noções de Astronomia
Pelas informações do enunciado, podemos montar a seguinte figura:
Note que, pelas informações do enunciado, a trajetória do Sol se dará no sentido anti-horário (Leste-Oeste), e no plano da imagem. Como ele nasce e se põe , sua velocidade angular média pode ser calculada por:
Definindo como a altura angular do Sol, podemos calcular a altura às :
Com isso, obtemos que:
Quando a sombra do edifício atinge o mar, a altura angular do Sol será , tal que, por trigonometria:
Logo:
Perceba que, com isso, só se consegue obter o valor exato de a partir de uma calculadora. Entretanto, visando obter um valor aproximado de , podemos utilizar a conhecida aproximação trigonométrica de que se . Apesar, entretanto, de não ser muito menor que , perceberemos que os resultados dessa aproximação serão satisfatórios, então:
Transformando o resultado para graus:
Perceba que o valor exato de é de , de modo que nossa aproximação foi realmente muito boa.
Logo, por fim:
Questão 7.
Uma pessoa planeja instalar aquecedores solares para aquecer a água de sua residência. Considere que a taxa média de energia solar que incide perpendicularmente em placas adequadamente instaladas na região é de por segundo por e que a eficiência global do sistema é de , ou seja, de cada um joule de luz solar incidente são transferidos como calor para a água que circula nos tubos do aquecedor. Determine a área mínima de coleta do aquecedor capaz de aquecer de a água de um reservatório de litros em horas.
Termologia: Calorimetria
Agora, sobre os painéis solares. O enunciado nos informa que apenas da energia é aproveitada, ou seja, devemos multiplicar os ganhos em energia por 0,25. Sendo assim, a energia em Joules por segundo por metro quadrado () incidente no painel é dada por:
Para encontrar a energia por segundo (potência ) incidente no painel, basta multiplicar pela sua área :
Agora, foquemos no final do enunciado:
"capaz de aquecer de 20 ºC a água de um reservatório de 300 litros em 2 horas"
Utilizamos a fórmula do calor sensível para calcular quantas calorias são necessárias para aquecer essa quantidade de água. Vale ressaltar que, para a água, e o seu calor específico vale . Temos:
Convertendo para Joules:
O calor fornecido à água equivale a , sendo o tempo requerido para aquecê-la. Logo:
Substituindo os valores numéricos (lembre-se que hora possui segundos, então horas possuem segundos):
Questão 8.
Um estudante de física está construindo um dispositivo regulador da velocidade angular mínima com a qual um eixo fixo vertical deve girar. Seu esquema de funcionamento é dado pela Figura. Ao eixo está fixado um disco que gira solidariamente ao eixo e um anel ao qual se articula uma haste de comprimento e massa desprezível. Na outra extremidade da haste está presa uma uma pequena esfera de massa . A haste pode girar livremente em torno do anel e a distância entre ela e o disco, que é ajustável, é usada para regular . Um dispositivo não representado na Figura é capaz de detectar se a esfera está ou não em contato com o disco. Se o contato ocorre, um motor (também não mostrado na Figura) acelera a rotação do eixo até que o esfera suba e deixe de encostar no disco. Obtenha uma expressão para em função de , e, se necessário, outros parâmetros do sistema.
Dinâmica: Força Centrípeta
Acompanhe o diagrama a seguir, o qual contém uma esquematização do sistema na iminência da esfera tocar o disco.
As forças atuantes na esfera são o peso () e a tração exercida pela haste (). Para o equilíbrio vertical da esfera, temos que:
Já na horizontal, a componente da tração atuará como resultante centrípeta. Pela segunda Lei de Newton:
Dividindo as equações, temos que:
Por fim: